Senti algo a mexer-se ao meu lado e decidi abrir os olhos. Ele ficou. O seu olhar estava intenso e pude reparar que a sua boca formou um sorriso de canto.

– Você tem olhos lindos ...

– Devo estar uma lástima! - disse rindo um pouco.

– Tens apenas um pouco de maquiagem na testa, nas bochechas e talvez nas orelhas! - falou rindo.

– E ainda seria um mentiroso por me dizer que continuo linda! - falei rindo e dei-lhe um pequeno empurrão.

– Oh, mas isso você já sabe que é linda . - disse sorrindo e eu corei.

– Oh. Eu-eu vou acordar a Angie! Ela ainda tem que ir para a creche ...

– Se quiser eu posso levá-la ... - disse o loiro .

– Eu pensei que a pudéssemos levar os dois e depois íamos logo para o funeral ... - falei e abaixei a cabeça encarando a t-shirt colorida dele.

– Sim, mas temos que passar por minha casa, ta ? - disse levantou a minha cabeça com a mão esquerda, passando delicadamente os dedos por meu rosto.

– Sim, senhor ! - falei.

Levantei-me do sofá e fui acordar a Angie. Depois de pronta para ir e Austin ofereceu-se para lhe dar o pequeno-almoço. Tomei um banho e vesti uma roupa um pouco escura. Pus um pouco de maquiagem e dirigi-me para a sala. Tomei o pequeno-almoço com eles os dois e de seguida saímos.

Depois de deixar a Angie na creche, o loiro conduziu para sua casa. Era um apartamento um pouco maior que o meu. Estava arrumado por incrível que pareça. Ele vestiu uma t-shirt branca e um blazer preto por cima. As calças eram relativamente justas, também pretas.

Sorri ao ver que ele já estava pronto. Voltamos para o carro e dei as direções a Austin . A viagem demorou pouco mais de dez minutos, o que fez com que os meus pensamentos se concentrassem no que a minha família me iria dizer e como o meu pai iria reagir à minha presença no funeral da minha mãe.

– Está pronta? - Austin me perguntou.

– Já chegamos ? - perguntei suspirando pesadamente.

– Sim. Queres que te deixe sozinha? Precisas de alguma coisa? Estás bem? ...

Reparei que o carro dele estava estacionado um pouco longe dos restantes. O meu olhar focou-se na entrada da igreja. Austin continuava a bombardear-me com perguntas.

– Sim ...

– Você quer um urso de peluche? - perguntou e arregalou os olhos.

– Foi isso que me perguntou ? - perguntei arqueando a sobrancelha.

– Foi a ultima pergunta que te fiz ... - disse sorrindo . - Adiante, acho que já está na hora, Ally .

– É melhor irmos.

Saímos ambos do carro e Austin deu-me a mão, como se tentasse me transmitir força. Chegamos mais perto da Igreja e as pessoas ainda se encontravam no pequeno largo, à espera para entrar. Senti vários olhos postos em mim e pude ouvir alguns sussurros sobre a minha presença ali. Enquanto andava, encarei o chão. Senti os dedos do loiro se juntavam mais aos meus.

Decidi levantar a cabeça e o meu olhar encontrou o meu pai, a chorar no ombro da minha tia.