Um Pedido às Estrelas escrita por Natalie


Capítulo 1
Levou meus sonhos, minha vida...


Notas iniciais do capítulo

Só me restou lembranças de você, coisas que não vão mais sair de mim...(Deixei uma trilha sonora lá no final, espero que chorem... ops, gostem....)



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— Onde está Carol? — Michonne me perguntara.

— Saia. — Eu murmurei a Noah, que esperava silencioso por atrás das folhagens que margeavam a velha igreja.

A dor e o cansaço que meus olhos traziam diziam claramente à Michonne que havia algo errado. Carol não estava comigo.

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Após contar cada mínimo detalhe para Michonne, Rick, Carl e os outros que ainda ficaram na igreja após a partida de Abraham — que para a tristeza do caçador, levara consigo Glenn e Maggie — Daryl pressiona a todos para um resgate bem elaborado ao Hospital Slabtown, onde Carol havia sido levada de seus braços pelo carro com a medonha cruz branca na traseira, ferida, após um ataque de errantes que os separou.

Exatamente como acontecera com Beth aquela noite.

Segundo as informações de Noah, Beth também estava presa no lugar misterioso, e o único modo de tê-las de volta, era com uma invasão, pois uma negociação pacífica com Dawn não acabaria bem.

A princípio, Daryl não levara muito a sério as palavras de Noah, mas após espionarem o local, tivera certeza que o garoto falava a verdade e que as duas mulheres corriam grande perigo.

— Está certo. Vamos para Atlanta. —Rick sentenciara, e assim o grupo se pôs a reunir tudo que precisavam, e a examinar as diferentes táticas de resgate do imenso hospital.

Daryl estava com a mente longe de tudo aquilo. Seu medo de perder mais uma vez alguém que estivera contando com ele, alguém que o fazia sentir-se tão bem o consumia e nublava seus pensamentos.

O caipira não queria lágrimas caindo novamente em seu rosto. Ele veria Carol mais uma vez; ele a salvaria, nem que precisasse aniquilar todos os errantes e humanos que estivessem em seu caminho.

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— A culpa não foi sua. — Rick lhe diz, sentando-se ao seu lado.

O caipira não se deixa reconfortar.

— Primeiro Beth... e agora Carol. Porra, o que eu tenho de errado? — Daryl resmunga, ríspido, escondendo seus olhos com os cabelos que já haviam crescido bastante.

— Não foi culpa sua, Daryl. Está me entendendo? Ninguém culpa você. — Rick o confronta, sem se deixar abalar. — A culpa não vai te levar a lugar nenhum. Elas precisam de você.

Daryl suspira e assente com a cabeça, não querendo prolongar uma discussão.

— Você é meu irmão, Daryl. — O xerife o conforta. — Todos aqui se importam com você, daremos um jeito, como sempre fizemos.

O outro homem consegue sorrir minimamente, com uma gratidão perceptível no olhar.

Rick então se levanta, satisfeito e confiante, afagando o ombro do caipira antes de deixá-lo.

#

O grande momento do resgate de Carol e Beth chegara finalmente, e Daryl não conseguira dormir tranquilamente por toda a noite do dia anterior.

O grupo esperara pelo entardecer, para melhor chance de fuga no escuro caso tudo ocorresse bem. A ansiedade e o medo o afrontavam por dentro, mas todo esse sentimento de desespero era mantido em silêncio por ele.

Judith, Padre Gabriel e Carl ficariam muito bem escondidos em um grande depósito de peças de automóveis que já fora muito famosa na grande cidade, enquanto que Daryl, Rick, Michonne, Sasha, Noah e Tyreese se infiltrariam em Slabtown.

...

— Muito cuidado, Carl. Lembre-se: nós jamais estamos seguros em lugar nenhum. — Rick sussurra para o filho. Enquanto que tem Judith em seus braços.

Os três se abraçam, e o xerife entrega a doce criança a Carl.

— Se quando eu voltar uma dessas crianças estiver com sequer um arranhão, eu arranco sua cabeça. — Rick sussurra para o Padre Gabriel. — Tudo bem. Vamos! — Rick diz as ordens aos demais.

...

Enquanto que Michonne, — que recuperara sua inseparável katana — Sasha e Tyreese cuidavam dos errantes que rondavam a área do hospital, Rick, Noah e Daryl arriscavam uma tentativa de entrar dentro de Slabtown.

Não foi nada fácil abater cada ameaça que sondava o porão do edifício em silêncio, sem chamar atenção da invasão para os guardas incansáveis de Dawn, mas ambos conseguiram adentrar no primeiro andar do local.

Gritos que não eram audíveis do lado de fora atulhavam o local.

Gritos desesperados e apavorados vinham de todos os cantos; enfermeiras corriam em disparada para todas as direções, e o som de tiros era audível um andar acima.

O Arqueiro, o Líder e o novo integrante conseguem atravessar os compridos e estreitos corredores facilmente em meio ao caos. O estrondo de desordem e violência vêm de todos os lados agora. Daryl mantém firme sua crossbow em mira para qualquer ameaça.

Michonne, Tyreese e Sasha rapidamente estão em formação atrás dos três. A maioria das enfermeiras e pacientes estão atirados contra o chão, e a qualquer momento poderiam voltar como errantes. Tudo estava ficando fora de controle.

Ao adentrarem na copa, o grupo se depara com um homem vestido de jaleco, apontando uma arma para uma mulher vestida de farda policial.

Dawn...

Noah faz um sinal para que todos se escondam ao contatar que era Dawn.

As mãos que seguram a arma semiautomática em direção à mulher, estão trêmulas. O médico de jaleco não era o predador ali. Dawn também apontava sua pistola para o homem, com determinação e frieza.

— Você destruiu nosso patrimônio! Você estragou nossa fortaleza! — Dawn cospe as palavras em direção ao Homem de Jaleco.

— Ninguém virá, Dawn. Não existe resgate. Isso tudo foi em vão. Você matou e machucou muita gente inocente. — Ele responde.

Um único disparo atinge Dawn no centro do peito, antes que qualquer um possa registrar a informação.

Antes de seus olhos se fecharem para sempre, a mulher não hesita em tirar a vida do companheiro de hospital. Seis disparos seguidos descontrolados e sem mira tentam atingir o médico. As balas ricocheteiam nas paredes brancas do hospital, e algumas acabam por acertar o médico.

O grupo de Rick finalmente assume presença no local, encarando os corpos mortos no chão.

— Temos que encontrar Carol e Beth! — Rick os apressa.

Ao subirem as escadas que davam para o segundo andar, se deparam com pelo menos vinte errantes à sua espera nos degraus. O que um dia já foram enfermeiras e homens com farda policial agora eram meros pedaços de carne em decomposição que voltaram a andar.

— Rápido! — Noah grita, guiando-os de volta, à procura da escada de emergência.

Ao correrem para longe da horda recém transformada, finalmente avistam as portas duplas da escada emergencial.

— Nossa chance. — Rick olha atentamente para cada um de seu grupo. — Vamos agora! Tentem achá-las!

Daryl assume a frente, com o coração batendo forte no peito.

Carol podia estar a poucos metros dele. Ele precisava salvá-la. Precisava de Carol Peletier de volta. Já a deixara desprotegida deixando-a vir parar neste local. Era seu dever tê-la de volta em segurança.

Rick o segue, enquanto que os demais se dividem para procurar por Beth.

Ao procurar em cada maldito quarto e não encontrar nada de Carol, os olhos do caipira começam a acumular as malditas lágrimas. A ardência era incontrolável, por mais que o caipira se esforçasse.

— A encontramos! — Sasha grita, ao longe.

Daryl Dixon dispara para a direção da voz de Sasha. Suas pernas correm como se Carol fosse sumir caso ele não fosse mais veloz.

Ao chegar ao cômodo onde Sasha, Tyreese, Noah e Michonne estão, ele encontra Beth Greene encostada à uma parede, chorando convulsivamente ao lado de um corpo.

Carol...

— Beth! — Daryl se abaixa e coloca suas mãos sobre o ombro da garota, desesperado.

Aparentemente, ela estava bem, e Daryl se sentia aliviado. Conseguira cuidar de sua companheira nos tempos ruins. Ela estava bem.

Mas o verdadeiro amor de sua vida não estava nada bem.

Carol mal conseguia manter seus olhos abertos. Sua respiração já era fraca, e o sangue que jorrava de seu ombro era assombroso. Não poderiam salvá-la nem por um milagre.

E de repente o amor morria junto com ela.

— Não! Não! Não! Carol! — Daryl joga-se ao lado da amada, aconchegando-a em seu colo, abraçando-a forte.

Não era como a primeira vez. O que era antes o corpo quente e vivo, que retribuiu seu abraço cheio de amor, com o sorriso mais feliz do mundo naquele reencontro, agora mal conseguia olhar em seus olhos.

As íris azuis de Carol estavam perdendo a vida.

— Carol! Não! — O caçador deixa com que suas lágrimas se derramem livres agora. Carol estava indo embora.

— Daryl... — Ela sussurra-lhe. — Seja forte.

O pior pesadelo de Daryl Dixon estava se concretizando. Não havia porta que se abrisse agora para salvar Carol, como naquele dia na prisão. Não havia esperança.

Suas mãos tremiam descontroladamente. Seus lábios não sabiam o que dizer.

Carol estava indo embora; morrendo em seus braços.

— Acho que minhas nove vidas chegaram ao fim. — Ela conseguiu sorrir, enquanto que apertava as mãos do caçador.

Atrás de Daryl, Michonne, Sasha e Rick afagavam uma das mãos de Carol, em união.

— Carol... nós devemos tanto à você... — O xerife consegue dizer, e todos percebem que seus olhos estão marejados. — Nos perdoe se magoamos você de alguma forma. Você é uma guerreira.

— Você sempre foi. — Michonne e Sasha dizem em uníssono.

Carol sorri para cada um do melhor jeito que consegue.

E, repentinamente, sque ninguém conseguisse prever, Daryl cola seus lábios aos dela, selando ali a promessa de que a amaria para sempre.

Um beijo desesperado e molhado de lágrimas.

— Eu amo você. — Ela lhe diz.

— Carol... — Daryl entra em pânico. — Isso não é uma despedida!

— Diga, Daryl. Por favor... — Ela sorri, com um pequeno, quase nulo, olhar brincalhão.

Seu último olhar brincalhão.

— Eu amo você, Carol! — O caçador a abraça forte, sentindo seu coração despedaçar-se.

— Você ficará bem. — Ela sorri. — Tem que estar.

O momento que seus olhos se fecham e o sorriso doce desaparece de seus lábios é assistida por todos do grupo, que deixam suas lágrimas se derramarem sem medo, sem nenhuma vergonha.

Carol foi se encontrar com Sophia finalmente.

Daryl foi deixado para trás apenas com as lembranças de sua amada. Lembranças que jamais seriam esquecidas.

Enquanto chorava, ele se lembrava de seus últimos momentos, onde selara seus lábios finalmente aos dela.

Porém, tarde mais.

O último encontro, para a história de Daryl Dixon e Carol Peletier, o fim.

Ela levara os sonhos e a esperança que o caçador conseguira adquirir somente ao seu lado.

As lembranças eram fortes demais. Daryl desejava poder trazer de volta a metade que o mundo lhe tirara.

Ele precisava dela para sobreviver, para ser feliz. Ninguém a substituiria.

Daryl não chorava porque a amava, nem porque passara tantas noites procurando pelo abraço dela.

Daryl chorava porque a perdera. Chorava pelo tempo que suplicara os lábios dela em silêncio. Chorava pela estúpida ironia de querê-la só para ele.

O caçador tremia convulsivamente. A dor era semelhante à dor que sentira quando perdeu Merle, só que desta vez, infinitamente pior. Ele chorava pelo tempo que gastara desejando o beijo de Carol. Pela maldita insegurança que o impedira de se entregar à ela.

O beijo que ele nunca sentiria novamente. O olhar que ele nunca mais veria brilhar.

Era o fim de Carol Peletier.

As estrelas era visíveis pela janela quebrada do quarto de hospital.

A lua banhava o rosto de Carol, e Daryl sofria interminavelmente.

Ele só queria fazer um único pedido às estrelas: que cuidassem dela e de Sophia lá em cima.


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Notas finais do capítulo

Apenas me deixem saber o que acharam nos comentários. Por favor. Cara, vocês não tem noção de como eu estou chorando. Eu amo vocês demais, nunca esqueçam disso, leitores lindos ♥