A estrada para o porto era adornada em raios de sol do começo da manhã. Kay ainda andava um pouco abalado pelo que havia acontecido, suas pernas estavam manchadas com partículas carbonizadas e seus pés estavam marcados com alguns arranhões e ferimentos leves. Quen estava ao seu lado e aparentava estar em perfeita forma, sua roupa estava ainda suja de lama e uma das alças de sua mochila estava partida, ela encarava o horizonte com seus cabelos negros escorrendo pelo rosto, esquecera que Kay estava ali por um momento.

Ao tocar o mármore desgastado pela maresia os pés de Kay sentem um frio invadir sua pele, coloca sua mochila no chão e senta em um batente, tentando desaparecer entre os pescadores, Quen avista alguns poucos soldados da nação da terra que estavam distraídos, coloca em seu rosto um pequeno capuz verde e se senta ao lado do avatar.

– Está com fome?

Kay dá de ombros.

Quen reúne alguma paciência e suspira – Eu sei que você precisa falar sobre o quê aconteceu, está tendo dúvidas sobre isso tudo?

– Não é isso – Ele move um pequeno graveto no chão e bagunça a poeira ao lado de seus pés – Eu pensei que eu e ele iriamos ficar um ao lado do outro

Quen sorri levemente – Eu também tive que abandonar meu país por um motivo maior, você – Ela tirou um pequeno tecido de dentro de sua vestimenta, passando levemente em seu próprio rosto – Eu não posso dizer que irá ficar mais fácil, mas você será capaz de aguentar... você terá que aguentar, a sua responsabilidade é com todos que vivem nesse mundo, inclusive o seu amigo

Kay toma um semblante triste, sua cabeça desliza para baixo um pouco, encarando as rochas. Quen suspira novamente,

– Existe uma coisa que eu consigo falar com propriedade... destino – Ela levanta o rosto de Kay com o dedo indicador – O que você viu entre eu e o Matt foi somente uma pequena fração do meu total, eu nasci com uma característica que, quando eu era criança, quase me matou... mas algo aconteceu comigo, assim como está acontecendo com você agora

– Você estava doente ou algo do tipo?

Quen se toma em silêncio por um minuto. Ela aponta para o horizonte e se levanta.

– Vamos, nosso resgate chegou.

Os portões de conexão longos se abriam em um estalo, Kay e Quen adentraram um lote de mercadorias que eram carregados por homens que saiam e entravam dentro da embarcação.
Após longos minutos o motor à carvão do navio engata os sistemas mecânicos e toda a inércia do navio é quebrada, desembarcando.

Quen contava silenciosamente com seus lábios, Kay observava enquando tentava se esconder entre as mercadorias. Ela sorri e então se levanta e começa a caminhar tranquilamente, Kay toma um susto e grita de forma abafada entre suas mãos, ele tenta agarrá-la pela barra de sua vestimenta mas ela escapa por entre seus dedos.

– Quen! - Ele se levanta de forma sorrateira- Ei, Quen-

Ela sobe a escadaria espiral do navio, tocando o corrimão de forma elegante, Kay olha por todos os ângulos possíveis, temia estar sendo descoberto.

– O quê você está fazendo?

– Não me entedie com suas perguntas, você vai ver – O sol que aparecia pelas brechas da porta, que dava para o compartimento superior do navio, brilhava por entre as frechas, ela dá um suspiro longo e toca a maçaneta.

O sol toca a pele de Quen e aquece a sua pele pela primeira vez, em vários anos. Os marinheiros a olham de forma hostil, quando Kay aparece atrás dela os mesmos tomam uma postura ereta com as mãos abertas em palma, paralelas. O avatar identifica imediatamente a dominação do fogo.

– Ei! Calma! Nós somos da nação do fogo, estamos aqui para o resgate! - Ele imediatamente abana as mãos em pânico, tentando se por entre a Quen e os dominadores de fogo.

– É mentira dele, eu sou uma espiã da nação da terra- Quen sorri levemente por entre as mechas negras, um sorriso tranquilo e equlibrado – Estou aqui para tomar controle deste veículo, vocês roubaram prisioneiros precisos da nação da terra que estão escondidos dentro dessa estrutura...

Os homens se entreolham e concordam sileciosamente. Ao ver isso, Quen retira lentamente seus robes da reino da terra, sobrando somente alguns tecidos em seu corpo. "Estou livre", pensa ela.
Uma enorme onda de calor se forma e queima levemente a pele de Kay, ele recua, um pouco atordoado com a onda térmica. Os homens se espalham, tomam uma série se posições rápidas, concentrando seu chi em uma certa angulação, seus braços passeavam pelo ar enquanto suas pernas davam apoio, Quen estava somente parada, olhando-os como um puma que se divertia ao ver sua presa revidar. Um enorme mar de fogo é formado pelas quatro dobras de fogo que são lançadas em direção à Quen, Kay pisa fortemente no piso metálico e todas as partículas de terra presentes em seus arredores o propulsionam para cima, jogando-o para fora do alcanse do golpe, Quen permanece estática.

A dobra atinge Quen e forma uma grande esfera de fogo que explode em um vórtice escarlate, o fogo começa a queimar o metal e toma mais de três metros de altura. Os homens saem da posição de dobra e se entreolham novamente.

O rosto de Quen aparece por entre as chamas como se estivesse saindo por entre uma cortina de água de uma cachoeira, seu sorriso parecia mais aquecido pelo fogo que tocava diretamente sua pele, que pareciam nada fazer ao seu corpo. Ela caminha lentamente para fora do mar de fogo enquanto Kay a encara, pasmo. "O quê... como?"

– Não pode ser... será...? - Um dos homens imediatamente toma um semblante aterrorizado, como se houvesse cometido o pior erro da sua vida, ele se ajoelha imediatamente e dobra seu corpo até seu rosto tocar o chão, colocando suas mãos e seus antebraços no metal, os outros três imitam o mesmo movimento.

Um homem aparece em cima de uma sacada que estava presente na envergadura do navio. Ele parecia rir de forma branda, vestia as roupas da nação da terra e estava com os adornos de um capitão do reino da terra.

– Então vocês perceberam...

– Nós perdoe, majestade...!

– Esta é Quenéver, princesa e herdeira da nação do fogo – Ele fala de forma orgulhosa, desaprecendo dentro da porta que dava acesso ao interior do navio.

"Princesa?" Kay parecia atordoado com as palavras, tudo parecia mais esquisito quando Quen parecia completamente confortável com o título "Então foi isso que ela quis dizer quando indicou que eu vi somente uma fração do que ela é"

O homem aparece, em momentos seguintes, se curvando para Quen. Ela o abraça imediatamente.

– É bom te ver, velho amigo – Ela sorria e batia em seus ombros – Kay, este é Temmo, embaixados da nação do fogo...

– Saudações – Parecia ter cerca de um metro e noventa, em sua meia idade, olhos negros brilhantes adornados por um rosto masculino e cabelos presos e barba recém-feita – Não sabia que estava acompanhada, princesa...

– É...- Quen estão retoma que havia sido dito, pelos outros mestres da lótus, que a identidade do avatar deveria continuar secreta até que ele se tornasse completo – Um dominador de terra que conheci no exército, ele acabou se tornando um aliado e me ajudou a conseguir informações importantes do estado do rei...

– Então sua missão de reconhecimento está completa?

Quen concorda com a cabeça.

– Posso fazer uma pergunta, majestade?

Ela assente.

– Por quê tanto tempo?

Quenéver toma um semblante fechado, olha para Kay de relance e para os homens que ainda estavam ajoelhados, olhando para ela com receio.

– Como eu disse, é bom de ver, meu amigo...

Ele sorri – Deixe-me te levar aos seus aposentos