Castle ficou encarando o pai ainda alguns segundos antes de falar qualquer coisa. A última vez em que tinham se visto não tinha sido nas melhores circunstâncias, e Castle não sabia se podia e devia acreditar nele.

Jack: Eu... queria conversar com você, se possível. E com Katherine também. – ele disse ao ver que a mulher de Castle o olhava de dentro da sala.

Castle: Entre, por favor.

Jack entrou e cumprimentou com os olhos Martha e Alexis.

Castle: Kate – ele chamou fazendo referência para ela seguir com eles.

Kate se levantou e seguiu com os dois para o escritório. Depois da última vez, ela não confia em Jack, e sabia que Castle também tinha ficado com dúvidas. Mas também sabia que ele queria acreditar nas coisas que o pai o dizia.

Alexis: O que será que ele quer? – a menina estava curiosa.

Martha: Não sei, mas coisa boa não é. Jack sempre traz confusão junto com ele.

Castle fechou a porta e encarou Jack.

Jack: Richard, eu sei que nosso último encontro foi complicado e cheio de desconfianças... – quando falou essa última palavra, inevitavelmente lançou um olhar para Kate, que retribuiu séria. – E vocês têm todas as razões do mundo para desconfiarem de mim, principalmente você, Katherine.

Kate não disse nada, nem Castle. Os dois deixaram Jack continuar.

Jack: Mas se há uma última coisa que eu quero fazer na vida, é que você saiba toda a verdade – ele olhava sincero para Castle. Abriu então uma maleta preta que trazia consigo e tirou um envelope. – Nesse envelope estão todas as provas que vocês precisam. Meu nome é mesmo Jack, Jackson George Heidghum. E eu sou agente da CIA. Não procurado, como vocês pensam, e como eles queriam que todos pensassem. Era mesmo um disfarce oficial. Mas depois de tantos anos servindo ao país eu decidi que era hora de parar. Acabei de me aposentar e... – ele fez uma pausa – eu não devia nunca contar a ninguém sobre isso, mas eu te devo isso, Richard. Eu preciso explicar por que fui ausente todos esses anos.

Castle pegou o envelope e olhou para Kate. Tirou o conteúdo e havia diversos tipos de documentos, carteira de identificação da agência secreta, e por fim a prova que Jack estava mesmo aposentado. Nem mesmo Kate havia visto esse tipo de documento em toda a sua vida. Aquele homem trabalhava como agente secreto há mais de 40 anos, e devia saber muita coisa sobre o país.

Jack esperava pacientemente os dois olharem os papéis. Kate olhou para Castle e sabia exatamente o que ele estava sentindo. Crescer sem o pai era algo que ele nunca tinha superado, e agora saber que seu pai tinha realmente um motivo para não estar presente era de certa forma um alívio.

Castle: Aqui diz que você se aposentou há 3 meses...

Jack: Sim, eu voltei a NY assim que me aposentei. Arrumei uma casa e comecei uma espécie de vida que nunca tive. Eu sempre fui anônimo e agora tenho coisas no meu nome, é estranho e bom. Eu não te procurei antes porque estava tentando criar coragem. Eu não sabia como você me receberia.

Kate: E o que te fez vir hoje?

Jack: Eu tentei várias vezes. Chegava até aqui e desistia. Um dia vim decidido, mas soube que você estava viajando, sei que ficou um mês fora. Mas hoje... bem, hoje é natal. E pensei que se tivesse um dia em que você poderia me ouvir, esse dia seria hoje.

Castle: Eu teria te ouvido em qualquer dia...

Jack: Se você não me quiser por perto eu entendo. Eu só queria mesmo que você soubesse quem eu sou e o motivo de nunca ter me aproximado. Eu não podia te colocar em perigo. Nem você nem sua família. Mas se você deixar... eu posso tentar ainda ser o pai que eu nunca fui.

Kate: Você foi. – Kate tomou a frente e Castle a olhou – Se você sempre protegeu Castle, você foi um pai. Não da forma convencional, mas como você pode.

Castle sorriu para Kate. Ela realmente o conhecia, e sabia que aquilo era exatamente o que ele queria dizer, embora não tivesse dito.

Castle: Eu gostaria muito de te conhecer.

Jack: Eu também gostaria muito de te conhecer melhor.

Castle: Essas histórias da CIA... são mesmo confidenciais? – Castle perguntou como quem não quer nada, e Kate revirou os olhos.

Jack: Bem, são... por que?

Kate: Porque ele quer criar um personagem como você.

Castle: Eu não disse isso!

Kate o encarou.

Castle: Mas pensei, confesso.

Jack riu.

Jack: Eu posso te contar algumas coisas. Dá para encher alguns livros.

Castle sorriu já imaginando o novo projeto.

Jack: Bem, acho que é isso...

Castle: Amanhã teremos um almoço em família, quero que você venha.

Jack: Eu não sei...

Castle: Pensei que tivesse deixado claro que você é bem-vindo.

Jack: Você sim mas... tem a sua mãe. Eu não sei se ela vai gostar de me ver por aqui. Talvez seja melhor nos encontrarmos em outros lugares.

Castle: Não, de forma alguma. Eu te garanto que não será um problema.

Jack: Ah, eu já ia me esquecendo – Jack pegou a maleta preta e tirou um embrulho – É para você, Katherine.

Kate estranhou. Um presente para ela?

Jack: Na verdade não é bem para você... – ele corrigiu.

Kate abriu o embrulho e tirou dois bodies brancos com desenhos coloridos. Ela sorriu instintivamente.

Kate: Como é que...

Castle: ... você sabia? – Castle completou a frase – Nós só anunciamos hoje à noite!

Jack: Bem eu...

Kate: Você é da CIA. Nós entendemos. – ela sorriu.

Castle: Vocês são bons mesmo, ham?

Kate: São lindos, eu adorei. É o primeiro presente deles.

Jack parabenizou os dois e os três saíram assim do escritório.

Jack: Bem, está tarde e... eu já vou.

Jack se despediu de Castle e Kate, que foram amáveis, e também de Martha e Alexis. Martha não estava entendendo nada.

Martha: O que ele veio fazer aqui?

Castle: Mãe, acho que finalmente terei um pai.

Martha o olhou séria, e Kate percebeu.

Kate: Ele não estava mentindo – ela explicou para Martha e Alexis – era exatamente quem dizia ser.

Castle: E será parte da família agora!

Castle estava visivelmente empolgado. Todos se deram boa-noite e foram para seus quartos.

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Castle: Que dia!

Kate: Que dia... – ela se aproximou dele, que já estava deitado na cama.

Castle: Acho que esse foi o melhor natal da minha vida!

Kate: Da minha certamente foi – ela sorriu e passou a mão na barriga. Castle a acompanhou.

Castle: No natal do ano que vem eles estarão aqui...

Kate: É... nossa família está realmente aumentando rápido, não?

Castle: Você acha que eu fiz certo? Em deixá-lo se aproximar?

Kate: Eu acho que você fez o que o seu coração sempre quis. E isso é certo.

Castle: Sabe o que o meu coração sempre quis também?

Kate: O que...?

Castle: Você.

Kate enlaçou os braços ao redor do pescoço dele.

Kate: Isso ele já tem faz tempo.

Castle: Mas ele quer sempre mais.

Kate: Então não vamos deixá-lo querendo...

Castle: Seria muita maldade!

Kate sorriu e o puxou para que ele se deitasse sobre ela. Ela também sempre o quis, e agora o queria mais do que nunca. Richard Edgar Alexander Rodgers Castle era seu homem. O homem que a fazia feliz.