Predestinados - Perina escrita por Amellie Lawson


Capítulo 46
Quarenta e seis


Notas iniciais do capítulo

OLÁAAAAAAAA TRIPULAÇÃO!!! Como vcs estão? eu to bem,só tirando o fato que vou passar o feriado forever alone,sem minha familia. Maas fazer o que né? semana que vem se deus quiser eu tô lá. Essa semana foi mó corrida pra mim,mas deu tudo certo e finalmente quinta chegou. Achei que esse cap nao ia sair,mas como sempre,a inspiração vai fluindo aos poucos e eu consegui. Amei escrever (apesar de algumas partes que vcs vao odiar e me xingar muito no twitter ADORO),mas faz parte da história. Enfim,bora pro cap né? Queo vcs comentando MUITO aqui e no twitter,adoto stalkear vcs e saber o que estao achando hahaha. Boa leitura! Enjoy xx



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Duca assistiu Bianca descer as escadas,provavelmente saindo do quarto de Pedro. Ela tinha os olhos marejados e tantava limpar as lágrimas que insistiam em cair,sem sucesso. Vê-la assim fazia seu coração partir em mil pedaços,uma dor que ele também não podia evitar sentir.

– Como ele tá,Bi?

– Ah,daquele jeito que você conhece bem. Perdido,fora do ar.... – Fechou os olhos,engolindo um soluço preso na garganta. – Eu não suporto ver ele assim.

– Nem eu,Bianca. – Puxou a menina para um abraço,afagando seus cabelos enquanto ela chorava baixinho.

Ver Pedro voltar a se perder era como relembrar um passado que ela já havia jurado ter apagado de sua mente. Desde que Karina surgira em sua vida,ele voltara a sorrir,a ser aquele menino brincalhão e de bom coração,que as circusntâncias erradas haviam tirado dele.

Se seus pais o vissem naquele estado,seria mil vezes pior. Tudo o que queria era ajudar o irmão,mas a cada vez que tentava,se sentia mais pequena diante de seu sofrimento.

Duca a chamou para se sentar ao lado dele no sofá e ela assim o fez. O seriado que assistiam ainda passava,mas ela não tinha mais tanto interesse.

– Eu não sei mais o que eu faço pra tirar essa dor dele,Duca. - Murmurou num tom esganiçado devido ao choro – E-eu não posso deixar que ele afunde nesse sofrimento....

– Eu vou te ajudar,Bi. O Pedroso é meu amigo desde sempre,eu também não suporto ver ele desse jeito. Prefiro ele me xingando e me dando pescotapa do que jogado naquela cama.... – Riu fraco.

Um silêncio incômodo se instalou ali. Bianca pousou seu olhar em suas mãos,encostando sua cabeça no sofá. Voltou seu olhar para Duca,que admirava cada traço dela com uma atenção desmedida. Fechou seus olhos quando ele acarinhou seu rosto.

– Mas e você,hein? Como é que tá? – Viu a menina se assustar com a pergunta. Ela não esperava,mas podia ver em seus olhos que ele queria fazer isso a muito tempo. – Não adianta esconder. Você é uma boa atriz,mas a mim você não engana tão fácil.

Ela sorriu fraco,tentando afastar a imagem constante de João vindo em sua mente. Desde que ele se fora,sentia a dor da perda acompanha-la a qualquer lugar que fosse. Ainda que permanecesse prsa ao seu mundo de lembranças na maior parte do tempo,a nostalgia e a saudade a invadiam em cheio sempre que podiam,e quando não podiam também.

Suspirou fundo. Por quê tinha que ser tão difícil? João em pouco tempo tomou um grande espaço em sua vida,o qual ela nunca poderia imaginar,ao ver o suposto irmão de Karina surgir do nada em sua casa,com aquela história maluca de asa delta.

– Ah,Duca.... – O choro voltara numa velocidade absurda,a tirando de órbita. Tudo o que ela queria era esquecer,mas a cada vez que tentava,mais ela percebia que era algo impossível. – Por quê ele tinha que me deixar?

Duca apoiou uma almofada em cima de suas pernas e fez menção para Bianca deitar,e ela assim o fez. Afagou seus cabelos e secou suas lágrimas.

Nunca havia sentido algo tão forte e intenso por alguém. Nunca desejou tanto que aquela latência incessante em seu peito parasse,pelo menos por algum segundo. Sentia que se seu coração parasse por um segundo que fosse,ela não iria se importar.

E só então entendeu o porquê de não conseguir ajudar Pedro. Como ela conseguiria dizer a ele para não sofrer,se ela também se sentia assim? Como pedir para ele esquecer essa dor,se ela mesmo já sabia que era impossível? Mas,ainda que entendesse,era algo que ela não conseguia aceitar. Ela não queria.

– E-ele não me amava mais..... – Deixou seu coração falar por ela. Ou seria sua mente a enganando? Ela não sabia mais dizer. – Ele nunca me amou.

– Bianca Ramos,pode parar com isso agora. Olha pra mim,Bi. – Pediu,e ela assim o fez,se levantando e voltando a se sentar. – Aquele nerd era esquisito,chato pra caramba,mó pela saco,mas de uma coisa eu tenho certeza. Ele te amava,sim.

– Eu não tenho tanta certeza..... – Negou com convicção.

– Mas eu,sim. Não sei dizer porque,mas eu apenas sei.

O que era mentira,ao menos em parte. Duca sabia sim dizer,e teve a prova quando João foi conversar com ele,enquanto Bianca abraçava Karina.

– Preciso falar contigo,cara. – João murmurou,se afastando das duas. Ele entendeu a deixa e fez o mesmo.

– Eu....não sei muito bem como dizer isso. – Seu maxilar estava tenso e seus punhos cerrados.

– Pelo começo,né seu nerd? Depois eu é que sou burro....

João ignorou o comentário do lutador. Se os tempos fossem outros,ele até refutaria,mas aquele momento não permitia. Seus pensamentos a todo momento repetiam o que estava prestes a acontecer,e que ele não poderia fazer nada pra impedir.

– Agora não,lutador. Só me ouve. – Pediu calmo,medindo as próximas palavras. – Independente do que vá acontecer agora,eu quero te pedir pra cuidar da Bianca.

Por um segundo,achou que aquelas palavras nunca sairiam,mas agora que havia as dito,sentiu cada uma delas o quebrar por dentro.

– Peraí,peraí....eu tô ouvindo direito? – Sua voz tinha um misto de surpresa e deboche. – Eu achei que você mesmo ia querer fazer isso.

Duca tinha um ar petulante e superior,que feriam João de uma forma que ele jamais poderia imaginar. O gamer ignorou o máximo que pode,aquelas provocações eram o seu menor problema naquele momento.

– Isso não importa agora. Eu só preciso que prometa que vai cuidar dela,enquanto eu estiver.....longe. – Resolveu definir sua ausência eterna daquela menira. Era o máximo que ele conseguia sem derramar uma lágrima. - Você pode fazer isso?

– Como se você precisasse pedir,mané. É claro que eu posso. – Afirmou com todas as palavras. - Sempre fiz isso,não é agora que eu vou deixar de fazer.

A última frase o destruiu. Saber que ele demorara a chegar por Bianca não ser de seu mundo era algo que ele nunca iria superar.

– Ótimo. – Foi só o que conseguiu dizer. Antes que Duca pudesse questionar sua atitude mais uma vez,se afastou.

– E se aquele babaca ousar dizer o contrário,eu juro que arranco o bem mais precioso dele. – Brincou,fazendo a menina rir.

– Duca! – Ela o repreendeu com um tapa no braço.

– Calma Bianquinha,eu tava falando daquele videogame dele,cê é que pensou besteira.

– Sei....eu te conheço,Carlos Eduardo. Essa não cola! – Riu para a cara de ofendido que ele fizera.

– Poxa,Bianquinha.....assim você fere os meus sentimentos. – Fingiu secar lágrimas que não existiam.

– E o que eu posso fazer para me desculpar?

– Pode voltar a deitar aqui e fechar os olhos,tô vendo que a senhora tá caindo de sono.

– As últimas noites não tem sido muito fáceis.....Essa,então,vai ser menos ainda. – Suspirou cansada. – Mas eu não posso,tô preocupada com o Pedro. Tenho medo de,sei lá,ele ....

– Ei,eu tô aqui. Pode dormir,eu vigio aquele mané pra você,se acontecer alguma coisa,eu te acordo. – Prometeu,ainda que não fosse fazer isso realmente. Bianca precisava de um descanso,e ele tinha certeza que poderia resolver sem ter que acordá-la.

– Você não vai desistir até eu dormir,né?

– Não mesmo. – Devolveu com um sorriso,a vendo escostar a cabeça em seu colo,embarcando num sono profundo.

– X –

Pedro não sabia quanto tempo estava ali,admirando o colar preso entre seus dedos. Apertou o amuleto dente a seu peito e fechou os olhos,fazendo um esforço desumano para recuperar algum resquício da noite anterior.

Nada veio,apenas flashes de momentos que ele queria esquecer. O beijo,a briga com Cobra,os caras do Racha......nada de sua esquentadinha,ou de algum momento com ela.

Foi então que ouviu uma voz conhecida ecoar no andar de baixo. Uma não,duas. Sua cabeça doía demais para que ele pudesse processar cada informação,mas aos poucos descobriu serem de Duca e Bianca. E como um insight,os flashbacks não demoraram a surgir.

Pedro estava apoiado a Duca,tentando subir cada degrau da escada,que naquele momento,pareciam maiores e mais distantes de seu quarto. Sua visão turva não ajudava nem um pouco,tornando aquele caminho um empecilho.

– Pô cara,me ajuda aí vai. – Duca reclamou,passando seu braço pelos ombros do amigo e lhe dando apoio. – Sou forte mas nem tanto.

– Eu n-não quero voc-ê.... – disse com a voz arrastada. – Eu qu-er-o meu anjo....

– Só muita força e honra pra te aturar nesse estado,Pedro. – Suspirou,quando finalmente chegou a porta do quarto.

Karina e Bianca vinham atrás. A morena tinha um olhar de pena. O irmão vinha regredindo a cada dia,e tinha medo no que aquilo poderia dar. Já Karina chorava baixinho,secando cada lágrima que caía.

– Eu beeebo querosene,eu beboo gasolina,eu bebo,babo e choro por caaausa dessa meninaaa... – Ele começou a cantar,relutando para entrar no quarto.

– Nem bêbado esse aí para de cantar,é isso mesmo? – Olhou pro céu,pedindo alguma explicação. – Na boa Ka,como é que o cara lá de cima aguenta?

– Eu sou doido pelas duaaas,mas uma me abandonou. Da mulher levei um fora e a cachaaça me pegou... - Pedro se soltou de Duca e abraçou Karina de lado,meio desajeitado.

– Pê,vem comigo. – Sussurrou perto dele. Ele assentiu,com um olhar perdido e fixo nela ao mesmo tempo,a apertava contra seu peito como se precisasse dela mais do que o próprio ar.

Se tinha alguém ali que poderia responder as suas perguntas,essas pessoas eram Duca e Bianca. Não pensou duas vezes antes de descer as escadas pulando os degraus de dois em dois,chegando até a cozinha.

Duca e Bianca almoçavam alguma gororoba que ele tinha certeza que fora Duca quem fizera,devido as habilidades nulas da irmã com as panelas.

– Olha só quem resolveu acordar. – Duca disse num tom brincalhão. – Boa tarde,branca de neve.

Depois de muito conversar na noite anterior,os dois chegaram ao acordo de que não contariam nada sobre o que acontecera. Se ele perguntasse,desconversariam sobre Karinae emendariam em algum outro assunto.

– Eu acho que tá mais pra bela adormecida,Du. – Riu junto,um tanto quanto nervosa. – O que é normal,sábado ele não levanta antes do meio dia....

– O que aconteceu ontem? – Se aproximou a passos largos,sem deixar passar a troca suspeita de olhares entre os dois sentados a mesa.

– Nada,né não Du? – Bianca começou,pedindo ajuda. – Eu e o Duca ficamos até tarde assistindo um filme,aí cê chegou e...

– Não precisa mentir pra mim,Bianca. – Ele a cortou,ríspido. Jamais imaginou que os dois esconderiam isso dele. – Eu sei que ela esteve aqui.

Antes que eles tentassem convencê-lo do contrário,pegou o colar e mostrou a eles.

– Agora podem me responder o que realmente aconteceu ontem?

– Pedro...

– Nós achamos melhor não te dizer nada,cara. Fizemos isso pensando no seu bem. – Duca explicou,e Pedro riu,irônico.

– Ah,claro. Esconder isso de mim realmente ia me fazer muito bem... – Sua voz era carregada de sarcasmo,não suportava mais sustentar seu olhar para os dois.

– Nós só não queríamos te ver sofrer,Pê. Tenta entender....

– A única coisa que eu consigo entender aqui é que se não dependesse da Karina,eu nunca saberia de nada! – Esbravejou,aumentando os oitavos da voz. – Quem vocês pensam que são,pra mandarem na minha vida desse jeito?!

– Nós somos as pessoas que estão te vendo sofrer,tentando fazer de tudo pra diminuir pelo menos um décimo dessa porra do teu sofrimento,vendo você se afundar cada vez mais e deixando o passado tomar conta de você. – Duca se levantou num solavanco e berrou todas aquelas palavras.

– Não importa! Eu tô errado sim,mas eu tinha o direito de saber,droga! – Se conteve para não jogar tudo pelos ares e quebrar o que visse pela frente. – É minha vida,o meu sofrimento que tá em jogo aqui.

Pedro manteve o olhar chehio de raiva a altura,ouvindo o choro da irmã. Ela se levantou e vagarosamente se aproximou do irmão,temendo por sua reação. No estado que estava,podia esperar tudo.

– Me desculpa,Pedro... – murmurou o pedido,tentando se manter firme. Conseguira fazer – É que eu não suporto mais te ver sofrer assim,sem vida,sem chão. Me perdoa,por favor.

Ao ver como Bianca se encontrava,e que era o culpado por grande parte daquilo,sentiu seu coração apertar. Aos poucos estava voltando a ser como antes,ele sabia disso. Fugiu naquela noite para tentar esquecer,mas fora inútil. Em poucos instantes,conseguira fazer um estrago muito pior.

Sem pensar duas vezes – ou dar chance para seus pensamentos – puxou a irmã para um abraço apertado,deixando as lágrimas lhe preencherem.

– Me desculpa,maninha. Me desculpa.... – murmurava como se fosse um mantra,na esperança que ela lhe ouvisse. Uma coisa que ele não havia feito.

– Não precisa se desculpar. – Se soltou do abraço e pousou seu olhar sobre ele,vendo a mágoa e a dor nítidos em suas orbes castanhas.

– É claro que eu preciso,tô sendo um idiota com vocês nesses últimos dias. – Colocou uma mecha do cabelo dela atrás da orelha.

– Bota uma coisa nessa sua cabeça dura,seu mané. Não importa o que aconteça,muito menos quantas burradas você faça. Eu sempre vou estar aqui por você! Nem que seja pra puxar sua orelha. – Riu com a última frase,e Pedro a acompanhou,beijando sua testa.

Pedro também se desculpou com Duca e o abraçou,sem conseguir escapar de um pescotapa,que ele aceitou sem pestanejar.

– A próxima vez que tu der tanto trabalho assim,eu mando a Gertrudes janela abaixo,falou?

Pedro riu cúmplice e prometeu que não faria mais aquilo.

– Tá,mas.....quem é Gertrudes? – Bianca perguntou,confusa.

– Ah,é a minha guitarra. – Pedro riu alto,sem crer que ela não sabia. – Esse sequelado aí que deu o apelido,e cê sabe que quando ele cisma com uma coisa,não tira da cabeça,né?

– Que culpa eu tenho se ela tem cara de Gertrudes? – Duca se defendeu.

– E você tem cara de idiota,mas seu nome não é esse. – Os dois riram e ele lhe deu o dedo do meio.

– Ah,falando em guitarra,a Sol ligou agora pouco,te chamando pro ensaio na Ribalta.

– Ok,vou ligar pra ela avisando que não vou. – Pegou o telefone sem fio da sala e discou os números conhecidos.

– A ressaca tá forte,né Pedroso? – Duca zombou.

– Também,mas....não é só isso. – Se justificou,após desligar o telefone. Sol reclamou,mas prometeu que depois explicaria tudo,e pediu para Nando substituí-lo. – Eu não vou porque quero passar meu dia aqui com vocês,como nos velhos tempos.

Bianca sorriu abertamente,não poderia estar mais feliz. Correu até o irmão e o abraçou. Ele sorriu de volta,a girando no ar. Naquele momento,os dois tinham o mesmo pensamento,a forte esperança de que tudo,aos poucos,voltaria ao normal.

– X –

João estava esperando por Fira. Ela estava atendendo um humano que estava preso no Purgatório,e avaliava se ele tinha mesmo condições de ir para o céu.

Até onde ele sabia,ela era a única que tinha notícias de Karina. Desde que fora decretada sua prisão perpétua,ele não tinha mais contato com ela. Nem mesmo ele ou as anjos da Ouvidoria dos Pedidos puderam falar com ela.

E tudo se tornou pior quando ele recorreu a setença do juiz de paz,alegando o sequestro de Lúcifer como um fator atenuante para tentar diminuir sua prisão. Gael não gostou nada,e veio tirar satisfações com ele.

Alegou que o que ele tentava fazer era errado,e que o melhor no momento para a pequena loira era o isolamento. Tinha esperanças que assim ela esqueceria Pedro,e que seu passado não se repetisse com ela. Tudo o que ele não precisava era um humano se apaixonando por um anjo.

João discordou veemente,argumentando cautelosamente seu equivoco,para não deixando escapar sobre seus planos com Fira. Tomado epal raiva e pela petulância do anjo certinho,o proibiu de ter qualquer contato com a loira.

Desde então,vinha recorrendo a anjo mais velha para ter notícias dela,sempre que podia estavam em contato. Conseguiu saber por ela que seu maior medo no momento já havia se concretizado: Karina estava com raiva dele,magoada,por achar que ele havia a esquecido,deixado de lado.

E ainda tinham seus sentimentos por Bianca. Era impressionante o fato de como tudo ali lembrava ela. O céu azul,as nuvens brancas como sua pele,o canto dos pássaros no final de cada tarde,o pôr do sol. Nada se comparava a dor de ter que deixa-la. Nunca em toda sua vida havia sentido tanta dor,latejante e incessante,contra seu peito. Seus pensamentos sempre davam um jeito de voltar para ela,da mesma forma que ele queria voltar.

Tudo o que queria era se conformar que ela não era seu destino.

– João? – Fira surgiu diante dele. – Desculpe pela demora,o último dia me deu mais trabalho do que eu poderia imaginar. – Ele apenas assentiu.

– Como é que a K tá?

– Ela está melhor,não se preocupe. – Ela tentou tarnquilizá-lo. – Mas porque eu sinto que essa sua aura triste e desbotada não tem só a ver com ela?

Por um segundo,João se assustou com a pergunta. Estava tão aparente assim? O fato é que Bianca fazia uma falta absurda,e ninguém precusava conhece-lo muito para saber disso. E aliando isso ao fato de que Fira o conhecia como ninguém,não poderia esperar outra coisa.

– Não é nada,Fira. – desconversou,tentando mudar o foco da conversa. – No mentefone você havia me dito que tiha uma coisa importante pra me dizer....O que era?

– Algo que vai alegrar seu dia! – João esperou ela completar a frase,e quando ela o fez,permaneceu em choque por alguns segundos. – Eu consegui!

– Você o quê? – Ele perguntou,perplexo. Ela sorriu em resposta,com um papel em mãos.

– Veja você mesmo. – E lhe entregou o papel,onde tinha a salvação para o seu maior problema.....E os de Karina também.

– Eu preciso contar pra ela! – João não cabia em si de tanta alegria. Sentia que podia dominar o mundo com aquele sentimento.

Finalmente uma luz no final do túnel.

– Pode ir,eu acoberto você. Eu dou um.....ahn,como eles dizem lá na Terra mesmo? Um sumido,um abandonado...

– Um perdido,você quis dizer. – Explicou entre risos,e viu a anjo chefe assentir.

Sem perder mais tempo,foi ao encontro de Karina.

– X –

Pedro estava na sala,junto com Duca e Bianca,enquanto decidiam o que iriam assistir na tv. Nnenhum filme estava passando,resolvendo então migrar para o Netflix.

Depois de muitas brigas,acabaram se decidindo por ver a Usurpadora,o maior ápice de drama estilo novela mexicana que ele já havia visto. Riu com Bianca vendo Duca dublar as gêmeas.

– Fala sério,nem o Ed faz tanto drama assim. – Duca afirmou.

– Você fala isso porque não viu o estado dele na peça. – Bianca riu ao se lembrar. – Parecia que o coitado ia ter um fliquiti.

– Não,era mais fácil ele cair duro ali mesmo,isso sim. – Pedro corrigiu.

– Tá vendo? Por isso que eu não gosto dessas paradas de teatro. Prefiro meu Muay Thay,limpo e honesto. Se o cara cair duro,de umas,uma: ou foi nocauteado,ou tá morto.

– Ai,Duca,credo! – Bianca fez careta pro comentário.

Algumas horas depois,os dois já estavam dormindo. Pedro desligou a tv e deitou no sofá,fechando os olhos. Cairia no sono ali mesmo.

No entanto,ele não veio. Muito pelo contrário,aquele ato o deixara muito mais desperto. Tudo porque,ao fechar os olhos,tudo o que vinha em sua mente era a imagem de Karina.

Suspirou fundo. Ele não podia continuar assim. Tão vulnerável,tao dependente dela. Somente dela,por ela. Nunca havia sentido nada parecido,mas agora que sentia,desejava nunca ter conhecido o amor. Ou talvez não o amor,mas aquele sentimento de dor,culpa e raiva,que o queimava por dentro,deixava marcas visíveis até mesmo a olho nu. Marcas que o deixavam transparente como um livro aberto.

Foi com esses pensamentos que pegou as chaves do carro e saiu porta afora. Entrou no veículo e fechou a porta sem se importar com a força ou com que horas eram. Deu partida no carro,sem saber seu destino.

Mas seu inconsciente parecia saber,muito bem. E mais uma vez percebeu que estavam em desacordo,pois se surpreendeu ao perceber aonde estava.

Num beco sem saída. Escapamentos de carros. Uma fumaça empesteante de uma substância que ele conhecia bem.

Estava de volta ao Racha.

O que ele fazia ali,não sabia dizer. Desde o acidente,ele não colocara mais os pés ali. Não conseguia entender o que se passava em seu interior,mas adentrou o local mesmo assim. Talvez fosse bom,rever alguns amigos quem sabe? Ao menos Meião,Pão com Ovo e Churrasquinho,ele poderia chamar assim. Aliás,deva um agradecimento a eles. Se não fossem pelos três,ele não estaria ali naquela noite.

– Pedroso.... – Meião disse,ao vê-lo.

– Fala,Meião. Beleza,cara?

– Tudo na paz,irmão.....mas e tu,como tá? – Perguntou,se refrindo ao quase acidente.

– Tô bem também. – Tentou dizer de uma forma convincente.

– Se você tá tão bem quanto diz,o que tá fazendo aqui? – Churrasquinho perguntou.

– E-eu....não sei. – Deixou sua voz vacilante falar por ele.

– Eu também não,mas sei que é melhor tu dar o pé daqui. – Mandou direto. Percebeu que Pedro não havia entendido,e tratou de explicar. – Seguinte,cara: esse lugar,isso aqui.....não é pra você. Tu não pertence a essa vida,essa realidade não é a tua.

– O Churras tá certo,mano – Pão com Ovo completou – Nós praticamente nascemos nesse mundo,é algo quase natural pra gente. Agora você....um cara boa pinta,de bom coração,um guitarrista foda,com um futuro pela frente.....não merece nada disso.

– Mas vocês também tem bons corações,são pessoas boas. Também não merecem isso! – Pedro tentou argumentar.

– Valeu aí brother,mas não é tão fácil assim... – Meião respondeu. – Vai na paz,te desejo tudo de bom.

– A gente se vê por aí. – Afirmou,acenando não como um adeus,mas como um até logo. Não ali,nem fazia de onde seria,mas sentia que os encontraria novamente.

– Olha só quem temos aqui. – Uma voz conhecida o fez parar.

Jamais imaginou ouvir sua voz novamente. Jamais imaginou encontrar,ficar frente a frente com alguém que lhe fizera tão mal......Mas ali estava ela.

– Priscila.

– Confesso que estou surpresa por te ver aqui,Ramos. – Seu olhar o media de cima a baixo,sua voz tinha uma malícia palpável. Se aproximou a passos lentos,sentindo suas botas de salto fino e cano alto noticiarem sua presença a cada passo que dava. – Mas é como dizem....o bom filho a casa torna.

– Eu não voltei,Priscila. Só vim rever uns amigos,já estava de saída.

– E ia sair daqui sem me dar nem um oi? Ai Pê,que coisa feia. – Ironizou,e Pedro só conseguiu pensar em como seu apelido saía sujo da boca dela.

– Eu não tenho nada pra falar com você. – Afirmou com os olhos fixos nela,seu maxilar trincado.

– Tem certeza? Porque eu não teria tanta assim.... – apesar da noite,Pedro pode perceber claramente que um brilho diferente havia tomado conta de seus olhos.

– É claro que eu tenho.

– Então prova. – Pediu,mordendo o lábio inferior. Antes que ela pudesse dizer como,Pedro tomou seus lábios nos dela,sem saber como havia chegado ali.

Foi um beijo rápido e intenso,mas ele não havia sentido nada. Nem desejo,muito menos algo além disso. No entanto,ela parecia satisfeita.

– É,foi melhor do que eu esperava. Deu até saudade.... – aproximou sua boca do ouvido dele,sussurrando. – Mas não é assim que eu quero que você prove.

– O que quer dizer com isso? – Perguntou,já sem paciência. Sense tia culpado por seu ultimo ato,tudo o que queria era sair dali.

Mas não demorou a entender aonde ela queria chegar,ao seguir seu olhar. Um carro,numa pista de terra.

– Uma competição vai começar agora,você sabe que é fácil te colocar dentro de um desse,agora. – Seu olhar desafiador cruzou com o olhar confuso e surpreso de Pedro. – Acelera nesse carro. Se você ganhar,eu acredito em você,não te procuro mais.

O que ele tinha a perder? Mais uma vez aquela frase ecoou em sua mente,mas ele estava confuso demais para raciocinar o contrário. Por um segundo,mandou a promessa que havia feito mais cedo pelos ares. Talvez sentir a adrenalina tomando conta de seu corpo não fosse lá uma má ideia. Ele só precisava ter controle sobre o carro – o que seria fácil,considerando que ele estava sóbrio – e estaria tudo certo.

Antes que sua consciência o mandasse desistir daquela loucura,entrou em um dos carros e deu partida assim que foi dada a largada.

Dirigiu normalmente,acelerando de leve em alguns momentos. Sua intenção era se entregar a adrenalina. Se ganhasse,seria um adicional. Não tinha que provar nada a Priscila,estava mais que claro que não sentia nada por ela. Nunca sentira.

Foi então que ouviu sua voz. Aquela voz. Clara e doce. Alta e nítida. Karina ecoava em sua mente,de uma forma que ele nnca havia sentido antes.

A hundred days have made me older

( Cem dias me fizeram mais velho)

Since the last time that I saw your pretty face

(Desde a última vez que vi seu lindo rosto)

A thousand lies have made me colder

(Milhares de mentiras me fizeram mais frio)

And I don't think I can look at this the same

(E eu não acho que possa olhar para isso da mesma maneira)

But all the miles that separate

Mas toda a distância que nos separa)

They disappear now when I'm dreaming of your face

(Ela desaparece agora, quando estou sonhando com seu rosto)

‘’Pedro,não!’’

Ele sentiu cada parte de seu corpo corresponder aquela voz. Seus músculos se resetaram enquanto sua mente dava voltas maiores que as que ele fazia. Pensou em parar o carro para poder recobrar sua consciência,mas sabia que tinha grandes chances de bater o carro caso o fizesse.

I'm here without you, baby

(Estou aqui sem você, amor)

But you're still on my lonely mind

(Mas você ainda está em minha mente solitária)

I think about you, baby

(Eu penso em você, amor)

And I dream about you all the time

(E eu sonho com você o tempo todo)

I'm here without you, baby

(Estou aqui sem você,amor)

But you're still with me in my dreams

(Mas você ainda está comigo em meus sonhos)

And tonight, it's only you and me

(E esta noite, somos só você e eu)

‘’Pedro,para esse carro,pelo amor de Deus!’’

A voz insistia,lhe tirando o resto de sanidade que lhe restava. Retirou o que havia pensado sobre seu estado. Ele não estava nada sóbrio. Estava bêbado,e seu vício era Karina.

Everything I know, and anywhere I go

(Tudo que eu sei, e qualquer lugar aonde eu vá)

It gets hard, but it won't take away my love

(Isso se torna difícil, mas não vai tirar o meu amor)

And when the last one falls, when it's all said and done

(E quando o último cair, e quando tudo estiver dito e feito)

It gets hard, but it won't take away my love

(Isso se tornará mais difícil, mas não vai tirar o meu amor)

Por mais insano que parecesse,ele sabia que a voz sumiria se ele parasse aquele carro. Seus pensamentos estavam tão ecelerados como a velocidade do carro. Ele precisava de mais,necessitava ouvir sua voz pelo resto daquela noite. Era a única maneira de tê-la tão perto. Pedro não pensou duas vezes ao acelerar o carro mais e mais.

‘’Por favor,não faz isso....vai pra casa,amor. Eu tô implorando....’’

A voz de Karina era desesperada,mas Pedro deixou-se inebriar pelo som de sua voz. Era como música para seus ouvidos,um alento para sua dor. Sua voz era seu oásis,o seu céu na Terra. Era capaz de acalmá-lo,lhe tirar o chão,o deixar fora de si....

E sem atenção.

O grito estridente e doloroso de Karina fora a última coisa que ouvira,ao ver um carro derrapando na pista e colidindo em sua direção.


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Notas finais do capítulo

EITAAAAA NÓIS DNFNFMLGFNHLGNJGJ gostaram do cap? e da volta da priscila? nem tava esperando,imagina vcs né hahahahah vcs JÁ VIRAM que no proximo tem MUITA COISA por vir né? descobertas,acidente......não vejo a hora de escrever! Fico muito feliz que estejam gostando tanto da fic,me dá gás e animo de escrever cada capitulo! Espero que vcs tenham gostado desse tbm,quero TODO MUNDO COMENTANDO MUITOOOOOO!!! Sério,coloquem esses dedinhos pra exercitar,não custa nada e me deixa muito feliz. A opinião de vcs é tudo pra mim,sem elas a fic nao teria chegado aonde chegou. Comentem,favoritem,acompanhem e recomendem muito! Me sigam no twitter @vittiverfeliz e me amolem muuuito por lá,me xinguem,mas apareçam por lá viu? É isso pessoal,um beijo grande e até o próximo!