De Anima escrita por AKAdragon
Notas iniciais do capítulo
Um mês depois...
Era o momento decisivo. Agora não tinha mais volta. Estava do topo. Tudo se passou tão rápido. A melodia de gritos assustados das pessoas era alta, juntamente com o som de vento em meus ouvidos. Quando me deparei, tudo já tinha acabado. O carrinho da montanha-russa já havia parado e eu tinha que sair.
O parque de diversão estava muito cheio, bem diferente do palácio de Ronefin. Nunca imaginei que houvessem tantas pessoas em apenas um lugar. Andava em direção a uma casa semelhante a uma das estruturas de Ronefin onde se lia "Casa mal-assombrada" e acabei esbarrando em uma alma, a pequena era uma garota de aproximadamente quatorze anos, ela chorava e chamava por sua mãe. Eu devia guia-la pra Seltece, mas minha curiosidade falava mais alto. Ao entrar na casa mal-assombrada ouvi gritos, parecia divertido. "Parecia"... Aquilo com certeza não era divertido.
Mais tarde tive que fazer uma pausa para o banheiro. Felizmente não estava tão cheio quanto as filas para os brinquedos. Ao entrar ouvi um grito e um reflexo no espelho. Olhei para trás e não havia ninguém.
"Certo... Isso foi apenas uma ilusão... Não há porque Hanako* estar aqui..."
Corri para fora, e ignorei o acontecido. Me diverti o resto da tarde nas atrações do parque, mesmo assim ainda encontrava um ou dois espíritos. "Posso guiá-los outra hora" - pensava toda vez que encontrava um.
Ao anoitecer fiquei sentada em um banco, observando o céu azul se tornar negro. Me perguntei onde estaria minha mãe, mas logo esse pensamento foi embora, sendo interrompido pela voz de uma criança.
– Moça, onde está minha mãe?
Era a mesma criança que vi mais cedo. Ela tinha o cabelo bagunçado, seu vestido tinha um grande rasgo e seu braço direito estava quebrado.
– Sai daqui - reclamei - Vá procurar você sozinha...
– Mas... A tia disse pra perguntar pra você, moça.
– Quem?
– Eu não sei...
"Você é idiota, por acaso?" - Apenas pensei. A criança voltaria a chorar se eu gritasse com ela.
Senti uma picada na minha nuca. Era ela.
– Certo, certo - me levantei deixando a garota sentada me olhando com dúvida - Fique aqui, vou achar sua mãe pra você.
A garota deu um grande sorriso e assentiu com a cabeça.
O primeiro lugar que procurei foi a roda-gigante, e ela não estava lá. Dentre todas as atrações, a mãe da criança não estava em nenhuma delas, tentei procurar na praça de alimentação e em outros lugares que ela poderia estar... O único que faltou foi...
– Eu vou ter que entrar ali?!
Olhei para a fila do banheiro e dessa vez estava enorme.
Uma vantagem de ser um demônio é que ninguém pode te ver - como acha que entrei no parque? – portanto, não há mal em furar a fila.
– Ei - Chamei - Alguém aqui perdeu uma criança?
"Até parece que alguém vai responder"
– Onde está minha filha? - Disse uma voz fraca e rouca
Olhei no fim do corredor lá havia uma mulher baixa de vestido branco, seus cabelos eram negros e curtos como os da criança falecida que me procurou ajuda.
Olhei mais atentamente e dei um grito e pulei para trás
– Ha-Hanako? - Perguntei surpresa.
Atrás da mulher baixa havia uma pequena garotinha vestindo vermelho; o fantasma do banheiro, Hanako, estava lá.
– Princesa - Hanako me chamou - Por favor, ajude a criança e essa mulher
– Sarah! Sarah! Sarah! - Repentinamente a mulher começou a gritar - Oh meu Deus! Minha filha já não mais existe! Está morta! Está morta!
A mulher gritava e batia nas paredes e nas portas. As outras mulheres que ocupavam o banheiro se assustaram e correram.
– Princesa - novamente Hanako me chamou - Ela procura por sua filha que morreu há vinte anos, não podendo encontrá-la ela se enforcou nesse banheiro.
– Uma suicida, hum? É o tipo de alma que eu menos gosto...
Eu saía. Já tive almas demais para um dia de diversão.
– Por favor espere, princesa - Hanako pegou minha mão - Você é o Deus da Morte, guie-as para Seltece, eu lhe imploro!
– Porque? Para você ter paz no seu querido banheiro? Para que ela não assuste as outras pessoas como fez agora?
Hanako se calou e olhou para o chão ainda me segurando.
– É porque eu sei como é estar perdida depois que morre - Ela virou o olhar e fitou a alma da mulher que gritava - Mesmo depois de vários anos.
Eu cedi aos desejos de Hanako. Estendi a mão para a mulher, que assustada e confusa aceitou o gesto e pousou sua mão direita na minha.
– Você se encontrará com Sarah em Seltece.
A mulher desapareceu em uma explosão de luz que quase me cegou. Mas essa luz parecia calma e tranquila.
– Droga, o que foi isso? - Eu piscava freneticamente, ainda tonta por conta da luz.
Hanako havia desaparecido também e apenas ouvia o eco de sua voz dizendo "Obrigada, Princesa"
O parque estava quase fechando e corri para o banco onde deixei a pequena Sarah. Chegando lá me deparei com uma grande figura, agora já conhecida. Sarah ria para ele, e quando meu caro irmão Meia estourou um dos dois balões negros que possuía, Sarah desaparecia, como pequenos flocos de luz indo em direção ao céu.
– Você demorou, irmão - Me aproximei do grande panda que era meu irmão - Ela esteve aqui duran-
Novamente ele me interrompeu para falar.
– Ela queria ir junto da mãe falecida, meu dever é guiar apenas almas de crianças, eu estava apenas esperando um Deus da Morte aparecer para guiar a mãe.
Sabia que ele se referia ao meu feito com a mãe da criança.
– Você é muito bonzinho, irmão, fazendo favores para uma alma.
– Ela não é uma alma, Miranda - Meia desaparecia aos poucos em meio à escuridão da noite - Ela é uma criança...
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Ohhhh isso aqui está andando mais rápido do que o esperando. Graças a Mestra (Não deixando eu procrastinar), e BvBarmy~San (Obrigado por me incentivar ^---^) e as outras pessoas que também leem "De Anima"