Primavera de Lagrimas escrita por Sirena


Capítulo 1
Far Away


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.



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Far Away

Inverno

Carrie

Estava frio. O céu, sua cor habitual azul celeste estava oculta pelo branco pálido e frívolo do inverno absoluto.

Mesmo neste clima inóspito, ainda permanecia no lado externo de minha residência. Claro que o interior era tentador. O cheiro de chocolate quente exalava de maneira gritante, exaltando o perfume natural de pinhas e ervas da estação. O calor também era um atrativo natural, os cobertores que se amontoavam no quarto, a lareira com as chamas cálidas, o crepitar da madeira se desmanchando. Porém nenhum destes caracteres se sobrepujava ao motivo de estar ali.

Ele estava vindo...

Jack. O garoto que amava.

Ele logo estaria aqui, suas mãos envoltas nas minhas, aquecendo-me. Ele já estaria aqui se não tivesse prometido para a irmã mais nova, Emma para patinar no gelo. Um esporte no meu ponto de vista desinteressante e perigoso que jamais me chamara à atenção.

“Porque você não vem com a gente, Carrie?” indagara Jack antes de sair.

“Odeio patinação” Desabafei fazendo um muxoxo.

“Por que?”

“Simplesmente não gosto. Na verdade, nem mesmo esta estação me atrai. Queria que já fosse primavera” Mencionei, lembrando das flores multicoloridas que se desabrochavam nesse clima especifico, o modo como os botões da cerejeira se abriam revelando pequenas e gloriosas surpresas.

“Chata!”

Eu mostrei a língua de maneira infantil.

“Como se eu me importasse com a sua opinião horrível!”

“Quem disse que se importa?” Ele deu de ombros, os olhos azuis com um brilho malicioso.

“Idiota” Empurrei-o de brincadeira, fazendo-o se deslocar cerca de quinze centímetros. Jack usou sua mão direita para se sustentar, impedindo que o resto de seu corpo caísse.

“Você vai ver agora!” Desafiou, agarrando um punhado de neve com as mãos, preparando-se para jogar o conteúdo em mim.

“Jack!”

Meus braços já estavam defrontes ao corpo em posição de defesa, quando o chamado impediu que ele sucumbisse ao gesto vingativo. Suas mãos pálidas se abaixaram lentamente, centímetro a centímetro, enquanto seu rosto se virava em direção a voz feminina e delicada.

“Já estou indo Emma!” Berrou o garoto de volta.

“Oi Emma!” cumprimentei a menina, com um sorriso afetuoso. Ela parecia bastante com Jack, tinha os mesmos olhos e os cabelos castanhos, embora o dela devido seu gênero se estendesse até os ombros metodicamente.

“Olá garota da primavera” Respondeu a menina, acenando com vigor.

“Como...” Principiei.

Jack fez um gesto com a mão.

“Todo mundo sabe que você adora a primavera e ainda por cima está com essa presilha em formato de flor vermelha decorando suas madeixas. Existe uma razão mais obvia?”

Senti minha face ruborizando-se de vergonha. Abaixei a cabeça, sentindo os fios louros lambendo a superfície pálida da pele facial.

E enquanto estava ali atrapalhada, pensando no que deveria dizer e como deveria agir em seguida, senti a pressão suave dos lábios do garoto que gostava pressionando minha testa. Rápido e suave, com uma delicadeza desproporcional.

“Se você esperar aqui, como uma menina boazinha, quando eu retornar, quem sabe podemos dar nosso primeiro beijo de verdade?”

Eu estava muito perplexa para poder dizer qualquer coisa, para pensar ou dialogar uma simples frase coerente. Nem mesmo meu nome era capaz de responder em voz alta, minha idade ou detalhes grotescos da minha vida que outrora vinham facilmente a minha mente. Estava perdida, como qualquer garota de catorze anos estaria ao ouvir aquilo da pessoa que gostava.

“O que você disse?” Falei após permanecer em silencio por um longo e interminável minuto.

“Você ouviu perfeitamente o que eu disse” Ele abafou a risada colocando a mão esquerda na boca, tampando seus lábios perfeitos.

Ele estava certo. Eu havia escutado. Cada silaba, cada palavra, cada letra. Tudo perfeitamente.

-Nosso primeiro beijo de verdade- Murmurei com palavras quase inaudíveis, ainda mais baixas devido o vento que soprava do leste, fazendo meus cabelos serpentearem desiguais na mesma direção.

Permaneci sentada, olhando para o horizonte sem fim durante duas horas acima do programado. Cada segundo que passava, aumentando conseqüentemente minha aflição, a dor da espera. Jack nunca havia atrasado. Nem mesmo quando éramos pequenos, crianças doces e inocentes brincando de mãos dadas no parque, ele havia demorado mais que dois minutos. Sempre pontual e preciso.

Mas não hoje.

Por algum motivo ele não havia vindo.

Ele estava atrasado.


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Notas finais do capítulo

E então qual é sua opinião sobre este capitulo? Gostaram? Precisa de alguma melhora?
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