Beyond two Souls escrita por Arizona


Capítulo 4
A garota em chamas


Notas iniciais do capítulo

E aí gente? Esse é o quarto capítulo da nossa história, e se você tiver gostando de Beyond, deixe seu comentário, favorite e recomende. Amanha sai o quinto capítulo, não deixe de acompanha, muitas surpresas estão por vim.
Beijos!



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Os gritos de histeria são ensurdecedores. Da janela do trem posso ver as pessoas; crianças, jovens, adultos, todos empolgados para ver a matança dos Jogos.

 

Gale e eu ficamos de frente a porta que nos levará para o calor do publico. Respiro fundo antes que ela se abra e a multidão lá fora nos engula. Vejo Effie arrumar o terno de Haymitch, fazendo ele resmungar alguma coisa. Peeta está bem atrás deles, pondo os fios loiros do seu cabelo para trás.

Depois da nossa breve discussão, ele simplesmente me deu as costas, apesar de ter dito aquilo para mim. Effie nos avisa que assim que saímos do trem seremos levados para uma equipe de preparação, por causa do Desfile dos Tributos.

A porta do vagão finalmente se abre, me deixando ver as aberrações chamadas "habitantes da Capital". Pessoas com roupas extravagantes e coloridas, assim com seus cabelos pulam e gritam incansáveis em nossos ouvidos. Agora entendo porque Effie se acha tão natural naquela roupa de pavão que ela usa.

Me dar até vontade de rir dessas pessoas de tão pateticas que se vestem. Mas não, isso é exótico, uma moça pobre do Distrito 12 como eu não pode entender isso.

As pessoas acenam e mandam beijos. A histeria aumentam ainda mais quando elas veem Peeta, gritando o seu nome, tentando chegar até ele para agarrá-lo. Vejo até algumas garotos chorando por ele que lança beijos de volta para elas com um sorriso enorme.

Acho que alguém aqui gosta da fama.

Depois de passarmos pelo público na estação, somos conduzidos por uma escadaria, onde no final há uma porta vermelha de metal, dando acesso a um grande corredor dividido em "salinhas" por cortinas. Segundo Effie, cada divisória é equipada com produtos de salão de beleza, onde seremos preparados.

Uma mulher de cabelo azul e tatuagens douradas na testa chamada Venia, me diz que faz parte da minha equipe de preparação, e pede para que a acompanhe até a minha cabine. Quando chegamos, um homem baixinho com um topete cor de laranja, que se chama Flávius, e uma outra mulher roliça que tem a pele tingida de verde oliva, Octavia, também me esperavam.

Eles pedem para que eu me dispa e deite em uma maca, que vergonhosamente faço, e então começam uma sessão de verdadeira tortura. Arrancam meus pelos. Puxam meu cabelo. Raspam minha pele. Tiram as cutículas das minhas unhas. Passam cremes e loções no meu corpo. Me lavam com uma pequena maquina ejetando água que mais parece um chuveirinho. Passam creme novamente, me maquiam e me perfumam.

Eles não param de falar um só momento enquanto estão me perturbando. Conversam um monte de assuntos banais. Coisas sobre festas e roupas da nova estação, o corte de cabelo de uma modelo, ou algo do tipo. E de quebra os sotaques irritantes e risadinhas ridículas.

Argh! Eu já não suportava mais ouvir aquilo, então depois de três horas eu fico pronta. Ou pelo menos era o que eu pensava.

— Katniss, nós vamos te deixar agora com o seu estilista, ele já está vindo. – me avisa Venia antes de sair.

— Não se mova lindinha. – diz Flávius tentando ser engraçado – Se não você estraga nossa obra de arte.

Fico de pé diante de um espelho, meus cabelos foram trançados de uma forma diferente da que eu costumo usar. Olho meu rosto maquiado no reflexo, coisa que nunca fiz antes foi estar maquiada. Me surpreendo quando vejo que não está como os padrões de maquiagem da Capital, pelo contrário, está bem simples, quase natural.

É bom ver que sou eu mesma.

— Gostou do resultado? – fala um homem que me faz sobressaltar com o susto. Ele rir da minha reação – Desculpe. Pedi para que você ficasse como é de verdade.

Ele é bem simples pelo que vejo. Tem os cabelos curtos numa cor castanho escuro, e não é colorido como os das pessoas que vi aqui. Usando uma roupa preta sem nem uma lantejoula ou purpurina. A única coisa que posso ver da Capital nele, é um linha dourada nas pálpebras destacando seus olhos.

— Sou Katniss. – digo estendendo a mão.

— Cinna. – ele aperta minha mão com firmeza – Seu estilista e admirador.

— Você está aqui para me deixar bonita?

— Eu estou aqui para te deixar deslumbrante. Afinal, uma garota tão corajosa merece algo especial.

Cinna me entrega um roupão que é tão fino quanto papel, isso só serve para que eu não fique nua totalmente. Ele me guia até uma cadeira onde sentamos, me falando de como seria a minha roupa no desfile.

Cinna explica que ele e sua parceira Portia, que é a estilista de Gale, trabalharam a alguns meses em um projeto que vai fazer com que todas as atenções se voltem para nós. E que eu devo confiar nele pois nada vai me acontecer.

Fico um pouco assustada com isso que ele diz. Me lembra que da última vez que os Tributos do 12 tiveram atenção total, foi quando eles ficarem totalmente pelados com os corpos cobertos apenas por cinzas de carvão, já que no desfile temos que fazer referência a atividade que o Distrito exerce dentro de Panem.

No nosso caso, minas de carvão.

Me visto com um macacão preto, que cobre meu corpo dos pulsos aos tornozelos. Cinna ainda me deu uma bota com um saltinho para combinar com a roupa. Pegamos um elevador que vai nos levar até hall de onde começa o desfile. Chegando lá, vejo os outros Tributos em suas roupas de desfile.

Os do 1 estão cobertos com purpurina prata e coletes cravados de diamantes. Os do 2 com uma roupa dourada que parecem ser como os das gravuras de gladiadores dos livros de história que eu li. Afinal, é do Distrito 2 que vêm os Pacificadores. Os homens de branco que representado a justiça. Nada mais justo que os Tributos de lá façam jus a tal força.

Começo a me sentir diminuída perto deles. Como Cinna pode dizer que as atenções vão ser nossa se essa roupa não tem nada de mais. Não chega nem perto das deles?

Encontro Gale ao lado da carruagem que vai nos levar usando a mesma roupa que eu em versão masculina. Uma mulher jovem com o cabelo loiro quase branco está com ele, fazendo ajustes na lapela. Cinna me apresenta a mulher como sendo a sua parceira de trabalho, Portia.

Subimos na carruagem e ela começa a ser puxada pelos cavalos. Cinna chama nossa atenção e olhamos para trás. Ele gesticula e fala alguma coisa que não consigo entender por causa do barulho.

— Acho que ele quer que dermos as mãos. – diz Gale.

— Você acha?

Mesmo não compreendendo o porquê de Cinna nos pedir isso, dou a mão a Gale que entrelaça nosso dedos. Ouço o hino da Capital tocar e o alvoroço enlouquecido vinda da multidão nas arquibancadas, que para minha surpresa, gritam meu nome e o de Gale, jogando rosas vermelhas em nossa direção.

— Por que estão gritando nossos nome? – ele pergunta.

Quando me viro para olhá-lo, vejo que Gale está em chamas. Não ele, mas sua roupa, e percebo que eu também estou. Foi por isso que Cinna pediu que eu confiasse nele.

Olho para nós no telão, vendo o quanto estamos maravilhosos, eu mesma estou boquiaberta com as chamas dançando sobre nós. A visão delas com a luz do fim da tarde nos deixa ainda mais radiantes.

Então é isso. Os Jogos já começaram. E para ser um campeão na arena, é preciso primeiro se tornar um campeão aqui fora. Conquistar o público. Dar a eles o que eles querem para se divertir.

 

Sorrio e aceno para todos que gritam mais e mais com os meus acenos. Se esse era o objetivo dos nossos estilistas, acho que eles conseguiram, pelo menos a maioria gostou.

Passamos por um palanque onde vejo que se encontra o presidente Snow. Ele não passa de um homenzinho magro de barba e cabelos brancos, já deve ter os seus 80 e poucos anos, mais tem um olhar perverso que chega a gelar os ossos.

Quando voltamos e nos encontramos com Cinna e Portia, noto os olhares raivosos de outro Tributos. Aparentemente, tiramos o brilho de alguém. Haymitch aparece batendo palmas e debochando com Effie ao seu lado.

Será que nem fazendo as pessoas nos adorarem ele não vai fazer nada pra nos ajudar?

— Pode fica tão perto assim das chamas docinho?

— Quer tentar?

Ele rir ironicamente, então desvia o olhar para trás de mim. Quando me viro, vejo o garoto do 2, o monstruoso, nos encarando.

— Vamos subir. – Haymitch indica com a cabeça para seguirmos.

Por causa do nosso Distrito ser o 12, ficamos no apartamento do 12º andar, como Effie se gaba; a cobertura.

As portas do elevador se abrem, revelando a imponência de tamanho luxo no lugar. Lustres de cristais enormes. Uma sala espaçosa com um sofá gigante de veludo cinza. Uma mesa grande de madeira de magno que Effie adora. Uma parede totalmente de vidro que nos dar a visão de quase toda cidade com um lindo pôr do sol por trás das colinas que cercam a Capital.

Isso me faz refletir que daqui a alguns dia talvez eu nunca mais veja o sol adormecer novamente.

Pois estarei muito longe daqui.


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