Conto De Fadas Moderno escrita por Letícia Matias


Capítulo 7
Capítulo 7




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A quarta-feira chegou. Era dia 9 de Novembro, meu aniversário e um dia muito importante. O dia da reunião com o produtor da gravadora. Eu estava muito nervosa.

Levantei-me ás nove da manhã quando o despertador tocou. Peguei o celular encima do criado mudo e vi que havia três ligações de Noah. Eu não havia atendido suas ligações e nem falado com ele desde o domingo.

Fui até o guarda-roupa e escolhi uma roupa para vestir. Olhei pela janela do quarto e vi que estava uma garoa fina lá fora e parecia ventar bastante. Peguei uma blusa branca de manga cumprida de pano fino, um casaco vermelho com botões pretos, uma calça jeans preta e uma bota preta até os joelhos. Tomei meu banho e me vesti com pressa.

Na garagem, entrei no meu carro. Abri uma brecha do vidro para que não ficasse tudo fechado e saí do prédio dirigindo até o Starbucks mais próximo. Olhei meu reflexo no retrovisor enquanto eu esperava no semáforo. Eu estava com os olhos um pouco inchados ainda. A luz do semáforo ficou verde novamente e eu pisei no acelerador virando a minha esquerda dando de cara com um Starbucks.

Desliguei o carro e corri para não me molhar muito na chuva. Empurrei a porta do Starbucks. Quando entrei me deparei com uma fila grande para pedir o café. O lugar estava lotado como sempre.

Esperei uns dez minutos na fila até chegar minha vez. Pedi um Baunilha Latte e esperei mais alguns minutos até o café ficar pronto. Entreguei oito dólares para o atendente e saí apressada correndo de volta para o carro.

Coloquei a chave na ignição do carro e pisei no acelerador dirigindo com uma mão e com a outra tomando café e trocando de marcha.

Hoje que eu precisava chegar mais cedo, o trânsito estava anormal. Começava a chover um pouco mais forte. Eu estava presa num engarrafamento no Brooklyn. Que ótimo, dia de sorte! – pensei.

Aproveitei os dez minutos que fiquei parada no mesmo lugar para tomar meu café. Coloquei o copo vazio no banco do passageiro.

Dirigi por mais uns dez minutos e enfim cheguei á radio. Eram nove e quarenta e cinco. Estacionei o carro na única vaga que encontrei no estacionamento e corri desajeitada para o prédio.

Cheguei à recepção passando por todos correndo e entrei no elevador que estava prestes a fechar a porta.

Todos me olhavam curiosos. Escorei-me no espelho gelado do elevador tentando me recuperar. A porta do elevador se abriu quando chegou o sétimo andar.

Suspirei e ajeitei minha postura. Saí do elevador e abri a porta do estúdio onde Jack, Andrew, Mark e James estavam sentados com um cara vestido formalmente. Ele tinha cabelos encaracolados pretos com várias mechas grisalhas. Todos dirigiram o olhar para mim. Eu estava ofegante.

Fechei a porta e me escorei nela.

– Olá. – eu disse.

– Oi, você está bem¿ - Jack perguntou.

Respirei fundo.

– Sim. Só corri muito. Desculpem-me o atraso.

Fui até o cara que estava sentado de frente para os meninos e estendi a mão para ele.

– É um prazer conhecê-lo. – sorri.

Ele era um cara atraente, mas era velho. Ele sorriu e se levantou e me deu um beijo na bochecha apertando minha mão.

– O prazer é todo meu, Genevieve. – ele disse me olhando.

Sorri e olhei para Jack que estreitou os olhos para o produtor.

– Ah... – eu disse puxando uma cadeira para mim. – Me desculpe, o nome do senhor é...

– Martin.

Assenti.

– Então, é um prazer Martin. Peço desculpas pelo atraso. Estava um trânsito anormal nas ruas do Brooklyn hoje.

Ele riu.

– Está tudo bem. Eu estava conversando aqui com os meninos e estava dizendo que talvez você pudesse começar a compor algumas músicas, o que você acha¿ Não podemos gravar covers, entende¿

Assenti um pouco trêmula.

– Sim, entendo. Ah... Mas o que o senhor sugere, que tipo de música¿

– Olhe, vocês são uma ótima banda! Você canta muito bem Srta. Jay. Acho que tem capacidade de escrever uma canção. Pense que o Natal está chegando também. Já é mês que vem, então talvez, você possa compor algumas músicas de Natal. É uma ideia.

Assenti.

– Claro, pensaremos em algo. – eu disse olhando para os meninos que sorriram para mim.

– Eu gostei muito da sua voz Genevieve. Sua voz é muito bonita, diferente... Você canta com emoção e isso deixa as músicas mais maravilhosas ainda. E por ser formada em música, acho que tem um conhecimento muito bom em música. Sabe tocar algum instrumento¿

– Na verdade sim. Piano, guitarra e violão.

Ele assentiu impressionado.

– Isso é maravilhoso! Vocês podem ir criando algum som e compondo algumas músicas e me mandar. Pelo menos uma para que eu possa ajudar vocês e possamos começar a trabalhar juntos.

Assenti.

– Nossa Sr. Martin eu...

– Nada de senhor, apenas Martin.

Sorri.

– Desculpe. Martin eu estou muito animada e feliz que você acredite em nós e esteja nos dando esta chance eu...

Parei de falar quando a porta do estúdio se abriu abruptamente. Arregalei os olhos.

– Noah¿ - eu disse.

Noah estava com uma toca de lã na cabeça, uma camisa xadrez, calça jeans e seu All-Star preto. Estava segurando um buquê de rosas vermelhas na mão e um urso enorme branco e peludo.

– Feliz aniversário, Gen.

Eu estava perplexa e literalmente de boca aberta. Todos nós estávamos olhando para ele. Olhei de canto de olho para Martin que me olhou. Eu forcei um sorriso para ele e disse:

– Ah, me desculpe. O senhor pode me dar licença por alguns minutinhos¿ É bem rápido.

–Ah... Claro.

Sorri mais um sorriso focado e levantei-me indo na direção de Noah. Coloquei a mão nas suas costas e o levei para fora do estúdio entrando na sala do lado, que era a minha sala.

– O que está fazendo aqui¿ - perguntei fechando a porta.

Ele franziu o cenho.

– Como assim¿ Hoje é seu aniversário!

Suspirei e olhei para o lado. Vi que os meninos e Martin nos olhavam. A sala tinha uma janela de vidro que dava para ver o estúdio e vice-versa.

Puxei a persiana para ter um pouco mais de privacidade.

– Noah, você não tem o direito de aparecer assim. Hoje é um dia muito importante, eu estava no meio de uma reunião importante e...

– Porra Genevieve! – ele exclamou e jogou o urso encima da mesinha redonda e colocou as flores encima dele. – Eu vim até aqui para te fazer uma surpresa, para ser um namorado legal e você ainda reclama que te fiz uma surpresa! Eu não te entendo. Eu te liguei milhares de vezes desde domingo e você não me atendeu. E agora eu não posso te fazer uma surpresa¿ Então tudo bem, vá para a sua reunião e jogue esse urso estúpido e essas flores no lixo. Feliz aniversário! – ele disse e passou por mim indo até a porta.

– Não, Noah. – eu disse segurando seu braço e trancando a porta.

Ele virou-se de lado para olhar para mim. Ele tinha tirado a barba.

Sorri.

– Eu amei a surpresa. Você realmente me pegou de surpresa. – eu disse e lhe dei um abraço. – Desculpe, eu adorei as rosas e o urso. Eu adorei. Obrigada. – olhei para ele e lhe dei um beijo passando meus braços por volta do seu pescoço.

Ele retribuiu o beijo lentamente e possessivo me deixando de pernas bambas.

Olhei para ele e sorri respirando fundo.

– Ah Gen, me desculpe por domingo, ok¿ Eu fiquei... Com ciúmes.

Balancei a cabeça sorrindo.

– Eu sei, Noah, eu sei. Está tudo bem, ok¿ Tudo bem. – eu disse abraçando-o novamente. – Eu adorei a surpresa e os presentes. Obrigada!

Eu peguei o buquê e levei até o nariz para sentir o perfume das rosas. Ele estava me olhando. Eu sorri.

– Obrigada. Eu amei. – fui até ele e lhe dei outro beijo. – Mas, eu realmente tenho que voltar para a reunião. É o produtor da gravadora que está aí então...

Ele assentiu.

– Tá, tudo bem. Eu... Te vejo mais tarde¿

Assenti.

– Claro! Claro. Até mais tarde então.

Lhe dei outro beijo rápido e abri a porta.

– Você fecha porta¿ - perguntei virando-me para olhar para ele.

Ele assentiu.

– Obrigada. – sussurrei e entrei no estúdio novamente.

Olhos curiosos me olhavam.

– Ah, me desculpem por isso. Desculpe a demora Martin.

– Não tem problema. Então, é seu aniversário hoje Srta. Jay¿

– Ah sim. – sorri sem graça.

– Ah, meu parabéns então!

– Obrigada. – sorri. – Ah, então, continuando, o senhor quer que criemos nosso próprio som, certo¿

Ele assentiu.

– Me liguem quando estiverem prontos, ok¿ Ficarei esperando. Não tenham pressa. Façam uma coisa boa, uma música com emoção.

Assenti.

– Acho que era isso o que eu tinha para falar para vocês. – ele disse.

Encostei-me à cadeira enquanto Jack perguntava alguma coisa para Martin que eu não ouvi. Minha mente estava bem longe dali, pensando no beijo de Noah.

Reprimi um sorriso. Eu tinha adorado o urso e as flores também. Foi muito inesperado e bonito.

– Não é mesmo Gen¿

Voltei a realidade.

– Ah... O quê¿ Desculpe. – eu disse.

Jack fez cara feia para mim.

– Podemos tentar compor algo com a ajuda do seu pai no feriado de Ação De Graças.

– Ah sim. – assenti. – Meu pai é ótimo.

– Então, tá. Quando tiverem algo pronto, me liguem. – Martin disse se levantando.

Nós nos levantamos também.

– Obrigada Sr. Martin por nos dar essa oportunidade. O senhor não vai se arrepender. – eu disse apertando sua mão.

Ele sorriu.

– Tenho certeza que não me arrependerei.

Sorri.

Ele cumprimentou os meninos e depois foi embora fechando a porta do estúdio.

Olhei para os meninos que olharam para mim e nós nos abraçamos.

– Ah meu Deus! – exclamei. – Isso é tão maravilhoso!

– Devemos comemorar. – Andrew disse. – James, pegue o champanhe.

James foi até o frigobar e tirou de lá uma garrafa de champanhe. Jack pegou cinco taças. Andrew pegou a garrafa de champanhe da não de James e a chacoalhou para cima e para baixo e depois a abriu como uma explosão de espuma.

Nós brindamos e depois eles trouxeram um cupcake de morango para mim com uma velinha rosa encima. Cantaram parabéns para mim e então eu soprei à velinha sorrindo.

– Obrigada, meninos! – eu disse dando um abraço em cada um.

– E então, vai ter festinha hoje¿ - Jack perguntou.

– Ah... Acredito que não. Eu não vou fazer nada. – dei de ombros.

Ele assentiu.

– Bom, vamos começar a gravação da rádio. – eu disse sentando-me e terminando de comer meu cupcake.

Coloquei meu fone de ouvido e então James levou o rádio no ar ao apertar o botão grande e vermelho fazendo a plaquinha branca aparecer em letras vermelhas “Gravando”.


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