Alemanha 1940:

Belona respirava com dificuldades, estava encurralada por cinco soldados nazistas, pessoas que normalmente estariam batendo continência para ela, na beira de um prédio de oito metros. Estava apavorada e levemente de orgulho ferido por ser traída por toda uma nação.

–Agente Keller, desista, deixe Tordesengel fazer os experimentos, você sabe que ele sempre conseguirá o que quer. –O agente Bruno Hans falava-lhe suavemente, em parte por que era seu amigo, em parte por que ele estava igualmente assustado. Tordesengel era Josep Mengele, que sempre conseguia o que queria, contanto que desse o que o Führer desejasse. A triste realidade era que Belona se encontrava muito em choque para responder, se Mengele estava envolvido na história ela realmente estava ferrada.

A confusão começara alguns dias antes quando o Führer lhe propôs transformá-la na melhor agente da SS, ou Gestapo, porém ela deveria abrir mão da sua memória e se arriscar em um projeto muito complexo onde Tordesengel tentaria imitar o soro que conferia o “super” ao Capitão América, herói americano muito odiado por todos os nazistas incluindo Belona, o projeto se chamaria Beliel.

Havia um porém, sempre havia, ela não queria abrir mão da memória.

Belona vinha treinando desde seus seis anos para ser uma agente, aprendeu as melhores coisas com as piores pessoas e não abriria mão disso para ser uma heroína, não mesmo.

Com pesar nos olhos ela se dirigiu a Bruno:

–Heil Führer! –Gritou surpreendendo a todos e até mesmo a si mesma, com a deixa ela se jogou da beirada do prédio esperando a morte, porém o que veio depois disso foi a coisa mais dolorosa por qual já passara.

Dias atuais:

Beliel acorda assustada, chutando levemente as cobertas da sua cama macia e derrubando a faca que se encontrava debaixo de seus travesseiros. Ela havia sonhado com a guerra fria novamente, com o mesmo soldado de braço de ferro e olhos famintos.

Beliel ou apenas Bel era uma pacata agente “aposentada” (lê-se desaparecida) que de normal não possuía nada. Tinha 94 anos porém se parecia mais com alguém de 24, cabelos cacheados e castanhos escuros, bonitos olhos azuis elétricos e uma pele esticada e bronzeada, cortada apenas pela linha da cicatriz em seu rosto, pegando do seu olho esquerdo até o canto da boca do mesmo lado (por pouco não cegando-a), apesar de toda sua beleza ela evitava espelhos, não precisava se lembrar de quem era.

Beliel era Belona Keller, um projeto mal acabado de um cientista ineficiente, o soro que lhe fora dado no dia em que se jogara do prédio lhe conferia força anormal, além de raciocínio melhorado, agilidade melhorada e como um presente do cientista ele havia lhe dado asas, bonitas asas de Adamantium que se ajustavam perfeitamente ao seu corpo, não sendo nem pesadas nem leves, porém havia cometido vários erros no processo de montagem do soro, incluindo sua dependência. Bel estava fraca após mais de dez anos sem tomar o soro, não saia de casa, realmente tinha a alma de uma velha. Passara por coisas de mais, havia trabalhado para a AA, associação responsável pela quase queda da SHIELD e HIDRA na guerra fria, havia lutado contra dois grandes soldados, o braço metálico e o patriota, de quebra havia traído a Alemanha nazista ao entregar Führer para a Rússia por vingança. Realmente o soro lhe havia roubado mais da metade da memória, de modo que ela nem lembrava mais o dia do aniversário, só tinha memórias de depois de terem lhe aplicado o soro e como fora aplicado a ela várias vezes, as memórias eram entrecortadas.

Por isso cobria espelhos, chamava-se de Anna e tentava ao máximo fugir de quem era.

Suspirou olhando no relógio que ficava na cabeceira da sua cômoda, eram três e meia da manhã e ela sabia que não conseguiria dormir mais.

Tremendo, colocou o roupão, pois estava frio na pequenina cidade da Alemanha, jamais abandonaria seu país. Desceu as escadas do modesto apartamento que havia comprado com o dinheiro que tinha roubado da SS.

Serviu-se de uma caneca de café e começou a lembrar dos sonhos que havia tendo fazia mais de um mês, algo estava para acontecer ela podia sentir.

Infelizmente, o soldado sentado nas sombras também podia sentir isso, de modo que ficava ansioso, não conseguiu mais ser paciente e pigarreou com certa urgência.

–Quem está ai? –Beliel gritou assustada, já estava preparada para jogar seu café em quem quer que fosse, mas realmente não estava preparada para encontra-Lo, não ali, não agora. Seu braço metálico reluzia as luzes da cozinha e ela deixou seu café cair no chão. Pegou uma faca e jogou na direção de Bucky Barnes que foi mais rápido, empurrando a faca para o lado com o braço mecânico. –Vai embora! –Ela jogava rapidamente tudo que encontrava nele, ele foi se aproximando devagar, até o momento que ela resolveu aplicar-lhe sua experiência de agente, com um chute o jogou longe, batendo na mesa de vidro e estraçalhando tudo. Ele limpou o sangue do canto da boca e partiu para luta, as ordens foram claras mas não havia como não lutar, ela era muito forte.

Ela chutou-lhe as canelas e ele desabou, socando sua barriga. Ela segurou o vômito e ele virou seu pulso de modo que ela pode ouvir seus ossos quebrando, gritou. Ela abriu as asas com muito esforço, cortando boa parte do tronco do homem, ele foi jogado até a parede mais próxima e ela abriu a janela para fugir quando foi surpreendida por um puxão que a deixou sem fôlego, mas ela não ia desistir, bateu em seu nariz com o cotovelo, a cartilagem se partiu e ele rosnou levemente, ele se cansou de brincar e se machucar, com os dois braços a jogou na parede de cabeça, ela escorregou para baixo sentindo o cheiro de ferrugem, dez anos sem soro lhe custaram muito, ela não conseguia mais se regenerar tão rápido, nem ter tanta força, mas havia feito um estrago decente e sorriu com isso, o soldado avançou, mas ela já tinha desmaiado.

...

Ele suspirou e beliscou a haste do nariz, as ordens eram expressas, trazer ela SEM machucados, mas já era tarde. Pegou ela no colo e se surpreendeu, aquela menininha leve e frágil era a maior tecnologia de 1940?! Ela devia pesar em torno dos 56 e tinha apenas 1,63 de altura, suas asas quase encostavam no chão, de modo que Bucky teve que puxar seu corpo mais para cima para não arrastarem, observou seu rosto sereno cortado pela cicatriz tentando se lembrar dela, nada. Ficou frustrado.

Arrancou um lençol do colchão, que usaria de suporte para leva-la, pegou uma bandana vermelha que ela tinha deixado em cima da cama, não sabia por que tinha pego, mas todas as fotos que vira dela , ela usava aquela bandana. Suspirando, deixou o apartamento modesto que os dois destruíram juntos.

Subiu na moto, amarrando seu corpo ao dela pelo lençol claro que roubara da sua cama. Acelerou o máximo possível enquanto tentava lembrar do passado.

Já fazia algum tempo que James Buchanan Barnes não se sentia mais o Soldado Invernal, desde que havia traído a HIDRA para ser exato, agora dedicava 100% do tempo em caçar pistas de seu passado, através disso chegou a uma organização chamada AA, que lhe daria toda a informação disponível se ele cumprisse uma missão, ele nem pensara ao aceitar.

Mas quando lhe deram a pasta contendo a missão, quando depositara os olhos na foto da bonita moça de olhos azuis lutando CONTRA ele, ficou intrigado. Ele se lembrava particularmente da cicatriz dela, uma cicatriz causada pela lâmina de uma faca muito parecida com a sua.

Teve certeza que ele a conhecia quando ela falou com ele, havia muita tensão no ar, como se ela houvesse se decepcionado por ele estar ali, ele só queria entender o que havia acontecido.

Entre esses pensamentos foi dirigindo intensamente até a base da AA, no subsolo de Berlim. Com duas horas chegaram lá, a menina ainda desacordada e muito machucada.

Parou a moto na entrada e desamarrou os corpos, passou os braços pelas pernas da moça e segurou-a junto a si, marchando para entrar.

Essa será a atriz que representará a Beliel, Lyndsy Fonseca.