O dia ainda começava a amanhecer quando Kate sentiu alguém acariciando seus cabelos. Ela abriu os olhos e encontrou os olhos azuis de Castle. Virou-se então e enfiou a cara no travesseiro. Ele esperou. Ela ficou só sentindo a presença dele ainda ali, e depois de uns minutos, quebrou o silêncio.

Kate: Eu não quero conversar. – a voz saiu abafada.

Castle: Tudo bem, eu fico quieto.

Mais um minuto se passou, e ela falou de novo.

Kate: Eu não tenho mais 20 anos.

Castle: Não, você tem quase 43.

Kate: Eu te odeio!

Castle: E eu te amo. Acho que estamos num impasse aqui.

Kate tirou a cara do travesseiro e o encarou.

Castle: Bom dia. Eu trouxe café. – ele mostrou a bandeja completa, com café, torradas, panquecas felizes e até uma rosa.

Kate: Você não vai me conquistar com isso.

Castle: Eu sei que não. Eu sempre te conquistei com meu charme.

Kate: Você se acha – ela enfiou a cara no travesseiro de novo.

Castle: Kate, é óbvio que eu não estou com você por causa das crianças. Eu te amo, te amo do jeitinho que você é, com seus 43 anos...

Kate: 42 e onze meses. – ela o interrompeu, com a voz abafada pelo travesseiro.

Castle: 42 e onze meses. Eu amo quando você é séria e brava, foi assim que você me conquistou. Mas sabe o que eu mais amo? Dormir e acordar com seu sorriso lindo, que preenche minha vida.

Ele ficou esperando. Ela enfim tirou a cara do travesseiro e o encarou, séria.

Kate: Eu não vou sorrir para você.

Castle: Não?

Kate: Não.

Castle: Nem se eu disser que levei uma bronca por adentrar o jardim do prédio e roubar essa rosa?

Kate: Você fez isso? – ela riu sem querer, e ele sorriu de volta.

Castle: Você pode me prender, se quiser.

Kate sentiu os olhos de desejo de Castle a puxando para dentro dele. Pensou em como tinha sido boba em duvidar, Castle a amava, e a desejava como sempre a desejara. Ou até mais.

Kate: Com certeza eu vou – ela sorriu se aproximando e o beijou. A bandeja de café foi colocada de lado, e rapidamente os dois já estavam debaixo das cobertas, presos um ao outro, fazendo amor.

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Os dois ainda estavam debaixo da coberta quando Kate repousou sua cabeça no peito de Castle.

Kate: Você acha que eu era mais bonita sem ela?

Kate passou a mão pela cicatriz.

Castle: Como é que eu vou saber? Eu não conhecia seu corpo antes dela! Você era muito difícil naquela época... – ele disse com um sorriso nos lábios, tentando tirar o ar triste que ela tinha.

Kate: Você não leva nada a sério.

Castle: Eu só estou tentando entender porque você está levando isso a sério.

Kate: Porque as pessoas olham, perguntam.

Castle: Eu não sabia que ainda te incomodava.

Kate: Sempre vai me incomodar.

Castle: Kate – ele puxou-a para que os dois se olhassem – as pessoas sempre perguntam tudo de tudo. Você não deve se importar com isso.

Kate: E o que eu devo dizer? Levei um tiro no coração?

Castle: É. “Levei um tiro no coração e sobrevivi”. Kate, essa daqui é a marca da sua força.

Kate se encostou no peito dele de novo.

Kate: Ainda é difícil para mim.

Castle: Eu sei, mas um dia não será mais. E você é linda, meu amor. Isso daqui não é nada comparado a toda a sua beleza.

Kate: Eu penso que sei lidar com isso, mas de repente volta com tudo.

Castle: Me desculpa, eu devia ter evitado.

Kate: Não foi sua culpa, Rick.

Castle: Mas eu me culpo. Eu só queria que você fosse feliz...

Kate repousou as mãos em sua cabeça e o trouxe para mais perto de si.

Kate: Ei, eu sou feliz. E é você quem me faz feliz.

Ele tentou sorrir.

Kate: Menos quando fica de conversinha com outras mulheres.

Castle: Isso não vai acontecer mais, eu prometo.

Kate: Eu odeio esse seu jeito bonitão que atrai todas as mulheres.

Castle: Você preferia que eu fosse feio? – ele riu.

Kate: Eu preferia que você fosse bonito só para mim.

Castle: Kate, não importa se eu atraio outras mulheres. É com você que eu durmo todas as noites.

Kate: Menos ontem...

Castle: Você ia me mandar para a sala de qualquer jeito!

Os dois riram e ele mordiscou os lábios dela, arrancando um suspiro.

Kate: Eu te amo...

Castle: Eu também te amo. E as crianças têm razão, você é linda. A mais linda...

Kate: E você é meu. Eu não quero ninguém tirando lasquinha.

Castle: Pode deixar, senhora Castle.

Os dois se beijaram mais uma vez.

Castle: Café?

Kate: Café. – ela sorriu, já pegando a xícara das mãos dele.

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Kate já preparava o café da manhã das crianças quando Castle chegou com os dois.

Castle: Dentes escovados e cabelos penteados. Todo mundo pronto para o café!

Kate: Bom dia meus amores.

Kate beijou os filhos, servindo o café da manhã para eles.

Johanna: Mamãe, eu não fui uma bailarina linda ontem?

Kate: A mais linda de todas!

Johanna: O Henry disse que eu estava linda.

Kate sorriu para a filha.

Castle: Com a confusão de ontem eu não consegui acertar as contas com esse Henry.

Alexander: Que confusão?

Castle: É... tinha muita gente, foi isso.

Alexander: Não se preocupe, papai, eu cuido da Jo.

Castle: Filho, as mulheres são mais espertas do que a gente pensa – ele sussurrou para Alexander, e Kate revirou os olhos.

Johanna: Mamãe, quando eu dançar de novo você vai me ver?

Kate: Sim, minha princesa, eu sempre irei e estarei lá na frente. Vocês dois são meus orgulhos.

Alexander: As minhas namoradas também dançaram ontem.

Kate: Como assim suas namoradas?

O celular de Castle tocou e ele saiu procurando.

Alexander: A Alice e a Julia.

Kate: Filho, deixa a mamãe te ensinar uma coisa – Kate se sentou perto de Alex – você não pode ter duas namoradas. A gente só pode namorar uma pessoa.

Johanna: Igual a mamãe e o papai.

Kate: Exatamente.

Alexander pensou um pouco.

Alexander: Qual das duas eu vou escolher...? – Alex ficou pensativo.

Kate: É... eu acho que você devia namorar a Alice.

Alexander: Por que?

Kate: Porque ela é mais bonita.

Alexander: Você conhece ela, mamãe?

Kate: Aham – Kate mentiu.

Johanna: A Alice é mais legal do que a Julia.

Kate: Ah lá, ta vendo?

Alexander: Então ta, eu vou namorar a Alice.

Kate respirou aliviada. Eles eram só crianças, e nem sabiam o que era namorar. Mas era melhor garantir desde cedo. Castle voltou.

Alexander: Papai, eu não namoro mais a Julia, agora eu namoro a Alice.

Castle lançou um olhar para Kate, que se fez de desentendida.

Castle: É mesmo, filho? Você tem bom gosto para mulheres igual o papai.

Alexander: A Alice é linda, não é mesmo?

Castle: Muito linda!

Castle sorriu para o filho, e se aproximou de Kate, envolvendo-a pela cintura.

Castle: E a mãe é uma senhora de meia idade e – isso é importante – casada.

Kate: Não sei do que você está falando.

Castle: Claro que você não sabe.

Ele mordeu o pescoço dela, que riu.

Kate: Quem era no telefone, amor?

Castle: Gina. A editora quer que eu passe uma semana pela costa oeste.

Kate fez uma carinha emburrada.

Alexander: Você vai viajar, papai?

Castle: Vou, filho.

Johanna: E nós vamos juntos?

Castle: Não, meus amores. O papai vai a trabalho, e a mamãe também tem que trabalhar aqui...

Kate: E vocês têm escola.

Johanna: Eu vou ficar com saudade, papai.

Castle: Eu também, princesa, de todos vocês. Mas eu prometo que nas férias faremos uma viagem.

As crianças sorriram felizes.

Kate: Uma viagem é? Para onde? – ela falou no ouvido dele, enquanto as crianças se entretinham conversando entre si.

Castle: Para onde você quiser. Você tem poder total de escolha.

Kate: E se eu escolher um lugar onde você já foi mil vezes?

Castle: Não me importa. Em nenhuma deles teve você. – ele a puxou pela cintura e beijou intensamente.

Alexander: Um dia eu vou beijar a Alice assim.

Castle e Kate se soltaram e riram.

Johanna: E o Henry vai me beijar assim também.

Castle: O que??

Kate: É... acho melhor a gente se trocar senão vamos nos atrasar, não é?

Kate foi pegando Johanna e saindo.

Johanna: Atrasar pra que, mamãe?

Kate: Sei lá, pra qualquer coisa.

Castle: Você não vai encobrir sua filha, Katherine Beckett Castle, não vai mesmo!

Alexander: Mulheres...

Alex suspirou e Castle o encarou.

Castle: E isso é só o começo, meu filho. Só o começo!