Moon, que rolava em sua cama... estava confusa demais e Ethelyn não estava em casa desta vez para poder lhe explicar o que sentia. De repente, veio a imagem de seu mestre... sentiu suas mãos trêmulas e pensou por um breve momento que gostaria que seu adorado Mestre estivesse ali para lhe confortar. Porém, havia um outro lado que tinha uma enorme vontade de gritar com ele, perguntar por quê ele havia à projetado com um objetivo tão... estúpido (?).

Foi então, que Moon levantou da cama subitamente.

— Como alguém... igual a mim, entenderia o que acontece à sua volta? Eu nem sequer tenho um coração de verdade! — Esbravejou — Eu... não vou nem envelhecer...

Pela primeira vez, tomou coragem em pesquisar o que sentia. Buscou pela internet e realmente... não foi nada fácil achar com as descrições que fazia. Mas logo soube o que era raiva, logo seguida de angústia, entretanto... algo mais a fez ficar pensativa. Saudades. Ela sentia falta de seu mestre, sentia falta dos afagos que ele dava antes de seus braços pararem de funcionar completamente... sentia falta de mutias coisas que envolvia Monrey.

— Essa palavra... sentimento, é algo que nem eu consigo carregar. Se nem os humanos conseguem, como eu poderia? Ódio, paixão, tristeza... entre outros. São tantos que... desde quando eu comecei a questionar tanto sobre tudo? Opa, fiz de novo. — Moon olhou fixamente para suas mãos e murmurou para si mesma — Eu sempre estive fazendo isso, mas eu simplesmente não percebia... até agora.

Na manhã seguinte, acordou com os cabelos desgrenhados e o pijama amarrotado. Foi para o banheiro arrumar-se e enquanto isso, pensava em como passar tão tedioso domingo. Pensou em Ivy e em seus amigos do clube, porém... não sabia como contata-los.

Começou a vagar pela casa, sem saber o que fazer ao certo. Andou pela cozinha, mexeu nas prateleiras e na geladeira, porém não encontrou nada que chamasse sua atenção. Foi para seu quarto, mas sabia que lá não teria nada, então, deu meia-volta e foi para sala. Havia muitas coisas se passando na televisão, mas nada a satisfez. Pensou no quarto da sua tia, entretanto isso violaria suas regras de privacidade. A própria Ethelyn disse que voltaria numa terça-feira e isso faria com que Moon passasse três longos dias sozinhas... sendo que ela já estava no segundo.

Eu acho que vou... sair. — Pensou consigo mesma. Sua tia não havia lhe dito nada sobre sair de casa.

Moon subiu as escadas e olhou suas roupas. Mesmo não tendo aula, colocou seu uniforme. Talvez por gostar muito dele, já que é uma de suas primeiras lembranças feitas relacionada à escola.

Ao sair de casa, sentiu uma leve brisa e olhou para o céu. Estava um belo dia para dar uma caminhada, ficou animada e sua curiosidade já estava se despertando.

Correu por um longo caminho. Viu que havia um rio não muito longe de sua casa, logo acima dele um trem passava por ele. Retirou seus sapatos e sentiu as pedrinhas minúsculas entre seus dedos, olhou para a água que brilhava e mostrava seu reflexo. Colocou um pé por vez e sentiu algo gelado...

— Uau... a sensação é tão estranha, porém gostosa... tão diferente de quando estou tomando banho. — Sentiu um arrepio percorrer seu corpo, algo havia passado entre seus pés — O que é isso?

Agachou-se para enxergar melhor a criatura que rodava perto de seus pés.

— Que esquisito... ele não tem pernas, nem braços.

Disse ao observa-lo.

Moon ouviu alguns passos atrás dela. Olhou para o barulho e notou dois pés descalços, viu um par de sapatos logo atrás e dirigiu seu olhar para cima. Um homem estava ali, seu sorriso era calmo e Moon não ficou desconfiada...

— Oi.

Disse ela.

— Olá... vejo que ficou encantada com os girinos.

— Girinos? — Perguntou confusa.

— Sim, girinos. — E apontou para o filhote.

O homem tinha um ar cansado, entretanto, sua aparência jovem deixava tudo mais estranho — para Moon — os olhos esverdeados, eram cobertos pela franja dos cabelos negros.

— Qual é o seu nome, garotinha?

— Eu me chamo Moon e você?

— Kode...

— Você é estranho Kode, mas parece ser um cara legal.

O homem se espantou, porém, pôs-se a rir logo em seguida. Moon não entendeu, então voltou seu olhar para o girino. De certa forma, vê-lo aquele girino, a fez se identificar com o mesmo e isso a deixou perturbada. O que ela e o pequeno girino haviam em comum? Talvez seja pelo fato de ambos estarem sozinhos e ficam andando pelo mesmo caminho, rodando e rodando. Ela já estava se odiando por pensar tanto nessas coisas.

— Ei, Kode. — Chamou-o e o rapaz olhou para ela — O que o trás aqui?

— O mesmo que você, curiosidade.

E ele sorri.