POV CAT

Olhei para o teto do meu quarto. Ele era um quarto pequeno. Nada digno de fotos. Meus olhos se fecharam. Aqueles olhos azuis invadiram minha mente novamente, aquele nome soou na minha cabeça e toda a ilusão dele se dissolveu quando ouvi a porta do pequeno apartamento se fechar em um estrondo que ecoou por tudo até chegar aos meus ouvidos.

– Eu trouxe comida! _ Ouvi a voz rouca de Yori. Seus passos ficaram mais altos a medida que ele pisava no carpete claro mais perto do meu quarto. _ Catherine Green Wood, oque você está fazendo ai deitada como uma baleia? _ Ele perguntou debochando de mim.

– Sonhando acordada... _ Respondi.

– Vem vamos comer. _ Levantei e parei na frente dele _ Te colocaram na máquina de lavar roupa? Parece que você encolheu! _ Revirei os olhos enquanto ele ria e dava cinco passos até chegar á cozinha.

Ela era pequena, continha tudo o que precisávamos. Sentei de frente a Yori no balcão. Ele colocou um lanche de frango e salada na minha frente e ele segurou um lanche do MC.

– Porque eu tenho que comer isso? _ Perguntei enquanto ele comia o que parecia um delicioso lanche.

– Primeiro motivo, não quero que você fique gorda. Segundo motivo, você tem que ficar bonita para se enturmar. Terceiro motivo, eu tenho que criar um terceiro motivo _ Rimos.

Finalmente comi meu lanche que terminou em alguns cinco minutos. Realmente aquilo era bom.

***

Já estava de tarde. Sentada na minha cama, olhei a janela atrás dela. Pude ver os cabelos loiros e algumas roupas pretas sentado na sarjeta da frente do prédio. Yori, ele estava provavelmente desenhado.

Tirei meu pijama e coloquei uma roupinha descente (Shorts jeans, blusinha branca, tênis vermelho e um coque no cabelo).

Chamei o elevador e logo já estava fora do prédio. Olhei Yori e arqueei as sobrancelhas. Ele estava desenhando e seu skate estava do lado.

– Para de desenhar! _ Disse, chamei a atenção já que ele desviou o olhar para mim _ Me ensina a andar de skate.

– Estou bem desenhado _ Ele disse voltando a desenhar.

Caramba! Esse cara só desenha. Peguei o skate e sai correndo. Claro, como uma ótima corredora sempre olhava para trás. Em uma dessas olhadas esbarrei em alguém caindo sentada no chão. Pude ouvir as risadas.

– Cat! Viu o que dá olhar para trás _ Yori disse vindo até mim.

– Yori? _ Olhei para o garoto que eu havia esbarrado. Os olhos azuis olhavam para Yori e os cabelos loiros estavam bagunçados, eu já o conheci, mas não se lembrava de onde _ Lembra? Aula de física...

– Espera Léo? _ Espera? Aula de biologia. A meu Deus!

Eles começaram a rir e a conversar. Levantei do chão. Fiquei olhando os dois que sequer paravam de conversar, só conseguia olhar para o garoto que eu conhecerá na aula de biologia...

– Novatos venham à frente, por favor, _ Anunciou o professor, um homem alto e grisalho. Eu e mais uma garota loira de olhos verdes nos levantamos. _ Melissa Ayala.

– Bom, podem me chamar de Mel _ Ela começou a dizer _ Espero que vocês gostem de mim, porque, eu sou muito divertida e eu tenho 16 anos _ Ela completou.

– Catherine Green Wood _ Falou o professor.

– Podem me chamar de Cat… Eu tenho 15 anos e… Bem não tenho nada a dizer ao meu respeito. _ Disse olhando a sala.

– Bem, Mel você faz dupla com a Lena. Cat você faz dupla com o Léo _ Ele me fitou _ Boa sorte Cat. _ Logo depois riu, como todos os outros.

Sentei-me ao lado de Léo. Estávamos no fundo e ele me olhou.

– Prazer Leonard Black. _ Ele citou me olhando.

– Cat. Cat! _ Yori gritava meu nome.

– Hm... Oi. _ Disse depois, quando voltei a realidade.

– Vamos, o Léo já foi. _ Ele olhou no relógio _ Já são... 15:47. Tenho que fazer a lição e você tem aula de...

– Música. _ Completei.

– Isso, vá se arrumar, eu vou te levar. _ Revirei os olhos.

***

Depois que finalmente voltei da merda da minha aula de música, já era noite, voltei sozinha para o pequeno apartamento e quando entro nele Yori já começa com gracinhas.

– Cat, você devia ver sua cara olhando para o nada, se eu esperasse mais ia começar a babar _ Riu e eu, claramente bati nele.

– Você devia ver essa sua cara de cú _ Revirei os olhos _ Não é sério, vai lá no espelho e olha.

Fui para o meu quarto e coloquei pijama. Aquele que eu tinha largado na minha cama, amarrotado. Deitei na minha cama e olhai novamente para o teto.

– Boa noite Yori! _ Gritei.

– Boa noite, baixinha. _ Ele retrucou.

Baixinha. O apelido que me deram em casa. Eu sentei na cama e abracei a manta que me cobria. Abri a janela e fiquei olhando o céu que já estava estrelado.

Lembrar-se da minha família, nem para ser minha família biológica, lembrar-se da minha família adotiva. Mesmo estando aqui a somente alguns dias, sinto saudades deles. Do jeito carinhoso como eles me chamavam de baixinha.

Olhei para fora e pude ver uma chama, provavelmente de fogo, saindo de uma casa, quer dizer de uma mansão. Arregalei os olhos.

– Yori _ Gritei. Ele apareceu no mesmo instante ao meu lado.

– Que?

– Olha lá _ Apontei para a casa.

– Aquela é a casa do Léo _ Ele falou, eu sabia que se não fizéssemos alguma coisa, ia restar somente cinzas de lá.

Peguei meu celular no mesmo instante que um bombeiro apareceu com as luzes e sirenes ligadas, ele deveria estar correndo. Olhei a cena da minha janela junto a Yori. Pude ouvir alguns gritos.

Eu sabia que aquela noite eu não dormiria tão bem.

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