Os Escolhidos - Destinos Interligados escrita por Angie


Capítulo 22
Capítulo 21 - Revelações


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoas do mundo! Bem, vocês já devem ter notado que os capítulos estão saindo numa velocidade mais lenta, mas eu tenho uma explicação para isso. Como diz o título do cap. estamos em uma fase de revelações e eu tenho que deixar que Selena, Aaron e Rennata descubram tudo de uma maneira, embora um pouco inigmática (porque os deuses não fazem lá muito sentido.), ainda assim coerente. É um caso complicado que eu tinha planejado desde a primeira fase da estória. (Sim, eu tinha feito uma outra estória que seguia essa mesma linha de raciocinio antes, embora fosse um pouco diferente. Nela a Selena se chamava Angela, o Aaron se chamava Aiden e a Rennata - que não passava de uma alma irritante que só aparecia no halloween - se chamava Naomi. Eu sei, nada haver e mesmo assim adaptei o enredo para se transformar no OEDI que vocês conhecem hoje.) Hã, voltando as explicações... O que eu quero dizer é: Não posso simplesmente soltar todas as informações de uma só vez, ou não daria muito certo.

Só mais uma coisinha... Estou com esse cap. pronto a dias, mas não estava conseguindo postar, porque: a) No fim de mundo onde eu moro não tem internet e para postar eu geralmente uso a do colégio ou de uma Lan House e b) A internet do colégio é uma porcaria.

Oh, antes que eu me esqueça, essa primeira parte em itálico é um trecho do diário da Selena, certo?

Beijos de Luz da tia Angie!!!

P.S: Leiam as NOTAS FINAIS é MUITO IMPORTANTE. Falo sério.



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Veneza – Itália

01 de Outubro de 2009

O sentimento de estar perdida é o pior que já experimentei na vida. São tantas escolhas a serem feitas e cada uma delas pode afetar as pessoas de modos tão diferentes e complexos... me sinto tão... impotente...

Nunca havia me dado conta de como simples atos e fatos podem ferir os outros de forma tão arrebatadora. Acho que, embora responsável, nunca fui muito boa com sentimentos e sempre me comportei de maneira instável. Deixei a vida passar por mim com um sorriso no rosto, sem me dar conta da verdadeira dimensão de toda responsabilidade que teria que assumir no futuro. Me sinto de certa forma diferente agora. Se tornar consciente faz com que as pessoas amadureçam. Ao menos foi isso que me aconteceu.

Deixar de lado aquela face sempre alegre e distraída da garota que acreditava ser o centro de tudo, me foi libertador. Alguém me disse uma vez que quando temos algo a perder, aprendemos a ver a beleza nas pequenas coisas ao nosso redor. Passei a acreditar nisso também.

Pode ser egoísmo meu, mas às vezes, me sinto em paz. Talvez por acreditar que tempos ainda piores virão.

***

– Eu não gosto de como tudo está acontecendo, Melissa. – Shannen dizia a mulher de seu pai, a quem também considerava como uma mãe. Falavam baixo, para o caso de alguém aparecer de surpresa e ouvir algo que não devia.

Seu namorado, Christopher, havia precisado voltar a Mansão Elísio naquela manhã, pois procurava algum tipo de grimório, e ela tinha aproveitado para ir junto. Tinha sido bom sair um pouco da academia, e agora, expondo suas preocupações para Melissa, ela se sentia um pouco mais aliviada, contudo, não podia ignorar o sentimento ruim que havia começado a lhe atormentar há semanas.

– O Conselho também não. – disse a mulher. – Tenho que admitir, estamos um pouco frustrados com tantos segredos. Eu e seu pai temos estado mais ocupados ouvindo as reclamações de outros membros, que cuidando da Propriedade e dos negócios. Isso é desgastante.

Elas caminhavam a passos lentos por um corredor no segundo andar, sem um destino especial em mente e focadas apenas em sua conversa.

– Compreendo. Creio que ter uma líder como Selena lhes escondendo coisas importantes deve ser de certa forma ofensivo para alguns membros, mas vocês, e com vocês quero dizer todo o Conselho, incluindo você, precisam se conformar. Sinto que há algo muito importante em jogo. Algo em que Selena é uma das peças principais.

– Selena. – disse Melissa após alguns segundos. – Tive uma boa impressão dela antes, mas tenho que admitir: Aquela garota é uma espécie de incógnita para mim. Não consigo decifrá-la de maneira alguma.

– Não acho que precise se preocupar. – Shannen sorriu fracamente. – Selena é uma boa pessoa. Embora seja alguém dividida entre agir pelo coração ou pela razão, é óbvio que ela não faria nada para prejudicar alguém. Ao menos não de propósito. – acrescentou tardiamente.

Melissa franziu a testa.

– O que quer dizer com isso? – indagou.

– Há uma escuridão em Selena que lhe é natural por ser uma feiticeira das trevas, mas sinto que isso não seja tudo. Depois que ela começou a namorar com o Sage e Rennata tocou sua alma, seus sentimentos tem se tornado um pouco mais claros para mim e também sua aura. As vezes, é quase uma tortura ficar perto dela, sentindo cada uma de suas emoções com tamanha intensidade. Há algo muito errado com aquela garota e o sofrimento que ela carrega é de uma dor excruciante. Mais do que ela deveria ser capaz de suportar… como se… como se não fosse algo apenas dela. Sua aura queima com fogo negro de uma maneira anormalmente sombria, até mesmo para uma feiticeira das trevas. Como se ela carregasse o peso de outras vidas em sua alma. Como se fossem feridas de Eras muito mais distantes que o imaginável. É algo que me repele, na mesma proporção que faz com que eu queira me manter perto. Mas uma coisa é certa para mim: Selena tem dois lados. Um doce e singelo, capaz de fazer sacrifícios por aqueles que ama e o outro carregado de ódio e sede de vingança, que não pensaria duas vezes antes de matar. Não posso dizer se ela tem controle desses lados, infelizmente.

– Bem, então isso significa que ela é perigosa e talvez tenha sido bom que tenha decidido se afastar do Conselho por um tempo. – Melissa disse claramente tensa quando dobraram em outro corredor. – Não acha que talvez devêssemos…

– Não a pressione – Shannen lhe interrompeu. – e nem conte uma palavra do que te disse ao Conselho. Estou falando sério, Melissa. Eu confio em você, então espero que não quebre minha confiança. Apesar de tudo, Selena é uma boa pessoa, caso contrário, Sage não estaria com ela e acredito que tudo que está acontecendo, tenha um propósito. Talvez o mal que há nela lhe tenha sido imposto e não algo que ela mesma desenvolveu. – suspirou. – Sinceramente, não sei em que mais acreditar, então tudo que posso fazer é esperar com paciência e ver no que tudo isso vai dar.

Melissa se manteve em silêncio pelos próximos minutos e não lhe prometeu nada, mas Shannen sabia que ela faria discrição de suas palavras.

A filha de Afrodite já estava quase calma, quando sentiu algo diferente. Sentimentos geralmente deixam impressões muito forte, e era algo como aquilo que ela estava sentindo no momento. Não podia realmente lê-los com total clareza e se sentia confusa, tanto que uma breve tontura lhe abateu e uma lágrima trilhou seu rosto. Sentia malícia, ambiciosidade, rancor, inveja, nojo, ódio… mas aqueles sentimentos não eram seus e pareciam ser envolvidos em camadas de aço, para que se mantivessem ocultos e ainda assim, embora não totalmente à mostra, ela podia senti-los.

– Querida, você está bem? – Melissa perguntou segurando delicadamente seu braço e parecendo preocupada.

Instabilizando-se, Shannen passou a caminhar mais rápido e quanto mais percorria o corredor, mas sentia tudo aquilo – as impressões. – se intensificar e se tornar mais claro. Estava perto… muito perto.

Parou em frente a uma grande porta de madeira escura e levou a mão a maçaneta dourada.

– Shannen! – Melissa segurou sua mão e lhe olhou alarmada. – Você não pode entrar nessa sala. Laura está em reunião com alguns membros do conselho agora.

– Eu preciso entrar. – contradisse, soltando sua mão e olhou assustada para a porta quando sentiu as impressões se extinguindo. – O quê?! – disse atônita e abriu a porta.

Ao entrar as pressas, viu apenas Laura que parecia ter sido pega de surpresa.

– O que você está fazendo aqui? – ela perguntou se levantando.

– Perdoe-me, Laura. – Melissa dizia enquanto entrava. – Eu não pude contê-la.

Mas Shannen não podia estar se importando menos em pedir desculpas, tudo que prendia sua atenção, era o desenho de uma pentagrama negro envolto por runas que se desintegrava no chão de mármore. Ela já tinha visto aquilo antes. Eram resquícios de um feitiço de teletransporte. Quem quer que tivesse estado ali, já tinha ido embora.

Foram apenas questão de segundos…

– Droga! – xingou baixinho e foi então que sentiu o olhar de ambas as mulheres grudados nela.

– Você não deveria ter entrado nesta sala sem ser convidada, Shannen. – disse Laura duramente. – Mesmo que não fosse uma reunião oficial.

– Quem estava aqui? – ela perguntou ignorando a bronca que estava por vir.

– Você está tentando me interrogar, mocinha?

– Laura, me desculpe por ter invadido esta sala, mas isso é sério. Quem estava aqui?

– Alguns membros do conselho. – respondeu, sua voz suavizando um pouco. – O que houve?

– Eu senti algo estranho. – afirmou.

– Sentiu algo? – Laura parecia confusa.

– Como sabe – Melissa começou a explicar. – Shannen é uma filha de Afrodite. Ela é… muito sensível aos sentimentos dos outros.

Shannen rolou os olhos.

– O que Melissa quis dizer, é que posso sentir o que qualquer outra pessoa esteja sentindo no momento, dependendo da proximidade e da intensidade. Senti uma hostilidade muito forte vindo daqui. Qualquer pessoa capaz de sentir daquela maneira é feia por dentro e má. Sei que não foi você, pois as impressões desapareceram, então me diga exatamente, quem estava aqui?

– Meu pai, Sophie White, Bruna Albuquerke, Li Mamono e Kirian Hunter. – falou Laura, listando cada um deles.

Shannen suspirou frustrada. Ela não os conhecia. Nunca teve o mínimo contato com outros membros do Conselho, que não Melissa, Laura e Selena. Aquilo era ruim. Muito, muito ruim.

– Mas tem certeza de que deve ficar preocupada? – Laura continuou. – Talvez não seja nada demais, tivemos uma breve discussão e estamos todos muito preocupados ultimamente. É normal que haja hostilidade.

– Talvez. – concordou, mas sabia que algo com aquela intensidade não era algo a ser considerado normal.

Havia alguma coisa errada com um dos membros do conselho. E ela iria descobrir o que era.

Poucos minutos depois, Shannen desceu para o subsolo, onde funcionava o primeiro andar da grande biblioteca e onde Christopher disse que estaria.

Encontrou-o sentado a uma das mesas, olhando com intensa concentração para as páginas um livro com capa de couro negro. Beijou seu rosto rapidamente e acomodou-se ao seu lado.

– Você parece preocupada. – Ele comentou com a testa franzida. – Aconteceu algo?

– Invadi a sala de reuniões. – Shannen disse de uma vez.

– Como?!

– Não se preocupe. A reunião que estava acontecendo tinha acabado de ser encerrada e ninguém mais, além de sua mãe, estava lá. – e então acrescentou baixinho. – Infelizmente.

– Wow, acho que você deveria começar do começo, querida. Estou um pouco perdido aqui.

Pelos próximos minutos Shannen explicou-lhe tudo que havia acontecido da melhor forma que encontrou. Christopher se manteve em silêncio durante todo o tempo, deixando-a falar e quando ela terminou, ele fez um único comentário:

– Talvez minha mãe esteja certa e seja apenas impressão sua. – Mas ele parecia incerto ao proferir tais palavras.

– Talvez. – repetiu a filha de Afrodite mais uma vez. – Mais eu não acredito nisso, Chris e posso ver que você também não. Devemos voltar logo à academia. Quero estar lá quando Selena chegar. Preciso conversar com ela. – depois sorriu para aliviar o clima tenso. – E então, foi esse o grimório que você veio buscar? – apontou para o livro que ele segurava.

– Sim. – Christopher o fechou, mostrando-lhe a capa. Havia uma inscrição em letras douradas onde se dizia: BLAKE. – Esse é o livro de feitiços da família da Selena e ela me pediu para vir pegá-lo está manhã, mas uma coisa está me incomodando.

Ele voltou a abri-lo e procurou entre as páginas.

– Aqui. – falou e virou o livro em sua direção.

As páginas iniciais do grimório eram brancas, cobertas por inscrições em latim de cor vermelho vivo, as quais Shannen não entendia muito bem, mas que mesmo assim achava belas. Ela estava a ponto de dizer a Christopher que não compreendia o que ele queria dizer, quando finalmente percebeu: Embora tivessem sido muito bem retiradas, era visível o fato de que estavam faltando páginas ali.

– Quem fez isso? – perguntou quase que para si mesma.

– Eu não sei. – respondeu seu namorado. – Mas muitas coisas estranhas vem acontecendo ultimamente de uma só vez. Alguém violou a propriedade dos Blake e Selena e Thomas não vão gostar nada disso.

Levantou-se e pegou sua mão.

– Vamos nos despedir de minha mãe e Melissa. – falou ele. – Como você disse, precisamos voltar a Academia. Chloe possivelmente retornará hoje e não tenho um bom pressentimento em relação as revelações que ela fará.

***

Rennata estava bastante consciente do deus com cara de chefe da máfia lhe olhando como se quisesse perfurar buracos em sua pele, mas decidiu ignorá-lo. Zeus poderia esperar, ela tinha umas boas broncas para dar em seu patrono agora.

– Escuta aqui, sua estrelinha do mar. Se você pensa que vim nessa porcaria de reunião para ouvir mais enigmas, está muito enganado. – levou as mãos até a cintura, numa pose de “eu sou a toda poderosa aqui e se você for esperto, fará o que eu disser.” – Eu quero respostas e espero que você seja esperto o suficiente para dá-las, porque eu não estou de bom humor hoje. Aviso isso para o seu próprio bem.

Os membros do Conselho Divino lhe olhavam aparentemente surpresos. Talvez uma mera mortal não devesse dar ordens em deuses, mas ela não estava nem aí. Uma manhã repleta de aulas chatas, dar uma de modelo de desenhos na sala de artes por uma hora e ainda ter que aguentar Lindsay dando em cima do seu namorado, não foi uma boa maneira de começar o dia. Seu humor estava péssimo e não havia oração divina que o fizesse melhorar.

– Se me permitirem, gostaria de tomar a palavra. – pediu Chloe erguendo-se. Nenhum dos deuses objetou, sendo assim, ela se virou para os três e Rennata percebeu que ela segurava um espelho de aparência similar ao que Selena havia lhe dado. – Tudo começou a cem anos atrás. – recitou, como se tivesse pensado em como começar aquilo muitas vezes antes. – Apolo, meu pai, reuniu o restante do Conselho Olimpiano para uma reunião.

– Por que motivo? – indagou Selena.

– Ele havia tido visões que o deixaram muito preocupado. – respondeu a ruiva. – Fatos que poderiam afetar imensamente o mundo que conhecemos hoje e quebrar o limite entre os mundos. O humano e o divino. Deixem-me lhes mostrar. – Chloe virou o espelho em direção a eles. – Aproximem-se por favor.

Rennata trocou um olhar temeroso com Selena. Quando se tratava de um espelho de clarividência, quase nunca o que se via era bom.

– Ah, droga. – resmungou quando a primeira imagem começou a se formar e deu um passo involuntário para trás.

Guerra, escravidão e trevas. Não havia sido com aquilo que ela tinha sonhado a semana inteira? A visão no espelho era claramente a de uma época épica, mas era semelhante aos seus sonhos de uma forma assustadora.

– A reconhece? – perguntou o deus de olhos prateados. Como era o único Ser divino naquela sala que ela não tinha visto ainda, Rennata presumiu que ele fosse Hades.

– Tenho tido sonhos com imagens parecidas ultimamente. – ela afirmou.

– Isso foi o que aconteceu há muitos milênios atrás. A grande guerra. – Chloe falou.

O que pareciam ser homens, monstros e armas ocupavam a superfície espelhada. Poderia ver-se morte em todo lugar, mas não eram apenas pessoas as vítimas. O mundo estava se deteriorando de uma forma alarmante. Apodrecendo. O espelho foi tomado por névoa e logo outra imagem tomou seu lugar.

– Essa foi outra das visões de meu pai. – continuou a ruiva. – Que infelizmente demonstra um possível futuro. Presumo que seus sonhos tenham sido semelhantes a isso.

Rennata assentiu debilmente em frente as visões de ruas da modernidade que ela conhecia tão bem se tornando um caos absoluto. Novamente as imagens desapareceram e Chloe baixou o espelho.

– Nós sabíamos que tínhamos que fazer algo – disse apolo de seu trono acobreado. – ou essa visão se tornaria a realidade não apenas dos humanos, mas também a nossa. A fé dos humanos nos criou e é ela que nos dá poder. Estamos mais fracos hoje, do que éramos antigamente e somos bastante conscientes disso.

– Não estou entendendo. – falou Aaron. – Também sou um deus, mas não sou afetado. E sei que mesmo que se digam fracos, seus poderes beiram o ridículo. Onde vocês pretendem chegar?

– Sim, você é um deus. – Hefesto se manifestou. – Mas, um deus da Nova Era que nunca foi dependente da fé e adoração mortal. – então acrescentou. – Além disso, há algo mais.

– Você é diferente, irmão. – Artemisa falou. – Vocês três são.

Cara, pensou Rennata. Esse foi o eufemismo do século.

Sempre lhe disseram que ela era diferente, afinal, Rennata era a única humana “abençoada” pelos deuses de que se tinha conhecimento, mas diferente havia ganhado um novo significado para ela nos últimos tempos. Diferente agora, geralmente significava legal. Ariel era legal. Thomas era legal. Ivens era legal. E a maioria dos feiticeiros e semideuses eram legais. Mas para Rennata, Selena, Aaron e ela, eram estranhos.

Nenhum dos outros moradores, seja de alguma das mansões ou da academia, tinha armas como as deles, que faiscavam de poder a cada vez que eles as tocavam. Ninguém mais tinha aquelas marcas de nascença semelhantes a tatuagens na omoplata direita como cada um deles tinham. Ninguém tinha um dos três grandes como patrono e guardião, ou um poder tão assustador dentro de si. E apenas eles tinham aquela conexão que faziam seus olhos brilharem da cor de ouro líquido quando juntos e seus corpos pulsarem de energia.

E claro, ela acrescentou para si mesma. Ninguém tem tanto azar quanto nós e nem sonhos com o fim do mundo.

– O que quer dizer com sermos diferentes? – Selena indagou.

Apesar de tudo, ela parecia ser a pessoa mais calma no recinto. Mesmo que os deuses apresentassem faces de pedra, não eram capazes de fazer seus olhos omitirem seu real estado de espírito… com exceção de Hades. Piscando Rennata se concentrou em Selena e dentro de poucos segundos viu uma leve oscilação de ar ao redor da feiticeira. Essa oscilação se tornou mais espessa e foi ganhando várias tonalidades de cor. Aquela leve aura de luz que Rennata havia lhe transmitido, ainda estava presente, embora estivesse mais fraca e ao redor dela, uma escuridão sombria. Traços de cores mistas dançavam de um lado para o outro, revelando uma miríade de sentimentos dispersos.

Confusão. Dúvida. Tristeza. Determinação.

Esse último, apesar de tudo, não lhe fez muito sentido, mas ela decidiu descartar sua preocupação em torno do caso. Ultimamente ela havia ficado muito boa em ver auras, mas embora fosse algo relativamente fácil, ela ainda achava tudo muito perturbador – talvez até invasivo. –, mas, as vezes, era preciso.

O silêncio formado pelo Conselho era particularmente irritante e o desconforto era palpável. E mais uma vez, Rennata não estava nem aí.

– Quanto tempo vocês pretendem que passemos aqui? Séculos? – questionou rispidamente.

Hera estreitou os olhos para ela com os lábios em uma linha fina – talvez também tentando fuzilá-la com o olhar como o marido. – e começou em tom áspero:

– Sua garotinha insolente…

– Não temos o dia todo. – Aaron a interrompeu acidamente. – Se pretende começar a fazer ameaças tolas, talvez deva esperar um momento mais propício.

– Não interfira! – ordenou a deusa com ódio. – Não me importo com seu poder. Você não passa de um sujo bastardo. Sua presença foi requerida apenas porque…

A temperatura da sala caiu em uns trinta graus de repente, fazendo com que ela se calasse e todos dirigiram seus olhares para Selena. Sua expressão havia se transformado radicalmente, transformando-se em uma máscara fria, enfeitada com um sorriso sínico e perigoso. Rapidamente Rennata manipulou a temperatura de seu corpo, sem querer sem afetada.

Calminha aí, rainha do gelo, ela pensou em dizer, mas se conteve, aquilo estava começando a ficar interessante…

– Experimente continuar – disse a feiticeira, com a voz mortalmente calma, o que tornava a situação centenas de vezes pior. – e não responderei por meus atos.

Ela não parecia se incomodar minimamente em ameaçar uma deusa e mais um pensamento impróprio para o momento veio a Rennata:

Essa aí é das minhas!

Por um longo minuto, ninguém moveu um músculo sequer e nem objetou, o que era realmente estranho. Selena encarava Hera, imóvel e implacavelmente, Aaron tinha a testa franzida e o corpo tenso, já Chloe, parecia não saber em quem focar e por isso olhava freneticamente de um lado para o outro. Mas Rennata? Ela se sentia mais perdida que cego em tiroteio.

– Creio que tudo isso já tenha sido mais do que o suficiente. – a voz havia ecoado na sala como um sussurro baixo mais audível, soando particularmente suave, quase como veludo, e era de certa forma reconfortante. Sua dona era uma mulher alta e esguia de pele belamente alva, com longos cabelos negros como a mais sombria noite, olhos e vestes da mesma cor. Seus olhos eram penetrantes e seu vestido negro parecia ser constituído por tecidos leves e translúcidos, com várias e várias camadas. Cada movimento seu exalava suavidade. Praticamente a mesma que Rennata havia notado antes em Selena, para quem a deusa – Hecate, Rennata lembrou. – olhava com notável carinho. – Querida, talvez devesse se acalmar um pouco.

Respirando fundo e tremulamente, Selena assentiu:

– Claro, minha senhora.

Hecate sorriu docemente:

– Desculpem-nos por nossa falta de cortesia, afinal fomos nós que os convidamos para esta reunião e estamos cientes de que lhes devemos respeito e respostas, então será isso que lhes darei. Como já sabem, os três possuem um imenso poder, ainda não totalmente despertado e uma forte ligação. Vocês são nossos escolhidos e escolhidos pelo destino. Seus destinos foram interligados muito antes de seus nascimentos, mas suas ações são as que definirão um encerramento para suas jornadas.

– Encerramento. – meditou Rennata sentindo um leve arrepio. – Não gosto muito dessa palavra. Parece ser o fim. Algo a se temer.

Hecate riu, e o som de sua rizada foi tão suave e cristalino quanto o som de um mensageiro dos ventos.

– Você não entendeu ainda, criança. – ela disse gentilmente. – Vocês são diferentes. Os únicos que devem ser temidos além de nós. Talvez até mais.

Rennata olhou de Selena para Aaron, percebendo que eles também não tinham a mínima pista do que a deusa estava querendo dizer e Hecate evidentemente notou seu desconfortos.

– Vocês não compreendem, não é? Pois bem, Selena, Rennata e Aaron, vocês tem um potencial sem limites e um poder inimaginável: O poder de matadores de deuses.


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Notas finais do capítulo

Hey, você que deve estar pirando aí do outro lado da telinha por causa desse capítulo, principalmente devido ao final.
O momento em que Os Escolhidos recuperarão as memórias que lhe foram roubadas está próximo e para não atrapalhar o andamento da história colocando todos os flashbacks, eu decidi escrever um livro extra - 0.5 ou Making off. Chame como quiser. - que se chamará: Os Escolhidos - Memórias Perdidas. Seria legal se vocês acompanhassem para entender melhor os personagens. Nele, serão apresentados coisas do tipo como: a primeira vez que Selena e Aaron se conheceram e as outras, porque sério, eles já tinham se visto muitas vezes no passado, a primeira vez que Rennata os conheceu, a primeira vez que ela e Thomas se virão e, etc. Bem, também estava pensando em colocar alguns extras do passado, tipo:

Como será que a Rennata incendiou o laboratório da antiga escola dela?
Como a Selena reagiu quando soube que morreria em seu aniversário de 17anos?
Como ela conheceu o Landon?

E talvez, sei lá, até o dia em que os pais de Selena e Thomas morreram. Isso vai depender da minha criatividade. Talvez eu coloque aqui mesmo...

Narrarei boa parte das vezes em primeira pessoa, assim posso exprimir um pouco mais da personalidade e dos pensamentos de cada narrador.

Espero que tenham gostado da ideia e que tal, deixar um comentário para me fazer feliz??? Bem, não custa tentar... rsrs... *_*

Quando eu começar a postar o extra, conto a vocês por aqui!

Bom, acho que já falei demais por hoje, então tchau e até a próxima! ;)

E, não, vocês não podem me matar, já estou escrevendo o próximo capítulo. o/
Beijos!!!



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