Entre Princesas E Lobos escrita por Rae Lewis, RaeRae


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Consegui um beta. Yay!
A AngelCharlie está me ajudando a tornar a história cada vez melhor para vocês.
Espero que gostem deste capítulo.



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"Sentem-se!" disse Sylvester, acenando distraidamente para uma longa mesa que ocupava quase toda a parede traseira. "Onde vocês não possam ser vistos.”

Sam e eu sentamos nos bancos que ela indicou, pressionando as costas contra a parede, separados por uma janela. A contrabandista brigou com um velho fogão a lenha por um momento, e adicionou mais toras para aumentar as chamas. Um cão velho entrou e parou na frente do fogo, batendo a cauda preguiçosamente no chão.

"Vocês estão com fome?" ela perguntou. Balancei a cabeça, educadamente, e Sam estava prestes a fazer o mesmo quando de seu estômago veio um longo rosnado baixo. Sue e eu sorrimos. "Acho que isso é um sim.”

Sobre a mesa foram colocadas tigelas fumegantes de mingau, peguei a minha e levei a comida à boca, soprando delicadamente na colher para resfriá-la. Neste momento, nossa anfitriã decidiu falar.

"O que vocês querem com os Filhos da Lua?"

Engoli apressadamente, estremecendo quando o mingau queimou o fundo da minha garganta.

"Há alguns meses, um espectro com forma de lobo tentou matar a rainha.” Expliquei. “E, recentemente, um lobo foi visto em nosso reino, provavelmente um dos Filhos da Lua. Minha mãe me enviou para buscar informações, saber se os eventos estão relacionados, e, talvez, estabelecer algum tipo de relação com os Filhos da Lua.”

"Sua mãe?" seu tom de voz era curioso.

"Judith Fabray, rainha de Córdoba."

"Interessante." Sylvester sussurrou, e começou a, ruidosamente, sugar sua tigela de mingau.

"Minha mãe e o conselho querem saber se o clã é um aliado, ou se eles representam alguma ameaça à nossa paz."

"E por que, de todas as pessoas em Córdoba, eles enviaram você?"

Olhei para Sam, que encolheu os ombros como se dissesse: você tem que dar um pouco, para receber algo em troca.

Contei a contrabandista sobre os eventos ocorridos.

"Você falou com os lobos?" Ela perguntou surpresa.

"Um lobo. E não diretamente. Através de uma elfa."

"Então você, Quinn Fabray, filha de Judith de Córdoba Fabray, falou com um filho da lua através de uma elfa?"

Concordei com a cabeça, sem entender a necessidade de repetir tudo.

"Como era essa elfa? Loira? Mais ou menos da sua idade? Alta?"

"Como você sabe disso?" A mão de Sam moveu-se para o punho de sua espada. Eu podia sentir seu corpo enrijecer ao meu lado, preparando-se para fugir ou lutar.

A contrabandista o ignorou, e tomou outro gole de seu mingau de arroz.

"Diga-me, e quando você encontrar a Filha da Lua, o que fará?"

O silêncio perdurou por um momento, enquanto eu considerava minha resposta. Era embaraçoso admitir, mas eu não sabia, eu não tinha pensado nisso até agora.

Ela me encarou com olhos astutos, e balançou a cabeça, pensativa, enquanto continuava a comer.

Finalmente, ela colocou a colher ao lado do prato, e cruzou as mãos sobre a mesa.

"Não há muito que eu possa revelar sobre os Filhos da Lua. No meio em que trabalho discrição é tudo, espero que vocês entendam isso." Ela se levantou, recolhendo nossas tigelas vazias e levando-as a uma pia de pedra para começar a lava-las. "O palácio que você procura foi construído muito antes da época da minha avó, mas conheci o Rei Troll. Quirrol, um monstro, completamente cruel. O povo vivia aterrorizado naqueles dias. Depois de muitos anos de sofrimento, os lobos chegaram, como se fossem a resposta dos deuses às nossas orações. Os Filhos da Lua mudaram tudo. Derrotaram e mataram quase todos os trolls, alguns poucos covardes conseguiram fugir.” Respingos de água pularam para fora da pia quando ela esfregou a tigela com um pouco mais de força. “O clã não interagia muito com o nosso povo, mas também não causava problemas. Viviam e vivem até hoje do outro lado do castelo, onde muito poucos que não são de seu clã foram autorizados a entrar.”

"Você já a viu? A líder? A Filha da Lua?"

"Prefiro não responder a esta pergunta.” Sylvester falou sem tirar os olhos da louça que ela ainda ensaboava. “Mas a filha do Rei Troll, segundo dizem, ainda está no castelo, lamentando por seu povo, escondida nos níveis mais baixos, onde não há luz."

"Eu ouvi sobre ela.” comentou Sam. "Na última vez em que vim ao norte, encontrei um filho da lua em uma taverna, paguei algumas bebidas a ele. Ele me disse que ela tem um nariz de três metros de comprimento. Mas isso é apenas uma história, não é?"

"O Norte é um lugar estranho, Aventureiro. Há mágica aqui mais velha do que a magia dos homens."

Ela se virou para nós, sentando-se à mesa.

"Eu não vou mentir para vocês, o Norte não é um lugar amigável. Lá é muito frio, tudo parece feito de gelo. O vento morde através de suas roupas, não importa quantas vocês use. E há coisas lá fora que não vão gostar de vocês."

Minha mão voou para o meu pescoço, agarrando o colar que minha mãe me deu. Ele estava quente. O colar oferecia proteção contra magia, mas eu duvidava que ele pudesse parar os dentes de lobos famintos, ou a clave de um troll.

"Eu pensei." falei, amaldiçoando minha voz por demonstrar fraqueza. "que os lobos não causassem problemas, e que os trolls tinham ido embora."

"Sim, mas eles não são os únicos seres que vivem no frio, sua Alteza. Posso dizer a vocês qual direção seguir, mas a partir daí vocês estarão por conta própria."

Ela nos escreveu uma lista de equipamentos. "Diga ao lojista que eu lhes enviei, ele vai fazer um preço justo."

Nós agradecemos a ajuda que ela nos deu, e começamos a nos dirigir para a porta da rua.

“Princesa.” Sue parou antes de abrir a porta. “O que exatamente o lobo lhe disse?”

Olhei para ela confusa, mas respondi.

“Que eu cheirava como família da Filha da Lua.” Lembrei-me de algo mais “Como sua companheira.” Assim que eu disse essas palavras vi os olhos da contrabandista se arregalarem, em seguida, um enorme sorriso surgiu em seu rosto.

“Isso vai ser realmente interessante.” ela abriu a porta para que passássemos “Façam uma boa viagem.”

* * *

Fomos direto ao comerciante indicado por Sue, ele nos forneceu tudo que precisávamos. Quando saímos, havia um trenó estacionado na esquina de sua loja. Olhei para Sam, estávamos com esquis, botas, roupas de lã branca forradas de pele.

Andar longas distâncias a pé pode ser bastante difícil, mesmo sem tábuas de madeira amarradas a seus pés. Adicione a isso o fator frio, e a quantidade de coisas que precisaríamos transportar...

Eu queria o trenó.

"Quanto?" Perguntei ao homem ajoelhado diante de mim, testando as fivelas em minhas botas. "Pelo trenó puxado por cães em vez de nossos esquis."

Sam riu.

"Você pode dirigir um trenó puxado por cães, princesa?"

Franzi minha testa sob o chapéu de pele.

"Eu poderia aprender."

Ele riu novamente, inclinando-se em seus bastões de esqui, parecendo completamente confortável e à vontade naquele equipamento.

"Ou você poderia, Sam."

Ele apenas balançou a cabeça em diversão.

"Basta pensar sobre isso." insisti, tirando meu chapéu e luvas. "Eu posso começar a corresponder o seu amor, se você concorda com o trenó."

Ele sorriu, mas disse:

"Então acho que o meu amor vai continuar não correspondido. Vamos esquiar."

* * *

Esquiar por um terreno plano era mais complicado do que eu pensava. Mas Sam não parecia ter as mesmas dificuldades. Ele se movia em passos largos, braços trabalhando juntos. Eu, por outro lado, estava fazendo uma bagunça, meus esquis deslizavam para trás quase tanto quanto se moviam para frente.

Nós chegamos a um terreno um pouco mais inclinado, tentei lembrar-me de jogar meu corpo para frente e aproveitar a decida. Isso parecia estupido, mas funcionou e ganhei um pouco de velocidade.

Assim que me aproximei de uma curva, peguei o vislumbre de algo brilhando na borda da floresta. Virei a cabeça para olhar melhor e percebi que a luz estava sendo refletida, não por uma árvore de metal, mas por um par de olhos amarelos.

Com um pouco de dificuldade consegui parar os esquis, olhei para baixo tentando manter o equilíbrio, e quando voltei a olhar para cima os olhos haviam sumido.

Ouvi o som de madeira deslizando sobre a neve, então a voz de Sam veio de algum ponto ao meu lado.

"Você está bem, princesa?"

Assenti, e incline a cabeça em direção às árvores.

"Havia olhos na floresta." Eu disse em um sussurro, tentando sutilmente procurar os olhos que eu havia visto.

"Ah, sim. Estamos sendo observados." Meu primo respondeu, em uma voz perfeitamente casual. "Imagino que sejam os Filhos da Lua, já estamos em seu território."

Sam me deu algumas dicas com o esqui, e consegui me mover um pouco melhor. Ao pôr do sol, decidimos parar e encontrar um lugar para passar a noite. Montamos nossa barraca, e meu primo conseguiu fazer uma pequena fogueira. Mastiguei, sem muito jeito, a carne seca que trouxemos como alimento. Fiquei tão perto das chamas quanto era possível sem pegar fogo.

"Nós poderíamos ter parado antes, princesa, se você não tivesse caído tanto."

Enviei o meu melhor olhar Fabray para ele, mas acho que depois de tantos anos perdeu o efeito com Sam. Ele apenas sorriu enquanto sentava-se ao meu lado, comendo o seu jantar.

Comemos em silêncio por um momento, o crepitar da lenha e sussurrar do vento era tudo que se ouvia.

"Há um lobo ali." disse Sam depois de um tempo, em tom de conversa.

Parei de comer imediatamente.

"O quê?" Minha voz era instável.

"Há um lobo. A alguma distância, apenas sentado ali, nos observando."

A neve já estava caindo fortemente, o que tornava difícil enxergar qualquer coisa. Mas eu pude ver, a pouca distância, assim como Sam disse, um lobo estava sentado. Sua cabeça, tanto quanto eu podia ver, estava virada em nossa direção.

"Acho que é seguro dizer que os Filhos da Lua sabem que estamos chegando." Eu comentei. Sam deu de ombros, o que eu tomei como um sinal de concordância.

"Não há com o que se preocupar, eles não vão atacar. Você cheira como Ela, lembra? Como sua família."

Ele estava certo.

Entramos na barraca. Fechei-me em meu saco de dormir, meu primo fez o mesmo. Ele se deitou ao meu lado, corpos se tocando através dos sacos.

"Tente não me tocar muito durante o sono." Falei. "Eu sei que você está apaixonado por mim, mas eu sou uma princesa, e mereço mais do que ser apalpada em uma barraca."

"Você prefere ser agarrada em um bar sujo?" Ele riu de sua própria piada, uma pequena cascata de diversões. "Além disso, eu não estou apaixonado por você, Princesa."

Ajeitei-me mais perto, meu rosto quase pressionado em seu cabelo.

"Oh sim?" Murmurei, com os olhos fechados. "Por quem você está apaixonado então?"

"Vá dormir, por favor. E tente não babar no meu cabelo."

* * *

Depois que finalmente dormi, pareceu passar apenas cinco minutos quando Sam me acordou.

"Vamos lá, princesa." Disse ele. "Está na hora de sair."

Sam deixou a barraca, dando-me privacidade para trocar de roupa. Agora que estávamos chegando ao nosso destino, minha aparência precisava ser mais real. Tive que recolocar as calças de montaria escuras (não seria possível caminhar por toda aquela neve em um vestido), e uma camisa de prova na mesma cor, típica da equitação em meu reino. Mas troquei o pesado casaco preto que usei durante toda a viagem, por uma casaca ajustada ao corpo que ia até o meio das coxas, ela possuía intricados padrões em dois tons distintos de verde escuro. Um elegante cinto enfeitado com algumas pequenas esmeraldas marcava minha cintura, e botas pretas clássicas de montaria completavam o visual.

“Você está parecendo uma princesa novamente, Sua Alteza.” meu primo falou, fazendo uma reverencia, assim que me viu saindo da barraca. Pela provocação, deixei que ele guardasse todo o equipamento sozinho.

O clima estava mais calmo. O sol estava brilhando, e o vento se aquietara. O lobo já não estava à vista.

Depois que Sam havia embalado tudo, subimos em nossos esquis e recomeçamos a caminhada.

Andamos por quase meio dia quando decidimos parar para o almoço, encontramos um lugar adequado, ao lado de uma grande parede de gelo. Estávamos prestes a desembalar a comida, quando ouvimos os sons inconfundíveis de um animal de grande porte se aproximando. Respirações ofegantes pesadas, passos sólidos, e um rosnado que fez meus ossos tremerem.

De trás da parede de gelo, saiu um enorme urso polar. Dentes afiados, garras longas, e aparência de quem estava faminto.

"Fique parada." Sam disse para mim.

O urso se ergueu sobre as patas traseiras, deixando escapar um longo rugido de raiva. Sam tomou a minha frente, puxando sua espada.

O urso caiu no gelo, em suas quatro patas, movendo-se para frente em uma corrida.

Vi meu primo corajosamente se posicionar para me proteger, mas eu sabia que ele não teria chance contra aquele animal.

Estávamos mortos.


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Notas finais do capítulo

Queria agradecer por todos os comentários no último capítulo. Sou carente, gosto de atenção kkk