Sob o Azul do Verão escrita por Relunize


Capítulo 1
I - O silêncio nem sempre é vazio.


Notas iniciais do capítulo

Minha primeira história/capítulo postado aqui, espero que gostem. E boa tarde, boa noite ou bom dia o/



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Naquela tarde tranquila de sexta-feira, Aila estava deitada sobre a grama verdejante próxima ao pequeno riacho na base da montanha ao lado da cidade de Bluebell, apreciando a brisa e o som da água, com os cantos dos pássaros a complementarem a melodia da natureza. Os olhos fechados tornavam aquele estado de paz mais palpável, não se importava com os fios de seu cabelo castanho que esvoaçavam por sua face bronzeada pelas horas de trabalho sob o sol incansável do verão naquela região.

Tal era seu estado de meditação que demorou alguns minutos para notar uma presença ao seu lado. Abrindo um dos olhos deparou-se com orbes verdes fitando-a intensamente, sentiu sua respiração acelerar ao perceber a quem aquele olhar. Sentou-se quebrando o contato visual com certo embaraçamento. Seu admirador estava sentado ao seu lado, trazia no rosto uma expressão confusa, sua face alva estava enrubecida, ao menos ela não era a única que sentia-se envergonhada com a situação. Não sabia ao certo o que deveria dizer, nem mesmo se precisaria dizer alguma coisa, mas nada vinha-lhe a mente, com ele por perto, toda e qualquer habilidade de conversação que ela tinha tornava-se nula.

Cam era o florista de Bluebell, seu afinco para com as flores que cultivava era tanto que ele pensara que poderia viver a vida apenas sem se preocupar com nada além de disso. Mas quando Aila foi aos poucos tomando cor diante de seus olhos, ele passou a ter mais noção de sua presença. Sentia o coração acelerar e a garganta se fechar ao vê-la, queria sorrir com sua alegria, ficar ao seu lado mesmo quando não se tinha nada a dizer, passara a plantar e colher suas flores pensando em qual seria a reação da pequena fazendeira com um buquê delas.

Naquela tarde tranquila, saíra como sempre fazia para admirar as beleza natural da montanha, almejando talvez encontrar flores selvagens. Mas surpreendera-se com a figura de Aila deitada tão relaxadamente, com a respiração calma e constante, os cabelos espalhados ao seu redor – nos últimos meses eles haviam crescido consideravelmente, mas ainda emitiam o mesmo aroma que o deixava inebriado-, ela parecia fazer parte da natureza, como a verdadeira Deusa da Colheita, a expressão pacífica em sua face o fez querer toca-la, mas temeu que isso a despertasse, mesmo que o desejo de ver aqueles olhos cinzentos e amáveis encarando-o fosse quase suficientemente tentador para que interrompesse tal paz, até que a mesma abriu uma das pálpebras, ele, em profundo constrangimento por ser pego fitando-a com tanta intensidade, não conseguiu nem desviar o olhar até que ela sentando-se o fizesse.

Agora, com ambos em silêncio, Aila arriscou um olhar na direção de seu companheiro, sorrindo com sua habitual aparência, a boina xadrez de um roxo claro estava colocada delicamente sobre seus cabelos loiros e revoltos, os olhos brilhavam de uma forma desconhecida para ela, o colete estava desabotoado como sempre, e a pequena gravata folgada pendia de seu pescoço liso pela camisa cinza, para ela, a simples presença natural dele era capaz de desnortea-la.

Cam abriu a boca para falar algo, mas achou que começar uma conversa com: o dia está ótimo, não é? Ficaria muito forçado, então logo mudou de ideia. Aila pensou a mesma coisa, e então nenhum pio foi emitido por eles. Para qualquer um que os visse ali sentados, pensaria em um encontro, mas esse não era o caso, ao menos não propositalmente. Um pássaro voou por entre eles, deixando cair uma pena azul de sua plumagem exótica.

- Uma pena azul... – Aila murmurou maravilhada com tal raridade por aquelas bandas.

- Realmente... É linda. – ele a tinha em mãos, admirando-a. - E elas representam... – Ele se interrompeu quando seus olhares se cruzaram, uma pena azul representava matrimônio entre quem a desse e quem a aceitasse. Aila sabia disso, e sentiu sua face esquentar consideravelmente quando ele, alternou o olhar entre a pena e ela mesma.

Com a mão trêmula, ele a estendeu sutilmente para a jovem, forçando-se a encara-la, mesmo que acreditasse estar com a face tão vermelha como um tomate, foi um ato quase incosciente, mas aquela pena não podia ter caído em melhor momento.

Um sorriso de felicidade honesta espalhou-se pela face enrubecida da garota quando, com a mão suando frio, pegou a pena estendida, aceitando-a como um selamento de sua união com o tímido florista.

Naquele momento, toda montanha pareceu sentir a emoção que palpitava no peito dos dois futuros cônjuges, os pássaros cantaram como em um coral, e a natureza parou para admirar a consolidação silenciosa de um amor que nasceu aos poucos, de forma pura e despretensiosa, e agora florescia como uma bela rosa azul.


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