Ratos (one-shot) escrita por Alyss Turner


Capítulo 1
Capítulo único




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Não a nada mais irritante do que o som de algo caminhando sobre a sua cabeça durante a noite.

Desde que nos mudamos para essa casa é assim quase todos os dias da semana; som de passos irritantemente passeando sobre o teto do meu quarto. E o pior é que meus pais não dão a mínima para minhas reclamações sobre isso, “já colocamos veneno” eles dizem “o que mais você quer que façamos?”.

E assim os dias passam, e a minha insônia piora até tornar-se insuportável.

Numa dessas noites quando o barulho finalmente cessa resolvo ir até o banheiro antes de tentar pegar no sono mais uma vez.

Ao chegar lá noto algo estranho. O alçapão que leva ao sótão estava aberto. Ele nunca ficava aberto.

Aproximo-me e olho para cima, mas está escuro demais para ver qualquer coisa.

Resolvo subir na pia e fechar logo aquilo. Observar aquele buraco escuro enquanto se está usando o banheiro era um pouco perturbador, como se a qualquer momento alguém fosse aparecer ali e te encarar de volta.

Cerca de uma semana se passou e os barulhos continuavam. Certo dia já mais do que irritada com aquela situação resolvi pegar uma escada e finalmente subir lá em cima para ver se meu pai realmente havia posto veneno para aquelas pragas ou estava apenas brincando comigo.

Não consegui achar uma lanterna então levei apenas meu celular, por mais que a luminosidade não fosse muita era melhor do que nada.

Subir não foi difícil, não voltar para baixo foi à parte mais complicada. Logo que pus minha cabeça lá em cima um cheiro terrível de carniça invadiu minhas narinas fazendo-me recuar e por pouco não colocar meu almoço para fora, entretanto eu nunca fui o tipo de garota fresca e se havia algum animal morto ali achei que seria melhor tirar a carcaça de uma vez antes que o cheiro se espalhasse pela casa.

Cobri o nariz com a minha camiseta fazendo com que o cheiro amenizasse um pouco e segui engatinhando cuidadosamente pelas finas tábuas de madeira cobertas de poeira. Estava escuro, muito escuro, não achei que haveria tão pouca luminosidade mesmo de dia. O pouco que eu podia ver ali era por causa da luz do meu celular e isso se resumia a menos de um metro. Ainda assim podia enxergar as vigas de madeira, a fiação na qual eu tomava cuidado para não me aproximar e lixo como papéis e embalagens de comida que eu não fazia ideia de como haviam ido parar ali, mas deduzi que tinham sido trazidas pelos ratos.

Eu tinha que admitir, aquilo era um pouco perturbador. Se arrastar por um lugar pequeno e escuro enquanto seu estômago fica cada vez mais embrulhado pelo cheiro de algo morto era mais assustador do que eu havia imaginado quando decidi seguir em frente.

Decidi que daria apenas mais uma olhada e caso não encontrasse nada desceria e esperaria meu pai chegar do trabalho.

Virei-me para e esquerda e comecei a procurar por ali, pelas minhas contas eu deveria estar em cima do meu quarto agora e o lixo parecia estar muito mais acumulado ali do que em outros lugares. Havia até mesmo um velho cobertor jogado em um canto. Fiquei me perguntando como um rato conseguiu arrastar algo tão grande até aquele lugar, mas logo ignorei o pensamento, pois algo muito mais estranho chamou minha atenção.

Objetos estavam espalhados em volta de um colchão velho e estragado, coisas desde vidros de perfume até brinquedos infantis, junto também havia várias embalagens de comida formando algo que lembrava quase uma espécie de ninho.

Perto dos meus joelhos encontrei algo parecido com uma boneca feita de pano, seus olhos eram de botões, eu os reconheci como sendo do meu casaco que havia sumido há dois meses.

Vi meu rosto assustado ser refletido em um pedaço de espelho antigo, ao lado dele notei que havia algo proeminente embaixo de alguns papéis sobre os quais algumas moscas sobrevoavam. Ao retirar os papéis deparei-me com a carcaça de um rato, sua cabeça estava esmagada.

Meu coração martelava em meu peito, eu queria gritar, queria chorar, queria nunca ter subido ali... Mas eu sentia meu corpo paralisado pelo medo.

O tempo que a luz do meu celular fica ligada acabou e a escuridão completa do lugar me envolveu.

O ar quente de uma respiração tocou minha nuca.

Não eram ratos que viviam no meu sótão afinal.


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Notas finais do capítulo

E ai, o que acharam da one?
Não sou nenhum Stephen King, mas espero que tenham curtido meu primeiro conto de terror.
Enfim, aguardo comentários HSUAHSUAHSUH
Sejam sinceros ♥



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