Motsatt escrita por Monique Góes


Capítulo 29
Capítulo 28 - Um Jogo Doentio


Notas iniciais do capítulo

Bem, já que essa fic flopou totalmente - pelo menos nos últimos capítulos -, vou postar tudo o que resta hoje. Talvez eu poste o prólogo de Senhor dos Dragões, a continuação.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/557721/chapter/29

Capítulo 28 – Um Jogo Doentio

Com um ofego desesperado, Dante nadou até a superfície, se deparando com um lugar totalmente diferente. Era um lago milhares de vezes maior que o qual havia entrado, e havia um conjunto de pedras ali que erguiam-se, uma por cima das outras como se fossem blocos de concreto, com a vegetação curvando-se sobre elas como se fossem dedos verdes.

No alto das pedras havia um homem. Ele era alto, sua pele era tão branca que era praticamente translúcida, e o cabelo estava escondido sob um capacete que parecia ser feito de gelo, entremeado com um tipo de material que Dante não identificou. Apenas olhou para o seu braço, onde ele segurava Zia que jazia recurvada, inconsciente.

– Vocês Galrdai... – O homem começou. – Sinceramente, sempre trazendo problemas.

Com um grunhido, Dante foi até algum lugar mais raso, onde relegou-se a encarar o homem de maneira furiosa, sentindo os machucados que adquirira arderem. Sua camisa estava em farrapos, havia hematomas e cortes em sua pele e havia perdido seus sapatos enquanto fora arrastado.

– Porém, olhe que interessante... Parece que vocês funcionam de forma mais parecida conosco do que eu imaginava. – Ele virou-se para Zia, e se Dante pudesse voaria em seu pescoço quando ele simplesmente rasgou a camisa que ela usava, revelando as bandagens. – Que criaturinha interessante... Bem, Galrdai, já que estamos os três aqui, por que não jogamos um jogo?

– O que merda você está falando? – grunhiu. Estava literalmente encharcado até os ossos. – Solte-a!

– Por que Galrdai? – O elfo das neves soltou uma risada sonora. – Vamos continuar com este teatrinho, não é? Deixa as coisas mais divertidas...!

Com um estrondo, a água levantou-se, indo inicialmente o que Dante pensou ser em direção ao Bergal, porém logo percebeu ser Zia. Exasperou-se, pensando que ele fosse ataca-la ou fazer algo do tipo a ela enquanto Dante não conseguisse alcança-la, mas o que ele realmente fez causou ao rapaz à arregalar os olhos. Ele literalmente transformou Zia diante de seus olhos. A água a envolveu como um casulo, e viu claramente as cores brotando dentro do líquido que parecia tornar-se mais rarefeito assim que assumia suas formas.

As roupas masculinas que ela usava simplesmente desapareceram, assim como as bandagens que cobriam seus seios, braços e pernas, dando lugar às roupas mais suntuosas que Dante já vira. A saia era feita por diversas sobreposições de tecidos brilhantes e semitransparentes, variando entre o azul cobalto e o violeta, preso aos seus quadris por um largo cinto dourado incrustado de pedras. A peça que cobria seu tronco chegava-lhe até um pouco abaixo de seus seios, violeta, com diversos bordados que assemelhavam-se à flores feitas de fogo. Havia também joias, um grande colar em seu pescoço, com braceletes e pulseiras de ouro em seus braços.

Não soube o que ele fez, porém o cabelo de Zia também havia crescido. Os fios caíam até quase depois de seus quadris, trançados com fios de ouro e pérolas. Havia um diadema em sua testa, preso a um véu translúcido também violeta.

Mas o que realmente pregou os olhos de Dante foram os braços expostos. Recordou-se imediatamente da visão que tivera, daquela garota. A pele de Zia era recoberta de desenhos intricados e sinuosos, como tinta se houvessem sido feitas por tinta dourada. Estava longe, o que não lhe permitia ver maiores detalhes.

E algo lhe dizia que ela não ficaria muito feliz quando acordasse.

– O... O que você fez com....

– Bem melhor, não? – o homem soltou um suspiro, e uma fina corrente de água se formou envolta da cabeça de Zia, quase como uma coroa de cristal. – Que tal algo divertido, um jogo de faz de conta? A princesa em perigo, o herói em pedaços para salvá-la, mas de quê?

A água começou a borbulhar. Dante olhou imediatamente na direção, alarmado, e vinha bem do centro do lago. Com um ruído furioso, o que quer que fosse saltou para fora, e o ruivo percebeu que era apenas sua cabeça e pescoço. Pensou em o quão condenado estava quando percebeu o que era.

–... O que acha de um dragão?

O ser era imenso. O pescoço escamoso era azul gelo, erguendo-se à quase dez metros de altura com as escamas reluzindo no sol fraco, a cabeça ligeiramente triangular, com um focinho semelhante ao de um cão. Os olhos eram brancos, com sua esclera completamente negra, e se voltaram imediatamente para Dante.

– Vê esta coroa na cabeça dessa garota, Galrdai? Você tem três minutos para conseguir passar de meu amigo, senão a cabeça de sua linda princesa irá se explodir em pedacinhos aqui, ali, e outros muito mais distantes...

Só teve tempo de abrir a boca, antes do dragão saltar sobre si. Ele arrastou-o, levando-o para o fundo do lago. Três minutos? Três minutos?! Só tinha três minutos para passar da porcaria de um dragão e tirar aquela coisa que ele havia posto na cabeça de Zia?! Era isso?!

A escuridão já era quase total na profundidade que estava quando conseguiu se soltar do fluxo de água que o puxava. Percebeu que respirava quase que normalmente, embora o ar parecesse denso em suas narinas – já que não era ar, e sim era água. -. Olhou envolta, à procura do dragão que simplesmente desaparecera. Qual era a profundidade daquele lago?! Parecia não ter fim.

“Se acalme. Você pode controlar água. Não é hora de fazer birra quando for fazê-lo.” Pensou. Concentrou-se na sensação gelada da água, em sua textura, e concentrou a que se encontrava sob seus pés. Imediatamente sentiu a pressão juntando-se em seus pés e foi impulsionado para cima numa velocidade que poderia ser considerada aterradora.

Foi seu olho direito que identificou a criatura. Era rodeou algo que não soube o que era, e como uma grande serpente branca, atirou-se furiosamente em sua direção. Trincou os dentes. “Mais rápido”. A velocidade se tornou ainda maior, porém não o suficiente. O dragão veio em sua direção, a boca escancarada, pronto para dar uma mísera mordida que seria fatal.

A água em sua mão se moveu, e se estendeu como um escudo em frente à si. O dragão atingiu-a com força total, quase arremessando Dante mas não conseguindo quebrar a barreira. Com um grunhido ergueu uma perna e acertou um chute na água, que foi como um torpedo em direção ao dragão, que com uma espécie de ganido pareceu ficar tonto.

A luz já surgia na superfície do lago, e apenas cerrou seus olhos. Voou para cima da superfície do lago, enquanto era impulsionado por um redemoinho. Viu o olhar surpreso do Bergal, que apenas assistia à tudo com as mãos nos quadris, e este deixara Zia recostada à uma pedra. Dante ergueu uma mão, o calor concentrando-se ali e atirou uma bola de fogo no homem enquanto se direcionava com a mesma velocidade em direção à garota.

Ao fim da explosão não havia qualquer sinal do homem, porém não se importou. Saltou na pedra, correndo até Zia. Pegou-a pelos ombros, e tentou tirar aquela coroa de sua cabeça. Ela fazia uma pressão surpreendente, como se estivesse colada e apertada contra a pele, mas com uma boa dose de esforço – e calor – conseguiu quebra-la. Soltou um bufo, atirando os cacos para longe de si e voltou-se novamente à moça.

– Zia? – Chamou, pegando-a pelo rosto. – Está me escutando, Zia?

Ela soltou um gemido. Era aquilo que a deixava inconsciente? Ao menos fora rápido o suficiente, porém um estrondo e antes que visse o que era, sentiu. Em seu ombro. Frio como gelo e mortalmente afiado: As presas do dragão. O grito que quis soltar foi logo engolido pela água quando o ser simplesmente saltou sobre as pedras, direcionando-se à outra metade do lago, atrás das pedras.

Bateu em seu focinho, tentou esquentar-se – mesmo sabendo que era inútil estando submerso -, tentou ainda ataca-lo com a própria água, mas o dragão não o soltava. Dante sentia a cabeça rodar, a dor aguda no lado esquerdo de seu corpo e via o sangue estendendo-se pela água à medida que o dragão o afundava cada vez mais. As presas apertaram-se mais uma vez e com um estalo sentiu seus ossos se partindo. Revirou os olhos, e seus dedos acabaram-se direcionando-se como garras ao focinho do dragão.

– Me solte!

A pressão fazia os ouvidos de Dante doerem. Suas costas doeram e sentiu como se a imagem do dragão presente nelas se contorcesse, fazendo-o se contorcer em conjunto. Grunhiu mais uma vez e mais uma vez disse:

– Me solte!

Houve algo nos olhos do dragão. Era... Dúvida?

– Me solte!

Bateu mais uma vez no focinho e dessa vez o dragão abriu a mandíbula. Girou na água, e com um silvo, levou a mão até os ossos quebrados. Doía demais, demais. Sua respiração saía em ofegos ríspidos, o sangue flutuando como uma cortina etérea a sua volta. Sentia as pontas ásperas dos ossos se roçando a cada vez que puxava o ar – água – de forma agonizante.

Algo tocou suas costas nuas. Sentiu que era o focinho do dragão e se enrijeceu, pronto para mais um ataque. Porém, este não veio. O que veio foi uma voz profunda e enrouquecida.

– Dragonês?

Piscou.

– Você fala?

– Dragonês? – o dragão repetiu. – Estão de volta?! Depois de tantos milênios?!

–... Do que... Do que você está falando?!

Simplesmente o dragão rodeou, praticamente pondo o focinho em seu peito, se impulsionando mais uma vez. Dante ofegou com o contato entre a água corrente e seus ferimentos, e a pressão dela o fez girar, indo cair sobre o pescoço do dragão. Por reflexo agarrou-se aos pelos que estavam ali, quase como crinas de cavalo. O ser foi numa velocidade furiosa até a superfície, e dessa vez, quando ele rompeu a barreira entre a água e o ar, não conseguiu se segurar. Dante permaneceu na água, a dor aguda em seus membros.

Escutou o som de quem saltava na água, e as mãos de Zia o puxaram, fazendo-o erguer a cabeça fora da água.

– Mas o que está acontecendo?! – ela olhou preocupada para seu ombro. – Ai não...

– Parece que nos envolvemos em problemas um pouco maiores do que podemos resolver... – Dante gemeu. Ela ergueu seu braço bom, fazendo-o se apoiar nela mais uma vez, e deu o comando para que a água os impulsionasse até as águas rasas.

Zia o pôs sentado sobre as pedras que formavam a margem. Dante arfava, já tonto. Havia perdido muito sangue e continuava a perde-lo, e sinceramente, só queria que a dor parasse. Ouviu um som que não conseguiu identificar, e sentiu Zia puxando-o mais para perto, abraçando-o de forma protetora.

– Não faço a mínima ideia – ouviu novamente o som da voz daquele Bergal. Teve vontade de manda-lo ir pastar. – do que você fez com o dragão, porém conseguiu deixa-lo fora de combate. Meus parabéns. Agora princesa, se afaste dele.

– Vá a merda, eu não sou nenhuma princesa! – Zia exclamou. – Não sei o que você fez comigo, mas não vou sair do lado de Dante, principalmente depois de como ele ficou!

Ouviu novamente a risada debochada daquele homem.

– A escolha é sua, então.

O estrondo se fez ouvir, e erguendo minimamente o olhar, Dante viu que o Bergal erguera a água mais uma vez, congelando-a, e a atirara como uma imensa lâmina que vinha pronta para cortá-los ao meio. Tentou se mover, apelando novamente para seu controle de água, porém Zia foi mais rápida. Ela ergueu a mão e o fogo brotou, azul turquesa, que foi em direção ao gelo como uma onda intensa e furiosa, chocando-se contra ele com um estrondo semelhante a um trovão.

Ambos os ataques pareceram se estagnar. O fogo de Zia não se movia em direção ao homem, nem o gelo dele em direção aos homens. Os olhos de Dante foram ao braço erguido, vendo o intricado e delicado padrão dourado de flores que pareciam ser feitas de fogo, as curvas entre elas eram como ondas do mar. A mão da garota era repleta daqueles desenhos, tomando inclusive a extensão de seus dedos, unhas e palma.

E o desenho parecia brilhar.

Ouviu-a grunhir de esforço, os olhos verdes determinados. Ela não o soltava, e com um impulso, intensificou as chamas. Os desenhos sobre sua pele brilharam ao ponto de ficarem brancos, e Dante fechou os olhos com aquilo, incapaz de suportar a claridade. A força do fogo provocava uma onda de calor que direcionava-se à eles como uma massa de ar quente que quase os fazia levantar voo. Sentiu o sangue secando em seus ferimentos, e simplesmente ouviu-a gritar:

– Vá para o inferno, desgraçado!

Um estrondo novamente como um trovão e um clarão, acompanhado por um grito de profunda agonia. Dante piscou, olhando para cima e forçando-se a manter a consciência, vendo a bola de fogo sobre um redemoinho de água, percebendo que era o Bergal. Admitiu sentir-se vagamente satisfeito ao vê-lo naquele estado, antes que ele caísse na água.

– Acho que ele morreu.

– A intenção é que ele tenha.

Contrariando as expectativas de ambos, a água se agitou e com uma explosão, ao invés de um redemoinho, uma esfera de água subiu, mantendo-se flutuando em pleno ar. Zia moveu-se, pronta para outro ataque, porém viu na realidade outro homem: Metade de seu corpo era queimado, careca e sem sobrancelhas. Estava completamente vestido de branco e trazia algo extremamente queimado debaixo de seu braço. Ele apenas olhou para os dois, entortando sua boca ligeiramente antes de desaparecer.

– Temos que voltar... O celeiro, os meninos...

A visão de Dante escureceu, assim não ouviu a resposta de Zia. O que sentiu foi apenas a frieza da água e os braços dela firmes envolta de si. Permitiu-se descansar entre eles, a dor finalmente parecendo se apaziguar de forma entorpecente. Já havia sentido dor demais para um mísero dia. Ainda mais dor do que no dia em que resultara na visão de seu olho direito.

Quando pareceu voltar à si, sentiu-se sendo carregado por alguém que seguia a passos rápidos. Havia outro alguém segurando-o pelo tronco do lado machucado.

– Gah, ele consegue ser ainda mais alto do que nós!

– Deixe os comentários para depois e continue andando! Ele ainda está perdendo sangue!

Os passos se identificaram e ouvia o tintilar de metais e o roçar de tecidos próximo a si, e esses deram-lhe quase a certeza de que era Zia.

Ouviu vozes. Várias vozes, exclamações de surpresa, chamados. Sinceramente não deu muita importância. Apenas quase crispou-se com a dor novamente quando foi pousado no chão, sentindo a grama sob si. O cheiro de queimado preencheu suas narinas, e quase sentiu a movimentação envolta de si.

Apenas conseguiu se concentrar na dor apaziguando com um calor quase confortável. Permitiu-se abrir os olhos, vendo o irmão de cabelos prateados com uma expressão concentrada e um ratinho branco extremamente próximo ao seu rosto, mexendo seus bigodes nervosamente.

– Terminando com Esben você tem que ver o que pode fazer com Phaeron...!

– Eu sei Aegis, eu sei...

– Sinceramente, por que eu sou a única Denor que consegue escapar ilesa?

– Porque você prefere ficar dormindo nas minhas roupas ao invés de vir me proteger.

Ela começou a soltar guinchos extremamente agudos que feriram as orelhas de Dante. Fez uma careta, atraindo a atenção de seu irmão.

– Você está bem? – ele deu um tapa na ratinha que a fez voar longe. Ela continuou gritando à distância.

–... Melhor. – levou a mão ao seu ombro, percebendo os ossos no lugar, embora ainda houvesse o ferimento aberto. -... Você consegue curar?

Assentiu, voltando-se ao ferimento e Dante não deixou de captar a cor do irmão com o olho direito. Ele era completamente branco, quase como o dragão de antes. Fechou seu olho. Sua cabeça doía diante o tanto de tempo que teve de suportar as duas visões se chocando.

Procurou por Zia, vendo-a não muito distante de si. Inicialmente viu-a do mesmo modo, com as roupas e joias suntuosas postas por aquele Bergal e os cabelos extremamente longos. Mesmo que se apresentassem úmidos, ainda via as joias presas a eles sob o véu translúcido violeta. Percebeu que Callisto a encarava com uma expressão

– Pronto, acho que está tudo no lugar. – o irmão olhou para Dante. – Caso não saiba, me chamo Naphees. Os outros dois são Vannes e Klodike. O de cabelo comprido é Vannes e o de cabelo mais curto é Klodike.

O ruivo assentiu, levando a mão até o ombro. Estava tão intocado como se o dragão não houvesse o atacado, como se nunca houvesse furado a pele e nunca houvesse quebrado os ossos. Sentou-se, vendo Nero pegar cuidadosamente a águia inerte, o que acabou fazendo-o arregalar os olhos. Phaeron trazia diversos buracos em seu torso e em suas asas, e, sinceramente, não sabia dizer se o Denor estava vivo ou morto.

Deveria ter estranhado quando ele não o seguira, não deveria? Haviam-no atacado enquanto dormia, ou fora quando saíra?

Ergueu o olhar. Havia um homem loiro e outro de cabelo azul. Ambos simplesmente pegavam os corpos espalhados pelo chão e jogavam nos restos carbonizados do celeiro. Olhando envolta, não havia sinal dos meninos. Haviam debandado.

Levantou-se. Mesmo com o ferimento fechado, seu corpo se encontrava dolorido. Certamente aquele fora o pior dos dias até então. Zia foi até ele, tirando o a saia do caminho para poder andar livremente. Piscou. As marcas que ela tinha haviam subido, literalmente. Em sua testa havia a mesma flor que havia visto naquela garota, Lyb, e sob seus olhos havia uma fina corrente de desenhos entremeados. Só voltou a prestar atenção no mundo quando ela o abraçou com tanta força que deu um tranco.

– Fico feliz porque pelo menos uma vez em que você praticamente perde a consciência, algo ruim não acontece. – Dante acabou rindo de maneira contida. – Mas como você está? A ferida está fechada, mas...

– Estou bem. Dolorido, mas bem. – respondeu. – E você?

– Tentando entender o que aquele Bergal fez comigo, mas tudo bem. – ela deu um suspiro. – Você tem três irmãos gêmeos. Aí está algo que eu jamais imaginaria.

– É... – olhou envolta mais uma vez. – Os meninos se foram, o celeiro se foi... Onde está Heidi?

– Com aquele seu irmão ali... – Zia apontou para Winter, um pouco mais afastado. Heidi estava abraçada ao seu pescoço, a cabeça pousada em seu ombro. Ele a embalava ligeiramente como se quisesse que ela dormisse, e parecia estar tendo sucesso. – É impressão minha ou ela está...

– Brilhando. – confirmou. A tenra luz emanava da criança, como fogo. Pensando melhor, mesmo que ela estivesse tossindo quando entrara no celeiro, ela não estava vermelha devido ao calor nem havia sido atingida pelas chamas. Porém estava tão desesperado no momento que sequer reparara no caso. – Ela deve ter visto tudo. Todas as mortes e tudo mais. – bateu na própria testa.

– Agora o estrago está feito. – Zia replicou, e quando Dante percebeu, estava recebendo bicadas no rosto.

– Ai!

– Por que você adora se meter em confusão?! – Phaeron questionou num tom zangado.

– Não era você que estava quase morrendo há um minuto?! Ai! – reclamou ao receber mais uma bicada. – Não é exatamente minha culpa, agora para!

Percebeu então os que estavam ali se aproximando. Os seus irmãos e mais três homens. Havia os dois de antes, o loiro e o de cabelos azuis, além de um ruivo de cabelo ondulado. Este ergueu a mão em direção à imensa pilha de corpos, fazendo-as se incendiar. O odor forte de carne queimando fez Dante torcer o nariz.

– Não faço a mínima ideia de como você conseguiu entrar em contato com Naphees. – disse – Mas foi bem a tempo.

– Esse foi um senhor ataque, não? – O loiro constatou, pondo as mãos nos quadris. Ele parou e pareceu encarar o olho exposto de Dante.

– Sim. E não é o tipo de coisa que passa despercebido. – o ruivo voltou a cruzar os braços. – Tudo isso para apenas uma pessoa... Chega a ser insano. Temos de voltar a Aurtrai agora, e seguir viagem.

– Ei – Jake chamou a atenção de Arenai. Olhando para baixo, Dante viu em suas mãos as espadas dele e de Zia – e quanto à eles? Quer dizer...

– Veremos o que vamos fazer lá. Enquanto estivermos aqui, mais Bergais podem chegar e termos mais uma luta.

Dante abriu a boca, mas logo a fechou. O que falaria? Objetivaria contra voltar para o mundo que nasceu? Seria loucura agora. Poderia ter alguma vontade de permanecer no celeiro, mas o celeiro não existia mais. Não sabia para onde os meninos haviam ido nem para se despedir, então não havia o porquê de continuar ali. Olhou para Zia, e então para Heidi. Se elas estavam indo com ele, não se sentia tão mal por isso.

Assim, quando eles começaram a entrar nas chamas, apenas os seguiu. Não pensou demais, apenas deixou que o fogo o envolvesse. Quando deu por si, estava numa floresta totalmente diferente da que existia próxima ao celeiro. Era a floresta que vira quando entrara em contato com Nero. Estava claro, haviam seis cavalos ali, e as coisas estavam espalhadas no chão enquanto a garota que vira anteriormente olhava assustada para algo.

– Maya? – Nero a chamou. – O que houve?

Ela apenas apontou. Dante saiu do caminho e olhou, sem entender. Havia um rastro de fogo baixo pelas coisas e pela vegetação rasteira, e seguindo o caminho, foi dar a um homem caído contra uma árvore, com uma armadura de couro em pedaços. Estava imundo e machucado, sua cabeça pendia indicando que estava inconsciente, o capuz negro cobrindo-lhe o rosto. Ainda havia uma espécie de moeda de cristal, quase do tamanho de sua mão, presa entre seus dedos.

Arenai foi até ele com passos largos, erguendo sua cabeça e tirando-lhe o capuz. Arregalou os olhos dourados.

Rhelt?!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Motsatt" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.