Pensando em Você escrita por Uru Take-hime


Capítulo 1
Pensando em Você


Notas iniciais do capítulo

Ehhhhhhhhhhhhhhhh!! Uru Take-Hime na área, postando uma nova oneshot do universo de Saint Seiya: Pensando em Você!

Cara, há quantos mil anos eu não escrevo uma fic hétero? qq Sei lá, faz muito tempo então me perdoem se isso ficou ruim. Na hora da missão eu até me embaralhei toda e tive que pedir ajuda (obrigado Alda!) e cheguei a pensar que essa fic não ia sair, mas aos trancos e barrancos eu consegui. Sei que no filme a Miro nem tem contato com o Camus, na verdade o povo shippa com o Shura e tals, mas... CamusxMilo pra mim é eterno não importa de que forma esteja, então os manterei juntos aqui. Espero sinceramente que gostem.

Sem mais delongas: Boa Leitura!



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Uma grande festa estava acontecendo no Santuário naquele momento, exatamente no grande pátio onde aconteciam as reuniões e discursos do Grande Mestre com os demais cavaleiros. Era a comemoração do aniversario daquele que regia o Santuário junto da deusa Athena e tudo estava grandiosamente belo e elegante, como uma festa de gala. Tanto que os convidados estavam com trajes a rigor e, pelo menos naquela noite, as amazonas não precisaram usar suas características mascaras. Os cavaleiros de ouro também eram destaque, afinal eram nove homens lindos que ficavam ainda melhores de terno. Chegaram a brincar com Aldebaran, dizendo que o taurino teve que fazer um traje na medida certa por ser muito difícil encontrar algo para o tamanho dele.

O 10º Santo de Ouro, que na verdade era uma mulher, não ficava de fora do destaque da noite. Afinal, Miro era uma belíssima ruiva de temperamento e força extraordinária. Se a subestimassem pelo fato de ser uma mulher, com certeza iria se dar mau pois ela não perdia em nada para os outros cavaleiros. Estava trajando um belíssimo vestido longo tão vermelho quanto seus cabelos, deixando apenas uma das pernas a mostra por um corte no tecido e uma echarpe de seda lhe cobria o decote, podendo assim ficar elegante sem ser muito ousada. Por viver no meio de tantos homens, Miro passou a se sentir mais confortável com a proteção da armadura, então vestir algo diferente e tão aberto tinha lá seus receios apesar de confiar nos companheiros.

Enquanto caminhava pelo pátio a procura do garçom para pegar uma taça de champanhe a ruiva atraia diversos olhares no local, mas não dava atenção a nenhum deles. Não havia alguém dentro do Santuário que realmente despertasse seu interesse, apesar de terem muitos candidatos a isso e chegava a flertar com alguns, mas nada realmente serio. Miro era uma guerreira e tinha em mente apenas as batalhas e inimigos que tinha que combater, não poderia realmente pensar em algo além disso. Segundo ela seria perda de tempo, mas o destino talvez quisesse brincar um pouco com isso. Assim que conseguiu sua bebida, a ruiva deu de cara com um dos cavaleiros de ouro que menos gostava: Camus de Aquário.

- Ora ora, veja só quem resolveu sair da toca. – o homem comentou com certo divertimento, apesar de manter sua expressão séria.

- Eu poderia expressar a mesma surpresa ao vê-lo fora de seu iglu. – ela rebateu com o mesmo sarcasmo, sorrindo – Eu pensei que essa festa era de gala, não a fantasia.

- Muito engraçado. – ele revirou os olhos, sabendo que ela estava comparando-o com um pinguim pelo fato de estar com um terno negro e gravata borboleta. – Já eu posso julgar que gosta muito de chamar a atenção, escolhendo vestir algo tão vibrante quanto seus cabelos.

- É minha cor favorita, não posso fazer nada se chamo a atenção com ela. Alias, não acho que seja pela cor que estou recebendo tantos olhares, não acha?

- Sua modéstia me abisma, Miro. – ele contornou a pergunta, balançando a cabeça em negação – Apenas torço para que não acabe caindo com esse salto na frente de tantos admiradores, seria um desastre.

- Algo me diz que você está rogando uma praga, isso sim!

- De forma alguma. É um desejo sincero já que não aprendeu a abaixar seu ego. – Camus pode notar o belo rosto da escorpiana se fechar numa expressão irritada e se curvou rapidamente, exibindo um raro sorriso porem sem exibir os dentes – Aproveite bem a festa, com licença.

Miro teve ímpetos de segurar o cavaleiro ali e lhe dizer mil coisas, mas se controlou sabendo que não iria adiantar de nada. Ele ganhou dessa vez... Era sempre assim quando se encontravam: uma verdadeira sessão de alfinetadas e provocações de ambas as partes. Isso começou desde que a ruiva fora nomeada Amazona de Ouro e acabou entrando em conflito com Camus. Não que o Cavaleiro de Aquário fosse contra sua nomeação, mas a ruiva se sentia extremamente especial por ser a única mulher na hierarquia mais alta dos cavaleiros e passou a ter um comportamento bem egoísta. Foi quando o francês decidiu intervir e lhe jogar na cara com palavras que ela não era melhor nem pior do que os outros só por causa do seu sexo. Isso gerou uma pequena batalha entre os dois, mas que foi amansada graças à intervenção dos outros cavaleiros.

Obviamente depois disso os dois passaram a se evitar, mas acabou ajudando Miro a tomar consciência de sua atitude desagradável e melhorar essa parte. Realmente não podia se considerar mais ou menos do que seus companheiros, todos eram fortes incluindo o “pinguim” de Aquário. Chegava a se irritar quando o francês falava de seu ego, mesmo sabendo que era apenas provocação, ele não tinha mais o direito de falar nada sendo que já tinha cuidado dessa parte. Não demorou muito para Miro se acalmar e tirar o outro da cabeça, tomando seu champanhe e voltando a caminhar pelo pátio, apreciando a festa e a noite agradável tão bela e cheia de estrelas.

O tempo ia passando e a festa se tornava mais animada, com direito a uma apresentação de canto e dança de Mascara da Morte. Sem duvida vê-lo com um terno azul cheio de coqueiros e dançando “tcha tcha tcha” foi a coisa mais engraçada da noite, arrancando até mesmo uma risada do “senhor gelado”. Quando Miro viu o Cavaleiro de Aquário rindo, pensou que ele devia relaxar mais a expressão como naquele momento, já que ficava mais bonito assim. Ela sacudiu a cabeça em seguida, negando-se a acreditar que tinha achado Camus bonito por um misero instante, deixando até mesmo o champanhe de lado imaginando que já tinha passado da conta.

- A senhorita está sozinha? – uma voz embriagada chamou a atenção da ruiva e ao se virar, viu um homem que deveria ser cavaleiro de prata.

- Estou e pretendo continuar assim. – ela foi curta e grossa, dando alguns passos para se afastar. Porem teve o pulso segurado e foi obrigada a voltar atrás.

- Que gatinha arisca... Não se preocupe, não vou fazer nada. Só quero dançar com você.

- Mas eu não quero. Solte-me, por favor. – pediu com educação, embora tivesse vontade de acertar um soco na cara do infeliz.

- Não vou soltar! Estou sendo tão educado e você vai ficar de frescura? – o homem falou com irritação, apertando um pouco mais o pulso da ruiva – Está pensando que não sou digno de dançar com você só porque é uma de Ouro?

- Não é nada disso... – novamente Miro era julgada por sua posição ali dentro e isso a irritava de mais. Com isso acabou sendo levada até a pista de dança mesmo relutando – Vamos, me solte! Eu não quero te machucar...

- O que custa dançar comigo, hein? Não seja tão egoísta e... – o homem parou de falar assim que uma terceira pessoa surgiu, segurando o pulso dele que segurava o dela – Senhor Camus...

- Acho que ela já deixou bem claro que não quer dançar. – o aquariano falou no mesmo tom calmo e imponente que possuía, mas seu cosmo congelante estava sendo aplicado no outro – Sugiro que a solte e vá procurar outra companhia.

Mesmo que tentasse se opor, o homem não conseguia suportar o frio que estava tomando seu pulso e soltou Miro de imediato, praguejando enquanto se afastava. A ruiva ficou mais aliviada por conseguir se livrar daquele incomodo, mas agora havia outro ao seu lado. Não esperava que o Cavaleiro de Aquário se deslocasse da outra ponta do pátio até onde estava e não tinha vontade de agradecê-lo, mesmo sendo o certo a fazer. Acabou sendo surpreendida quando Camus segurou sua mão e com a outra enlaçou sua cintura, começando a dançar com ela.

- O que pensa que está fazendo?! – apesar da surpresa, Miro não tentou escapar.

- Como você não quer me agradecer verbalmente acho que uma dança é o suficiente para compensar o que fiz por você, não? – o francês respondeu com tranquilidade e observava atentamente as reações da moça.

- Está sendo muito convencido... Eu poderia ter cuidado dele sozinha. – apesar de rebatê-lo, os dois continuaram girando salão conforme o maior os conduzia.

- Aceite meu gesto como um cavalheiro e me suporte por uma única musica. Prometo deixa-la em paz depois disso.

Miro não conseguiu mais argumentos, deixando apenas um suspiro escapar por seus lábios enquanto dançavam. Era a primeira vez que ficavam tão próximos e sem as armaduras, isso trazia uma sensação estranha para a menor. Mesmo sendo um cavaleiro ligado ao frio, a mão dele junto a sua e a outra que segurava sua cintura com firmeza tinham um calor agradável, a guiando com elegância enquanto se surpreendia com a capacidade dele de dançar. Podia até notar que alguns cavaleiros ao redor estavam observando-os, a deixando um pouco inquieta. Tantas coisas passavam pela cabeça dela neste momento que só percebeu que a musica havia terminado quando ouviu as palmas dos convidados para aqueles que tocavam os instrumentos. Camus havia soltado sua mão, mas a outra ainda estava sobre sua cintura e a encarava como se esperasse algo.

- Bem... Teve o que queria. – a ruiva não conseguiu dizer mais nada, afastando-se rapidamente – Boa noite, pinguim!

Ela pode ouvir um suspiro vindo do francês ao ser chamado daquela forma, mas ele não disse nada então apressou o passo e foi desviando das pessoas no caminho até conseguir chegar à saída do pátio, finalmente estando sozinha. Passou a caminhar lentamente enquanto seguia pelo longo caminho de pedra na direção da Casa de Escorpião e pode se acalmar como queria, afinal tinha ficado agitada com aquela aproximação do Cavaleiro de Aquário. Nem sabia explicar o porquê disso realmente, só não esperava ou simplesmente não queria admitir que viu alguma coisa naqueles olhos frios... Alguma coisa dirigida para si. Miro decidiu esquecer isso culpando o álcool ou o ambiente festivo, qualquer coisa que a impedisse de ouvir as batidas de seu próprio coração.

... X ...

Depois de um tempo o destino parecia querer brincar com as emoções daqueles dois quando os colocou juntos numa missão. Era algo muito importante, já que eram dois Cavaleiros de Ouro a serem chamados para fazer o serviço, levando consigo alguns de Prata em quem podiam confiar. O Mestre do Santuário pediu para que fossem até o templo de Zeus, na Grécia, para investigarem o uso indevido de uma das relíquias do grande deus. Havia relatos de que algumas pessoas foram mortas e outras tantas estavam sendo feridas pelo representante do templo que estava com a posse desse artefato. Sendo uma missão de alto nível, só poderia confiá-la aos dois no momento.

A viagem foi rápida, ainda mais com o sistema de teletransporte tão pratico. Mas quando chegaram à frente do templo, assistiram a uma cena bem desagradável. Uma pessoa havia acabado de ser perfurada por um raio e caiu imediatamente no chão, sem vida. Os cavaleiros correram até o local e viram o representante do templo segurando um cetro de prata em formato de raio, rindo de forma maligna enquanto seus olhos estavam tomados por uma luz branca muito forte. Não restava duvidas de que aquele cetro era o famoso “raio mestre” de Zeus e que, sendo um objeto tão poderoso, ter caído em mãos humanas foi a pior coisa poderia ter acontecido.

Uma batalha começou, era difícil se aproximar sem ser atingido por aqueles raios e mesmo as armaduras sendo tão fortes, ainda assim estavam sujeitos a se ferirem com aquele poder. A prova disso foi quando dois Cavaleiros de Prata foram acertados e não puderam continuar a lutar, um deles inclusive perdendo o braço no processo. A situação não estava nada fácil, o humano já não tinha mais consciência e tomado por aquele grandioso poder, nem conseguia mais distinguir as coisas. Apesar da situação caótica ainda tinham sorte de não estarem enfrentando o próprio Zeus ou sua reencarnação, pois isso seria caso para uma grande guerra santa. Apesar de tudo, ainda tinham chances de vencer.

Miro estava perdendo a paciência e notando que o próprio templo estava frágil depois de tantas perfurações, imaginava que se acertasse uma das pilastras no ponto certo tudo viria abaixo e não teriam que se preocupar em parar o homem, pois as pedras fariam isso. Ergueu o braço e apontou na direção da pilastra mirando bem onde queria acertar com sua Agulha Escarlate, mas não pode efetuar seu golpe por ter sido empurrada para o lado por ninguém menos que Camus. Quis gritar xingamentos para o francês, mas quando se virou para encará-lo o viu ser acertado por um dos raios e voar alguns metros para longe. Seus olhos se arregalaram e correu na direção dele, até desfazendo a proteção do elmo para ver com o outro estava. O aquariano não impediu seu ataque à toa, ela seria acertada se tivesse continuado naquela posição um segundo a mais e Camus decidiu salvá-la disso.

- Você ficou louco?! – a ruiva berrou ao se abaixar ao lado dele e ver que havia sido atingido um pouco abaixo do ombro, causando uma abertura feia na armadura que chegava a faiscar – Se me avisasse, eu...

- Não daria tempo. – ele rebateu e fechou mais a expressão pela dor que sentia, mas mantinha-se firme – Não foi grande coisa, não se preocupe. O estrago seria maior se você tivesse sido acertada.

- Preocupada? Eu não estou preocupada com você! – ela parecia irritada e nervosa ao mesmo tempo, segurando no ombro do lado bom dele – Você é um convencido mesmo! Eu poderia me virar sozinha e você faz uma coisa dessas... Eu realmente odeio você!

Camus chegou a abrir a boca para responder, ainda mais que não poderiam perder mais tempo com aquela tola discussão e deixar tudo com os pobres Cavaleiros de Prata que continuavam lutando. Mas ele foi impedido de falar assim que os lábios rosados e carnudos de Miro pousaram sobre os seus, fazendo-o arregalar os olhos por alguns instantes. Qual era o sentido disso? Dizer que o odiava e depois o beijar? Não que fosse reclamar disso, pelo contrario... Mas havia hora e lugar para tudo e definitivamente aquele não era um bom momento. Pelo menos aquele contato não durou mais do que um minuto e ela se afastou rapidamente, querendo evitar olhar para o rosto dele por enquanto e assim se concentrar no serviço que tinham que concluir.

Apesar do ferimento, o Cavaleiro de Aquário se levantou um pouco depois e estava pronto para continuar com a luta. A ruiva conseguiu criar uma brecha e distraiu o humano, assim o francês juntou as mãos no alto da cabeça e usou seu “Execução Aurora” antes que ele pudesse revidar com os raios. A estratégia deu certo e o homem foi arremessado contra uma pilastra do templo, em seguida uma parte do teto se soltou e caiu sobre ele terminando com todo o problema. Quando tiveram certeza de que era seguro se aproximar o grupo se reuniu e conseguiram pegar o cetro, sendo que Miro o observou com atenção e pode notar que havia restos de selos de Athena que deviam ter se desgastado com o tempo e, ao ser achado pelo representante, seu poder foi completamente liberado através dele. Por fim decidiram levar o cetro para o Santuário para que fosse selado novamente e ficar em segurança, longe daqueles que não poderiam manipulá-lo.

- Temos que conversar... – Camus ditou para a ruiva assim que terminaram de entregar o cetro para o Mestre.

- Você tem que ver esse ferimento. Depois conversamos. – Miro não deixou que fosse contrariada, apertando o passo e indo rapidamente para a Casa de Escorpião. Como confrontar o francês depois do que fez? Ela mesma se perguntava o porquê de ter feito isso, embora soubesse bem qual era a resposta.

... X ...

Alguns dias haviam se passado desde aquele incidente e a noite estava particularmente quente daquela vez, tanto que Camus tinha que regular a temperatura da Casa de Aquário com seu próprio cosmo. Estava deitado em sua cama e lia um livro, vestindo apenas uma calça de moletom azul escura e seu peitoral estava à mostra, com a diferença de ter um curativo onde havia sido ferido. Já estava bem melhor e logo poderia tirar o curativo, mas o que lhe incomodava realmente era não ter conseguido conversar com a Amazona de Escorpião até agora. Parecia que Miro estava fugindo dele e isso realmente não o agradava...

Queria ouvir da boca dela uma explicação para aquele beijo, embora já tivesse ideia do que seria. Talvez o que estava deixando o francês ansioso era justamente ouvir uma confirmação do que passava por sua cabeça, mas isso apenas a ruiva poderia lhe dar. De repente, sentiu o cosmo inconfundível dela adentrar em sua casa e chegou a deixar o livro de lado, se sentando corretamente na cama e por um momento pensou que a menor só iria pedir permissão para passar e fugir como andava fazendo, porem a escorpiana apareceu diante de si vestindo sua armadura como sempre e pode ver que o olhar dela estava recaído sobre o curativo em seu corpo.

- A que devo sua visita? – o francês perguntou de uma vez, vendo um suspiro deixar os lábios dela.

- Vim ver como está seu ferimento.

- Está bem melhor, obrigado pela preocupação. Ou vai insistir que não está preocupada comigo?

- Não vou insistir. Você está assim por minha causa, então... Não tem como eu não me preocupar. – a ruiva admitiu se aproximando da cama onde ele estava.

- Oh, estou vendo um progresso... Será que agora podemos conversar?

- Estou aqui para isso. – Miro olhou para a cama e assim que o maior fez sinal para que ela se sentasse, o fez – Sabe muito bem que não o suporto desde o dia da minha nomeação.

- Sim, eu sei... Pelo menos eu achava que era assim. Mas depois do que aconteceu nessa ultima missão me pergunto se realmente me odeia tanto. – Camus não ia perder a oportunidade de tocar no assunto.

- Sobre isso... Eu acho que realmente perdi o controle naquele momento. Não sabia o que estava fazendo...

- Miro, não tente me convencer que teve um lapso de insanidade e me beijou naquele momento, por favor. Sei que pode ser tudo, menos louca.

- Acha que me conhece tão bem assim? Nem eu tenho tanta presunção de dizer que o conheço dessa maneira. Nem sei o que se passa na sua cabeça em relação a mim, afinal é uma parede de gelo que não parece ter sentimentos.

- É isso mesmo que pensa de mim? Ou só está sendo arisca por estar sendo colocada contra a parede?

- Não dá mesmo pra falar com você! – a ruiva fez menção de se levantar com irritação, mas Camus segurou a mão dela e de alguma forma isso a acalmou um pouco – O que? Vai dizer que estou errada sobre você?

- Está. Apesar de eu ser realmente muito frio e pouco expressivo com as pessoas, pensei que você tivesse notado alguma coisa diferente.

- Tipo?

- Tipo na festa de aniversario do Grande Mestre. Não notou nada naquele dia?

Miro repassou na mente aquela noite que reviveu varias e varias vezes com uma confusão sem fim. Havia notado algumas coisas sim, tanto nele quanto em si mesma e apesar de querer clarear seus pensamentos, ao mesmo tempo tinha medo de fazer isso. Medo de acreditar que o aquariano tinha interesse nela, medo de admitir que o interesse era mutuo, medo de descobrir que antipatia inicial era apenas uma atração repentina que ambos tentaram esconder. Em sua divagação, Camus esperou pacientemente por uma resposta enquanto afagava a mão dela com o polegar.

- Eu notei... Talvez já tivesse notado antes e só não queria admitir. – a ruiva respondeu finalmente, erguendo o rosto para encarar o outro – É complicado... Afinal eu sempre pensei que você me odiava também.

- Não, nunca cheguei a odiar você... Podia ser orgulhosa e de nariz em pé, mas mesmo sendo inicialmente desagradável você conseguiu corrigir seu caráter e eu sei que foi por causa das coisas que eu te disse. Nunca desrespeitei sua força ou teu sexo... Para mim, sempre foi digna de vestir uma Armadura de Ouro.

- Eu não fazia ideia... E apesar da antipatia que senti no inicio, sempre o admirei por ser um cavaleiro realmente brilhante. Guarde bem minhas palavras, não vou repetir isso outra vez. – ele chegou a rir baixo nesse momento e ela se permitiu dar um sorriso – Apesar de flertar com alguns homens, pela primeira vez me senti tão confusa sobre um que eu nem sequer pensava em me relacionar. Esse “pinguim” é um cara difícil de lidar sabe? Não sei o que ele está pensando... Nem sei se ele gostou do beijo que lhe dei naquele momento de nervosismo.

- Sei, sei... Imagino. Mas saiba que esse “pinguim” apreciou e muito o seu beijo apesar das circunstâncias do momento. – Camus já estava se acostumando com aquele apelido, apesar de que não toleraria se partisse de qualquer outra pessoa – Alias, acho que ele iria gostar muito de receber mais e mais beijos.

- Isso quer dizer que me deseja?

- Mais do que isso... Eu gosto de você Miro.

O sorriso dela se alargou enquanto o dele surgiu ainda que sem exibir os dentes. A conversa foi mais fácil e esclarecedora do que pensavam e assim puderam se libertar de qualquer receio que os impedisse de viver o que sentiam. Miro se aproximou e seus lábios se encontraram com os dele outra vez, agora podendo desfrutar do momento com calma e total atenção. Moviam-se em sincronia, as línguas não demoraram a se encontrar e cada um foi gravando na memoria o gosto tão sublime que continham. A ruiva chegou a se surpreender com o calor que os lábios do francês lhe transmitiam e Camus tinha certeza que se viciaria facilmente naquela boca carnuda.

- Hmm... Posso me acostumar facilmente com isso. – o aquariano comentou e a ouviu rir baixinho – Não está incomodada com a armadura? Está uma noite bem quente afinal.

- Eu me adaptei bem a ela e sua casa está numa temperatura bem agradável. – Miro sabia que era um pouco desconfortável ficar com a armadura num momento como esse, ainda mais que percebeu que ele havia deslizado a mão por suas costas e queria ter sentido realmente esse toque – Ou está querendo que eu tire para que você tenha mais liberdade?

- Um pouco dos dois talvez. – ele confessou, arrancando mais uma risada da parte dela – Mas eu não passaria do limite... Além disso, sei que posso acabar com uma Agulha Escarlate fincada no peito se isso acontecer.

- Ainda bem que sabe.

A ruiva se afastou um pouco e apesar dos receios que sempre teve de andar sem armadura pelo Santuário, sentia confiança no francês. Elevou um pouco seu cosmo e não demorou para que sua armadura soltasse de seu corpo, voando para um canto do quarto na forma de uma placa retangular de ouro com o símbolo de Escorpião bem no meio. Agora estava bem mais a vontade, de fato... Vestia uma regata de alça fina preta que fazia um belo decote e um short de tecido leve branco e que chegava ao meio das coxas fartas de Miro. Obviamente o francês analisou aquela visão com toda atenção e assimilava que aquela bela mulher agora era sua.

- Está gostando do que vê? – a escorpiana não resistiu em perguntar, mesmo que tivesse um leve rubor no rosto pelo olhar que recebia.

- Sim, gosto muito. Agora entendo perfeitamente porque vive de armadura para cima e para baixo... Melhor continuar assim para evitar alguns congelamentos.

Miro voltou a rir e negou com a cabeça, se aproximando do francês para dividir outro beijo demorado com ele. Sabia bem de sua beleza e de seu poder de atração, mas definitivamente não estava mais interessada em outro homem que não fosse o aquariano. Por outro lado, Camus se convenceu que havia tirado a sorte grande e toda a ansiedade de ter que esperar por uma explicação foi embora assim que teve certeza de que a ruiva correspondia aos seus sentimentos. Os dois não sabiam que tipos de dificuldades enfrentariam no futuro nem se ficariam muito tempo juntos, mas com a vida que levavam só podiam agradecer aos deuses pela oportunidade e pelo sentimento tão terno e profundo que sentiam um pelo outro.


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