Conto De Fadas Moderno escrita por Letícia Matias
A quarta-feira chegou. Era dia 9 de Novembro, meu aniversário e um dia muito importante. O dia da reunião com o produtor da gravadora. Eu estava muito nervosa.
Levantei-me ás nove da manhã quando o despertador tocou. Peguei o celular encima do criado mudo e vi que havia três ligações de Noah. Eu não havia atendido suas ligações e nem falado com ele desde o domingo.
Fui até o guarda-roupa e escolhi uma roupa para vestir. Olhei pela janela do quarto e vi que estava uma garoa fina lá fora e parecia ventar bastante. Peguei uma blusa branca de manga cumprida de pano fino, um casaco vermelho com botões pretos, uma calça jeans preta e uma bota preta até os joelhos. Tomei meu banho e me vesti com pressa.
Na garagem, entrei no meu carro. Abri uma brecha do vidro para que não ficasse tudo fechado e saí do prédio dirigindo até o Starbucks mais próximo. Olhei meu reflexo no retrovisor enquanto eu esperava no semáforo. Eu estava com os olhos um pouco inchados ainda. A luz do semáforo ficou verde novamente e eu pisei no acelerador virando a minha esquerda dando de cara com um Starbucks.
Desliguei o carro e corri para não me molhar muito na chuva. Empurrei a porta do Starbucks. Quando entrei me deparei com uma fila grande para pedir o café. O lugar estava lotado como sempre.
Esperei uns dez minutos na fila até chegar minha vez. Pedi um Baunilha Latte e esperei mais alguns minutos até o café ficar pronto. Entreguei oito dólares para o atendente e saí apressada correndo de volta para o carro.
Coloquei a chave na ignição do carro e pisei no acelerador dirigindo com uma mão e com a outra tomando café e trocando de marcha.
Hoje que eu precisava chegar mais cedo, o trânsito estava anormal. Começava a chover um pouco mais forte. Eu estava presa num engarrafamento no Brooklyn. Que ótimo, dia de sorte! – pensei.
Aproveitei os dez minutos que fiquei parada no mesmo lugar para tomar meu café. Coloquei o copo vazio no banco do passageiro.
Dirigi por mais uns dez minutos e enfim cheguei á radio. Eram nove e quarenta e cinco. Estacionei o carro na única vaga que encontrei no estacionamento e corri desajeitada para o prédio.
Cheguei à recepção passando por todos correndo e entrei no elevador que estava prestes a fechar a porta.
Todos me olhavam curiosos. Escorei-me no espelho gelado do elevador tentando me recuperar. A porta do elevador se abriu quando chegou o sétimo andar.
Suspirei e ajeitei minha postura. Saí do elevador e abri a porta do estúdio onde Jack, Andrew, Mark e James estavam sentados com um cara vestido formalmente. Ele tinha cabelos encaracolados pretos com várias mechas grisalhas. Todos dirigiram o olhar para mim. Eu estava ofegante.
Fechei a porta e me escorei nela.
– Olá. – eu disse.
– Oi, você está bem¿ - Jack perguntou.
Respirei fundo.
– Sim. Só corri muito. Desculpem-me o atraso.
Fui até o cara que estava sentado de frente para os meninos e estendi a mão para ele.
– É um prazer conhecê-lo. – sorri.
Ele era um cara atraente, mas era velho. Ele sorriu e se levantou e me deu um beijo na bochecha apertando minha mão.
– O prazer é todo meu, Genevieve. – ele disse me olhando.
Sorri e olhei para Jack que estreitou os olhos para o produtor.
– Ah... – eu disse puxando uma cadeira para mim. – Me desculpe, o nome do senhor é...
– Martin.
Assenti.
– Então, é um prazer Martin. Peço desculpas pelo atraso. Estava um trânsito anormal nas ruas do Brooklyn hoje.
Ele riu.
– Está tudo bem. Eu estava conversando aqui com os meninos e estava dizendo que talvez você pudesse começar a compor algumas músicas, o que você acha¿ Não podemos gravar covers, entende¿
Assenti um pouco trêmula.
– Sim, entendo. Ah... Mas o que o senhor sugere, que tipo de música¿
– Olhe, vocês são uma ótima banda! Você canta muito bem Srta. Jay. Acho que tem capacidade de escrever uma canção. Pense que o Natal está chegando também. Já é mês que vem, então talvez, você possa compor algumas músicas de Natal. É uma ideia.
Assenti.
– Claro, pensaremos em algo. – eu disse olhando para os meninos que sorriram para mim.
– Eu gostei muito da sua voz Genevieve. Sua voz é muito bonita, diferente... Você canta com emoção e isso deixa as músicas mais maravilhosas ainda. E por ser formada em música, acho que tem um conhecimento muito bom em música. Sabe tocar algum instrumento¿
– Na verdade sim. Piano, guitarra e violão.
Ele assentiu impressionado.
– Isso é maravilhoso! Vocês podem ir criando algum som e compondo algumas músicas e me mandar. Pelo menos uma para que eu possa ajudar vocês e possamos começar a trabalhar juntos.
Assenti.
– Nossa Sr. Martin eu...
– Nada de senhor, apenas Martin.
Sorri.
– Desculpe. Martin eu estou muito animada e feliz que você acredite em nós e esteja nos dando esta chance eu...
Parei de falar quando a porta do estúdio se abriu abruptamente. Arregalei os olhos.
– Noah¿ - eu disse.
Noah estava com uma toca de lã na cabeça, uma camisa xadrez, calça jeans e seu All-Star preto. Estava segurando um buquê de rosas vermelhas na mão e um urso enorme branco e peludo.
– Feliz aniversário, Gen.
Eu estava perplexa e literalmente de boca aberta. Todos nós estávamos olhando para ele. Olhei de canto de olho para Martin que me olhou. Eu forcei um sorriso para ele e disse:
– Ah, me desculpe. O senhor pode me dar licença por alguns minutinhos¿ É bem rápido.
–Ah... Claro.
Sorri mais um sorriso focado e levantei-me indo na direção de Noah. Coloquei a mão nas suas costas e o levei para fora do estúdio entrando na sala do lado, que era a minha sala.
– O que está fazendo aqui¿ - perguntei fechando a porta.
Ele franziu o cenho.
– Como assim¿ Hoje é seu aniversário!
Suspirei e olhei para o lado. Vi que os meninos e Martin nos olhavam. A sala tinha uma janela de vidro que dava para ver o estúdio e vice-versa.
Puxei a persiana para ter um pouco mais de privacidade.
– Noah, você não tem o direito de aparecer assim. Hoje é um dia muito importante, eu estava no meio de uma reunião importante e...
– Porra Genevieve! – ele exclamou e jogou o urso encima da mesinha redonda e colocou as flores encima dele. – Eu vim até aqui para te fazer uma surpresa, para ser um namorado legal e você ainda reclama que te fiz uma surpresa! Eu não te entendo. Eu te liguei milhares de vezes desde domingo e você não me atendeu. E agora eu não posso te fazer uma surpresa¿ Então tudo bem, vá para a sua reunião e jogue esse urso estúpido e essas flores no lixo. Feliz aniversário! – ele disse e passou por mim indo até a porta.
– Não, Noah. – eu disse segurando seu braço e trancando a porta.
Ele virou-se de lado para olhar para mim. Ele tinha tirado a barba.
Sorri.
– Eu amei a surpresa. Você realmente me pegou de surpresa. – eu disse e lhe dei um abraço. – Desculpe, eu adorei as rosas e o urso. Eu adorei. Obrigada. – olhei para ele e lhe dei um beijo passando meus braços por volta do seu pescoço.
Ele retribuiu o beijo lentamente e possessivo me deixando de pernas bambas.
Olhei para ele e sorri respirando fundo.
– Ah Gen, me desculpe por domingo, ok¿ Eu fiquei... Com ciúmes.
Balancei a cabeça sorrindo.
– Eu sei, Noah, eu sei. Está tudo bem, ok¿ Tudo bem. – eu disse abraçando-o novamente. – Eu adorei a surpresa e os presentes. Obrigada!
Eu peguei o buquê e levei até o nariz para sentir o perfume das rosas. Ele estava me olhando. Eu sorri.
– Obrigada. Eu amei. – fui até ele e lhe dei outro beijo. – Mas, eu realmente tenho que voltar para a reunião. É o produtor da gravadora que está aí então...
Ele assentiu.
– Tá, tudo bem. Eu... Te vejo mais tarde¿
Assenti.
– Claro! Claro. Até mais tarde então.
Lhe dei outro beijo rápido e abri a porta.
– Você fecha porta¿ - perguntei virando-me para olhar para ele.
Ele assentiu.
– Obrigada. – sussurrei e entrei no estúdio novamente.
Olhos curiosos me olhavam.
– Ah, me desculpem por isso. Desculpe a demora Martin.
– Não tem problema. Então, é seu aniversário hoje Srta. Jay¿
– Ah sim. – sorri sem graça.
– Ah, meu parabéns então!
– Obrigada. – sorri. – Ah, então, continuando, o senhor quer que criemos nosso próprio som, certo¿
Ele assentiu.
– Me liguem quando estiverem prontos, ok¿ Ficarei esperando. Não tenham pressa. Façam uma coisa boa, uma música com emoção.
Assenti.
– Acho que era isso o que eu tinha para falar para vocês. – ele disse.
Encostei-me à cadeira enquanto Jack perguntava alguma coisa para Martin que eu não ouvi. Minha mente estava bem longe dali, pensando no beijo de Noah.
Reprimi um sorriso. Eu tinha adorado o urso e as flores também. Foi muito inesperado e bonito.
– Não é mesmo Gen¿
Voltei a realidade.
– Ah... O quê¿ Desculpe. – eu disse.
Jack fez cara feia para mim.
– Podemos tentar compor algo com a ajuda do seu pai no feriado de Ação De Graças.
– Ah sim. – assenti. – Meu pai é ótimo.
– Então, tá. Quando tiverem algo pronto, me liguem. – Martin disse se levantando.
Nós nos levantamos também.
– Obrigada Sr. Martin por nos dar essa oportunidade. O senhor não vai se arrepender. – eu disse apertando sua mão.
Ele sorriu.
– Tenho certeza que não me arrependerei.
Sorri.
Ele cumprimentou os meninos e depois foi embora fechando a porta do estúdio.
Olhei para os meninos que olharam para mim e nós nos abraçamos.
– Ah meu Deus! – exclamei. – Isso é tão maravilhoso!
– Devemos comemorar. – Andrew disse. – James, pegue o champanhe.
James foi até o frigobar e tirou de lá uma garrafa de champanhe. Jack pegou cinco taças. Andrew pegou a garrafa de champanhe da não de James e a chacoalhou para cima e para baixo e depois a abriu como uma explosão de espuma.
Nós brindamos e depois eles trouxeram um cupcake de morango para mim com uma velinha rosa encima. Cantaram parabéns para mim e então eu soprei à velinha sorrindo.
– Obrigada, meninos! – eu disse dando um abraço em cada um.
– E então, vai ter festinha hoje¿ - Jack perguntou.
– Ah... Acredito que não. Eu não vou fazer nada. – dei de ombros.
Ele assentiu.
– Bom, vamos começar a gravação da rádio. – eu disse sentando-me e terminando de comer meu cupcake.
Coloquei meu fone de ouvido e então James levou o rádio no ar ao apertar o botão grande e vermelho fazendo a plaquinha branca aparecer em letras vermelhas “Gravando”.
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