Beyond two Souls escrita por Arizona


Capítulo 14
Regras são regras




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Rue morrera em meus braços.

Com a cabeça encostada no meu colo, ela até parece estar dormindo, mas seus olhos castanhos não se abririam outra vez.

Minha pequena aliada do Distrio11, tão jovem e inocente quanto as primeiras brisas do verão, tão parecida com a minha irmão. Foi Rue quem me salvou dos delírios provocados pelo veneno de teleguiadas quando derrubei um enxame delas nas cabeça os Carreiristas.

Nem os mais sofisticados remédios da Capital poderiam cuidar de mim com tanto carinho como ela fez. Porém eu não retribui da mesma forma. Eu deveria estar aqui como combinamos. Eu me atrasei, eu me atrasei! Se eu tivesse chegado a tempo, Marvel não a teria acertado. Ela não teria uma lança enterrada no peito.

Não senti remorso quando minha flecha atravessou a garganta do assassino da minha aliada, o que não me fez diferente dele naquele momento.

Entornei o corpo de Rue com pequenas flores brancas, cobrindo seu ferimento que já não sangrava mais. Ela merecia as flores, merecia descansar dessa agonia. Talvez finalmente ela pudesse ser a criança se 12 que era.

Lancei no ar um beijo em respeito a ela antes de seguir de volta Cornucópia. O continua caído no mesmo lugar, seus olhos abertos ainda não deixaram o mundo, mesmo assim, não tenho emoção alguma de tê-lo matado. Somos pobres coitados, todos nós. Vitoriosos, assassinos, vítimas. 

Estou decidida a enfrentar os dois últimos Carreiristas de fretes. Matarei Clove e Cato da mesma maneira que eles fazem, nem que eu tenha que caça-los se for preciso. Dou passos largo até a Cornucópia, onde minutos antes eu explodira a pirâmide de comida deles, um símbolo de tamanho egoísmo, pois haviam minas em redor.

Puxo a flecha arrumando-a no arco que roubei de Glimmer. Dou mais alguns passos mirando meu primeiro alvo, e lá está ele. Um curativo não muito bem feito no olho esquerdo, esbravejando demônios para quem quer que esteja ouvido. Clove não está muito longe dele, mexendo em suas facas. Se estivessem alguns centímetros mais próximos, poderia acerta-los com um único tiro.

Minhas mãos tremem na expectativa de acerta-los, respiro fundo com a testa de Cato sob a ponta da flecha. Mas quando estou prestes a soltar a mão, algo surpreendente acontece:

Os Idealizadores intervém nos Jogos.

— Atenção tributos! – a voz de Cláudius Templesmith vibra na arena — As regras que nomeavam um único vencedor foi contestada. A partir de agora, haverá dois vencedores, desde que esses tributos seja do mesmos Distrito. Do mais, boa sorte. E que a sorte esteja sempre ao seu favor.

Dois vencedores?

O que deu neles?

Deus! Gale ainda está vivo, e agora nós podemos voltar para casa, para nossas famílias. Eu tenho que acha-lo, mas não faço ideia de onde começar a procura-lo. Pelas minhas contas, nós somos apenas sete, e os Carreiristas do 2 são o único em par assim como Gale e eu. Eles não vão permitir isso.

Droga!

Eu teria os exterminado se não tivessem interferido bem na hora. Malditos! Ainda estão querendo prolongar as batalhas. No entanto, agora tenho que fazer uma escolha. Eu tenho que encontrar Gale.

Rue me disse que o havia visto em uma perto do rio, se ele ainda estiver por lá, não será difícil achá-lo.

Se ele estivesse no meu lugar não desistiria de mim. Ergo a cabeça, respiro fundo e continuo a caminhar, penso em chamar por seu nome, mas aí eu estaria me denunciando, e não chamar atenção dos que ainda estão vivos.

Procuro Gale durante horas, até que a aurora começa a cair. Infelizmente não consegui nem um sinal dele, portanto, decido continuar n dia seguinte. Subo em uma árvore como faço todo entardecer. Vejo o céu virar noite lentamente, penso o quanto esse dia foi duro, e ele não sairia mas da minha mente.

Quando já estar totalmente escuro, o hino da Capital soa anunciando seus mortes. Sem quem aparecer no céu está noite. Rue, amiga que perdi tão depressa. Eu não pude salva-la. Toda aquela dor que eu estava sentindo algumas horas atrás me atinge novamente como um tiro. Sinto o remoço, a culpa de não ter feito mais por ela quando mais preciso.

As fotografias congeladas de Marvel, e do garoto do 3 são mostradas, e logo em seguida, Rue.

Marvel, o Carreirista do Distrito 1 que eu matei.

Ele devia ter uma família que o amava. Talvez até uma namorada que o esperava voltar. Talvez ele fosse o caçula dos seus pais, e recebia cascudos dos irmãos. O jovem e forte Marvel, iludido pela existência de ser um Carreirista. Feito um Vitorioso em sua imaginação. Morto com um flecha que lhe atravessou a pele.

Morto pelas minhas mãos.

Já Rue, eu nunca mais veria aqueles olhinhos castanhos. Eu não deveria ter deixado ela sozinha, deveria tê-la levado comigo, cuidado dela com minha própria vida, e agora Rue estaria aqui, poderia ir atrás de Thresh, e voltar pra casa. Dar um pouco de dignidade a sua família. Ela não iria passar fome no inverno, teria uma lareira queimando a lenha, cobertores, e paz.

Eu sinto tudo.

Sinto todo o sangue que há nas minhas mãos, e eu me odeio por isso. Odeio ainda mais a Capital por me transformar em uma peça no seu jogo sujo.

 

***

 

Estar muito cedo, o sol ainda nem raiou, mesmo assim eu me levanto, tenho que achar Gale hoje. Pego minhas coisas e desço da árvore, preciso continuar procurando. Como cogumelos que achei, já não quero desperdiçar tempo caçando para continuar caminhando.

Ouço o barulho forte a correnteza do rio, provavelmente por haver uma pequena queda d’água. Há algumas pedras a minha frente, tenho que subi-las com cuidado já que estão molhadas, tomando-as escorregadias. Praticamente estou me rastejando para não cair. Subo devagar, e quando me apoio em uma pedra maior vejo rastro de sangue nela.

Imediatamente eu empunho minha faca, já que armar-me com o arca poderia me fazer perder o equilíbrio. Olho atentamente de um lado para o outro, mas não vejo ninguém. O sangue ainda parece fresco, então seja lá quem esteja ferido, pode estar por perto.

Tento sair o mais rápido possível ali, então escuto um murmúrio distante. Abaixo-me rapidamente entre as pedras, rezando para não terem me visto. Para meu infortúnio, ele me viu.

Mas algo me espanta.

Ele chama meu nome.


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Notas finais do capítulo

SE VOCÊ CURTE BEYOND TWO SOULS, COMENTE, RECOMENDE, E FAVORITE A HISTÓRIA, É MUITO IMPORTANTE PARA MIM COMO AUTORA, SABER O QUE VOCÊ ESTÁ PENSANDO, E GOSTARIA DA SUA OPINIÃO, ENTÃO NO FINAL DO CAPÍTULO, VAI LÁ EMBAIXO E ME DAR UM OI



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