Codinome Caroline escrita por Beatriz Quatorzevoltas


Capítulo 1
The Only Exception


Notas iniciais do capítulo

Aproveite a leitura.



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Depois de uma noite maldormida, senti todos os meus músculos doerem ao sentar delicadamente no banco duro do trem, porém, com o vento do início da tarde fazendo minha franja loura balançar, notei que em meu rosto, brincava um sorriso... Não qualquer sorriso. Aquele sorriso bobo, aquele sorriso apaixonado!

Cedo demais para se confessar apaixonada?! É. Talvez ela nem goste de mim, talvez... É, talvez ela será só mais uma amiga. Só isso.

Meio perdida numa estação de metrô, lá estava eu com o celular branco nas mãos suadas, andando depressa com a mochila pesada nas costas. Ela já estava esperando há vinte minutos e eu ainda faço charme para que ela venha me pegar, pois estou, como sempre, perdida em lugares desconhecidos.

Suas habilidades de calma e fala mansa me deixam mais segura, esperando por ela ao lado de uma máquina de livros. Já que ela estava a caminho, nem me dei o luxo de olhar os livros que me chamavam e brilhavam por entre o vidro da máquina.

Quando sorri, percebendo a movimentação na escada, por onde ela disse que viria, senti uma leve batidinha em meu ombro esquerdo, e quando viro totalmente meu corpo, lá está ela sorrindo, tirando e guardando seus fones de ouvido, e desastradamente, assim como eu, abraçando meu corpo quente com uma suavidade fora do normal. Ela disse algo e eu respondi algo, porém, desfiz o abraço muito rápido pois estava sentindo meu rosto já quente... e provavelmente aquela luz clara não favorecia a vermelhidão do meu rosto.

Naquele momento, não lembro bem o que ela disse ou o que estávamos fazendo para sair do metrô... só lembro bem de que ela, Caroline, mencionou uma aposta. Ela não me achou tão alta quanto eu disse que era e que definitivamente me acho, porém, não mencionou o que queria por ter ganhado a aposta.

Caroline...

A conheci numa rede social. Mesmo que seja clichê, eu nem estava dando tanta importância. Só criei um perfil pois alguns amigos indicaram e eu estava me sentindo solitária. Quando curti sua foto, instantaneamente recebi a notificação de que ela também curtiu minha foto... automaticamente abri uma conversa com ela e, mesmo eu estando ocupada e ela também, não paramos de conversar por nem um minuto sequer.

Quando marquei nosso encontro pela primeira vez, nem sabia como chegar no parque que ela adora e mencionou. Ah... sonhei conosco naquele parque uma semana antes de marcar realmente nosso encontro. E lá estávamos nós duas, perdidas para encontrar um ônibus que vá para o belíssimo parque.

No ônibus, mencionamos nossas conversas online. E percebi as características que já tinha mencionado nas nossas conversas, se sobressaírem.

Amorosa, carinhosa, sensível, engraçada, inteligente, criativa, romântica, virtuosa, audaciosa... tudo que se encaixa em mim. Tudo que eu prezo...

Marcamos o encontro para dar algumas voltas de roda-gigante, pois ambas tem medo de altura. No final, nem lembramos da roda-gigante. Só sentamos num banco e ficamos conversando e comendo, a tarde toda. Quando ela falava, olhava para o céu... eu podia ficar ali o dia todo, ouvindo ela comentando sobre as manias do seu cão, Cooper, analisando seu comportamento e vendo como é fofo o jeito dela de falar por causa do aparelho nos dentes.

Quando terminamos de comer, guardamos o restante de volta nas mochilas e ela fez nossos olhares se cruzarem, colocando em minhas mãos, uma caixinha pequena. Automaticamente sorri e abri. Era o colar que ela disse que havia comprado especialmente para mim, pois lembrou do quanto gosto de ler. Era um colar com o chapéu seletor. Ela colocou em mim e eu abracei seu corpo quente. Fomos andar pelo gramado verde, olhando o lago brilhar pelo sol da tarde forte. Quase caímos por entre as árvores, falando e relembrando de nossas próprias experiências quando crianças...

Nossa tarde foi maravilhosa. Nem vi o tempo passar, realmente.

Quando já estava anoitecendo, meus pés doíam pelo cadarço amarrado errado, então, sentamos novamente, arrumei meus tênis certos dessa vez e ficamos por ali mesmo, olhando as crianças com suas famílias se retirarem, olhando os casais darem as mãos enquanto andavam em direção a saída...

Mesmo com duas blusas pretas, comecei a tremer. Ela percebendo isso, cobrou os abraços que tinha prometido.
Como descrever o abraço de Caroline?!

Mesmo com todo o frio, mesmo com meu corpo tremendo, ficava quente todo o lugar que ela tocava. Minhas costas, meus ombros que encaixavam perfeitamente no seu pescoço, e sua fala mansa e fofa, falando perto do meu ouvido palavras puras... naquela posição confortável, ela me fez até cafuné.

Se não fosse minha vontade de fundir meu corpo ao seu, dormiria em seu abraço.

Mas ás vezes acontece.

Ás vezes acontece de uma coragem ser tão forte a ponto de quase romper meu emaranhado de músculos, com o codinome coração.

Ás vezes acontece de apenas um movimento bem calculado, fazer daquele dia bom, um dia perfeito.

Ás vezes acontece de seu primeiro beijo demorar, porém ser inefável.

E ás vezes acontece de sua duvida quanto paixão, se transformar em certeza assim que seu corpo começa a agir involuntariamente e sua alma parece flutuar.

Naquele banco de pedra, naquela noite fria, meu corpo se conectou com minha alma de um modo que nunca antes, na história dos meus 18 anos, nada parecido tinha acontecido!

Meu primeiro beijo com uma garota foi... inefável, realmente.

Ali, não pensei em nada enquanto sua língua quente e habilidosa brincava com meus sentidos, enquanto suas mãos apertavam minha cintura e puxavam meus cabelos... Minha alma abriu uma única exceção para todos esses sentimentos se misturarem, que vinha com uma dose de esquecimento misturada com torpor.

Esqueci problemas, esqueci preconceitos, esqueci o mundo. Fiquei completamente entorpecida.

E a única exceção para todo esse esquecimento e torpor tem como codinome, Caroline.


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Notas finais do capítulo

Voltem sempre!



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