Estações escrita por Emma


Capítulo 13
O Suave Aroma que as Flores Trazem


Notas iniciais do capítulo

Aos que estão acompanhando desculpe pela demora, fiz um capítulo imenso e tive que dividi em duas partes, então logo postarei o outro... Esse tem mais de Alexandre e Sonia. O próximo vou desenvolver Helena e Heitor, depois vem mais um ponto importante e termina a primeira parte dessa história...
Sem mais delongas, aproveitem! :D



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“Foram se conhecendo aos poucos e, quando se tornaram amigos, apaixonaram-se rápida e perdidamente. Seria difícil dizer qual deles via maior perfeição um no outro, ou quem sentia-se mais feliz; ela, por receber as declarações e propostas dele, ou ele, ao vê-las aceitas”.

Alexandre abriu a porta da suíte deluxe do Le Bristol, Sônia já tinha mencionado o quanto adorava aquele lugar, desde muito pequena frequentava esse mesmo quarto, seja com os pais ou nas viagens a trabalho. O cômodo grande e extremamente confortável, proporcionava a sensação de estar na França do século XVIII, onde Paris atingiu em seu auge, ditando moda e cultura para todo mundo. Móveis contemporâneos casando com o clássico toile de Jouy, motivos florais e estilo renascentista, elegância exalava por cada canto daquele recinto.

Possuía ainda, uma sacada aconchegante e grande o suficiente para acomodar uma mesa com cadeiras, posicionada estrategicamente para a vista da famosa Torre Eiffel pela qual a modelo tinha um divertido fascínio, que nesse exato momento estava servida com um jantar, velas iluminavam o local, gerando um clima envolvente, doce e romântico.

O doutor ia guiando-a, uma vez que ela estava vendada, algo que foi perda de tempo para ele, pois no exato momento em que chegou ao hall de entrada da suíte Sônia reconheceu o inconfundível cheiro floral do local e revelou que sabia onde eles estavam. Mesmo sendo descoberto, ele manteve-a com os olhos cobertos até se posicionarem no centro do quarto. Delicadamente tirou o pano de seda que a impedia de ver e quando ela notou o ambiente, todo cheio de pétalas e velas, quase nenhuma luz, tudo amorosamente pensando e organizado, ela teve certeza que seu noivo não era de verdade, ele só podia ter alguma espécie de dom e conseguia ler sua mente...

— Você tem ideia de quantas vezes eu sonhei que eu encontraria o homem perfeito e que ele me traria para muitos momentos românticos aqui nesse quarto, como agora?!

Nesse momento ela já tinha cruzado o espaço entre eles e seus braços estavam envoltos em seu pescoço, seus corpos unidos, a mão de Alexandre subindo por seu quadril...

— Que bom que você gostou! Sou extremamente sortudo por poder realizar teus sonhos...

— Você precisa parar com isso Alexandre! – ela sorriu docemente – Eu estou me tornando dependente de você, seus mimos e adoráveis pequenas surpresas. Por favor, me prometa que nunca vai me deixar, que não vai simplesmente evaporar e me mostrar que eu sempre estive certa e você fazia parte da minha imaginação! Eu não sei se suportaria... – ele sorriu dos pensamentos tolos dela e disse:

— Minha querida, eu não tenho a mínima intenção de sair do seu lado, por mim eu casava contigo hoje e em seguida te raptava para um lugar onde fôssemos apenas eu e você, juntos como estamos agora, ou melhor, como ficaremos mais tarde, corpos unidos, compartilhando do calor um do outro, para sempre... – ele se inclinou e beijou-a suavemente – Você é a minha menina e eu a amo mais do que posso dizer – eles se renderam a um beijo apaixonado e quando o mesmo foi quebrado o doutor continuou – Agora venha, veja se sua tão amada sacada está de seu agrado.

Dear, está perfeita! Eu adorei! – ela virou para ele com um sorriso e Alexandre pegou suas mãos e os guiou para a mesa, eles se sentaram e ficaram perdidos, sem saber se comiam ou se ficavam olhando um para o outro e sorrindo...

— Será que um dia eu e você vamos parar de ser tão bobos um com o outro?! Agir como casais chatos e que mal se comunicam...

— No que depender de mim nunca! Até por que será difícil acordar pela manhã e não me apaixonar por sua beleza mais uma vez, ouvir sua voz, sentir seu toque e ter uma prova da bondade do seu caráter para ver meu coração se encher de amor e orgulho pela mulher que escolhi para ser minha.

— Eu também prometo nunca deixar nosso relacionamento se tornar enfadonho e rotineiro! – ela apertou gentilmente sua mão que repousava em cima da mesa.

Alguns minutos de silêncio, nada desagradável, mesmo porque eles sempre tinham o que compartilhar, foi apenas o tempo para que a comida fosse mastigada.

— Você sabe como começou meu fascínio por esse lugar? Por que eu sempre fiz questão de me hospedar nesse quarto praticamente todas as vezes que venho em Paris?

— Não exatamente, mas adoraria ouvir...

— Como você sabe eu nasci aqui, minha mãe é francesa, toda minha família materna é. E dona Viviene, como todo bom cidadão francês ama Paris. Essa cidade era como nossa segunda casa, vínhamos aqui constantemente, finais de semana, feriados, diversas férias, conheço tudo aqui, perdi a conta de quantas vezes visitei o Louvre, Versalhes, Notre Dame, a Sainte Chapelle com seus belos vitrais, as galerias de artes e os teatros, conheço a Champs-Élysées como a palma da minha mão... E o que mais te interessar sobre essa cidade eu sei lhe dizer...

— Você podia deixar de ser modelo e trabalhar como guia turística, eu ia adorar a ideia de tê-la fixamente em um país e não me oporia em me mudar para cá... Acho que gostaria de ter filhos franceses – ele sorriu, como se estivesse realmente sugerindo e ela arqueou uma sobrancelha – Ok, me desculpe, prossiga.

— Bom... nossa família tinha esse lugar como segundo lar, tanto que tínhamos uma casa aqui, ficava perto do palácio, linda, espaçosa, aconchegante, nós a chamávamos de “Refúgio”, o antigo dono contou ao meu pai que tinha sido de um duque francês, muito querido e importante, mas depois eu, papai e Pietro descobrimos uma tábua em falso no porão, fomos tentar arrumar e vimos que na verdade era uma espécie de esconderijo, ele dava lugar a uma passagem secreta, me lembro como se fosse hoje daquele dia, parecia que estávamos naqueles filmes de caça ao tesouro, tudo era agradavelmente misterioso – Alexandre viu os olhos da noiva brilharem de lágrimas – Meu pai ficou meio temeroso se devíamos nos aventurar por aquela passagem, não sabíamos o que tinha ali ou onde nos levaria, eu estava eufórica, queria muito desfrutar daquela aventura, Pietro era muito novo, apenas 5 anos, porém incitou seu Arthur a continuar, logo que entramos, os 3 com lanternas, vimos um baú com as iniciais C&C talhadas na parte da frente, estava trancado, procuramos a chave e por sorte a encontramos num suporte na parede ao lado – ela parou um pouco para beber água, deixando um suspense no ar.

— Sônia você sabe que eu estou curioso para saber o que tinha lá dentro e como isso tem haver com este hotel?! Era mesmo alguma espécie de tesouro?

— Para os donos do baú com certeza era – ela sorriu e continuou – sei que estou fugindo um pouco da história inicial que eu queria contar, mas eu, papai e Pietro nunca compartilhamos isso com ninguém, exceto a minha mãe... Continuando, ao abrirmos o baú encontramos diversas fotografias antigas, pequenos presentes e relíquias, jóias, algumas roupas, diários e cartas declarando paixão eterna de César para Charlotte, e vice versa, não demorou muito para identificarmos que se tratava do rei César e claro que Charlotte não era a rainha, era sua amante, ou melhor seu verdadeiro amor. Nas cartas e diários que eu li muito tempo depois, meu pai não quis deixar naquela época por medo de ter algo indevido para uma criança de 7 anos, mas ele me contou a história deles. Ele a conheceu quando ainda era só o príncipe, se apaixonaram e namoraram, seus pais não permitiram a união deles por que ela era uma plebeia, não era pobre, sua família era até abastada, porém eles tinham planos de casá-lo com uma duquesa extremamente rica e cujo sobrenome tinha importância para família real, seus pais eram os nobres mais abastados da França naquela época. César e Charlotte trocavam cartas apaixonadas, ele propôs fuga em uma delas, só que ela não o deixou renunciar a coroa por sua causa.

Então ele teve que se casar, ficaram um tempo separados, 1 ano, ele a procurou depois disso, ela estava noiva de outra rapaz, depois ele enviou-lhe uma carta onde dizia algo que eu gravei: “quando eu tinha 11 anos cai do cavalo em uma corrida com meu primo, bati a cabeça em uma árvore, fui submetido a 12 pontos, eu achava que nunca tinha sentido ou que sentiria dor como aquela até vê-la ontem, nos braços desse monsieur que terá a sorte que me foi privada, ter-te como esposa...”. Quatro meses depois foi o casamento dela, ela não respondeu mais as cartas do rei por respeito ao marido, Claude, que morreu 3 anos mais tarde, eles não tiveram filhos. Ao saber da morte do esposo de Charlotte, o rei não hesitou em procurá-la novamente, confessou que sempre se manteve informado de sua vida, disse-lhe o quanto era infeliz sem ela e que enquanto estiveram longe seu amor só aumentara, Charlotte expressou seus sentimentos também, o amor dilacerante que gritava dentro dela dia após dia, porém não poderia ter participação em um adultério. César lhe disse que aquilo só os fariam adúlteros se o coração dele não tivesse sido entregue a ela primeiro, a única coisa que ele traía era o amor que sentia por Charlotte nas pouquíssimas vezes em que teve que deitar-se com a rainha Beatrice. Então, o rei comprou uma casa perto do palácio para ela, eles se encontravam ali...

— Minha querida, a rainha nunca suspeitou do envolvimento do marido com outra mulher? O fato dele evitá-la não gerava questionamento?

— Ele escreveu sobre isso também, disse que seria tudo menos complicado se a rainha Beatrice fosse uma mulher insuportável e mesquinha, mas ela era diferente disso, uma mulher bonita, culta e gentil, que sofria calada com a ausência do marido e isso era o que impedia o rei de pedir o divórcio e deixá-la a mercê dos falatórios, afinal ele precisava preservar a imagem de ambos. Nos raros momentos de intimidade que tinham, os parlamentares cobravam um herdeiro para a coroa, ela conseguiu engravidar de uma menina, Margaux, isso abalou um pouco a relação com Charlotte, que em uma carta até quis terminar o relacionamento deles, na verdade eu acho que ela estava enciumada por que ela própria não tinha um filho dele.

Depois disso a rainha ficou muito doente, a cada ano sua saúde piorava, tinha câncer no útero se não me engano. Ah, eu esqueci de mencionar que o túnel que encontramos e decidimos explorar em outra tarde, foi construído pelo rei para que ele tivesse acesso a casa de sua amada sem “sair” de Versalhes. César tinha um empregado de confiança, o único que sabia da história com Charlotte, seu nome era Jacques, ele foi quem fiscalizou as escavações secretas, que tinham início no chão da sala particular do rei, seria uma espécie de escritório hoje. Toda noite ele saia de seu quarto e ia em direção ao lugar que ele chamava de “lar”. Assim todos pensavam que ele estava no palácio.

A princesa tinha por volta de 10 anos quando a rainha morreu e poucos meses depois Charlotte engravidou e deu a luz no mesmo ano a um menino, Henrico, e você deve imaginar a alegria do rei não é?! César queria a todo custo casar com ela e levá-la para o palácio, fazer do menino o futuro rei, porém Charlotte não queria aquilo para si, muito menos para o menino, ele foi registrado como filho de César, usando o sobrenome da mãe do rei, sua certidão também estava no baú, mas eles viveram naquela casa, quando a princesa Margaux assumiu a maioridade, de todos os lados aparecem pretendentes para a futura rainha. Claro, que nobre não desejaria ascender ao título de majestade?! Muitas propostas de grande vantagem, porém o rei não submeteria a filha ao que ele próprio passou, ele adorava a menina, escrevia isso em muitas cartas, tinha fotos dela lá também, eu suspeito que ela sabia do irmão e da “madrasta”, por isso a deixou escolher seu futuro marido, e assim que a jovem casou ele abdicou a coroa para que ela e o esposo fossem os novos reis da França, rainha Margaux e rei Alexander. E agora, não mais rei, apenas César, ele se mudou de vez para seu “lar” e terminou de criar o garoto ao lado de seu eterno amor, sua “Charlie”.

— Sônia esta história é incrível!!! Vocês literalmente descobriram um tesouro, um amor real e forte, capaz de transpor barreiras imensas só para ficarem juntos... Estou fascinado também, admiro o rei César e faria o mesmo para estar perto de ti! Você ainda tem isso que encontraram no baú? Eu adoraria ver...

— Eu também sou fascinada pela história deles. É linda e emocionante, lê-la então é bem mais profundo... Nunca divulgamos isso, era como nosso pequeno segredo de família que juramos guardá-lo para César e Charlotte – ela sorriu – Eu ainda tenho sim, está no meu closet, no apartamento de minha mãe. Qualquer dia eu mostro para você.

— Eu só não entendi que ligação isso tem com esse hotel querida...

— Antes de adquirirmos nosso imóvel, era sempre nessa suíte que nos hospedávamos, lembro-me de ver meus pais jantando nessa varanda, trocando olhares apaixonados, das vezes em que ele me colocava no ombro e me explicava sobre cada canto que podíamos avistar dali, ele adorava história, tão inteligente, sempre sabia um pouco sobre cada assunto, me contou onde ele conheceu minha mãe, da forma como ele se encantou por ela no instante em que a viu, tinha dias, Pietro era muito pequeno para se lembrar, eles nos colocavam para dormir no outro lado do quarto e depois paravam no umbral daquela porta – ela apontou o lugar – se abraçavam e ficavam assim, olhando em direção a torre... Sabe, eu era só uma criança de 5 anos, mas conseguia sentir o amor que eles tinham um pelo outro fluindo, aquilo me envolvia tanto que eu apenas os observava, feliz porque eu tinha tudo o que uma garotinha poderia querer... Aquela casa, que agora não é mais nossa, mamãe decidiu vendê-la – ela torceu o canto da boca – e esse quarto me lembram tanto ele, a infância maravilhosa que eu tive... – ela deixou escorrer uma lágrima e Alexandre se levantou abraçando-a.

— Oh minha querida, ele devia ser um homem maravilhoso, só por tê-la feito essa mulher extraordinária que és, tenho certeza que Arthur estaria orgulhoso de você!

— Ele era excepcional! Sabe Alê, meu pai era único, seu coração era tão bom e generoso, até a forma como ele falava era cativante... Eu sinto tanta falta dele – ele a apertou mais em seus braços – por isso sempre fiz questão de ficar nessa suíte, parecia que ele ia estar lá, alisando meus cabelos e me contando histórias antes de dormir...

— Por que sua mãe vendeu a casa? – ele perguntou enquanto ia carinhosamente guiando-a para uma chaise que ficava próxima a mesa na varanda, acomodando a ambos confortavelmente.

— Quando meu pai morreu naquele acidente, minha mãe mudou completamente, claro que isso foi acontecendo aos poucos, dona Viviene era doce e sorridente, papai dizia que eu tinha o sorriso dela, ela foi se fechando e passou um longo tempo sem sorrir... Eu até a entendo de certa forma, eles eram tão apaixonados, o amor deles me inspirava, perdê-lo foi a pior dor que senti, na verdade é como se uma parte de mim tivesse ido embora para sempre, deixado um vazio, e eu sei que foi assim com ela, perdeu o homem que amava, o pai dos seus filhos, seu companheiro e amigo. A dor devia ser insuportável, que por um momento ela quis se livrar das lembranças, primeiro a casa, quase não vínhamos mais para Paris, tirou todos os pertences dele e encaixotou em um cômodo vazio, não vendeu nossa cobertura, mas reformou uma boa parte da casa... Naquela época nós brigamos muito, quando fechou a venda do nosso “Refúgio” discutimos seriamente, passei uma semana com Tio Dolce, nosso relacionamento foi se desintegrando aos poucos depois disso, eu comecei a viajar constantemente por causa do trabalho... Eu não percebia a dor que ela sentia, achava que minha mãe queria apagar meu pai da nossa vida, eu não aceitaria aquilo... Alguns anos depois conseguimos reparar algumas brechas, as feridas de ambas estavam mais saradas, então podíamos conversar sem brigar... Eu sei que ela se arrepende do que fez, principalmente com relação a casa, mas preferimos não falar mais nisso...

— Deve ser o pior tipo de dor, perder o amor de sua vida, um familiar próximo, não consigo nem pensar em algo assim... Mas eu se isso acontecesse comigo eu ia querer sempre lembrar dos momentos bons, das vezes em que essa pessoa me fez sorrir ou dos lugares em que íamos para nos divertir, ou só por ir, dos abraços, das palavras... E guardar tudo em meu coração – ele sorriu – Você me levaria no seu “Refúgio” depois?

— Claro que sim dear, amanhã nós vamos até lá.

Alexandre balançou a cabeça, com um sim silencioso, as bochechas de Sonia estavam coradas, indicando que ela havia chorado um pouco, ele permaneceu em silêncio e a deixou chorar mais, apenas a matinha envolta em seu abraço.

Chéri...

— Hum...

— Você me lembra ele, eu sei que nunca disse isso antes, tinha medo que entendesse errado, mas muito no seu caráter e personalidade me lembra meu pai, sua forma de falar, seus olhos castanhos são da mesma tonalidade, a suavidade também. A forma como você me acalma e cuida de mim... Talvez seja por isso que você a incomode tanto...

— Sua mãe só está com medo que eu vá afastá-la dos planos que ela tem para você, o que não é a minha intenção! Você não será forçada a nada, se tem alguém que é refém das vontades do outro aqui, esse sou eu... Não vou atrapalhar seus sonhos, pelo contrário, quero ajudar a alcançá-los... Eu nunca pediria para que você abrisse mão da sua carreira por mim.

— Os meus sonhos e planos para o futuro, todos, incluem você e futuros filhos, o lugar não me importa tanto assim, contanto que eu tenha o meu doutor estou satisfeita... Minha carreira uma hora findará, em algum momento chegará alguém mais jovem, bonita e logo os holofotes focarão nela...

— Eu discordo da parte do “bonita”! Nunca desfilará por nenhuma passarela uma mulher tão linda quanto você – ela sorriu para ele, suas lágrimas começando a ir embora – Querida...

— Oi...

— Você comentou sobre filhos...

— Sim, você não quer... – ela exclamou surpresa, mas foi interrompida.

— Claro que sim, ainda mais que você será a mãe – sua expressão de espanto se amenizou – Eu queria saber quantos filhos você pensa em ter?!

— Ah não sei, uns 3 eu acho bom, você não?!

— Eu pensava em 4 crianças lindas como a você...

— Nossa amor, 4 filhos... Não sei, vamos fazer uma coisa de cada vez, temos o primeiro, depois o segundo e terceiro, então podemos pensar em negociar o quarto bebê...

A modelo sentou-se e ficou admirando-o, aquele homem era lindo, e tornava-se ainda mais pelo fato dele parecer não saber disso, reclinado sobre a chaise, o suéter de lã cinza marcando os contornos dos músculos estava mexendo com algo dentro dela, algo que apenas ele despertou... Ela se curvou e começou a distribuir beijos pelo pescoço e maxilar, quando chegou próximo a boca ele perguntou:

— Você está bem? Podemos não fazer amor hoje... Sei que essa história do seu pai e a pequena tensão ainda existente entre você e sua mãe não te deixam em bons ânimos...

— Tudo isso por que antes eu não tinha você! – ela sorriu beijando sua bochecha – agora que tenho, não vou deixar nada e ninguém me privar de todos os minutos em que podemos desfrutar um do outro... – ela beijou sua boca e afastou-se um pouco para sussurrar sobre seus lábios – Você vai ou não realizar meu sonho mais antigo de ter noites românticas com o amor da minha vida aqui nesse lugar?

— Oh sim mademoiselle, é meu dever realizar seus sonhos! – eles enfim se beijaram languidamente, despertando seus sentidos, mãos começando a procurar caminhos para o corpo e desfazendo-se das roupas que as impediam...

Quando seu suéter e o cardigan de Sônia estavam pelo chão da varanda, Alexandre a pegou no colo e colocou-a sobre a cama de dossel cheia de pétalas... Ele beijou cada pedaço da pele dela, calmo e sutil, como lhe era próprio, até que sentiu esvair toda tensão e dor que a conversa pudesse ter trazido sobre ela.

Palavras doces sussurradas ao ouvido, o coração batendo rápido contra o seu, mãos delicadas e grandes passeando pela lateral do corpo dela, estendendo-se pela coxa, firmando posse ali e ajustando-a para que tudo o que viesse a seguir lhe fosse agradável e suave como tinha sido todas as outras vezes. Não demorou para ele perceber que tinha conseguido tirar qualquer resquício de tristeza de sua mente, logo ambos estavam tão envolvidos em suas fragrâncias e gostos que nada além deles importava naquele momento...

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“...mas o amor de verdade, aquele amor sereno, o amor de afeto, o amor de amigo, o amor de doçura, o amor eterno, o amor tranquilo, não é dito apenas em palavras. É dito em gestos, no gesto do aconchego dos braços. No gesto de sentir que o mundo todo pode acabar em água, fogo ou gelo, mas você está protegido pelo abraço de quem te ama.”

— Você acredita – Sonia estava deitada com a cabeça no peito nu de Alexandre, suas mãos acariciando os braços e proximidades, pernas enlaçadas às dele, o lençol de seda cobrindo parcialmente sua nudez, a voz dela soava calma e relaxada – que toda vez que o rei César teve que ir para cama com a rainha Beatrice ele mandava uma carta para Charlotte pedindo perdão?!

— Como se pede desculpas para algo desse tipo? – ele sorriu.

— Ele dizia que aquilo não passava de dever, lhe era cobrado pelos parlamentares um herdeiro, por mais que isso tivesse acontecido no início do século XX, a coroa precisava de um descendente de sangue real. Prometeu que aquilo só aconteceria até ela lhe dar um único filho e assim foi, depois que a rainha engravidou de Margaux ele nunca mais a tocou. Uma vez ele escreveu algo assim: “Quando não estou com você meu peito fica vazio, como se meu coração se recusasse a bater. Ele grita ‘Charlotte’ toda vez que bate, e você sabe que foi assim desde a primeira vez em que a vi! Naquele instante, quando nossos olhares se encontraram no teatro, eu sabia que já não era mais dono do meu coração, você o tinha roubado com apenas um olhar...”.

— Assim como você roubou o meu... Vou parafraseá-lo meu bem: – ele ergueu o queixo dela em direção ao seu rosto e continuou – Quando não estou com você meu peito fica vazio, meu coração se recusa a bater, ele grita: ‘Sonia’ constantemente. Talvez tenha sido assim desde a primeira vez em que a vi. No instante em que eu esbarrei em você naquela festa e nossos olhares se cruzaram, sabia que estava perdido, de alguma forma eu só não tinha percebido que você o havia roubado de mim...

Dear, foi um roubo mútuo então! Ambos fomos assaltados naquela noite, só demoramos para perceber o que tinha sido levado... – eles se beijaram mais uma vez, desejaram boa noite e dormiram entrelaçados no calor de seus corpos.


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Notas finais do capítulo

Só para ficar claro, essa história do Rei César e de Charlotte não é verdadeira... Eu que criei para trazer um pouco das lembranças da Sonia com o pai (Arthur), para introduzir um pequeno dramaconflito entre Viviene e a filha... No mais, obrigada por ler... Logo espero postar o próximo ;)



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