Ironias do Destino escrita por Bi Styles


Capítulo 33
Capítulo 33


Notas iniciais do capítulo

Gente, esse capítulo me deixou emocionada. Escrevi ele com muito carinho. E espero que gostem.
Ah, tem uma parte um pouco QUENTE nesse capítulo HIIHIHIHIHIHIHI
E muito obrigada pelos comentários do capítulo anterior



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1 mês depois...

Acordei em um sobressalto. A vontade de chorar era imensa. Vontade de gritar e espernear. Mas nada podia fazer.

Levantei e tomei banho sozinha. Eu tinha certeza que Hilla e Charllote estavam muito ocupadas.

Coloquei um vestido azul marinho que eu havia pedido para que o senhor Alef fizesse. Penteei meus cabelos e coloquei um perfume cheiroso.

Era o grande dia. Tinha que estar perfeita.

Meu pai havia anunciado a Rússia que estava contra ela, havia semanas. Mas apenas hoje seria o início do conflito. Como temos espiões em vários locais estratégicos, sabemos que eles chegarão em território esmeraldense amanhã de manhã. Então, tudo está sendo preparado.

Quando saí do quarto, caminhei diretamente para a sala de jantar. Estavam presentes meu pai, a família francesa e a família esmeraldense de Gus, que almoçava e jantava todos os dias conosco.

Sentei ao lado de Gus e procurei evitar seus olhos. Apenas me concentrei em meu pedaço de bolo e fatias de maçã. Assim que terminei, meu pai falou:

–Iremos agora anunciar a partida.

Todos assentiram. Inclusive o pequeno Arthur. Ele estava com um sorriso bobo no rosto, então, não pude deixar de sorrir.

Todo mundo seguiu meu pai até o jardim, onde todos os combatentes esperavam o anúncio do rei.

Assim que pusemos os pés no jardim, todos os homens enfileiraram-se em colunas e aguardaram. Meu pai havia me falado que havia 500 combatentes.

Meu pai se posicionou á frente de toda aquela multidão de combatentes. Eu permaneci ao seu lado. Nouah apareceu dentre a multidão e acenou para mim. Apenas sorri em resposta. Eu também o perderia.

Meu pai pigarreou e começou:

–É chegada a hora, esmeraldenses! Vocês são bravos e corajosos, portanto, não tenho dúvida quanto a nossa vitória. –ele fez uma pequena pausa. –Entretanto, não subestimem o inimigo! Sejam bravos, porém cautelosos. Os russos são inteligentes e fortes. Merecem nossa atenção.

–Vocês estão fortemente preparados, pois passaram este mês treinando e se equipando. A Rússia pensa que não somos capazes de vencê-la. –Jorge se intrometeu. –Mas nós somos!

A multidão rugiu em aprovação.

–Se preparem. A partida será ás 6 horas da noite, que será o horário que as tropas francesas chegarão. Daremos esse dia para falarem com familiares ou algo que queiram fazer. Por enquanto é somente isso. Tenham um bom dia. –concluiu meu pai, deixando a multidão explodindo em aplausos.

Meu pai não permaneceu lá no jardim, apenas acenou para alguns homens e entrou no castelo, sendo seguido por todos, exceto eu e Gus. Gabriel lançou um olhar para mim, mas apenas abaixei a cabeça.

Caminhei até Nouah, que sorriu para mim:

–Que belo dia, não é?

Pela minha cara, ele percebeu que não era dia para piadinhas.

–Desculpe. –ele falou, desfazendo o sorriso. –Eu sei que Gus vai hoje e que ele pode não voltar...

–Eu pensei nisso todos estes dias. Garanto que não precisa me relembrar.

–Desculpe novamente. –ele engoliu em seco. –Posso te pedir um favor?

–Claro. –falei, tentando imaginar o que seria.

–Eu e meu irmão iremos para a guerra. –a voz dele falhou. Nunca o havia visto tão apreensivo. –Eu gostaria que ficasse com meus irmãos neste período. E, caso aconteça algo conosco, você cuide deles e...

Ele abaixou a cabeça. Ele iria chorar.

–Nouah, eu prome to que irei cuidar deles, como se fossem meus irmãos.

Ele me abraçou com força.

–Obrigado. –sussurrou. Ele deu um tapinha de aprovação em meu ombro e se afastou. Senti passos atrás de mim.

Me virei e abracei a pessoa, sem deixar ela falar nada.

–Só serão semanas, Kiara... –sussurrou Gus.

–Que tal passarmos o dia juntos? –perguntei, dando um sorriso. –Afinal, não precisamos mais nos esconder.

–Gostei da ideia. –ele falou. –Que tal um dia investigando a biblioteca secreta?

–Tudo bem. –respondi.

.....

–AAAAAAAHHH! –soltei um grito estridente.

–O que houve? –Gus correu em meu auxílio.

–Aquilo! –gritei novamente e apontei.

–Não acredito que todo esse escândalo foi por causa de uma aranha. –ele começou a rir.

–Aranhas podem ser venenosas, sabia?

–Aqui tem alguma sacola? –perguntei.

–Tem. –falei e lhe entreguei uma pequena sacola de plástico.

Ele pegou a sacola e se aproximou da aranha.

–Ei pequenininha, não vou te machucar. –ele falou e pegou a aranha com a sacola.

Ele levou ela para um canto distante e a soltou.

–Pronto. –ele disse, se aproximando.

Já estávamos á algumas horas na biblioteca secreta. Já tínhamos visto cd’s antigos, livros antigos e várias outras coisas. Mas nada, nada mesmo, conseguia me distrair por muito tempo. De pouco em pouco tempo, meus pensamentos vagavam para a partida de Gus.

Eu tinha a certeza de que ele não voltaria. Então, decidi uma coisa. Uma coisa que era proibida antes do casamento, mas queria fazer ali e agora.

–Gus. –chamei.

Ele se aproximou, confuso.

–Que tal a gente se divertir um pouco? –perguntei, um sorriso perverso no rosto.

–Adoro diversão. –ele falou, deixando escapar um sorriso.

Então se aproximou e me beijou. Foi um beijo verdadeiro e intenso. Tão intenso que eu escorreguei e caí no chão. Gus apenas riu e se deitou ao meu lado no chão. Ele continuou gargalhando e me puxou para perto de si.

–Eu sei no que você deve estar pensando, mas... –ele parou de falar.

–Mas o quê? –perguntei.

–Mas você deve saber se é isso que realmente quer, Kiara. Não quero lhe obrigar a nada.

–Gus, eu... –parei de falar. Eu tinha certeza do que eu queria, mas naquele momento, reinou a incerteza.

Me sentei e suspirei.

–Eu só queria que isso acontecesse antes de... você sabe. –sussurrei.

–Eu já lhe disse que vou voltar. –ele afirmou, passando o polegar em minha bochecha. Ele se aproximou e beijou minha testa. –Se você quiser... –ele deu um beijo na minha bochecha. –Estou aqui. Se não quiser... –ele deu um selinho. –Estarei aqui da mesma forma.

Parei e refleti. O que poderia dar errado? Só quem conhecia aquela biblioteca era meu pai, eu e Gus. E creio eu, que meu pai estava ocupado demais para me procurar.

Como resposta, apenas puxei Gus para perto de mim. Começamos a nos beijar de forma intensa novamente, e eu me deitei no chão frio, com ele em cima de mim. Comecei a desabotoar sua camisa, enquanto ele tentava, em vão, abrir o zíper do meu vestido.

Quando tirei sua camisa, consegui sentir seus músculos sobressalentes que se escondia por trás da roupa.

Ele continuava me beijando e comecei a enlouquecer. Enlouquecer do jeito bom, é claro.

Ele continuava tentando abrir o zíper, mas não conseguia. Por fim, desistiu e falou:

–Esses zíperes são sempre difíceis de abrir... –e sorriu sem jeito.

Eu sorri de volta e desci meu zíper, exibindo meu sutiã branco. Então ele voltou a me beijar e já ia tirar meu sutiã, quando, me toquei.

O empurrei e perguntei:

–São sempre difíceis de abrir? Você já fez isso quantas vezes?

Ele olhou para mim, os olhos confusos.

–Kiara, você sabe que não é a primeira garota que apareceu na minha vida.

–Mas eu sei que você sempre me amou. Então porque... Porque fazer... fazer... Fazer coisinhas com outra garota?

–Isso é ciúmes?

–Ciúmes? –perguntei, incrédula.

–Sim, ciúmes. Ciúmes por não ser a primeira garota com a qual eu fiz... fiz coisinhas.

–Quer saber? Sim, estou com ciúmes. Era para ser especial para mim.

–E vai ser especial. –ele começou a se aproximar novamente.

–Não. Não vai ser. Por que eu sei que já fez coisas com outras garotas. E eu vou me sentir enojada.

Ele olhou com raiva para mim. Eu subi meu zíper e me ajeitei.

–O pior de tudo é que você não contou pra mim. Eu não era sua melhor amiga? –perguntei, querendo chorar.

–Eu não contei porque achei que seria rude da minha parte. Só isso.

Ele levantou, colocando a camisa. Se aproximou e tentou pegar minha bochecha, mas desviei.

–Kiara, você sempre soube que já tive muitas garotas.

–Pensava que você as tinha de outra maneira. –respondi, fria.

Ele apenas encarou o chão. Eu me aproximei da entrada secreta, me virei e disse algo que me arrependeria mais tarde:

–Boa guerra pra você.

E saí.

...

Como disse, mais tarde eu me arrependeria de ter dito isso para Gus. E foi o que aconteceu.

O peso na minha consciência foi tão imenso, que pensei que minha cabeça iria explodir. Queria tanto ir falar com ele, mas meu orgulho falava mais alto. Olhei para o relógio e vi que eram quase 6 horas. Daqui a alguns minutos o homem da minha vida estaria partindo para nunca mais voltar. E ele morreria pensando que eu estava com raiva dele. Fui muito criança.

Eu sempre soube que Gus não era virgem. Sempre soube. Não sei porque decidi explodir naquele exato momento. Talvez por querer inventar uma desculpa e fugir da minha primeira vez naquele momento. Talvez por estar com raiva de ele ir para a guerra.

Mas eu tinha que me pôr em seu lugar. No lugar dele, eu iria fazer de tudo para lutar pelo meu país. Então eu tinha que compreende-lo.

Então ouvi alguém bater na minha porta. Era ele, eu tinha certeza.

Mas, ao abrir a porta, para minha grande surpresa, não era ele. Era Nouah.

–Olá. –ele falou, sorrindo.

–Olá. –respondi.

–Sei que deve estar se perguntando: O que Nouah está fazendo aqui? Ele deveria estar se aprontando para a partida!

–Você leu meus pensamentos. –respondi sorrindo.

–Mas eu tive que vir dizer isso pessoalmente a você.

–O quê?

–Bem, eu tenho duas notícias. Uma boa e uma má. Qual quer ouvir primeiro?

–Preciso de uma boa notícia, por favor.

Ele sorriu. Um sorriso gigante.

–Não irei mais para a guerra. Meu irmão me convenceu de que seria melhor eu ficar e cuidar dos nossos irmãos menores. E seu pai deixou.

–E qual é a má notícia? –perguntei, sentindo meu coração palpitar.

–Eu não poderei guiar Gus e Gabriel na guerra.

–Como assim? Eles não irão junto com os outros combatentes?

–Não. O plano era o seguinte: eles sairiam do castelo sem que ninguém visse os dois. Então, eu os encontraria perto da cidade e os guiaria para os campos de guerra.

–E agora? –perguntei, alarmada.

–Não sei. Eles não poderão sair junto com os combatentes, pois serão vistos. Eles sairão um pouco depois do exército.

–Você já conseguiu avisar a algum deles?

–Apenas Gabriel. Não encontrei Gus em nenhum lugar.

–Acho que sei onde posso encontra-lo. –falei, lembrando da biblioteca.

...

–Gus? –chamei, entrando pela porta secreta.

–Kiara. –uma voz falha falou, vinda de um lugar escuro.

Acendi a luz e vi Gus agachado, com as mãos nos olhos. Ele estava chorando.

–O que houve? –perguntei, me agachando perto dele.

Ele olhou para mim, seus olhos vermelhos e inchados.

–Eu não quero mais ir para a guerra, Kiara. –sussurrou.

–Por que?

–Não quero perder nem você nem minha família.

–E cadê seu espírito guerreiro?

–Ele decidiu deixar de ser idiota e encarar a realidade. Não há como eu voltar vivo, Kiara. Não há.

–Claro que há! –falei. –Você irá para esta guerra e matará todos os russos. Então voltará, nos casaremos, faremos coisinhas... –ele deu um pequeno sorriso. –E teremos um monte de Gustavinhos e Kiarinhas. O que acha?

Ele demorou para responder. Por fim falou:

–Acho que vou chamar um de Gabrielzinho.

–Gabrielzinho? –perguntei, perplexa.

–Pode me julgar se quiser, mas Gabriel tem se mostrado um bom homem.

–Discurso pré-morte novamente?

–Não. Desta vez falo sério.

Apenas assenti.

–Ainda está com raiva? –perguntou.

–Não. Eu só estava triste porque você ia embora. Acho que acabei confundindo as coisas.

Ele se aproximou e me beijou delicadamente.

–Sabia que você fica linda quando está com raiva?

–Sabia que você fica lindo quando fica confuso?

Nós dois gargalhamos. Mas lembrei o motivo que me levou ali.

Lhe contei o que Nouah havia me dito, e ele ficou preocupado, mas disse que tudo iria dar certo.

Então saiu, para organizar as coisas antes de ir embora. E me deixou sozinha naquela biblioteca solitária.

...

Eu fui para meu quarto e coloquei minha camisola. Já estava perto das 9 e meia da noite, e Gus ainda não tinha saído para a morte certa.

Os soldados franceses chegaram de 6 e meia, e todos partiram para a guerra ás 7 horas. Meu pai disse tantas palavras de incentivo que fiquei querendo ir também.

Meu dia havia sido exaustivo. Meus olhos começaram a pesar e comecei a cochilar.

Então ouvi uma batida na porta.

Me levantei tão depressa que senti uma tontura imensa. Mas não importava.

Abri a porta e dei de cara com Gus. Ele dava um sorriso fraco.

–Está na hora. –falou.

–Tudo bem. –respondi.

–Você sabe o que fazer. Se alguém perguntar sobre eu e Gabriel...

–...eu posso dizer a verdade.

Então ficamos nos encarando. Talvez para que se lembrássemos para sempre um do outro. Para que a imagem de nós dois nunca fosse esquecida.

Não me aguentei. O abracei e comecei a chorar.

–Tome cuidado, por favor. –falei baixinho.

–Tomarei. –ele sussurrou.

–Eu te amo.

–Eu também. –ele falou e se afastou.

Quando ele descia as escadas, ele deu uma ultima olhada para trás e acenou.

Eu tinha a impressão que aquele seria nossa última troca de olhares.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Podem chorar, eu deixo.
Esse final foi meio triste, eu sei. Acho que estou assistindo dramas demais.
Mas, espero que tenham gostado. E ESPERO QUE COMENTEM!



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