Capítulo 5 – Chuva, chuva e mais chuva

O sorriso bobo de Sakura permaneceu até a quinta-feira daquela semana. Por mais que Hinata perguntasse, Ino sacudisse, Karin batesse, ela não contava. Não sabia exatamente o porquê de fazer isso, mas só daquela vez queria manter cada momento com Sasori em sua cabeça.

Tudo bem, ela acabaria contando tudo na próxima noite da bebida. Mas quem liga? Ela pelo menos teria seus três dias de garota-mistério.

E foi pensando assim que Sakura se levantou para mais um dia de faculdade-estágio-casa.

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A Haruno corria pelas ruas de Tókio. Marcara de almoçar com Hinata, mas estava quase uma hora atrasada. Porque ela tinha que ficar anotando tudo que os professores colocavam no quadro?

Ofegante, chegou na frente do restaurante que marcaram para almoçar. Logo avistou os longos cabelos preto-azulados da Hyuuga. "Yo, Hinata!" Sakura disse, sentando-se à frente da garota, enquanto tentava arrumar os cabelos despenteados.

"Oi, Sakura-chan." Hinata sorriu. "Porque está tão afobada?" ela perguntou, notando o estado da amiga.

"Ah, é que eu vim correndo para cá. Gomen pelo atraso, mas é que eu fiquei anotando umas coisas e perdi a hora." Sakura explicou rapidamente.

"Não tem problema. Hoje eu tenho tempo, o estágio é só mais tarde." Ela disse, enquanto chamava o garçom. Hinata fazia faculdade de fisioterapia em uma grande universidade de Tókio. Apesar de seu pai ter insistido para ela ficar em sua cidade, Konoha, a garota insistiu e conseguiu ir para Tókio, mesmo que tivesse que aturar seu pai sempre reclamando sobre seu desleixo com a família. Ela também fazia estágio em um grande hospital. Por isso, sua agenda era quase tão cheia quanto a de Sakura.

Logo o garçom chegou e as duas fizeram seu pedido. "E então, Hinata-chan? Como vai indo?" Sakura perguntou, quando o garçom saiu.

"Vou indo bem, e você?" ela disse, corada. Sabia que não era sobre isso que Sakura estava perguntando, mas fingiu não perceber.

"Vou bem." Sakura suspirou e apoiou o queixo na mão. "Mas não se faça de boba. Sabe do que estou falando. Como vão as coisas com seu pai?" A Haruno aproximou-se, pois tinha certeza de que Hinata falaria bem baixo.

"Ah... Não tem muito o que dizer, né? Enquanto eu estou aqui, eu estou bem. O problema é ir para Konoha e não poder aproveitar minha família e cidade por causa dele..." Deu de ombros um tanto timidamente e Sakura assumiu um ar sério. Era raro para Hinata usar palavras duras como aquelas ao se referir ao seu pai. Não sabia dizer se ela estava assim por estar amadurecendo e finalmente tendo coragem de enfrentá-lo ou se apenas mostrava o quão séria a situação estava.

"Bem, de qualquer forma estamos aqui, certo?"

"Eu sei, obrigada, Sakura-chan. Naruto-kun também disse que..." E sua voz morreu aos poucos a medida que os olhos de Sakura se arregalavam um pouco.

"Naruto? Vocês se encontraram?! Hinata, você ia deixar essa passar?" Não que ela aprovasse o fato de Hinata ainda ser totalmente caída pelo Naruto, achava até perda de tempo, mas se a amiga tinha decidido em insistir nisso, não ia ser ela que iria reclamar.

"A-ah... Ele vai bem também..." ela desconversou.

"Você está querendo uns bons tapas na cabeça, não é?" Sakura ameaçou, cruzando os braços. O garçom voltou com a comida e ambas começaram a comer, ainda conversando.

Hinata riu, ainda corada. "Bem... Ontem ele foi lá pra casa, pois a gente tinha combinado de comer lámen. Só que aí ele teve que sair, pois Kushina-san ligou, pedindo para que ele fosse para Konoha." Hinata disse, meio triste pela interrupção da noite anterior, mas não muito, afinal havia sido a mãe dele quem ligou, afinal.

"Ah... É, a Kushina-san está bem fragilizada com a segunda gravidez... Eu soube que o Minato-san está fazendo o possível para ficar menos tempo no parlamento e mais tempo em casa." Sakura disse, referindo-se ao emprego de Minato como futuro prefeito de Konoha. Ele logo, logo assumiria seu cargo e ao mesmo tempo logo, logo teria seu segundo filho. Definitivamente, era difícil controlar suas 'duas vidas'.

"Sim, Naruto-kun me disse que ele está todo tempo indo para Konoha e vindo para cá para cuidar da mãe, a pedido da mesma. Ela não quer preocupar o marido. Ele ultimamente está muito sem tempo, pois ainda tem que estudar." Hinata disse, com uma expressão preocupada. Naruto fazia faculdade de Direito. Bem difícil para alguém que tem que ficar indo todo tempo para outra cidade para cuidar da mãe grávida.

"Mas e aí? O que ficou fazendo depois que Naruto foi embora?" Sakura perguntou. Sabia que estava enchendo o saco com perguntas, mas dessa forma manteria a atenção de Hinata longe de sua vida pessoal. Ainda não queria falar sobre Sasori.

"Ah, o Kiba-kun apareceu por lá e nós ficamos conversando..." Hinata disse, torcendo para que seu rosto não estivesse muito vermelho. Aquela noite havia sido... Constrangedora, vamos dizer assim.

"Entendo..." Sakura disse, dando um sorriso malicioso. "Ele é um ótimo amigo, não é? E é fofo, também. Bonito, até."

"O-onde quer chegar, Sakura-chan?" Hinata perguntou, vermelha.

"Nada, apenas avaliando outras possibilidades..." Sakura comentou, ainda sorrindo, quando acabou de almoçar.

"Somos somente amigos, Sakura-chan!" A Hyuuga exclamou, novamente vermelha. Terminou seu almoço, pensando no que Sakura dissera. "Bem, tenho que ir para o meu estágio. Tchau Sakura-chan." Hinata disse, dando um abraço na amiga.

"Tchau!" Sakura falou, enquanto também saía do restaurante.

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"Argh!" Karin praguejou, quando a chuva começou a cair. Ela realmente não gostava de chuva. Principalmente quando ela estava com um pote de sorvete de chocolate na mão, vestida com roupas totalmente está-calor-aqui e sozinha.

Definitivamente, o pior era estar sozinha. Seria perfeito se alguém estivesse ali com ela. Ela deitaria em seu peito e juntos assistiriam TV, comendo uma enorme melancia ou tomando chocolate quente. E depois, quem sabe, eles poderiam... Esquentar as coisas.

Levantou-se, meio deprimida, para pegar um blusão. Era incrível como apesar de todas as quatro, ela, Ino, Sakura e Hinata terem noção do quão maravilhosas eram, mas mesmo assim caíam no clichê machista de sofrer por macho. De repente, a campainha tocou. Karin levantou as sobrancelhas, ansiosa. Bem que podia ser o... "Sasuke-kun!" ela exclamou ao abrir a porta e encarar os olhos pretos que tanto amava.

Sasuke não disse nada, só entrou e enlaçou Karin pela cintura. Ela sorriu. "Sabe, hoje poderíamos ficar um tempinho deitados, tomando chocolate quente. Que tal?" ela sugeriu, com a esperança de que ele aceitasse.

Sasuke franziu o cenho, olhando-a como se tivesse enlouquecido. "Sabe que não, não me faça ficar repetindo." Ele disse, frio. Karin murchou. Porém o Uchiha não pareceu ligar, simplesmente jogou-a contra a parede e invadiu sua boca.

A garota não conseguia não corresponder. Sasuke tinha um poder enorme sobre ela. A boca do moreno foi descendo até o seu colo, mas, em vez de sentir prazer, Karin começou a chorar. Não sabia como, mas grossas lágrimas começaram a cair de seus olhos.

Sasuke parou com os beijos e a encarou. "Pare de chorar." Ele disse, com o cenho franzido. "Você não tem motivos para isso, então pare. Vai acabar com o momento. Só se divirta, como sempre." Sasuke completou, nenhuma preocupação com o fato da mulher com quem ele transava quase toda noite estar chorando enquanto ele a atacava era vista em seu rosto.

Karin então, sem pensar, deu-lhe um tapa no rosto. Por alguns segundo, Sasuke a encarou. Depois, simplesmente deu meia volta e saiu, deixando uma alarmada Karin para trás.

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Sakura entrou em seu apartamento. Franziu o cenho quando viu um pote de sorvete largado na mesinha em frente à TV. "Karin?" chamou, mas ninguém respondeu. Ainda com o cenho franzido, foi até o quarto da garota, mas estava vazio. "Estranho..." ela murmurou. Tinha certeza de que teria que sair de casa porque iria encontrar Karin e Sasuke 'mandando ver' na sala.

"Bem, talvez Sasuke tenha tomado vergonha na cara e chamou Karin para ir para sua casa..." ela pensou, dando de ombros. Pegando uma latinha de Coca na geladeira (já havia tomado café antes de ir para casa), ela foi para a sala.

Olhou pela janela, e ficou alguns instantes observando a grossa chuva cair. Estava desse jeito desde o começo da semana. Chuva, chuva e mais chuva. Sakura realmente gostava disso. Chuva era uma de suas coisas favoritas, depois de café e bonecas, é claro.

Pensou em como um cappuccino cairia bem naquela hora. A ótima mistura de café e chocolate. Sem saber o porquê – talvez porque também fosse doce – seus pensamentos se dirigiram à Sasori. O sorriso que a perseguira a semana toda voltou aos lábios.

Ela já nem se importava tanto de parecer uma boba apaixonada – a não ser na frente dele, claro. Sakura mordeu o lábio inferior. Então era isso? Admitia que estava apaixonada? Ela riu. Onde estava a Sakura que ela conhecia?

"Indo atender a porta..." Ela pensou, boba, enquanto ia ver quem tocava a campainha. Provavelmente era a Karin, voltando após uma tarde tórrida. Ou podia ser Ino, que não tinha nada melhor para fazer e foi para ali, talvez até arrastando Hinata consigo. Bem, podia ser qualquer um, até mesmo Sai, um de seus amigos mais estranhos. Ela só na esperava encarar os olhos vermelhos (N/A: vai ser vermelho o.o'.) de Sasori.

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Sakura quase caíra para trás. Estava realmente tonta. O que ele fazia ali? Como ele sabia onde era sua casa? Por que ainda estava calado? E, o mais importante: por que ele cheirava tão terrivelmente bem?

Sakura não sabia. Só sabia que, se não fizesse algo rápido, seria capaz de desmaiar. "Uh? Sa-sasori-san?" ela perguntou. Utilizar a vergonha era um ótimo artifício, principalmente quando se está realmente corada.

"Boa noite, Haruno-sama." Ele sorriu. Sakura quase pode sentir cada parte do seu corpo derretendo.

"Ora, vamos. Me chame de Sakura." Ela sorriu também. Sasori só deu de ombros. "E então? O que faz aqui? E... Como sabe onde é aqui?" Ela perguntou, tentando fazer a maior cara de despreocupada, apesar de sua respiração repentinamente ofegante não ajudar.

"Ah! É que, bem, naquele dia você esqueceu sua carteira no Café. Eu desconfiei que seria sua, então a abri e confirmei. Tinha seu endereço em documento, então eu vim. Perdoe-me se foi sem avisar." Ele falou. E tudo que Sakura conseguia pensar era em como ele era fofo e se ela não havia – por favor, que não – deixado nenhum absorvente dentro da carteira. Seria terrivelmente constrangedor.

"Ah, não tudo bem. Obrigada!" Ela sorriu e se curvou, num perfeito agradecimento. Na verdade, mal notara o sumiço de sua carteira, já acabava apenas jogando a maioria de seus documentos importantes na bolsa. Sasori estendeu a carteira e ela a pegou, pensando em como seria extremamente clichê se suas mãos passassem uma pela outra na hora da entrega. E em como seria extremamente bom se, após suas mãos se tocarem, ele pusesse a mão dele em sua nuca e a puxasse para um beijo.

"E então? Q-quer entrar?" Sakura perguntou, enquanto torcia para que sua voz não estivesse rouca demais. Sasori assentiu e ela deu espaço para ele entrar. "Senta aí no sofá, eu vou pegar um-"

"Um café?" Sasori a interrompeu, sorrindo.

"Bem, é." Ela riu e foi para a cozinha. Sasori encarou a janela. Do lado de fora, chovia forte. Seu olhar voltou-se para suas mãos. Ele devia realmente estar ali? Ele só não iria machucá-la se continuasse com isso?

Mas ele não teve muito tempo para pensar, pois logo Sakura voltou com duas xícaras de café fervente. "Meu cappuccino não é dos melhores, mas acho que esse ficou bom." Ela explicou, pensativa.

"Está ótimo." Sasori sorriu, dando um pequeno gole. "E então? Como foi sua semana?" Ele perguntou, pondo a xícara em cima de uma mesinha.

"Ótima." Sakura tentou responder casualmente, como se não tivesse passado a semana suspirando por ele. "E a sua?"

"Melhor impossível. As vendas estão indo cada vez melhores e minhas notas também. Definitivamente uma ajudante foi uma de minhas melhores decisões." Ele comentou. Sakura assentiu, ignorando o uma. "E quando você irá comprar sua nova boneca?"

"Logo. Só falta eu terminar de juntar o dinheiro necessário. Não vejo a hora de por as mãos em mais uma de suas bonecas perfeitas!" Sakura disse, com um brilho de excitação nos olhos. Podia estar parecendo uma psicopata, mas ela não ligava.

"Que bom que gosta de meu trabalho." Sasori deu um leve sorriso. Sakura quase o bateu por ser tão fofo.

Os dois ficaram um pouco em silêncio, enquanto bebiam calmamente seu cappuccino. De repente, enquanto Sasori ia colocar a xícara na mesa, a mesma escorregou de seus dedos e espatifou-se no chão. "Perdoe-me. Ela caiu de repente." Ele se apressou em se desculpar. "Me arranje um pano que eu posso limpar sozinho."

Sakura balançou negativamente a cabeça. "Não tem problema, eu mesma o faço." Ela levantou a mão, com descaso. Levantou-se e foi em direção a cozinha, mas Sasori chegou primeiro na sua frente, barrando-lhe o caminho.

"Eu já disse, eu faço. Não me faço repetir." Ele revirou os olhos. Sakura riu.

"Não precisa." Sakura disse, tentando tirá-lo da frente para passar. Sasori manteve-se firme e aproximou mais sua cabeça da dela, para que seus olhos ficassem frente a frente. A Haruno estremeceu.

"Eu quero." Sasori disse, firme. Sakura abriu a boca algumas vezes, tentando falar, mas o aroma vindo de Sasori a impedia de pensar.

Sasori segurou o queixo de Sakura, ainda a encarando. Ela lentamente fechou os olhos, pensando em como queria esquecer mais coisas quando se encontrasse novamente com ele.