Conto De Fadas Moderno escrita por Letícia Matias


Capítulo 13
Capítulo 13




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No meio da noite, acordei e me dei conta de que havia dormido ali no sofá mesmo. Peguei meu celular para ver a hora que era. Já se passava das duas da manhã. Não havia nenhuma mensagem de Noah.

Suspirei e disquei seu número que eu já sabia de cor. Coloquei o celular na orelha e esperei até começar a chamar. O telefone chamou e chamou por algum tempo até cair na caixa postal.

Desliguei colocando o celular debaixo do travesseiro. Onde será que ele está¿

Levantei-me e me dirigi ao banheiro. Acendi a luz amarelada e me olhei no espelho. Meu cabelo estava bagunçado e minha boca estava seca, meus olhos estavam inchados e arroxeados. Fiquei me encarando e relembrando do beijo de Nate e depois Noah veio a minha cabeça.

Respirei fundo e decidi tomar um banho de banheira para relaxar. Eu estava com o corpo pesado e sentia que precisava tomar um banho.

Coloquei a banheira para encher e deixei a porta do banheiro aberta ao ir para o meu quarto. Abri meu guarda-roupa e peguei uma blusa cinza de lã e uma calça de moletom branca.

Voltei para o banheiro e fechei a porta. Tirei a roupa jogando-a no cesto de roupas sujas ao lado da pia e afundei meu corpo na banheira de água quente e espuma.

Prendi meu cabelo num coque para que ele não molhasse e fechei os olhos por um momento. Eu estava me sentindo completamente... Infeliz.

Abri meus olhos novamente e fitei o teto. A luz amarelada e fraca como a luz de uma vela do banheiro fazia o ambiente parecer aconchegante e sombrio. Ótimo ambiente para pensar.

Comecei a lembrar-me do tempo em que eu namorava Nate. Nós nos dávamos muito bem, raramente brigávamos. Ele sempre fora gentil, fofo e me dava atenção. Terminamos porque eu queria se mudar para o Texas e eu queria continuar em Nova York. Ma ainda assim, nunca deixamos de nos respeitar ou de sermos amigos.

E então, comecei a pensar em Noah. Com todos aqueles defeitos insuportáveis, com toda a sua imaturidade, mas ainda assim, eu conseguia amar ele. Mesmo ele sendo grosso imaturo e nunca me dar muita atenção, mesmo ele sendo o oposto de Nate, eu o amava. Lembrei-me da noite em que nos conhecemos no karaokê e sorri.

Eu estava confusa. Eu o amava, mas estava... Insatisfeita com aquele relacionamento. Todos diziam para eu deixá-lo, que ele não era bom para mim, que ele não prestava. E eu sabia disso tudo.

Balancei a cabeça e comecei a ensaboar meus braços lentamente com a esponja.

***

Depois do banho, fui para a sala e fui até a janela para olhar o movimento da rua. Estava tudo muito quieto, tinha algumas pessoas na rua conversando, talvez meia dúzia.

Voltei para o sofá e sentei-me cobrindo minhas pernas. Liguei a televisão para escolher alguma programação. Não estava passando nada de bom então decidi desligar.

Apoiei meu queixo em meus joelhos e abracei minhas pernas com os dois braços e fiquei fitando a caixa de lenços ali encima da mesinha de centro por minutos enquanto eu ouvia a garoa fina bater contra o vidro da janela.

Ouvi duas batidas suaves na porta. Franzi o cenho e levantei-me indo até a porta e olhando pelo olho mágico.

Suspirei apoiando minha cabeça na porta.

Abri a porta lentamente. Noah estava de cabeça baixa com as mãos no bolso da calça. Estava com as roupas e o cabelo molhado. Levantou a cabeça quando a porta se abriu e olhou para mim.

Eu não disse nada e sustentei seu olhar. Ele não estava cheirando a bebida e nem parecia bêbado.

– Desculpe. – ele disse abaixando a cabeça novamente.

Não respondi e continuei olhando para ele. Ele tornou a olhar para mim e disse:

– Me desculpe por ter sido um idiota mais uma vez com você. Por não ter te ligado ou ter vindo ficar com você. Eu nem saí para lugar nenhum com Austin, fui para casa e fiquei lá. Eu... Sinto muito.

Continuei sustentando seu olhar e ele não desviou também. Ele estava tenso.

– Você não vai dizer nada¿ - ele perguntou.

– Eu não tenho nada para dizer. – respondi.

Ele suspirou e analisou meu rosto.

– Desculpe ok¿ Eu deveria ter ficado aqui com você, eu sei disso.

– E por que não ficou¿ - perguntei.

Ele deu de ombros e balançou a cabeça.

– Eu não sei. Eu... Não estava pensando direito. Eu... Sinto muito, Gen.

– Entra. – murmurei.

Ele sorriu de lado e entrou parando do meu lado.

Fechei a porta e tranquei-a. Encostei-me nela e olhei para ele.

– Me perdoa Gen. – Noah disse e se aproximou de mim.

Ele me olhou nos olhos e eu olhei para baixo, seus dedos se aninharam no meu cabelo e depois ele colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha e segurou meu queixo.

Eu pude sentir ele aproximando mais o corpo dele do meu.

– Você não vai falar nada¿

Suspirei e olhei para o lado.

– Estou feliz que você não apareceu bêbado aqui uma hora dessas.

Ele deu um sorriso afetado e depois eu amoleci sorrindo e balançando a cabeça. Seu sorriso se iluminou e ele disse:

– Aí está ela!

Ele se curvou e encostou seus lábios nos meus suavemente e eu senti meu corpo se aquecer de dentro pra fora.

Enquanto ele ainda me beijava, eu tirei sua jaqueta molhada e joguei no chão. Ele pegou minhas pernas e entrelaçou-as ao redor da sua cintura e me pressionou contra a parede.

Passei a mão por seu cabelo molhado e desci minhas mãos por suas costas. Ele me olhou e colou sua testa na minha e me levou até o quarto deitando-me na cama.

Ele tirou minha blusa e tornou a me beijar deitando-se sobre mim. Passei a mão por suas costas e ombros largos e depois tirei sua camiseta branca. Ele estava todo molhado da chuva.

Ele se apoiou nos cotovelos e olhou para mim um pouco ofegante. Depois disse:

–Eu te amo Gen.

Sorri murchamente.

– Eu também te amo.

Ele sorriu e começou a deixar trilhas de beijos no meu pescoço

Espreguicei-me lentamente e olhei para a janela. Parecia que finalmente havia parado de chover, mas ainda sim, o tempo estava nublado.

Virei-me para o outro lado e vi a cama vazia. Franzi o cenho e sentei-me apoiando-me em meus cotovelos.

Noah entrou com uma bandeja na mão cheia de coisas de comer. Reprimi um sorriso e ele olhou para mim.

– Bom dia, Gen.

– Bom dia. – eu disse sorrindo.

– Eu... Tentei fazer um café da manhã legal do jeito que você faria para mim, mas... – ele disse e deu de ombros olhando para a bandeja e depois para mim. – Por que está me olhando desse jeito¿

Balancei a cabeça e disse:

– Nada. Obrigada, está com uma cara ótima.

Ele havia feito ovos mexidos com bacon, suco de laranja, café preto e tinha algumas amoras numa tigela branca pequenininha. E havia também uma margarida pequena dentro de um copo.

Sorri.

– Você foi comprar flores¿

– Não.

Franzi o cenho e olhei para ele.

– De onde é essa flor então¿

– Eu... Roubei do jardim do vizinho ali do lado.

Arregalei meus olhos.

– Noah! – exclamei.

Ele deu de ombros.

– Você está louco¿ Não pode roubar as flores do quintal do Sr. Vince!

– Você gosta de margaridas!

– Mas não roubadas! – eu disse reprimindo um sorriso.

Ele começou a rir e eu balancei a cabeça sorrindo.

– Ah meu Deus, você não tem jeito mesmo.

Ele sorriu.

Estava sem camisa, vestindo sua calça jeans e com os cabelos bagunçados. Ele pegou o violão ao lado da cama e começou a tocar algumas notas e a cantar baixinho.

Enquanto eu comia encostada em meu travesseiro, fiquei olhando-o tocar o violão, concentrado, olhando para as cordas e algumas vezes para mim.

São momentos assim que não me fazem desistir. – pensei.


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