Oliver e Felicity entraram na mansão em silencio, Felicity ainda sentia seu corpo tremer, e Oliver estava com raiva, se pudesse matava os dois homens que tentaram fazer mal a ela, mas ainda sentia mais raiva dela, por ter saído da boate e andado sem rumo pela rua.

– Você é maluca? – Esbravejou.

Ela sabia que estava errada, que nada que ela falasse ia amenizar o fato, então preferiu ficar calada. Oliver não estava satisfeito, ele queria mostrar o quanto aquilo foi errado. Mostrar o quanto ela tinha agido como uma criança.

– Você entra em um beco, em um país que você é turista, vestida assim. O que você pensou? Você não sabe quantos maníacos existem? Acha que na Austrália as coisas são diferentes? Não Felicity em todo o lugar do mundo existe maníacos, prontos para atacar uma mulher bonita como você.

Felicity se virou e encarou Oliver, calada, imóvel, seus olhos já estavam cheios de lágrimas.

– Você não pensou no que poderia acontecer, coisas ruins, o mundo não é cor de rosa Felicity. – Oliver elevou mais o tom da voz.

– Chega. – Ela gritou mais alto que ele, Oliver abriu a boca mais uma vez para falar, mas ela o interrompeu. – Eu já entendi, e eu sei muito bem que o mundo não é cor de rosa. – Felicity subiu as escadas correndo, até tropeçar em um degrau, e cair, para ela já bastava, não conseguia mais segurar as lágrimas, começou a chorar compulsivamente, sentia nojo ao lembrar-se dos maníacos a tocando, olhando para ela com olhares insanos.

Oliver subiu rapidamente as escadas para ajudá-la, mas apenas a abraçou quando notou que ela estava chorando, se sentou ao lado dela na escada, envolvendo seu pequeno corpo, delicado, aninhando a cabeça dela em seu peito, Felicity aceitou de bom grado o abraço era tudo que ela precisava, mas ela também sabia que Oliver estava ali apenas para protegê-la, se desvencilhou dos braços dele, secou as lágrimas de seu rosto, forçou um sorriso.

– Vou para meu quarto. – Falou levantando-se das escadas.

– Você esta bem? – Assentiu e seguiu o caminho para seu quarto.

Felicity entrou no quarto e foi direto para o banheiro, ela ainda sentia o cheiro de bebida alcoólica dos homens que a atacaram, ainda sentia o toque de um deles em sua coxa, tirou o vestido, o sapato e entrou em baixo do chuveiro, se sentia culpada, o que aconteceu foi culpa dela, e se Oliver não estivesse a protegendo algo muito ruim teria acontecido. Saiu do banho se sentindo mais calma, leve, secou os cabelos, colocou uma roupa intima e um roupão de seda.

Deitou-se na cama ainda assimilando o que tinha acontecido, sua troca de olhares com Oliver, o toque dele em sua mão, ela dançando para ele na boate, a mulher tentado agarrá-lo, ela saindo da boate, ele salvando sua vida, a abraçando, e ela notou que não tinha agradecido a ele, por salva-la no beco e a abraçá-la quando ela precisava, ela tinha que agradecer, levantou da cama e atravessou o corredor parando na frente da porta do quarto dele, estava incerta se batia ou não, até que ele apareceu na porta.

– Aconteceu alguma coisa? – Felicity ficou um tempo calada e imóvel, Oliver estava apenas com uma bermuda, seu abdômen estava nu. – Felicity. – Oliver a chamou.

– Eu queria agradecer... Obrigada Oliver! – Ela estendeu a mão para ele. – Paz?

– Não precisa agradecer eu só fiz meu trabalho. – Claro! Felicity pensou. – Paz. – Ele apertou a mão dela, e esboçou um sorriso.

– Felicity por que sumiu? – Nyssa perguntou.

– Não estava me sentindo bem, pedi para Oliver me trazer para casa. – ela olhou para Oliver e deu um leve sorriso, ele, Nyssa percebeu os dois com as mãos atadas, mas ficou calada.

– Amanha conversamos. – Entrou no quarto dela.

– Preciso dormir agora. – Ela puxou a mão, e entrou novamente em seu quarto, fechou a porta, e se jogou na cama novamente, não demorou e logo dormiu.

Diferente dela, Oliver não conseguia dormir, virava de um lado para outro na cama, Felicity não saia da cabeça dele, e ele não sabia por que. Tinha que protegê-la, não abraçá-la, ou sentir vontade de beijá-la, ele estava ali por que estava sendo pago pelo tio dela, tinha que proteger ela e seus amigos. Proteger! Proteger! Por que essas palavras não saiam da abeca dele. Afundou a cabeça no travesseiro, esperando o sono, que demorou a chegar.

[...]

Felicity acordou pela manhã, esticou os braços, sentou na cama e viu Sara, sentada em uma poltrona a sua frente.

– Ei Bela Adormecida. – Falou levantando-se e sentado ao lado da amiga. – O que aconteceu ontem, você sumiu, e Nyssa disse que você não se sentiu bem. O que houve? – Perguntou preocupada. Sara era amiga de infância de Felicity, sempre brincaram juntas, eram e ainda são inseparáveis.

– Aconteceu uma coisa horrível Sara, eu sai da boate ontem, precisava respirar, sentir o vento em meu rosto, andei meio sem rumo, até ser atacada por dois homens. – Felicity abaixou a cabeça e fechou os olhos não queria mais lembrar daquilo, mas Sara precisava saber.

– Meu Deus Fel. – Sara levantou perplexa da cama. – Eles fizeram algo ruim com você?

– Não. Oliver estava fazendo o trabalho dele e me protegeu. – Sara notou que a amiga estava triste, se sentou novamente ao lado dela e a abraçou, depositou um beijo na testa dela.

– Que tal nós ir visitar, o aquário, depois o jardim botânico e ai dar uma passadinha no café do Wheels, amo a torta de lá. – Felicity sorriu, Sara era assim, sempre a fazia sorrir nas horas difíceis. – Não vai negar meu pedido, só nós duas. – Ela fitou Felicity com expectativa.

– Hum! Torta do Wheels, claro que não vou negar. – Sara sorriu abriu o armário de Felicity, tirou um short jeans, uma blusinha amarela, um chapéu.

– Toma se veste, vou fazer o mesmo. – Ela saiu rapidamente do quarto.

Felicity se vestiu, arrumou os cabelos em um coque, passou uma maquiagem leve no rosto, e por fim vestiu uma sapatilha, saiu do quarto e bateu na porta de Oliver, tinha que avisá-lo sobre o passeio com Sara.

– Snrt. Smoak? – Felicity virou e viu a empregada da casa. – O jovem Oliver acordou cedo, esta treinando lá no jardim. – Falou.

– Obrigada Olga. – Felicity agradeceu com um sorriso nos lábios. – Foi até a janela de seu quarto que dava de ver todo o jardim, e viu ele pulando cordas e correndo um percurso, sua pele já brilhava ao excesso de suor, ele estava lindo, com uma calça moletom, que deixava seu bumbum arredondado mais visível, ela mordeu os lábios em um impulso.

– Oh meu Deus Felicity, Você esta afim de seu guarda costas. – Sara a fez dar um pulo.

– Você quer me matar de susto? – Perguntou, com certa dificuldade em respirar, e com a mão no peito.

– Não era minha intenção, estava curiosa para ver o que fez você fixar os olhos no jardim, ai cheguei mais perto e vi seus olhos brilharem de desejos por ele. – Sara apontou para Oliver.

– Não! Esta maluca? Jamais me interessaria por um cara como ele. – Ela estava muito brava, mas sabia que sentia algo por Oliver, não paixão, talvez desejo, apenas isso. – Vamos tomar café. – Felicity saiu do quarto, mas Sara ficou um tempo ali, pensando sobre o assunto, se aproximou da janela de novo.

– Ei. – Gritou para Oliver, que parou a serie de exercícios, e prestou atenção nela. – Eu e Felicity vamos sair, vai com a gente? – Oliver assentiu. – As dez horas. – Sara sorriu arteiramente e desceu para a cozinha.

– Fel amiga? – Felicity olhou para Sara. – Não vou poder ir, estou com cólicas. – Mentiu. Nesse momento Oliver entrou pela porta da cozinha. – Mas você vai, precisa se divertir. Alem do mais Oliver acompanha você. – Felicity ficou muda, não sabia o que falar. – Não é Oliver?

– Claro, só preciso tomar um banho antes. – Oliver sorriu e subiu as escadas até seu quarto.

– O que pensa que esta fazendo, acha que não saquei? – Felicity fuzilou Sara com os olhos.

– Não estou me sentindo bem, e você precisa se divertir. Pare de ser teimosa. – Disse Sara, segurando o riso.