Beyond two Souls escrita por Arizona


Capítulo 37
Acenda o pavio


Notas iniciais do capítulo

Oi gente.

Capitulo novo, como prometido ;D

Beijos, e até



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Abro os olhos assustada sem conseguir identificar onde estou, sinto uma dor no meio da barriga me deixando tonta, acho que vou ter mais um dos meus enjoos, mas não, é apenas a dor por causa da pressão ao redor do meu corpo. Olho para baixo buscando uma explicação para o que sinto quando vejo a mão enfaixada pousada sobre mim.

Não preciso de muito para me lembrar do que ocorreu na noite passada, e me lembrar também onde eu dormi. Peeta me abraça apenas com o braço direito, mas ele está me machucando com o aperto, e justo na minha barriga, sei que ele não faz por mal, pois ele nem imagina que tenho o filho dele dentro de mim, no entanto, tenho que me livrar do seu braço antes que afete o de alguma forma o bebê.

Tiro seu braço com cuidado para não acorda-lo, como estou de costas para ele, não posso ver o seu rosto, mas assim que estou sentada na cama, viro-me para encara-lo. Peeta dorme profundamente, sua boca entreaberta em puro desleixo, o cabelo está a mesma bagunça que costumava ser. É bom tê-lo por perto novamente, só não sei o quanto essa paz pode durar.

Puxo o coberto um pouco mais para ele antes de me levantar. As luzes do corredor estão acessas, já deve estar de manhã, o que indica que dormimos a noite toda junto, sem pesadelos. Não quero incomoda-lo com a claridade no compartimento, por isso apanho a minha blusa cinza que faz conjunto com minhas calças, junto com as botas e o cinto sem vesti-los.

Olho uma última vez para trás, só para confirmar que ele ainda está no lugar, e como esperado, Peeta nem se mexeu. Abro a porta com cuidado, reparando que as manchas de sangue de ontem a noite não estão mais lá. Acho que em alguma hora da madrugada devem ter vindo limpar o compartimento da bagunço, eu estava tão exalta que nem sequer ouvi quando fizeram.

Saio do compartimento dos Mellark, indo direto para o meu. Não sei que horas são, na verdade, eu não tenho noção de nada aqui em baixo, mas julgando pelos corredores vazios dever está no horário de alguma refeição. Como o fluxo de água para os compartimentos só é liberado durante a noite, não posso tomar banho, então apenas tenho que trocar de roupa.

Pego uma muda de roupas limpas, e entro no pequeno banheiro trancando a porta atrás de mim. Pode ser até estúpido da minha parte, mas eu detestaria que algum entrasse se surpresa aqui e me visse nua. É bem verdade que quando se tratava de Peeta, ou Cinna, eu não sinto vergonha alguma do meu corpo despido, mas se não forem eles dois, mais ninguém me olha assim.

Tiro as calças cinzentas, depois a camiseta branca. Não fazem roupa íntima feminina no 13, a não ser a parte de baixo, então só me resta a calcinha para tirar. A muito tempo eu não tenho coragem de me olhar no espelho, o meu próprio reflexo me enjoa, porém, algo na garota do espelho de chama atenção:

Minha barriga está crescendo.

Eu não havia reparado no montinho que se formou debaixo do meu umbigo, mas agora ele é visível e ainda mais palpável agora. Quando eu estava na arena, apenas senti a dureza que tinha naquela região, na hora minha cabeça deu um estalo, eu quase cai para trás com a possibilidade. Apesar de nunca terem me confirmado, eu sabia que estava grávida, eu tinha certeza, e quando eu descobri que Peeta se tornara um prisioneiro na Capital, me apeguei a essa criança como se ela fosse a única coisa que me salvaria da escuridão que começava ame dominar.

Acaricio devagar meu ventre, sentindo a firmeza no local sob meu dedos. Já me pequei algumas vezes fazendo isso, dando carinho ao meu bebê de forma espontânea, como estou fazendo agora. Se eu estiver certa, devo está entrando no terceiro mês de gestação, talvez um pouquinho mais, imagino se quando meu filho nascer, a rebelião já tenha se findado, e a razão pelo qual todos lutam tenha se realizado.

Sou muito jovem para ter um filho, eu sei, mas também sei que mesmo ele vindo de uma forma inesperada, até certo ponto erroneo, quero uma Panem diferente para ele, que ele possa brincar pelos campos livres, sem a ameaça de que tem os Jogos Vorazes batendo a porta quando ele completar 12 anos.

Visto-me rapidamente, logo em seguida vou para o refeitório. Como eu imaginei, café da manhã. Muitos olhares ainda se direcionam a mim quando passo, no entanto, já não me incomodo tanto assim com as pessoas. Elas me veem ficar perambulando por aí, sem realmente um motivo para estar aqui a não ser aquilo que os idealistas da Revolução pensam sobre mim.

Eu também ao me olhar do lado de fora vejo a mesma criatura insossa e mórbida que caminha sem rumo por aqui e acolá.

Depois e encher meu prato com sopa, e pegar alguns pãezinhos, sento a mesa onde Johanna, Finnick, e a recente senhora Odair estão. Gosto de ficar perto deles porquê não fazem perguntas, eles sabem exatamente o que se passa na minha cabeça, pois vivem experiências iguais as minhas. Eles apenas permanecem calados, comendo do seu prato, e quietos.

Olho os redor tentado encontra Prim, ou nossa mãe, mas certamente elas já devem ter começado seus turnos na enfermaria. Meu olhar esbarra em Gale um pouca mais adiante, seu a testa está enrugada enquanto me olha, deixando seu rosto nem um pouco feliz. Ele já me olha assim a algum tempo, acho que desde muito ante de vimos para o 13, e essa história toda de Reforma Civil.

Nossa amizade está abalada faz tempo, mal nos víamos, ou nos falávamos como antes. Tenho que confessar que quando Peeta entrou na minha vida muita coisa mudou, eu não sou mais a mesma depois dele, e isso fez com que Gale se afastasse de mim. Todavia ele tem esse direito, eu escolhi Peeta, e o resultado disso nos trouxe até aqui.

– Com licença?

Dou um pequeno salto da cadeira quando a voz suave de um mulher cresce atrás de mim. Vejo quem é a dona da voz por cima do ombro, me surpreendendo ao reconhece-la. De todas as pessoas nessa maldita cidade de toupeiras que esperava estarem querendo falar comigo, ela era a última opção.

Minha sogra, se é que posso chama-la assim, sorrir docemente engato espera de eu a convide para sentar, posso ver sua ansiedade pela maneira de aperta as laterais a bandeja que segura nas mãos. Já nos vimos em outras situações antes, uma delas ontem à noite, mas em nem um dos nosso encontros estávamos em uma situação agradável.

Nora Mellark mantinha os cabelos presos no mesmo coque alto, como ela fazia no 12, a deixando com uma postura elegante. Seu rosto quase não tinha marcas de expressões deixados pelo tempo, e os olhos em seu verde cinza, suavizava ainda mais seus traços. Quem não a conhecia, nem imaginava que ela tinha três homens feitos em casa.

– Oh, desculpe te assustar, não tive a intenção. – ela se desculpa rindo pelo que aconteceu a pouco – Eu posso?

– Claro. – afasto-me para lhe dar mais espaço a mesa.

– Obrigada. – Nora se senta estendo o guardanapo de pano sobre o colo – Vocês dormiram bem? Não ouvi Peeta murmurar como ele faz toda noite.

– Bem, eu só acordei hoje de manhã, então posso sim dizer que tive uma boa noite. – sinto que devo lhe agradecer por me deixar ficar com o filho dela, mas aí percebo que ela acaba de dizer que ficou nos vendo dormir – Espera, a senhora dormiu lá no compartimento também?

– Mas é claro que sim, onde mais dormiríamos? – pelo jeito que falou eu pareceria uma idiota por perguntar tal coisa se não fosse pelo sorriso que ela tem no rosto – Os compartimentos são um pouco apertados, verdade, mas conseguimos nos virar. Além do mais, não podíamos pedir que nos cedessem outro compartimento depois da confusão que aconteceu.

– A senhora tem razão. – é estranho está perto dela, só que ainda preciso agradece-la – Obrigada por me deixar ficar.

– Katniss, não precisa agradecer. – ela gentilmente afaga meu ombro com carinho – Se existe uma pessoa que pode trazer meu filho de volta, esse alguém é você. Olha, Gabriel e eu ainda estamos aqui, mas sabemos que você é quem realmente importa para o Peeta, vocês, na verdade. – Nora respira fundo reprimindo as lágrimas que nublam os olhos, e eu não estou diferente – Por favor, não desista dele, eu maltratei muito meu filho, o desprezei demais. Eu engravidei do Peeta quando o Sony não tinha nem um ano, eu não podia ter ficado gravida, não como um filho ainda tão pequeno. As coisas estavam difíceis, eu transferir toda minha frustração para ele, Peeta não tinha culpa, era só um bebê, e eu o rejeitei...

Ela para de falar não se aguentando, chorando baixinho por ter arrependimentos. Eu sabia que ele não se dava bem com a mãe, mas entender que desde que que Peeta estava sendo gerado no ventre dela ele foi desprezado, doeu em mim. Acho que doeu ainda mais por agora eu trazer um criança comigo, eu não seria capaz de negar meu filho, muito menos uma filho do homem que eu amo.

– Entenda, Katniss... – ela continuou -, meu filho precisa de você. Eu não fui uma mãe para ele, Peeta cresce antes do tempo, ele foi obrigado a ir para a Capital depois de ganhar os Jogos, eu e o pai dele devíamos ter nos colocado um limite, assim nosso filho não sofreria tanto. – para por alguns segundo para se recompor arrumando o coque que não tem nem um fio fora do lugar – Me prometa que vai cuidar dele quando tudo isso tiver fim. Ele te ama, eu sei, mesmo no Peeta ensandecido eu vejo isso. Ele ainda está lá, Katniss. Ainda é o garoto por quem você é apaixonada. Não o abandone.

As palavras se juntam em minha cabeça, Nora não é a primeira que me diz isso. Haymitch, Prim, até mesmo Johanna me falou que tem algo nesse Peeta construído pela Capital que me pertence, que ainda guarda resquícios de nós dois, e eu tive a confirmação disso ontem. Ele não se lembrava do meu rosto, me chamou de bestante mas não tentou me matar, pelo contrário, ele aceitou meu abraço.

Um simples abraço poderia ter causado reações colaterais inúmeras nele, mas Peeta não quis me soltar, deixou-me cuidar dele, limpar suas feridas, e por fim me reteve em seus braços como antes. Éramos estranhos que se desconheciam, porém havia algo maior que a estranheza entre ele, os deixando vulneráveis a se atraírem como filhotes carentes.

– Eu fiz uma promessa, senhora Mellark. Eu estaria perto dele para sempre, jamais vou abandona-lo. – apesar das lágrimas que escorriam, consegui reafirmar minha promessa com firmeza.

– Obrigada querida. – Nora se inclinou plantado um beijo na minha testa, enxugando meu choro com a outra mão – E, você é a mãe do meu neto, me chama apenas por Nora, certo?

– Certo. – eu ri do modo como ela falou.

Ficamos mais um tempo conversando enquanto comíamos. Ela perguntou do bebê e fez um discurso de que tenho que me alimentar bem, principalmente nessa fase inicial. Tenho a leve impressão de que Gabriel andou comentado alguma coisa com ela. Antes que pudesse terminar de comer, Gale veio até minha mesa dizendo que “tínhamos” uma reunião. Os outro vitoriosos também foram chamados para a reunião, menos Peeta, que descobri ter sido levado ao hospital para uma consulta.

Logo que entro na sala, sou bombardeada de perguntas, todas elas em um tom de repreensão. Pelo visto o acontecido no compartimento da família Mellark não passou desapercebido, e agora estou sendo recriminada pela minha atitude.

– Eu só estava tendo ajuda-lo, Plutarch! – gritei a plenos pulmões pela milésima vez – Que mal havia nisso?

– Que mal havia, Katniss? Que mal havia? Ele podia ter te matado. Estava com um caco de vidro nas mãos, tão letal quanto qualquer faca. – Plutarch está tão exaltado quanto eu – Já imaginou se a reação dele tivesse sido outra? Estaríamos enterrando o Símbolo da Revolução agora.

– É! Mas ele não me matou, eu estou aqui, não estou? – dei uma voltinha entorno do meu próprio corpo para mostra-lo que estava bem – Intacta, sem nem uma arranhão. O Símbolo da sua revolução ainda está aqui, então me poupe dos seus fricotes!

– Docinho, docinho. – Haymitch se aproxima tentando amenizar as coisa – Não leve a mal. O que ele quer dizer é que se o Peeta devesse te machucado, ou feito qualquer outra coisa, a Capital teria uma vitória dentro dos “nosso próprios territórios”. Mas eu também sei que você faria de tudo para proteger o garoto, até dele mesmo.

– Claro que não, Haymitch. – eu respiro fundo engolindo em seco para não chorar – Ele é o pai do meu filho, eu ainda o amo. Não posso ignorar as coisas que acontece com ele.

– É claro que não.

Haymitch me abraça com força, passando a mão em meus cabelos para me acalmar. Ele sabe que não posso ter stress, o que já tive de mais para uma gravida. Só agora vejo que realmente todos estão aqui. Effie, Cinna, minha equipe de preparação, Portia e as meninas, fico feliz em saber que nem um foi deixado para trás, que pelo menos tiveram a consideram por eles os trazendo para cá. Effie reclama as vezes dizendo que este lugar não tem nem um pouquinho de senso de moda, repetindo o cinza em quase tudo, mas bem sei que ela prefere o cinza repetido, do que uma prisão na Capital.

– Agora que a senhorita Everdeen já aprendeu a lição, podemos iniciar o verdadeiro motivo de estamos aqui. - a voz suntuosa da presidente Coin vibra pela sala fazendo minha espinha tremer – Quem de vocês estar disposto a ir para a guerra?


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