Heimkehr escrita por Rocker


Capítulo 3
Capítulo 2 - Lembrando


Notas iniciais do capítulo

Eu sei, eu sei, demorei de novo. Mas são muitas fics e não só nesse site. Além de que terceiro ano não está sendo fácil, então mal to tendo tempo para respirar. Mas tentarei escrever quando tiver tempo, mas peço paciência. Não irei abandonar a fic, isso não! Espero que gostem desse capítulo.



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Capítulo 2 - Lembrando

DIRIGIA COM CUIDADO, TENTANDO sempre me manter na faixa padrão de velocidade máxima. Eu não podia vacilar. Na época dos humanos, todos dirigiam sempre acima da velocidade permitida até avistar algum pardal. Isso era comum, e inclusive eu mesma fazia isso quando saía em incursão. Mas dessa vez eu não poderia vacilar. Apesar de ter Lua dentro de mim e o reflexo das Almas em meus olhos, eu não poderia vacilar. Então usei toda a minha concentração na estrada à minha frente, me mantendo sempre atrás de um Troller vermelho, que me lembrava muito o Troller que eu e Jamie sempre usávamos quando saíamos em incursão.

Respirei fundo, controlando minha respiração, mas não consegui impedir que uma onda de nostalgia e dor me atingisse em cheio ao me lembrar de Jamie. Estiquei o pescoço e olhei mais à frente na estrada. Não correria o risco de tentar ultrapassar, mas ao menos queria saber quantos carros haviam na frente. Até que vi na outra pista um Volvo prateado. Arregalei os olhos, e segui-o com os olhos até que ele passou por nós. Era apenas uma mulher de feições suaves que o dirigia. Minha respiração estava irregular, e eu não sabia o que fazer.

Mely, o que houve?!, perguntou Lua, um pouco preocupada. Melody!

– Eu estou bem, Lua. – disse em voz alta, aproveitando que só havíamos nós duas na Hilux.

Não está, não, ela disse firmemente e eu praguejei por saber que ela leria minhas emoções tão bem quanto eu leria as delas. O que está te deixando assim?!

Pensei em falar. Pensei com cuidado quais palavras eu poderia usar, mas eu não era boa com palavras – Jamie era. Ele sempre foi melhor com as palavras do que eu. Geralmente eu preferia agir para mostrar meu ponto de vista. Eu era melhor nas ações do que com palavras. Mas como eu poderia agir ali? Então, ao invés de lhe dizer, eu lhe mostrei.

Fechei os olhos e deixei as imagens invadirem minha mente.

Abri um sorriso maroto nos lábios. Não deixaria que ele me ganhasse, isso agora era questão de honra. Troquei a marcha do Volvo preto e pisei fundo no acelerador, ultrapassando o Volvo prateado sobre a terra do deserto um pouco distante das cavernas. Olhei pelo retrovisor e vi Jamie com uma fisionomia assassina. Sabia que para ele isso era tão importante quanto para mim. Mas mesmo assim eu sorri, satisfeita, e continuei a racha improvisada. Logo vi Jamie se aproximando com seu Volvo e o emparelhar junto com o meu. Não costumávamos usar esses carros, apenas para diversão ou para Jared ensinar alguém a dirigir. Mas quando ficávamos entediados, eu e Jamie gostávamos de disputar uma corrida.

– Vai comer poeira. – Jamie mexeu seus lábios, e eu fiz leitura.

Estava prestes a responder-lhe, mas ele me ultrapassou rapidamente e eu franzi o cenho com raiva. Dessa vez eu ganharia. Ele quase sempre ganhava, mas eu queria vencer dessa vez. Mudei mais uma vez de marcha e acelerei ao máximo. Quase podia vez o ponteiro de velocidade estourar no painel. Ultrapassei o Volvo prateado de Jamie pouco antes da nossa linha de chegada e girei o volante enquanto diminuía um pouco a velocidade e parei de frente para ele.

Sorri satisfeita ao descer do Volvo preto e ver Jamie saindo um pouco indignado.

– Não acredito que venceu. – ele disse, rindo enquanto balançava a cabeça em negação.

– Venci sim. – eu disse, andando em sua direção. – E venci bonito, pode admitir.

– Nah! – ele fez um gesto com a mão, desprezando o que eu disse. – Foi golpe de sorte.

– Tem certeza? – perguntei, brincalhona, enquanto parava à sua frente e envolvia seu pescoço com meus braços.

– Com certeza! – ele insistiu, envolvendo minha cintura no que eu achei ser um ato reflexo. – Se eu não tivesse diminuído a velocidade um pouco, você não teria ganhado!

– Nem pensar. Foi uma vitória justa, e eu quero meu prêmio!

Jamie arqueou uma sobrancelha, mas abriu um meio sorriso torto enquanto seu olhar descia para meus lábios.

– Sei que você não vai me negar o prêmio. – eu disse, mordendo meu lábio inferior em provocação.

O azul em seus olhos se tornou levemente mais opaco em desejo e eu conhecia bem para saber que ele realmente não negaria.

– Tem razão. – ele disse, sua voz levemente mais rouca que o comum e eu soltei uma risadinha fraca quando ele apertou minha cintura contra seu corpo. – Foi uma vitória justa.

Não disse nada, apenas puxei sua cabeça um pouco para baixo e me estique na ponta dos pés para selar nossos lábios em um beijo. Mais um.

Ainda ficamos alguns minutos em silêncio e eu voltei a me concentrar na estrada enquanto sentia as lágrimas escorrendo por meus olhos. Não impedi que elas caíssem, porque eu precisava disso. E Lua também percebeu que eu precisava, porque apenas ficou em silêncio, como se não estivesse ali, como se quisesse me dar privacidade com meus sentimentos. Então eu simplesmente chorei. Chorei por ter sido pega, por ter tido uma Alma implantada em mim, mesmo que eu adorasse Lua. Chorei por ter sido fraca demais para não matar aquele Buscador e ter mandado Jamie para longe sem mim. Chorei por saber que ele provavelmente chorara por minha suposta morte.

Quando as lágrimas começaram a embaçar minha visão da estrada eu respirei fundo para me controlar. Não sobrevivi àquela bala na barriga para morrer num acidente de trânsito. Tirei uma das mãos do volante e enxuguei as lágrimas que ainda escorriam e consegui me recompor por completo depois de alguns minutos. Eu precisava me controlar. Precisava aprender a controlar minhas emoções. Lua podia senti-las e eu sabia que isso não era algo fácil para as Almas, mas precisava me controlar por mim mesma. Não poderia deixar a guarda cair sempre que eu me lembrasse de Jamie. Eu precisava ser forte para conseguir chegar até ele, voltar para ele. Apesar de a falta dele estar me afetando por inteira, eu não poderia decair.

Tucson não é longe, é?!, Lua perguntou depois de algum tempo, quando percebeu que eu estava bem novamente. Apesar de que eu só ficaria realmente bem quando encontrasse Jamie.

– Um pouco. – respondi. – São alguns bons quilômetros de estrada e geralmente fazíamos em algumas horas, mas talvez teremos que passar a noite em algum hotel na interestadual.

Por quê?!

– Estamos indo apenas no limite máximo de velocidade para não levantar suspeitas, mas isso aumenta bastante o tempo de viagem.

Quando acha então que chegaremos?, ela perguntou.

– Não sei. – respondi sinceramente, dando uma rápida olhada no retrovisor para ver se não havia nenhum Buscador por perto. – Talvez por volta do meio dia de amanhã, mas não tenho certeza.

Tudo bem. Acha que Jamie irá gostar de te ver?, ela perguntou, e eu percebi certo receio em sua voz.

– Não sei. Ele possivelmente deve achar que estou morta. – disse, suspirando.

Não se preocupe, Melody, ele irá gostar de ver que está viva, Lua disse alegremente. Em suas lembranças dá pra ver que ele a ama tanto quanto você o ama.

Eu sorri levemente. – Obrigada, Lua. Por tudo.


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