Trois Vierges escrita por Primadonna


Capítulo 3
III: The Killer Lifeguard


Notas iniciais do capítulo

Olá. Finalmente atualizei isso aqui e_e eu já estava clicando em 'excluir', daí mudei de ideia. Escrevi compulsivamente até chegar no final da fanfic. Eu odeio ficar sem terminar as coisas.
Como sempre, sem betar e etc, espero que gostem. A conversa fica pras notas finais õ/



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— Não é uma boa hora para desmaiar agora, Crownguard — ela disse, desesperada. No entanto, ele não parecia reagir ao som de sua voz e ela obviamente não teria força alguma para carregá-lo. — Olha, por favor… Você tem que ficar acordado. Precisamos sair daqui, eu não posso fazer isso sozinha. Eu preciso de você.

(...)

Katarina Du Couteau passou a língua pelos lábios finos, sentindo a forma áspera e a ardência. Mal conseguia focar o olhar e sentia a cabeça latejar como se ela fosse o topo de um tambor. Apoiou-se nos cotovelos, sentando-se naquela…

— Que merda de lugar é esse? — Sussurou para si mesma. Estava presa. Uma grade trancava-a dentro do círculo de paredes rochosas. Estava goteirando e cheirando muito mal.

Segurou-se na grade, tentando ficar ereta. Falhou quando viu um corpo coberto de sangue sendo arrastado pelos pés pelo corredor escuro à sua frente. Gritos horrorizados ecoavam por todo aquele lugar escuro. A única luz que ela possuía era a que vinha do buraco no teto, mostrando o céu nublado.

— Que bom que está de pé, senorita Du Couteau. Bem-vinda à primeira prisão em terra do Vazio — uma figura de armadura preta dizia. Apenas os olhos brilhavam debaixo do capacete em um tom avermelhado. — Você é a nossa garantia para que Noxus consiga se juntar à nós. Caso contrário… Há mais interessados em você.

— O quão burro você é? — Katarina cuspiu, sentindo um dor extrema na garganta ao soltar a voz.

— Você vai morrer de qualquer forma, senhorita. Não há problema em contar o que há por aqui — a figura riu. Ele se virou, olhando para a escuridão. Katarina apertou os olhos, tentando enxergar o que ele também via. — É uma pena que Ionia tenha rejeitado o corpo de Lee Sin. Esse que você viu sendo arrastado agora era ele. Vamos manipulá-lo. Colocar uma outra mente em seu corpo, não alterando seus comandos. Ele vai ser muito útil.

Katarina ficou boquiaberta. Um arrepio subiu por seus braços descobertos, uma vez que ela ainda vestia a roupa do centro de treinamento de Noxus: regata, calça e botas pretas. Não havia sinal de suas armas principais em lugar algum. Como ela fora parar ali?

— Você vai ficar sozinha por um bom tempo. Mas não se preocupe. O seu vizinho de frente chegará logo

— a figura disse, sumindo na escuridão.
Haviam se passado cinco dias. Katarina só havia se alimentado em dois deles e estava começando a entender o que estava acontecendo. Não lhe davam comida para enfraquecê-la. Os gritos que viam do corredor eram justamente para colocar medo. Até mesmo para uma assassina, aquilo estava começando a afetá-la psicologicamente. Não entendia o porque de ninguém ter ido atrás dela, ou o que os seus sequestradores queriam dela. Não sabia nem como haviam conseguido capturá-la. E o pior, qual era a atitude da Liga diante disso?

Conseguia ver seus vasos sanguíneos debaixo da pele que ficava cada vez mais pálida, da mesma cor que seus cabelos vermelhos, agora grossos por causa da sujeira. Estava quase iniciando seu quarto sono do dia encostada na parede traseira para despistar a fome, quando aquela figura negra voltou.

— Já enviamos o segundo pedido de resgate em seu nome. Aqui está um pedaço de pergaminho e uma caneta antiga para que você possa escrever com a sua própria letra. Apele, pois é a sua última chance de sobrevivência — ele disse, jogando o material descrito por entre as grades.

Por Valoran, Katarina era uma assassina. Ela sabia bem como iria escrever o seu resgate. O código que os assassinos noxianos usavam entre si durante missões era único e irrevelante. Tomou a caneta e o pergaminho assim que “O Coisa”, como ela havia apelidado a figura, saiu. Estava pronta para escrever quando dois soldados vestidos como O Coisa, abriram a cela à sua frente e jogaram um corpo coberto de amardura dourada e panos azuis.

A face esquelética e o sangue que escorria da cabeça de Garen Crownguard fizeram com que Katarina ficasse para, absorvendo a imagem e pensando melhor. Guardou o pergaminho. Esperaria até a hora em que Garen acordasse para que pudesse escrever algo.

(...)

Dois dias haviam se passado desde que Garen havia se tornado um novo prisioneiro. Ele já havia visto Katarina ali, mas fingia que estava sozinho o tempo todo. Aquilo irritava Katarina mais do que tudo. Estavam em tempos de paz, o que acabava colocando fim na rixa física entre os dois. Se a Liga visse apenas uma palavra ameçando um ao outro, provavelmente nunca mais saberiam o que é dia.

Katarina, com a ajuda da luz da lua cheia daquela noite, pegou alguns fragmentos que haviam lascado da parede escura lateral, tendo a certeza de tudo estava em perfeito silêncio. Lançou-a na cela de Garen Crownguard, vendo a tentativa falhando. A pedra parou na frente de Garen, que estava dormindo, sem causar impacto algum. Lançou a segunda pedra com mais força, e essa acertou o rosto dele. Ele apenas endureceu a expressão mas voltou ao sono novamente.

— Puta que pariu — Katarina disse, enfezada. Pegou todas as pedras que ainda lhe restavam e lançou com força em Garen. Ele se assustou, levantando-se na mesma hora. — Parece uma criança.

— Mas o que… Foi você? — Perguntou, fazendo careta. Os olhos azuis de Garen não pareciam tão azuis mais, talvez por causa da iluminação do lugar. Mas, não, estava faltando vida. Estava sendo consumido mais rapidamente do que Katarina.

— Não, as pedras flutuaram sozinhas até aí — Katarina respondeu.

— Vá a merda — Garen fechou a cara e voltou a se deitar.

— Não! Crownguard, levanta! — A ruiva pediu, e o mesmo apenas abriu os olhos. — Você sabe que lugar é esse?

— Sei — Garen murmurou. — Posso dormir agora?

— Mas é claro que não! Pode me dizer qual é?

— Você matou o melhor general demaciano, já é insuportável nos Campos da Justiça, e ainda não me deixa dormir antes de morrer?

— Você vai ter muito tempo para dormir antes de morrer, porra — Katarina disse, irritada. — Estou tentando sair daqui, e se dermos sorte você sai também. Vai me ajudar ou não?

— Não — o demaciano respondeu, dando as costas para ela.

Katarina bufou, frustrada. Ficou apenas observando a lua que começava a ficar cada vez mais distante. Ficou tão concentrada que conseguiu ouvir um barulho: ondas quebrando com toda a força em pedras.

(...)

A dor era inevitável. Haviam marcas vermelhas por todos os seus braços e agora a sua roupa estava chamuscada. Lágrimas involuntárias saíam de seus olhos esverdeados, enquanto ela apertava em volta do ferimento longo que possuía na perna.

Não sabiam o porque de terem torturado-a. Mal conseguia ouvir as perguntas que lhe faziam, uma vez que só conseguia se concentrar na dor que sentia. Nunca havia passado por nada daquilo. Já não bastava estar faminta, agora Katarina Du Couteau estava inteiramente ferida. Do outro lado, Garen apenas observava a cena, sentindo o lema demaciano falar um pouco alto demais. Não gostava de Katarina ou de qualquer noxiano, aquilo era uma coisa eminente. No entanto, aprendeu uma coisa que, muitas vezes, fazia com que ele acabasse erros severos: nunca julgue com a espada quem ainda não lhe feriu com palavras.

Já haviam se passado alguns dias desde o primeiro (e último) contato entre os dois. Assim que anoiteceu, Garen juntou as pedras que ela havia remessado nele na última noite e jogou-as de volta, até que ela aparecesse diante da grade.

— Resolveu tomar atitude de homem? — Ela perguntou. Garen ficou surpreso ao ver a esclera de Katarina extremamente vermelha, assim como a face. Não olhou muito para os cortes pra lá de profundos em seus braços e pernas. Sentiu um pouco de pena, para ser sincero.

— Estamos em uma ilha não mapeada antes da Ilha das Sombras e depois de Kalamandra. Aqui era uma antiga prisão das pessoas que se juntaram ao Vazio quando eles não eram detidos pela Liga.

— O que aconteceu com a Liga? — Katarina perguntou, após absorver a informação.

— Há quanto tempo você está aqui? — Garen devolveu a pergunta, franzindo a testa.

— Desde que acordei, dezessete dias.

— Bem… A Liga fechou há quase um mês. Você dormiu demais — Garen balançou a cabeça, confuso. Uma onda tremenda de pavor percorreu o corpo de Katarina. — O que vai fazer?

— Há um código secreto que nós usamos em Noxus. Se eles souberem onde estamos vão conseguir nos tirar daqui — ela disse, puxando o pergaminho, mordendo o lábio já ferido para abafar um gemido de dor. — É a única chance que temos. Eu não sei o que eles estão propondo, mas ninguém quer fazer a troca pelos campeões.

— Campeões?

— Lee Sin já foi levado e eles estão planejando mais.

— Mas quem são eles?

— São do Vazio.

(...)

No dia seguinte após a conversa entre a noxiana e o demaciano, Katarina entregou a carta. O Coisa pareceu gostar do resultado, havia até sangue manchando o papel. Não percebeu nada do código e levou a carta para o seu superior. Quando caiu a noite, trocaram apenas algumas palavras:

— Eu espero que dê certo — Garen disse. Há dias já não vestia mais a sua armadura, estava perdendo a aparência robusta rápidamente e os cabelos negros estavam caindo cada vez mais em cima dos olhos azuis.

— Eu também — Katarina disse, deitando-se. — Estou começando a morrer de verdade.

Depois disso, não comunicaram-se mais. Apenas aturavam os barulhos, receberam a notícia de que o segundo pedido de resgate de Garen havia sido enviado. Katarina estava cada vez mais apreensiva, esperando uma resposta de Noxus. Mas eles demoraram. Dias que pareciam meses estavam sufocando-a, e também a Garen. Ele sabia que Demacia jamais iria sacrificar alguma coisa por ele. “Um demaciano morre defendendo Demacia”, disseram-lhe uma vez. Ele não iria sair dali são. A sua esperança havia sido depositada em Katarina e em Noxus. O motivo de ele continuar comendo a mixaria que O Coisa levava a cada dois dias era aquilo.

Depois do que parecia ser muito tempo, a resposta chegou.

— Alguém gosta muito de você — um dos soldados encapuzados disse diante da grade de Katarina, com a voz de um álcoolatra velho. — Noxus confirmou o resgate.

Ela fingiu não se importar, mas assim que o soldado se foi, ela abriu o primeiro sorriso em tempos. Olhou para Garen, que parecia igualmente aliviado.

— Eles entenderam. Deu certo — Katarina disse, mal contendo a felicidade no rosto magro.

— E se…

— E se merda nenhuma. Eles entenderam, eu conheço meus noxianos. Vai dar tudo certo — Katarina repetiu, jogando o corpo na pedra do chão. Deitou-se, observando o céu nublado mal conseguindo conter a felicidade. — Eu vou sair daqui. E você também — virou-se para Garen.

Ele apenas assentiu, mas no fundo, sentia que as coisas não daria muito certo para ele.

(...)

— Psiu — alguém chamou. — Hey!

Katarina levantou a cabeça de forma sonolenta, tentando entender o que estava acontecendo. Coçou os olhos, vendo o soldado parado diante da grade. Levantou-se, indo até ele com receio.

— Você está um lixo — o soldado tirou o capacete, e Katarina quase gritou.

— Talon! — Exclamou, passando os braços para fora da grade.

— Por que você não usou o shunpo pra sair daí? — Ele indagou, fazendo careta.

— Porque as…

daqui são bem inteligentes e tiraram qualquer forma de energia que eu pudesse ter para usar qualquer habilidade. Além de tomarem as minhas adagas.

— Não, eles não tomara. Está tudo em Noxus, Kat. Como eles te pegaram?

— A conversa fica pra depois — Jericho Swain apareceu mancando, dentro de outra vestimenta dos soldados. — Você simplesmente nos indicou uma ilha do tesouro, Katarina.

— Demacia e Piltover se uniram à nós para invadir essa ilha. Tudo por causa de sua mensagem. Ezreal, Luxanna e Vi também estão aprisionados aqui em algum lugar.

— Eles pegaram Lux? — Uma voz atrás deles soou, e todos se viraram para Garen, que tinha a expressão de horror.

— Achei que só encontraríamos você aqui — Talon fez uma careta, segurando o capo da própria arma que havia pendurado na armadura dos soldados. — De qualquer forma, são todos do Vazio. Alguém liberou essa ilha para eles. A Liga está um caos, nem os Invocadores souberam o que fazer. Você não tem noção da intensidade da guerra fria entre Noxus e Demacia, ainda mais com esse velho manco — O bastardo Du Couteau contou, sussurrando a última frase. — Enquanto Piltover não entrou para o meio, nenhuma decisão foi tomada. A ilha inteira está coberta de tiras, campeões que se salvaram e nossos exércitos.

— E Cassie?

— Cassiopéia? Travando a própria guerra em Shurima — Talon bufou. — Não conseguimos falar com ela.

— Achei que tinha dito que a conversa fica pra depois. Preciamos sair daqui agora — Swain disse, estendendo uma chave dourada para Talon. Os portões enferrujados destrancaram-se em segundos, e logo se viraram para abrir a grade de Garen mas ouviram uma explosão e gritos vindo de fora.

— Está acontecendo — Talon disse. — Precisamos ir até Darius.

— O que está acontecendo? — Katarina perguntou, saindo da cela com dificuldade.

— Era uma questão de tempo até eles perceberem a nossa invasão. Precisamos ir até lá — Talon se virou para Swain, que fazia uma careta.

— Saia daqui. Não se preocupe se não conseguir tirar esse demaciano daí — Swain falou, estendendo duas facas para ela e assumindo a postura do Alto Comando. — Beatrice! — Chamou, e um corvo apareceu pousando em seu ombro. — Agora.

Talon correu, e Swain foi atrás dele mancando na maior velocidade que conseguia pelo corredor escuro. Os dois soltaram um urro e o som de gargantas sendo cortadas ecoou, logo após, apenas as explosões do lado de fora eram escutadas. Garen estava com o queixo apoiado no cotovelo, parecendo encarar tudo numa boa.

— O que você está fazendo? — Katarina apertou os olhos para ele.

— Noxianos não mudam.

— Ah, por favor — ela resmugou. Apanhou a chave e destrancou a cela dele. Deveria ser uma chave-mestre.

Ele saiu da cela e os dois se encararam por algum tempo.

— Pra onde vamos agora? — Garen desviou o olhar para a direção em que Talon e Swain foram.

— Acho que por ali — Katarina disse, e os dois começaram a andar apressadamente.

E então Garen empurrou Katarina para longe, sem motivo algum. Uma bomba explodiu ao lado dele.

(...)

As paredes de pedra pesavam demais, e Katarina levou um bom tempo para conseguir sair dali. Ainda segurando as duas facas, ela saiu debaixo dos entulhos, sentindo a dor preencher todo o seu corpo.

— Garen? — Tossiu. Olhou ao redor, mas a luz da lua não estava ajudando naquele momento. Viu sangue escorrendo pela pedra à sua frente e arrastou-se até ali. Empurrou, com a pouca força que lhe restava, o bloco para longe. Garen Crownguard tinha o rosto sujo de fuligem machucado, os olhos roxeados e o corpo parecia de vidro.

— Não é uma boa hora para desmaiar agora, Crownguard — ela disse, desesperada. No entanto, ele não parecia reagir ao som de sua voz e ela obviamente não teria força alguma para carregá-lo. — Olha, por favor… Você tem que ficar acordado. Precisamos sair daqui, eu não posso fazer isso sozinha. Eu preciso de você.

Mas Garen não reagiu. Katarina não sabia o porque, mas sentiu a sua garganta se fechar. Já havia presenciado mortes antes. Por Noxus, ela era a causadora de muitas mortes. Foram aqueles dias ali, confinados num inferno considerado bom, decorando a face de um inimigo que ela havia criado um laço com ele. Ele havia ajudado-a, ela lhe devia um favor. Quando o assunto era lealdade, Katarina não pensava duas vezes.

Segurou na mão do demaciano, que estava em temperatura normal, e ficou ali, apenas escutando as explosões, tiros e choques de lâminas. Virou-se para o oceano, que beijava violentamente as pedras deformadas na areia.

(...)

— Lee Sin foi encontrado vivo. Apenas maluco. Foi levado para Piltover. A tecnologia deles será capaz de reverter o processo de manipulação mental — Talon cochichou para Katarina, enquanto o Mestre da Liga honrava nomes e dedicava prêmios.

Ela apenas concordou com a cabeça.

— Os campeões reféns, Katarina Du Couteau, Luxanna e Garen Crownguard, Ezreal Rimor e Vi Arboleda serão privilegiados e reconhecidos pela Liga. As cidades-Estado que trabalharam em equipe também receberão benefícios — ele disse, e os aplausos ecoaram o salão dourado da Liga. — A comemoração será realizada em alguns instantes.

E então, todos os convidados começaram a conversar nas mesas. Katarina ainda possuía machucados no rosto e nos braços. Estava cansada, não via motivos para aquilo merecer uma comemoração. Odiava vestidos, especialmente o longo e preto que estava usando naquele evento.

— Acho que vou tomar um ar — disse, levantando-se da mesa. Nenhum dos presentes - Swain, Talon e Darius - impediu, apenas voltaram à seus assuntos.

Desceu o lance de escadas e saiu pela porta traseira, que dava de frente para uma floresta aberta. Tirou o salto alto às pressas e andou na grama fofa, jogando os cabelos ruivos para trás, impedindo que o leve vento levasse-os para o seu rosto.

Queria ir para casa. Queria dormir, comer (muito) e dormir mais um pouco. Ficaria horas na banheira, para compensar aquele mês que passara presa sem se limpar. Parou em certo ponto, dentro de uma clareira cortada por um pequeno rio. Encostou-se em uma árvore, lembrando-se do que acontecera por último.

Achava que Garen estava morto. Ficou ali até alguém puxá-la para longe. Estava chorando muito, aliviada de ter sido finalmente liberta, ao mesmo tempo por ter pedido alguém que fora a sua única companhia durante o mês inteiro. Havia feito o contrário de seu trabalho. Uma assassina havia salvado uma vida. E, pior, uma vida que ela havia sacrificado tantas para tirar.

— Até agora não entendo porque ficou lá — a voz de Garen soou, e Katarina apenas apertou os olhos para repreender o susto que levaria.

— A minha lei é a lealdade — ela se virou para o comandante demaciano, que usava roupas da cor das bandeiras de sua nação. O rosto dele estava mais machucado que o dela, apesar de já estar se curando. O olhar azulado havia voltado à vida e os cabelos agora estavam curtos.

— Obrigado por não me deixar.

— Obrigada por me ajudar — a ruiva devolveu o agradecimento, mas apertou os lábios. — Apenas não... pense que vai ficar tudo bem após isso. Eu ainda tenho a missão de te matar.

— Poderia ter matado naquela hora — Garen deu de ombros se apoiando no lado oposto da árvore.

— Eu tinha uma dívida.

— Agora ela só aumentou.

— Eu deveria mesmo ter deixado você morrer — Katarina vociferou.

— Mas chorou — Garen riu, divertido.

— Você simplesmente não pode conviver com isso fingindo que nada aconteceu? — Ela sibilou.

— Não — o demaciano deu de ombros.

— Parece uma criança — retrucou, mal humorada.

— Você já disse isso antes.

— Vá a merda! — Katarina esbravejou, puxando o vestido para cima, pronta para voltar para o salão. — Eu só... não te matei porque você vai morrer da pior forma!

— A pior forma seria morrer casado com você — Garen se virou para ela, vendo a expressão zangada que se formava em seu rosto. Katarina apanhou uma adaga que prendia na perna debaixo do vestido, indo em direção a Garen. Cravou-a na árvore, perto demais dele.

Você vai pro inferno — Katarina disse, baixo. — E vai agora se não calar a merda da sua boca. E eu não ligo se eles vão me decapitar em uma praça pública.

Garen levantou a mão, segurando o rosto de Katarina. Depositou um beijo nos lábios da mesma, que assustou-se com o ato. Empurrou-o para longe com raiva, enquanto ele abria um sorriso.

— Pode me mandar para o inferno agora.

E ela o fez. Mandou-o para o inferno, beijando-o novamente. Viver uma vida com o gênio forte de Katarina Du Couteau era, com toda certeza, o pior dos castigos. Garen Crownguard gostava daquilo. Gostava do fato de que ela era a sua inimiga, que sempre seria. Gostava do fato de que poderia matá-la a qualquer momento, mas quebrava as regras fazendo o contrário. Ela sentia o mesmo. A virgindade da lealdade com os seus lares havia acabado de ser perdida.


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Notas finais do capítulo

Eu to meio deprimida. Demorei tanto pra escrever isso. Eu juro que eu chorei um pouquinho no final desse capítulo (não sei se é porque estou ouvindo Still Sane da Lorde enquanto escrevo. Os sobrenomes de Vi e Ezreal, eu traduzi pro latim 'explorador' e 'defensora'. Deu nisso :v
O título da fanfic, pra quem quiser saber, significa 'Três Virgens', e é uma música da banda Epica. Me inspirou desde o começo. Obrigada, Epica!
Bom, gostaria de agradecer à todos que comentaram os capítulos, que favoritaram e acompanharam. Vou ficar muito feliz se comentarem esse também õ/
Obrigada por lerem, anyway. Até algum dia



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