Motsatt escrita por Monique Góes


Capítulo 15
Capítulo 14 - Uma Aparição Esquecida


Notas iniciais do capítulo

Tudo o que tenho a declarar: FÉRIAAAAAAAAAAAS, EU ESTOU DE FÉRIAAAAAAAAS
Mas agora vou pro terceiro ano ;-; Quero voltar pra quarta série ;-;
Bem, eu escrevi este capítulo lutando contra as minhas provas finais, então saibam que vou culpar vocês se ficar de recuperação -q (mentira, pq passei praticamente no terceiro bimestre).
Só uma coisinha, há alguns capítulos, o Arenai disse que tinha 64 anos. Eu errei a conta: Ele tem 74. Errei por dez anos, é que eu esqueci que Rhelt, o filho dele, tem 50 anos D: Sorry.
Bem, é isso, espero que gostem do capítulo!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/557721/chapter/15

Capítulo 14 – Uma aparição esquecida

Normalmente seria constrangedor perceber-se na casa de estranhos e dar tanto trabalho, mas durante a primeira semana, Jake praticamente não respondia às coisas. Falava frases curtíssimas e os olhos azuis encontravam-se vagos como se estivesse em um estado vegetativo. Na realidade, as coisas mais compridas que este dizia eram os nomes de Far e de seu irmão, seguido por dois nomes que a garota não conhecia, que eram Esben e Vannes. Era como se ele tentasse dizer algo, mas era impossível adivinhar.

A verdade era que Jake se encontrava atordoado. Com a dor física, com a dor emocional. A dor em seu âmago, a dor em sua alma. Tudo era tão doloroso que o deixava num estado quase que permanente de confusão mental. Logo que despertara, fora capaz de chamar Far, mas encontrava-se incapaz de sequer lembrar do próprio nome. Era quase como se houvesse perdido suas memórias mais uma vez e houvesse sido deixado em branco, para que tudo começasse a ser escrito do zero novamente.

Não lembrava-se por que estava ali, porque sentia dor, porque se machucara. Não parecia se lembrar de sua família assassinada, nem do fato de estar sendo perseguido. Era quase como se fosse uma criança pequena, nova demais para entender o mundo a sua volta. Os olhos azuis encontravam-se tão confusos que provocavam uma onda de ternura provocada por pena. Chegara ao ponto de fazê-lo comer era um sacrifício, pois parecia ter desaprendido a mastigar e a engolir, demandando extrema atenção de todos que o ajudavam.

Entretanto, o baque veio na segunda semana. Foi atingido por suas memórias como se por uma avalanche interminável por três dias, que o deixaram em um estado depressivo quase que permanente, pois as lembranças eram como cristais: Tão frágeis que ao tocá-los, partiam-se e o feriam impiedosamente. Quando Far vinha o visitar, sempre o encontrava meio encolhido a cama, com uma depressiva aura fria ao seu redor. Possuía a teoria de que talvez fosse parte de sua verdadeira natureza se revelando.

E nem sabia que seu palpite estava correto.

Para Lucy, que passava mais tempo como assídua observadora do que interferindo a algo, uma coisa ficara clara: Por mais que Far se esforçasse nos cuidados diante a saúde do ruivo, a maior ajuda que a amiga dava, sem a menor sombra de dúvidas era a emocional. Jake parecia infinitamente melhor quando ela encontrava-se por perto, e por vezes tinha a sombria sensação de que o rapaz não tirara a própria vida apenas por causa dela.

A mente de Jake encontrava-se atolada de tudo. De todas as informações que era obrigado a receber e quanto a sua condição. O que mais desejava, sem dúvidas, era ocupar sua mente para que pudesse esquecer e apaziguar durante algum tempo, mas encontrava-se incapaz de fazer a maioria das coisas sozinho. Levantar já era um esforço sem tamanho, se manter de pé, um martírio. Sinceramente nem queria tentar andar. Sentia como se houvesse gelo em suas veias, e sentir aquilo se movendo em suas veias era nauseante.

As expectativas de nutri-lo também estavam desanimadoras. Assim como Nero, não era todo alimento que se mantinha em seu estômago, mas felizmente ainda não tivera nenhum ataque como os que seu irmão estava sofrendo.

Falando em seu irmão...

– Onde está Naphees? – questionou de repente com sua voz fraca, enquanto Far o ajudava a arrumar os lençóis em que se encontrava.

– Hã?

– Nero.

A expressão dela tornou-se cabisbaixa. Temeu pelo pior, e sua respiração ficou falha. Como encontrava-se fraco, parecia que o mundo balançava-se de maneira inconstante, as hipóteses começando a se formar em sua mente, quando Far percebeu sua expressão.

– Acalme-se Jake! É que... Ele está mal ... Muito mal. Começamos a nos preocupar depois que Nero parou de vir visita-lo, então precisei perguntar a Larki Axos onde ele morava.

– Larki... Axos? – sua memória andava realmente ruim. Parecia que tudo o que ocorrera anteriormente ao acidente encontrava-se envolta de uma névoa negra.

– Não lembra? Ele que lhe entregou a carta de Nero, no dia em que se conheceram. Axos conhece a irmã adotiva dele, e sabia onde morava.

– Como ele está?

– Sinceramente eu fiquei com vontade de denunciar a família dele por descaso ou coisa do tipo. – suspirou, e escutou a raiva se apresentando em sua voz. – Cheguei lá com Cynthia e o encontramos desmaiado no chão da cozinha, a mãe dele passando por cima de Nero como se... Ele fosse nada. Ela andava, fazendo as coisas, e parecia pisar nele de propósito.

– Desmaiado...?

– Parece que assim como você, ele quase não come... Não consegue. – disse, acariciando seus cabelos quase que tristemente. Jake quase nem reagia quando o fazia, era como se não entendesse. Estava tentando ser calma e esperar que sua lucidez retornasse por completo, ao invés de forçar as coisas.

Mal sabia que toda vez que ele tentava lembrar de algo, se machucava. Era por isso que tentava adiar aquele momento em que forçaria sua memória o máximo que pudesse.

– Jake? – chamou-o, e Jake nem percebera que havia literalmente se desligado.

– Hm?

– Você... – ela se calou, preferindo não dizer que os cabelos de Jake estavam mudando de cor, assumindo um tenro tom de azul. Nos últimos dias, havia aprendido a sempre entrar naquele quarto com algum agasalho, para caso a temperatura mudasse devido as oscilações de humor do rapaz. E estava tão frio que se segurava para não tremer. O toque dos fios contra seus dedos faziam parecer que estava tocando em gelo.

Mesmo com a confusão em sua expressão, lentamente sentiu o recinto se aquecendo. Talvez houvesse esfriado devido ao fato de sua mente haver se ausentado, não sabia.

– Eu... – Jake começou, encostando de leve a testa em seu ombro. Conseguia literalmente sentir a temperatura de seu corpo subindo, passando de glacial para um tenro calor humano. Levou sua mão até a cabeça do rapaz, afundando seus dedos em seus cabelos e os acariciando, antes de abraça-lo com delicadeza. Sentia como ele estava perdido. – Dói, quando eu tento lembrar de alguma coisa. No dia em que tudo começou a vir, senti como se...

Ele parou, como se não soubesse ou não lembrasse do que estava falando. Ele indicou levemente a cabeça com movimentos impacientes, que a fez rir fracamente ao perceber o que ele se referia, mas ao mesmo tempo um imenso desespero tomando conta de si ao perceber que nem mesmo isso Jake era capaz de lembrar.

– Cérebro? – sugeriu, lutando para não deixar seus verdadeiros sentimentos transparecerem. Sabia que ele estava até mesmo com dificuldades para discernir suas emoções, então não queria deixa-lo estressado por estar confuso.

– É. – Suspirou aliviado por receber a resposta desejada. – Senti como se meu cérebro estivesse sendo... Cortado. Em pedacinhos. Doía demais.

– Como assim?

– É como se... Fosse alguma coisa quebrando. Machuca realmente, eu sinto os cortes sendo feitos claramente, as pontas afiadas cortando meu cérebro.

Separou-se dele, segurando o rosto do rapaz com ambas as mãos, fazendo com que este a encarasse. Seus olhos azuis estavam vagos, como sempre se mantinham desde que ele acordara, mas sua expressão era ausente, como se não conseguisse se manter ali com ela, mesmo que suas mãos estivessem pousadas na cintura fina e os rostos tão próximos que as respirações se mesclavam.

Conseguia ver a cabeça de Rarac erguida, o Denor estava alarmado também. Aquela declaração certamente era algo com que se preocupar, pois não era nem um pouco normal ter a sensação de ter seu cérebro sendo cortado.

–... Você está bem? – grunhiu baixinho, percebendo que fora algo idiota de se perguntar. – Assim? Está sentindo isso o tempo todo?

– Não... – olhou para cima, forçando a memória, sentindo os golpes afiados e impiedosos com o ato. Se encolheu e estremeceu, antes de responder. – Na verdade, é só quando tento lembrar de algo... O que tem sido frequente.

Engoliu o seco ao ouvir aquelas palavras, e percebendo sua reação, Jake baixou o olhar, parecendo forçá-lo para ganhar foco, para melhor entender o que ocorria. Com aquilo, pareceu que finalmente voltara a parecer um pouco como era antes de toda aquela loucura. Suas mãos subiram até os ombros de Far, trazendo-a mais para perto e aninhando-a contra o corpo magro, e ela aceitou o gesto sem pestanejar. Sentiu-a apertando o tecido de sua camisa com força entre os dedos, mas não conseguia entender porque ela se preocupava diante aquela resposta. Sua mente literalmente não estava funcionando direito.

– Desculpe por tê-la envolvido nisso tudo. – disse na tentativa de acalmá-la.

– N-não é isso. – ela murmurou com a voz abafada contra seu peito. Levou uma das mãos até o cabelo dourado, pondo-se a acaricia-lo. Gostava da textura dos fios contra seus dedos.

– O que é então? Não entendo...

–... Esqueça... – sussurrou, pressionando mais seu rosto contra o tecido, escutando as batidas do coração do rapaz. – Eu realmente quero que você fique bom, e que esta situação com sua família se resolva.

Jake sorriu, sentindo uma sensação quente espalhando por seu peito. Era bom sentir que ela acreditava nele. Era bom senti-la daquele modo, só um pouco constrangedor com Rarac sondando-o incansavelmente, mas tentava ignorar o olhar do Denor e aproveitar os poucos momentos em que sua mente se encontrava em paz, que era com Far. Sua mão foi até o queixo de Far, fazendo-a erguer o rosto, antes de juntar os lábios de ambos.

– Você não deve se esforçar. – ela lembrou no momento em que separou o breve ósculo com um breve selar de lábios. Como de costume, mantinham os rostos próximos quando o ato terminava.

– Eu não estou me esforçando. – resmungou tal qual uma criancinha emburrada, fazendo com que Far sorrisse.

– Jake, eu estou com uma mão apoiada em seu peito. Eu literalmente estou sentindo que você está se esforçando.

Ele bufou e revirou os olhos, mas infelizmente, Far não poderia ficar mais muito tempo ali. Tinha que voltar para casa e tentar chegar antes de escurecer, então despediram-se com outro selar de lábios antes da garota ter de pegar suas coisas e ir embora.

Mesmo que naquela casa houvesse a constante presença dos Lovelace e de Rarac, sentia-se irremediavelmente sozinho quando Far ia embora. Tê-la por perto fazia se sentir mil vezes melhor, porém jamais iria prendê-la a si, mesmo que a horrenda sensação de já estar fazendo isto estivesse presente. Far possuía sua própria vida, e já odiava o fato de ela estar tão envolvida consigo, pois toda vez que ela se despedia e saía daquela casa, sentia os temores se reunindo em seu peito. De que os Bergais a encontrassem, que fizessem algo com ela.

Havia também a preocupação com a família que o acolhera. Mesmo que os conhecesse tão pouco, sabia que passavam um risco terrível por tê-lo por perto, tanto com as questões de Aurtrai quanto as questões terrenas. Era realmente problemático tê-lo por perto naqueles tempos.

E havia também seu irmão...

Sua cabeça começou a doer, então mesmo estando terrivelmente preocupado com Nero, teve de esvaziar a mente e encarar o nada durante tempo o suficiente para adormecer. Acordou horas depois, com Abigail obrigando-o a tomar uma sopa – que ultimamente era uma das únicas coisas que se mantinham em seu estômago – sob seu olhar constante, antes de deixa-lo voltar a dormir. Literalmente apenas virou para o lado, e o sono o tomou novamente.

– Winter! Abre esta porta filho!

Estava apenas deitado, encarando o teto, enquanto sentia a algidez tomando conta de seu ser. Sentia-se tão horrivelmente deprimido que tudo em seu corpo parecia morto. Não conseguia acreditar que aquilo acontecera, não daquela forma...

Em sua mão estava a última carta de Nathalie. Já relera seu conteúdo milhares de vezes, mas ainda não... Não conseguia... Tudo o que poderia ter acontecido, tudo o que ia acontecer...

E fora levado para fora de seu alcance.

E era culpa dele.

– Winter! – ouviu mais uma insistente batida de sua mãe na porta do quarto, mas apenas olhou... Olhou para as paredes, vendo o gelo subindo, e transformando seu quarto numa escultura fria e pontiaguda, estéril e incapaz de provocar qualquer sensação.

Tal qual se sentia.

Abriu os olhos rapidamente, assustado, e involuntariamente levou sua mão até o pingente. Jake tremia. Quanto tempo passara? Parecera questão de minutos, mas...

Por que estava tão frio?

E de onde vinha aquela claridade?

Trêmulo, ergueu levemente a cabeça, deparando-se com um homem em pé ao lado de sua cama. Ele era alto e pálido, seus cabelos brancos com reflexos verdes em grande maioria curtos, repicados na nuca, com exceção de duas longas e finíssimas tranças que chegavam-lhe até a cintura. Os olhos eram prateados, e trajava vestes que pareciam uma mistura de várias vestimentas étnicas do extremo oriente. Tanto seu cabelo e suas roupas flutuavam como se estivesse submerso, com uma pálida e gélida luz esvaindo de seu corpo. Jake não precisava que ninguém lhe viesse explicar para saber que era um Bergal.

– Shh. – pôs um dedo sobre os lábios no momento em que o ruivo abriu os seus, mesmo que nenhum som tenha saído de lá. – Fique calmo, não vou lhe machucar. Na realidade, vim te ajudar... Mas foi um tanto quanto complicado por seu Denor para dormir, sabe?

Os olhos de Jake foram até Rarac como um cão, meio jogado de lado, roncando audivelmente. Chegava a ser uma cena cômica, mas sentia-se alarmado com a presença daquele homem ali, a ponto de fazer todo o seu corpo doer.

– O que...

– Eu não tenho muito tempo, e nunca fui a favor desta maldita guerra. – disse, se aproximando. – Vejo que os acéfalos que o encontraram o envenenaram... Não tenho muito tempo e não podem saber que estou aqui.

Ele ergueu sobre Jake, que novamente abriu a boca para protestar, mas uma sensação repentina tomou conta de seu ser: Era como se suas veias estivessem cheias de gelo cortante, subindo em alta velocidade por elas ao ponto de fazê-lo gritar de dor, entretanto, nenhum som escapou, mesmo com as lágrimas indo até seus olhos. Era tanta agonia que apenas queria que parasse. Não conseguia respirar e seu peito doía insuportavelmente, até que os olhos descrentes viram saindo de sua própria boca um líquido dourado que foi diretamente para a mão estendida do Bergal, que moldou-o em forma de esfera e o congelou.

Foi um alívio quase instantâneo. Foi como se toda a fraqueza, a confusão e a sensação de que iria se cortar a qualquer momento fora embora juntamente com tal líquido. Piscou algumas vezes diante a desconcertante lucidez, e o homem disse:

– Não consegui tirar tudo, talvez eu...

Ele se interrompeu abruptamente, estendendo a mão a sua frente. Diante os olhos pasmo de Jake, viu uma presa de gelo em alta velocidade parando a um milímetro da palma de sua mão, antes de derreter e se juntar ao líquido do globo. Ele pronunciou uma palavra rápida que não conseguiu compreender e apenas escutou algo caindo pesadamente no gramado do lado de fora.

Com seus sapatos de gelo ressoando no piso, o homem foi até a janela, espiando primeiro quem quer que fosse no solo, então seguindo para o céu.

– Maldição... Sinto muito, mas tenho que ir, meu tempo está acabando. – disse, pondo já uma perna para fora da janela. – Ainda tenho que encontrar seu irmão...

– Espera, quem é você?!

– Sinto muito, não posso dizer. – ele sorriu. – Mas caso queira me denominar de algum modo, pode me chamar de Kogen.

Ele saltou da janela, fazendo com que Jake levantasse num salto e fosse até ela o mais rápido que pode, porém, mesmo que nem mesmo um minuto houvesse se passado, aquele Bergal já havia desaparecido, levando consigo quem quer que tenha tentado ataca-lo.

Levou sua mão até seu peito, pressionando seu amuleto involuntariamente. Sentia-se quase como antes do acidente, e sem dúvidas sentia como se uma névoa houvesse sido retirada de sua mente, deixando tudo completamente acessível.

Bem, quase tudo. Ainda sentia as memórias seladas intocadas e inalcançáveis.

– Rarac? – cutucou o Denor. – Rarac!

Ele apenas soltou um resmungo canino adormecido em resposta, mas mesmo assim continuou tentando chama-lo. Ao fim, com um suspirou de desistência, decidiu usar um método que usava com Celinne: Simplesmente sentou pesadamente sobre Rarac.

– O que você... – não demorou muito para escutar o outro começar com o que lhe pareceu ser raiva – obviamente – até se interromper abruptamente. – Espere, Klodike, você caiu ou...

– Não eu levantei e acho que passei uma meia hora tentando te acordar, então fiz isso. – retrucou. – Nem reclame que antes com certeza eu era mais pesado.

– Estou tentando entender como você levantou!

– Estou tentando te acordar pra te explicar justamente isso! Até pensava que aquele Bergal tinha lhe posto para dormir em outro sentido...

– Que Bergal?! – o alerta veio fortemente marcado na voz do Denor. – Faça um favor garoto, sai de cima de mim!

Acatou o pedido de Rarac, levantando-se. Sentia suas juntas doendo talvez pelo tempo que passara quase sem se mover, então voltou a sentar na cama. Rarac jogou-se para o lado para que levantasse e encarou Jake com olhos cuidadosos e atentos.

– Você disse que um Bergal esteve aqui?

Assentiu. Explicou rapidamente o acontecido para o Denor, que parecia farejar o local, realmente sentindo o cheiro de um desconhecido ali. Encontrou resquícios de gelo no chão que Jake sequer percebera.

– Como ele era?

– Alta, com o cabelo branco, mas de reflexos verdes... Era curto, mas tinha duas tranças bem longas. Ele não me disse o seu nome, apenas falou que era para chama-lo de Kogen.

– Klodike... – Rarac começou depois de um longo silêncio. – Considere-se importante se aquele homem saiu de Berga apenas para tirar parte do veneno.

– Por quê? Quem é ele?

– Não sei, ninguém sabe... Mas ele virou praticamente uma figura mitológica nesta guerra. Ele ajuda todos que estão sendo perseguidos... Casais inter-raciais, Galrdais, qualquer um que viva em Berga e que seja contra a guerra... É uma lenda viva. – sacudiu a cabeça. – Vocês o encontraram algumas vezes durante os anos iniciais, podemos dizer que ele e seu pai começaram quase que uma relação de... Companheirismo, já que a vida de vocês estava sendo um completo inferno.

– Você acha que... O meu pai pediu para que ele viesse aqui?

Ele sacudiu a cabeça, negando.

– Creio que não haveria como... – ele se interrompeu, fazendo Jake perceber que estivera prestes a pronunciar o nome de seu pai. – Ele não sabe que vocês foram envenenados, nem que os Bergais os encontraram.

– Como pode saber isso?

Um silêncio que falava mais que mil palavras imperou no lugar, dando a certeza de que Rarac soubera algo recente em relação ao seu familiar. Entretanto, não conseguiu arrancar mais nada do Denor, o que fez a Jake, horas depois, acabar por ir dormir, frustrado com suas falhas tentativas de conseguir respostas.

Quando amanheceu, Abigail quase gritou ao entrar no quarto e vê-lo de pé como se nada houvesse acontecido. Obrigou-o a voltar para a cama, atestando que mesmo que ele se sentisse milagrosamente melhor, era melhor não se esforçar, antes de sair correndo para chamar o irmão doutor, enquanto Jake contava os pelos de Rarac, que o encarava de volta com uma expressão cética de “Sério que você está fazendo isso?’’. Talvez devesse ganhar um prêmio por conseguir decifrar as faces caninas.

Felizmente para si, era um sábado, portanto mesmo quando os dois foram trabalhar, Lucy continuou em casa... O que era ligeiramente constrangedor, pois nunca falara com ela apropriadamente, tirando pelo dia em que ela lhe dera coragem para ir falar com Far.

Para a surpresa da garota, Nero aparecera por volta das três da tarde, mas no momento em que Jake conseguiu descer as escadas e viu o rosto do irmão, sentiu como se gelasse internamente. Era óbvio que era o rosto de um doente, e tinha certeza de que o seu não estava muito diferente, porém era sua expressão que o alarmou. As sobrancelhas franzidas e os olhos perdidos. Nero apenas entrou na casa e disse a Jake:

– Tive uma visão.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Já mencionei como odeio cenas de casal? Eu simplesmente NÃO SEI o que faço D: Tenho medo de ficar meloso demais, ou seco demais... Espero que a cena dos dois tenha ficado boa.
E o Kogen... Huhuhu, adoro ele.
Bem, é isso! Críticas, elogios, dúvidas, tudo nos comentários!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Motsatt" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.