Enquanto Houver Razões ❥ escrita por Nanny


Capítulo 2
Capítulo 2




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Mia e Giovanna subiram a pequena escada que dava acesso à enorme sala, onde Roberta Maria as aguardava ansiosa.

Roberta: Mia! Ah que saudade – abraçou forte a amiga – Puxa vida, parece que não nos vemos há séculos!

Mia: Oi minha amiga, que bom te ver – apertando ainda mais o abraço e soltando sentindo a filha se enfiar entre as pernas das duas.

Giovanna: Dindinha, eu também estava com saudades de você, e fiz até um desenho olha – segurava a caixinha de Cupcake em uma mão, e na outra os diversos desenhos, abaixou deixando as folhas no chão e procurou o de Roberta. – AQUI! – estendeu o desenho para a ruiva que já sorria babando por aquela criança – é eu, você e o meu padrinho!

Roberta pegava a folha, que continha três bolinhas, uma menor que as outras duas, o que compreendeu ser Giovanna, com dois pingos azuis nos olhos. Outra continha diversos cachos vermelhos na cabeça, e era ligado por uma linha reta a outra bola com cabelos feitos de riscos negros espetados, riu do desenho.

Roberta: Gi, é o desenho mais lindo que já ganhei na vida! Sabe onde ele vai ficar? – olhou a menina que balançava a cabeça curiosa. – Bem aqui – puxou uma moldura da parede, que continha uma paisagem qualquer, e colocou o desenho no lugar, o pendurando na parede. Mia sorria agradecida para a amiga, sempre foi tão amorosa com sua filha. Foram interrompidas por Diego que entrava na sala.

Diego: Olha quem está aqui – sorriu – Oi Mia, tudo bem? – deu um beijo na amiga e se abaixou na altura da afilhada – Amor, olha só! Ainda me trouxe um presente – resolveu provocar a menina vendo a caixa com o doce, Roberta rolou os olhos rindo, e puxou a amiga para a cozinha.

Após Giovanna reclamar diversas vezes com o padrinho de que o doce que ele poderia comer eram as tortas que a mãe havia comprado, Roberta se irritou e o mandou parar com as provocações. Mia esquecia dos problemas quando estava com os amigos, eram sempre tão atenciosos com elas, e apesar de Diego ser amigo de Miguel desde a infância e dividirem a diretoria do hospital, sabia que não concordava com as atitudes do amigo, e se sentia feliz por ter apresentado sua melhor amiga para um cara tão bacana.

Diego: E o Miguel Mia? Não vai vir? – cortava a carne que Roberta havia lhe pedido.

Mia: Bem, ele... – antes de pensar na desculpa que iria dar, ouviram os gritos vindos do grande jardim em frente a porta de entrada.

Giovanna: Meu pai chegou, e a tia Mai também – disse contente puxando os dois anunciados.

Mia sentiu alivio por não ter dado desculpa pela falta do marido. Sorriu vendo o desespero de Maite ao bater os olhos no desenho que Giovanna fez para a madrinha e só sossegou ao escutar que também receberia um. Miguel cumprimentou Roberta e foi se juntar ao amigo, deixando as mulheres na sala

Mia: Que ceninha hein dona Maite? Qual sua idade mesmo? – colocou o dedo na boca pensativa – JÁ SEI, CINCO?! – Roberta ria das amigas e Giovanna procurava desesperadamente pelo desenho da tia, antes que essa pudesse ter outro surto.

Maite: HÁ HÁ HÁ! Já não basta a traição que tive quando passou o cargo de madrinha para essa ruiva aí – apontou Roberta – Ser trocada por você tudo bem, mas pela minha única sobrinha é demais pro meu coração!

Roberta: Para Mai – Jogou uma almofada na morena, se divertindo com o ciúmes da amiga – Nada mais justo a Mia me escolher como madrinha, você já é tia!

Mia: Sem contar que foi uma escolha muito justa, depois do seu dramalhão tiramos na sorte! – disse sentada ao lado da filha no chão ajudando a encontrar o desenho da cunhada.

Maite: Certo, mas não foi tão justo assim! Vocês sabiam que nunca tive sorte em par ou ímpar, e de qualquer forma você escolheria ela, o Miguel me contou! – bufou se jogando no sofá – Qual será o menu de hoje? Estou morrendo de fome!

Só Maite poderia mudar tanto de humor! Seguiram para a varanda, almoçariam próximo à piscina. A casa de Roberta era muito aconchegante, além de ser super elegante. Morava em um condomínio fechado, e suplicava para Mia comprar uma casa ali também, alegava que Giovanna precisava de espaço, brincar com outras crianças. O que era difícil morando em um apartamento onde os vizinhos mal se falavam. Mia pensou diversas vezes em cogitar a ideia com Miguel, mas ranzinza do jeito que era lhe diria que preferia apartamentos e cada um deveria ficar em seu quadrado. Quem sabe um dia...

Roberta: Bom meu amigos queridos, quis os reunir aqui para partilhar com vocês uma decisão importante que eu e Diego... – olhou para o marido que a incentivou a prosseguir – Resolvemos tomar após tantas tentativas...

Maite: OH MEU DEUS! Vão adotar um bebê? Não me diga que vão para a África! – disse exasperada – Dessa vez vou poder ser a madrinha? – batendo palmas.

Miguel: Maite por Deus! – rolou os olhos – Será que dá ao menos uma vez na vida para se tocar e não ser inconveniente? – ralhou com a irmã, Giovanna escutava a conversa sem compreender exatamente o que falavam, estava concentrada em terminar seu prato logo, pois sabia que sua mãe não lhe daria o doce se não o fizesse por completo.

Maite: Nossa, poxa vida, eu só fiquei feliz ok? – disse emburrada, empurrando o resto da comida com o garfo.

Mia: Miguel, pode ser menos intolerante? – o repreendeu – Continue amiga, quero saber a decisão que desejam dividir conosco.

Roberta: Obrigada Mia... – colocou a mão sobre a do esposo – Bem, temos uma casa linda, nosso casamento está em um momento maravilhoso – parou por uns instantes se arrependendo de ter dito isso, sabia que o casamento da amiga estava sendo empurrado com a barriga – E bem... Só falta um bebê não é amor? – sorriu para o companheiro que lhe retribuiu a ação – Mas estamos tentando há tanto tempo, que já desisti de tê-lo ao modo tradicional – Maite se remexia na cadeira, louca para falar, mas a bronca de Miguel a deixou realmente magoada.

Miguel: E o que pretendem fazer a respeito? – curioso, talvez tanto quanto Maite.

Diego: Bom, queremos tentar inseminação – olhou Mia – Mas Roberta só aceitaria com uma condição.

Mia: E qual a condição Roberta? – Sorria imaginando uma Mini-Roberta brincando com Giovanna.

Roberta: Que você quem cuide disso Mia, por favor! – olhou a amiga com apelo nos olhos – Já tive tantas decepções, que não quero ter mais fracassos com isso, e confio tanto em você...

Ok. Por essa Mia realmente não esperava. Como assim que ela cuidasse disso? Fazia quase cinco anos que não sabia o que era entrar em um consultório no papel de médica. Olhou Miguel procurando algum sinal, e encontrou uma cara fechada. Ele era contra.

Miguel: Você enlouqueceu Roberta? – bebendo um gole de água – Por mais que Mia ainda estivesse em plena profissão, não dá para garantir que vai dar certo só pelo profissional!

Maite vendo que o clima fechou, pegou a sobrinha no colo e a levou para a piscina, se sentaram na beirada e ficaram ali molhando os pés.

Mia: Hum – coçou a garganta – Bem Roberta, Miguel tem toda a razão, eu me sinto lisonjeada por confiar tal feito à mim, mas faz tanto tempo que me afastei... Além do mais todo o processo depende muito do seu organismo...

Roberta: Mia por favor, por favor – suplicava – Eu sei de tudo isso, mas eu quero tanto...

Diego: Olha Mia, sei que decidiu se afastar do seu cargo no hospital pelo nascimento da Giovanna, mas veja como ela está grande! – sorriu apontando a menina que se divertia com a tia – Além do mais, a escola dela é ótima e te dá a opção de esticar o período, anda Mia, você tem que voltar!

Mia estava confusa, só de imaginar voltar a rotina maluca que tinha antes de plantões, barulhos de ambulâncias, sangue, choro de crianças, gritos de mães aflitas pelo nascimento de seus filhos... Nossa, era isso! Ela amava tudo isso e abriu mão tão facilmente, poderia ter dado conta da filha e do trabalho como tantas mulheres, mas Miguel implicou tanto, disse que se ela trabalhasse ele teria que se desdobrar também para dar conta da filha e do trabalho, que o melhor seria dividir. Ela cuidaria da filha e ele se dedicaria ao hospital. Egoísta! Grande egoísta! E estava sendo mais uma vez agora, podia ver em seus olhos, não a queria tão perto.

Mia: Tudo bem – sorriu – vocês têm toda a razão! Preciso voltar a trabalhar.

Miguel: NÃO! Você não vai voltar – bufou – Você sabe como isso vai acabar Mia!

Roberta: Já chega Miguel! você não tem que se meter nisso, ela é sua mulher mas não é sua propriedade, se ela quer ela tem todo o direi... – foi interrompida.

Miguel: Ah é? E me diz, quem? QUEM VAI AUTORIZAR? Porque eu como diretor daquele hospital não vou concordar com tamanha burrada.

Diego: OPA! Não se esqueça que eu também sou diretor daquele hospital, e tenho tanta autoridade quanto você em aceitar Mia lá! – Miguel olhou o amigo desacreditado – Qual é Miguel? O que deu em você cara? É sua mulher! Sabe o quão boa ela é nisso!

Miguel respirou fundo, sabia que havia perdido a guerra. Não tinha motivos, Giovanna já não dava tanto trabalho quanto dava ainda bebê, Mia era realmente muito boa no que fazia, talvez tenha sido a melhor obstetra que o hospital já tivera. Teria que ceder. Droga.

Mia: Gente olha só, eu... – tentou se acalmar, não pensou que o marido ficaria tão furioso – Eu não preciso voltar para o hospital, não quero trazer mais aborrecimentos – olhou para a amiga – Eu posso acompanhar todo o processo amiga, vou estar do seu lado, a todo o momento.

Miguel: Não, tudo bem... – agora mais calmo – Tudo bem, eu só... Eu só não consigo imaginar como será nossa casa sem você cuidando de tudo como faz – olhou a esposa – Mas o Diego tem toda a razão, você é ótima, pode voltar quando quiser.

Roberta: Assim é que se faz Miguel! – sorriu para o amigo e levantou para ir buscar a sobremesa, seguida de Mia que retirava a mesa e levava para a cozinha.

Diego: Miguel, escuta só – olhou em volta para verificar se as mulheres não escutariam – Eu sei o por quê desse show todo, já peguei você e a Camila diversas vezes no hospital – Miguel engoliu a seco, tomava tanto cuidado, como podia ter sido flagrado – Eu não contei nada para a Roberta, me sinto um miserável por isso. Mas tome cuidado, Mia estará por lá, e se eu tiver que escolher entre Mia e Camila, sabe onde irá parar sua linda amante.

Miguel quis ir embora logo após a sobremesa, disse que estava com dor de cabeça e que precisava descansar, pois no domingo ficaria de plantão. Como pegou carona com a irmã, teve que ir embora no carro da esposa. Mia se despediu da amiga e prometeu que no mês seguinte estaria pronta para voltar ao trabalho. Giovanna foi reclamando que ainda tinha torta de morango o suficiente para comer durante a tarde toda, mesmo sabendo que a mãe jamais permitiria. Seu cupcake estava intacto, não iria destruir a cara de sua boneca preferida tão cedo.

Mia: Obrigada por no final das contas concordar com a minha volta.

Miguel: Sim, mas sabe como eu penso – parou no farol e gelou ao olhar pro lado da mulher e ver Camila no carro ao lado, não havia percebido que era ela, teria passado o farol vermelho. Se tivesse sorte o farol abriria logo, um, dois, três...

Mia: Sei, mas... – olhou distraída para o lado e pode ver os lábios da mulher ao lado, estava pintado com um laranja-bem-vivo. Era ela. Tinha certeza! Olhou para o Miguel que batucava os dedos insistentemente no volante, estava nervoso. Deu uma última olhada para a mulher parada ao seu lado. Loira. Parecia ser magra. Cabelos onRobertaados e compridos. Infelizmente muito bonita. Miguel saiu cantando pneu assim que o sinal abriu.

Miguel: O quê? Estava dizendo alguma coisa? – olhou pelo retrovisor vendo o carro de Camila desaparecer no meio de tantos outros. Mia notou isso.

Mia: Nada... Só obrigada mesmo assim. – foram calados até em casa.


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