Concurso de Halloween - O Estranho escrita por Andye


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Aceitei o desafio proposto pelo Nyah! e apresentado a mim pela VanVet. Esse conto foge completamente de tudo o que sou acostumada a fazer e usei das minhas "experiências" em sentir "pessoas" me observando e as aterrorizei unindo um pouco a lenda do "The Rake".
Tudo é novidade então, espero que consiga, ao menos, trazer um pouco de diversão àqueles que vierem a ler. Eu gostei do resultado e adoraria saber SUA opinião. ;)



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Ele já estava deitado sobre a sua cama. No auge de seus dezenove anos, Peter, que ainda morava com os pais, tinha medo de ficar sozinho no escuro, um medo que começou a fazer parte de sua vida aos oito anos, quando ele começou a ouvir, ver e sentir aquelas coisas estranhas.

Salvo que não aconteciam todos os dias, mas com certa frequência, ele nunca fora capaz de assumir o que se passava consigo por medo de acharem que ele era algum tipo de louco, mas a verdade é que ele sabia bem o que acontecia, e a sensação era insuportável.

A coberta grossa estava toda sobre o seu corpo e ia desde os seus pés até sua cabeça. Os braços pressionavam o tecido de forma que ele não se movia e os olhos estavam fechados com força, temendo abri-los.

A respiração ficou mais pesada e acelerada, ele sentia, o estranho estava novamente ali, no seu quarto, olhando para ele.

Fechou os olhos ainda com mais força, sentiu o peito afundar ao perceber que ele se aproximava novamente de sua cama.

Com um temor desesperador, os ossos congelados e doloridos, Peter flexionou os joelhos para a altura da barriga. Temia que aquele estranho tocasse em seus pés compridos, em seu corpo. Sentia que poderia morrer caso isto acontecesse.

O corpo estava a cada segundo mais frio, a presença do estranho cada vez mais próxima dele. Se aproximava lentamente.

Ele não sabia o que poderia ser aquilo, mas sabia o que ele lhe causava. Sabia o que ele fazia e como se comportava. Quando o estranho aparecia, passava a noite sentado ao seu lado, na cama, observando seus movimentos. Nessas noites ele não dormia, não relaxava, não sentia nada além de um terror crescente, o desejo desesperador de gritar.

E ele estava ali, sentado ao seu lado.

Peter não abria os olhos, mas conseguia enxergar. Era observado. A tentativa constante do estranho em lhe tocar.

O peito doía, sua respiração ainda mais acelerada.

O corpo estava paralisado, travado. Não conseguia se mexer.

Em sua mente, o mantra se repetia:

“Vá embora, por favor, vá embora. Me deixe em paz.”

Isto era o que ele mais queria. Era apenas o que ele desejava que acontecesse.

Mas nunca acontecia.

Peter só queria que aquilo parasse. Que aquele estranho fosse embora de uma vez por todas. Que o deixasse viver em paz, sem aquele tormento das noites gélidas.

“Vá embora, por favor, vá embora. Me deixe em paz.”

“Não posso.”

Peter quase gritou. Assustou-se com aquela resposta em sua mente. Nunca acontecera antes. Abriu os olhos, mas estava protegido pela coberta. Resolveu continuar.

“Vá embora.”

“Não posso.”

“Por que não?”

“Só posso ir se você me libertar.”

“Como?”

“Para que me liberte. Apenas me olhe, me liberte... Se liberte.”

Peter resolveu passar por cima dos anos de medo daquele estranho e num gesto de coragem, abaixou a coberta. Os olhos se arregalaram e a boca cresceu em um grito mudo.

Peter nunca mais acordou.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham curtido. Comentem!