"Quando você ama alguém, fica no seu coração". Esta frase não saiu da minha cabeça esta semana, será que é verdade? Por que diabos então não posso arrancar meu coração fora? Eu amo minha avó Eeva, e depois que ela se foi, eu fiquei arrasado.

Eeva lutou bem contra o câncer cerebral. Não! Minha amada vó lutou bem contra a vida, dizer que senti pena? Bom eu não senti, ela não queria pena, ela queria compreensão, e eu a compreendi, precisava deixa-la ir.

Minha avó era a única que me compreendia ou pelo menos tentava compreender. Quem sou? Micaster Alvin Gray, tenho 15 anos, e sou conhecido pelas crianças do bairro como o "Bruxo Mortiço". Adoro preto, minha cor favorita, e realça meus malditos olhos azuis.

– Coma um pouco - Pediu minha tia Mellany, eu gosto dela, mas ela nunca me entende.

– Qual é tia, tô sem fome - Eu moro com os meus tios, digamos que minha mãe e meu pai, não são as melhores pessoas do mundo.

– Micky, você já não come faz 1 semana, tá querendo morrer moleque?! - Meu tio James, ele cuidava de mim quando eu era menor, só que hoje não passa de um bêbado aleijado.

– Estou, não quero viver nessa merda de mundo. - Minha teoria é a seguinte sobre isso: o mundo já tem pessoas ruins demais, tá na hora de ter pessoas boas, eu quero dar meu espaço - Quer saber? Tchau, vou pra aula!

– Micaster Grey, volte aqui agora! - Meus tios ás vezes são tão chatos, que saco!

– Tchau! - Eu detesto magoá-los, sabe? mas ás vezes é preciso...

Eu matei, aula e fui para uma praça próxima, cara, como eu estava odiando o mundo, odiando tudo o que vive e o habita.

Então foi aí que vi um pai e seu filho brincando, o pai ensinando a ele a andar de bicicleta. Eu invejo aquele garotinho, ele não ter fortes responsabilidades, ele tem inocência, eu queria ser assim, só me preocupar em pedalar a bicicleta, mas não posso realizar todos os desejos...

Liguei meu MP4 e parece que ele leu minha mente, Nobody's Home - Avril Lavigne era perfeita para situação: "Ela quer voltar para casa, mas não tem ninguém casa, e é assim que ela se sente, despedaçada por dentro". Eu posso não ser uma menina, mas sei o que é ser um ser humano, estou me sentindo sem forças, sem rumo, sem felicidade. Despedaçado... Por dentro...

Eu só quero escapar desse inferno! É sufocante! Por favor alguém me liberte! Por Deus! Alguém me liberte!

Isso foi o que eu quis gritar, mas não consegui, tudo o que consegui foi derramar lágrimas como uma criancinha mimada, senti meu lápis de olho preto derretendo (sim eu uso lápis de olho, preciso zelar pelo meu cargo de bruxo do mal, não é mesmo?)

Quando a música estava acabando, reparei que o menininho e seu pai tinham ido embora, e também reparei outra coisa: um garoto de porte atlético, bonito, magro, cabelos pretos, olhos quase verdes, usava uma camisa do Linkin Park, meia calça, estava me fitando, (ah, é, sou bissexual, ok?)

– Já pode pagar pelo show - eu disse, um pouco irritado.

– Por que estava chorando? - Perguntou ele curioso.

– Eu não vou falar da minha vida pessoal para uma pessoa que nem conheço e mesmo assim, você não iria alterar nada.

– Eu posso tentar - Disse ele - Me chamo Daniel Rookwood, sou Britânico, 17 anos, agora poderia me contar por que estava chorando? - Ele realmente era insistente.

– Porque a vida é uma droga.

Do nada ele começa a rir, isso é algum tipo de piada? Ele consegue me deixar realmente irritado, o que esse idiota está pensando? Eu não sabia se ficava quieto ou enfiava um soco na cara do tal Daniel...

– Do que está rindo idiota?! - Perguntei finalmente.

– O seu draminha, é engraçado! - Ele respondeu rindo-se.

– Idiota! - Ele assumiu uma expressão séria e então falou:

– Do que você está falando afinal? O idiota aqui é você! - Ele passou dos limites da minha paciência.

– O que disse?! - Explodi.

– Que você é um tolo, oras. - Respondeu. - Você já parou para pensar no que vai ser da sua felicidade futura se você desistir da vida agora?

Ele tentou e conseguiu, ele alterou tudo...