A fumaça cobria o céu de Hogwarts. A batalha entre os bruxos e os comensais da morte se tornava cada vez mais critica. Vários corpos jaziam no chão, soldados de ambos os lados. Dentro da casa, deitado perto da janela, Severo Snape sentia suas forças esvaindo em uma poça de sangue. Uma vez atacado por Nagini, o principe mestiço caira, entregando a Potter suas lembranças. Sempre agira na surdina, no anonimato, e sempre ajudara o garoto, mesmo ele achando que o homem só queria seu mal. E talvez quisesse. Mas não podia machucá-lo, uma vez que ao olhar em seus olhos, via a imagem dela. Ela, a única mulher que um dia ele amou: Lily Potter, a mãe de Harry.

‘’Você tem os olhos de sua mãe...’’- ele dissera. O menino herdara as belas orbes da mãe, mantendo uma lembrança viva da mulher que acalentara em Severo belos e intensos sentimentos. Aos poucos, sua respiração ia falhando e a dor era quase inexistente. Ele fechou os olhos, pronto para a qualquer minuto partir e deixar toda essa loucura para trás, quando sentiu uma brisa leve roçar seu rosto. Abriu os olhos com dificuldade e ao focar a visão, se permitiu deixar uma lágrima cair.

Em sua frente, envolta em uma luz branca, Lily caminhava em sua direção. Usava o mesmo vestido florido de quando se conheceram. Estava linda. Ele queria esticar a mão e toca-la, mas já não tinha forças pra isso. Ela chegou perto dele e ajoelhou-se, acariciando seu rosto.

-Li....ly....- ele se esforçou para susurrar seu nome, mas antes que ele tentasse dizer algo mais, ela pousou os dedos em seus lábios e sorriu. Snape sentia as lágrimas caírem, num choro silencioso. Já se considerava morto. Era como se apenas a presença dela o mantivesse acordado e a qualquer momento que ela sumisse, ele cairia no abismo. Ela acariciou seu rosto e o segurou dizendo:

''-Obrigada por tudo, Severo. Por proteger e cuidar dele para mim. Agora, venha comigo.''- ela ficou de pé e estendeu a mão em sua direção. Snape estendeu a sua e segurou a dela, questionando-se como era possível. Ao olhar para trás,viu seu corpo inerte. Um rastro de lagrimas marcara o canto dos olhos e um leve sorriso se formava nos lábios. Ele olhou para ela, ainda confuso, e ela lhe sorriu: seu doce sorriso de menina. Ele olhou para si e viu que vestia as mesmas roupas de quando a conhecera e que também emitia uma luz branca. Na frente deles, um grande portal de luz se abriu. Segurando a mão dele,ela falou:

''-Vamos, Severo.''

Ele assentiu e a seguiu. Assim que adentraram na luz, ambos voltaram a ser crianças. Eles correram pela campina, brincando e sorrindo, como se nada nunca tivesse mudado. Como se nada de ruim tivesse acontecido. Se entregaram as antigas brincadeiras e ao prazer da companhia um do outro.Snape ainda não conseguia acreditar em tudo que lhe acontecera nos minutos passados, mas de uma coisa ele tinha certeza: poderia ficar com sua amada, mesmo que na morte.