Out Of The Woods escrita por The Raven


Capítulo 1
Capítulo 1 – You were looking at me


Notas iniciais do capítulo

É meu casal preferido em BR e ponto final. Eu NECESSITO escrever sobre eles porque não consigo suportar o destino de cada um no livro, apenas. Espero que gostem e boa leitura!



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Com suas inúmeras pulseiras e braceletes, Takako esticou o braço e fez sinal para que ônibus parasse. Os materiais dos múltiplos enfeites coloridos que a garota usava para enfeitar os pulsos tilintaram e refletiram o brilho do sol naquela tarde fresca. A grande sombra aproximou-se balançando suavemente pela rua lotada de Tóquio lotada de pessoas e de carros, porém, o veículo não diminuíra a velocidade ao sinal da jovem estudante, passando direto pelo ponto onde apenas ela aguardava a condução.

- FILHO DA MÃE! – Revoltada por ter sido deixada para trás pela condução pública, Takako mostrou o dedo médio para o motorista que, provavelmente, a fitava pelo retrovisor, rindo de sua cara.

Desde que botou os pés para fora de casa naquela quinta-feira, sentia que não seria um bom dia. Isenta de superstições, boa ou má sorte e amuletos, a garota acreditava apenas que era Lei de Murphy trabalhando para desgastar seu frágil limite de paciência. Talvez, se tivesse inventando um resfriado ou uma dor de cabeça, a mãe tivesse deixando-a ficar deitada.

Ainda algum tempo depois da sombra do ônibus desaparecer de vista, Takako permaneceu imóvel na beirada da calçada, seus olhos fixos no caminho feito pelo veículo, como se ainda não acreditasse que teria de ficar esperando pelo próximo por vinte minutos ou mais. Parecendo imersa em pensamentos diversos, uma buzina alta que soou próxima a retirou dos devaneios num súbito e Takako quase gritou assustada. Temendo por estar próxima demais do meio fio e do fluxo intenso de veículos daquele horário, cambaleou para trás e acabou se chocando em algo.

Por mais rápido que fosse, o rapaz não conseguiu frear a queda do corpo de Takako, que perdeu o equilíbrio e desabou sentada no chão. A saia do uniforme de marinheiro elevou-se o suficiente para exibir suas belíssimas pernas de corredora – a mais rápida do colégio.

Hiroki tentou não olhar o excesso de pele exposta diante de si, mas Takako era sua amiga, sua melhor amiga, e mesmo que não estivessem tendo um dia bom, não se achava no direito de admirá-la tão intimamente daquela forma. Ele se apressou para ajuda-la levantar, esticou a mão direita agarrando o pulso repleto de pulseiras da estudante e a ergueu com facilidade, ajudando-a se recompor do tombo.

- Você está bem?

- Aham.

Um pouco envergonhada por ter deixado que Hiroki – e todos aqueles que passavam por ali – vissem suas pernas, Takako evitou encará-lo como costumava fazer. Ela era do tipo que confrontava qualquer um sem medo e o “olho-no-olho” era sinônimo de força, representando sua personalidade difícil e sua alma determinada. Deixou que a franja cortada sobre as sobrancelhas arqueadas e delineadas fizesse uma barreira entre eles, preferiu se manter distante e tinha seus próprios motivos para fazê-lo.

- Takako, por favor... Está agindo estranho desde...

Ela o cortou antes de deixa-lo completar a frase. Sabia bem o que Hiroki diria e preferia não escutar.

- Não estou estranha! Por que não me deixa em paz?!

- Ei, calma!

Hiroki esticou as mãos para tocá-la nos ombros, mas Takako esquivou-se e fitou-o desconfiada e nervosa. Não queria agir daquela forma, mas simplesmente não conseguia ser indiferente depois do que presenciara na escola. Respirou profundamente, manteando as mãos com firmeza nas alças da mochila.

- Por que você é sempre tão difícil? – O tom do rapaz ficava entre a dúvida real e o sarcasmo, o que irritou profundamente os ânimos já abalados da jovem. Ela não queria ser o problema, porque na verdade o problema era Hiroki e Ayase.

- Eu não sou difícil. Você que está sendo um idiota, como sempre!

- Takako, o que está acontecendo? – Num piscar de olhos Hiroki estava a poucos centímetros de distância do rosto da garota, fitando-a profundamente.

Takako não teve chances de se afastar como fizera antes, foi fisgada pelos olhos curiosos de seu melhor amigo que pouco a pouco desvendava os mistérios por trás daquele comportamento alheio. Extremamente orgulhosa, ela jamais falaria por conta própria, mas o rapaz a conhecia há anos e logo teria conhecimento do que se passava no coração da estudante.

Você estava com aquela vadia, Hiroki! É isso! Satisfeito, seu babaca?!

Sentia-se vulnerável quando o olhar do rapaz a tinha daquela forma. Eram raras as situações em que Takako admitia sua fraqueza ou vulnerabilidade e, infelizmente, quando fitou profundamente as íris de Hiroki, teve conhecimentos de suas reais condições.

- Não está acontecendo nada! Por favor, não me incomode...

Com a voz mais amena e as bochechas coradas (Takako agradecia por Hiroki não ser um telepata ou o estudante já teria descoberto os motivos do mau humor da amiga), a garota se afastou devagar, como se não quisesse mais ouvir a voz de Hiroki ou por simplesmente não conseguir mais manter-se tão próxima dele. Estava obtendo sucesso em aumentar a distância de ambos, mas o rapaz surpreendeu-a quando segurou seu ombro direito, pressionando os dedos suavemente sobre o uniforme de marinheiro.

O gesto de Hiroki foi suficiente para despertar os sentimentos ocultos da adolescente. Ela pôde sentir perfeitamente a pele se arrepiar com o toque. Os cabelos em sua nuca eriçaram e precisou fechar os olhos para se recuperar. O turbilhão de sensações durou apenas um segundo e quando Takako voltou a realidade, suas bochechas queimavam ferozmente.

- Sei que alguma coisa está acontecendo, mas não vou insistir para que me conte aqui. Vamos, vou leva-la em casa e lá conversamos, ok?

Quando Hiroki falava daquele jeito, Takako se sentia bastante incomodada. Aquele tom de voz se assemelhava ao tom de voz usado pelos adultos para falar com crianças e Takako odiava se sentir infantil perante Sugimura. Eles estavam no novo ano e eram intelectualmente iguais, Hiroki não devia trata-la diferente.

Por mais que não estivesse gostando da situação, a estudante apenas assentiu. O rapaz então afastou calmamente os dedos do ombro delicado da jovem e abriu um pequeno sorriso no canto dos lábios, parecendo satisfeito por ter conseguido amansar o gênio forte de Takako.

A garota não morava tão longe da escola, mas seria cansativo ir andando até a casa de Chigusa. Hiroki não pensou duas vezes antes de acenar o braço direito para um táxi que passava vazio próximo de onde estavam. O carro estacionou ao meio-fio e o estudante se apressou em abrir a porta para que Takako entrasse, mas antes que seu gesto de cavalheirismo pudesse se completar, a garota se adiantou e logo estava sentada encolhida no banco de trás do táxi.

Hiroki entrou e fechou a porta, indicou o endereço ao motorista e se encostou melhor no banco de couro do veículo, tentando encontrar uma posição confortável. Takako o observava de soslaio, mantendo os braços cruzados sobre o estômago sem ter coragem e vontade de pronunciar algo. O rapaz ao seu lado parecia incomodado com algo durante todo o trajeto e foi só quando desceram do táxi que Hiroki pareceu menos agitado.

Takako tomou a frente e seguiu o caminho de cascalhos que levava diretamente a porta da frente de sua casa. Sabia que naquele horário os pais ainda estavam trabalhando e irmã caçula estava sob cuidados da babá, na casa desta, mas não disse à Hiroki sobre estarem sozinhos já que sentia-se bastante desconfortável por isso. Destrancou a porta vermelha com a chave que carregava dentro da mochila e suspirou ao entrar na sala. Enquanto esperava que o rapaz também entrasse, retirou as sapatilhas pretas, colocando-as no local apropriado onde outros pares de sapatos descansavam.

Dando um rápido olhar para o lado de fora, a garota viu o estudante atravessar em passos largos o caminho de cascalho e subir os três degraus para a varanda. Takako afastou-se da porta adentrando a sala, deixando Hiroki sozinho para retirar seus sapatos e segui-la, se quisesse.

Eram amigos há muito tempo e o Hiroki visitara a garota inúmeras vezes e vice-versa. Estava habituado com o chão bem encerado e limpo da casa Chigusa, do costumeiro cheiro de lavanda que pairava no ar e da bolinha peluda que sempre ia encontra-lo ainda na sala. Takako e Ayako possuíam uma linda cadelinha da raça Poodle Toy chamada Lola. A cadelinha fora trazida dos Estados Unidos sob encomenda para a casa Chigusa e há quase dois anos fazia parte da família.

Lola saltou sobre os pés de Hiroki e com suas patas curtas tentou chamar atenção. Era engraçado vê-la festejar a visita do rapaz e ignorar completamente a presença da dona. Takako costumava tornar-se séria ao assistir a alegria de Lola perante Sugimura.

- Ei, garota! – O estudante se abaixou, afagando o topo da cabeça e as orelhas de Lola. – Como você está bonita!

Da cozinha, Takako podia ouvir o riso de Hiroki e os latidos felizes de Lola. A garota não conseguiu deixar de crispar os lábios e sentir-se enciumada, mas sabia que aquilo sim era infantilidade e por isso tratou de disfarçar sua amargura. Na verdade, tudo de ruim que acontecera naquele dia provinha do que presenciara no colégio. A imagem de Hiroki e Ayase simplesmente não saia de sua cabeça.

- Bem, podemos conversar agora...

Surpresa com a presença de Hiroki, Takako virou-se assustada na direção do garoto que arqueou uma sobrancelha ao notar a palidez em sua face.

- Desculpe, acho que assustei você. – Hiroki riu baixo, aproximando-se de Takako que mantinha-se apoiada no balcão de mármore da cozinha luxuosa. – Agora você pode me contar o que aconteceu...

- Sem querer sem grossa, mas já sendo, eu disse antes de virmos que não aconteceu nada! Não existem motivos para sua visita, Hiroki, talvez você não tenha percebido, mas eu quero ficar sozinha!

Hiroki nunca vira a amiga agir daquela maneira.

- Takako, eu...

- Por que não vai fazer visitas a Ayase? Tenho certeza que ela irá oferecer algo bem melhor que chá!

A garota pareceu ter atingido o limite ao levantar o tom de voz e deixar a cozinha em passadas largas em direção ao corredor. Hiroki manteve-se imóvel pelos segundos seguintes e piscou devagar, tentando entender o que acabara de acontecer. Ayase? Por que Takako falaria nela? Talvez seja por que... Ah! Merda!

Takako estava sentada em sua cama. Abraçava os joelhos com força, mantendo o queixo encostado nestes enquanto lembrava-se da cena entre o casal maravilha do colégio. Por que diabos Hiroki voltaria a se relacionar com Ayase? Eles não saem juntos mais e nem nada do tipo! Por que diabos trocariam um beijo no intervalo?! E por que diabos acabei por ver isto?!

Odiava admitir, mas nos últimos meses, Takako sentia-se diferente na presença de Hiroki. Queria acreditar que eram apenas “coisas da adolescência”, mas sabia que não se tratava disso. Seu coração palpitava quando o via sorrir e constantemente sentia ciúmes das garotas que o cercavam por ser um exímio lutador de artes marciais e possuir um corpo esbelto e bastante sexy. Há três noites ela sonhava o mesmo sonho: Hiroki a beijava e a possuía com amor e carinho.

Quando se deu conta da presença a mais dentro do quarto sentiu a pele se arrepiar e levantou-se da cama, só então percebendo que suas pernas e também sua calcinha ficavam expostas sentada naquela posição. Takako pigarreou e endireitou o corpo, esperando que o rapaz dissesse algo.

- Eu não beijei Ayase. Ela me chamou para conversarmos e me roubou um beijo. Deixei claro que não queria mais nada, mas mesmo assim ela insistiu. – Hiroki respirou fundo, desencostando o ombro do portal do quarto de Takako. – Ayase só me deixou em paz depois que confessei estar apaixonado por outra garota.

A expressão surpresa no rosto de Takako dera espaço para uma carranca ainda pior que a anterior. Certo, então Hiroki está apaixonado? Ótimo! Que seja feliz com essa garota! A adolescente respirou profundamente de forma lenta e tranquila. Aos poucos um belo sorriso irônico estampou seu rosto belo, deixando o rapaz confuso. As mudanças de humor da garota o deixavam completamente perdido.

- Agora que me contou, pode ir embora, Hiroki. Acho que não temos mais nada para conversar.

- Você não quer saber quem é a garota?

O tom de voz fez Takako olhá-lo diretamente nos olhos. Mal pôde perceber que Hiroki vinha seguindo calmamente em sua direção, adentrando o quarto da garota sem nem ao menos pedir licença. Para que pedir licença, afinal de contas? O rapaz já entrara ali centenas de vezes. A única diferença era que agora estavam completamente sozinhos.

Takako observou-o e sentiu-se cercada ao estar frente a frente com o amigo mais uma vez. Hiroki não se intimidou com o olhar duro lançado pela garota e, sendo o audacioso de sempre, envolveu a nuca de Takako com uma das mãos. Os dedos macios afagaram a pele morna do pescoço da garota que não conseguiria mais escapar da situação em que se metera. Se tivesse sido inteligente, não teria deixado que Hiroki a levasse em casa e nada daquilo estaria acontecendo.

- É você.

Ergueu os olhos negros para Hiroki, que era duas cabeças mais alto, e vislumbrou seus lábios que ainda moviam-se na pronuncia do “você”. Takako piscou várias vezes, tentando compreender o que acabara de ouvir. Talvez estivesse sendo tola e consequentemente estaria ouvindo coisas, mas seu coração acelerado parecia ter entendido perfeitamente o sentindo daquelas palavras.

- É você, Takako. Sempre foi você. – A voz rouca a fez fechar os olhos, deixando de lado o gênio forte que costumava fazê-la agir com brutalidade.

- E-eu... eu não entendo... Somos amigos...

- Sim, você é minha melhor amiga e não tenho vergonha em confessar que a amo.

No mesmo instante, Hiroki tomou os lábios de Takako num beijo gentil e calmo, fazendo-a arregalar os olhos e enrijecer o corpo inteiro. Não era o primeiro beijo de nenhum, mas a sensação parecia tão nova quanto fora na primeira vez que cada um deles beijara alguém. A garota permaneceu dura, sem reação, incerta se aquilo era o melhor a ser feito. Pensou em empurrar Hiroki e sair correndo, mas lembrou de que estava dentro de casa e não teriam muitos lugares para onde ir.

Hiroki segurou o rosto de Takako entre suas mãos e aprofundou o beijo. Ela então despertou do transe e fechou os olhos devagar, apoiando as mãos nos ombros largos de seu melhor amigo. Entreabriu os lábios e deixou que a língua de Hiroki entrasse para tornar o beijo ainda melhor. O rapaz desceu as mãos para a cintura fina da corredora e apertou suavemente o local, trazendo-a para mais perto, envolvendo o corpo de Takako numa espécie de abraço desengonçado.

Sentiu seu corpo em chamas e sabia que Hiroki também sentia o mesmo. Cogitou a possibilidade de arrancar o uniforme escolar e deixar que ele a tocasse como fizera em seus sonhos, mas o rapaz pareceu ler sua mente e assim que Takako moveu as mãos para o terninho de marinheiro que usava, Hiroki segurou suas mãos com cuidado e cessou o beijo.

- Você não precisa fazer isso.

- Eu sei.

- Não quero que seja assim, rápido. – Hiroki levou as mãos da garota até seus lábios e depositou beijos demorados nos dedos finos. – Temos todo o tempo do mundo, não é?

Takako assentiu devagar e olhou-o, abrindo um sorriso meigo, bem diferente daqueles sorrisos irônicos que esbanjava pelo colégio.

- Hum, por que eu?

A voz da garota soara apenas como um murmúrio tímido, mas Hiroki compreendera a pergunta. Ele suspirou e encostou a testa na testa de Takako, acariciando as bochechas da garota com os polegares.

- Porque você é a coisa mais linda que eu conheço. Adoro seu cabelo diferente, com essas mechas alaranjadas, adoro suas pulseiras, seus anéis, seus tênis coloridos. Adoro a forma reprovadora como você me olha quando faço algo errado, adoro a forma como zela por mim, mesmo tentando ser durona. Adoro tudo em você, só demorei um pouco para perceber porque sou lento nessas coisas...

Não conseguia se imaginar mais feliz, mais satisfeita e mais realizada. Jamais imaginara ouvir palavras doces como aquelas vindas de Hiroki. O melhor de tudo era saber que seu sentimento, tão bem escondido no fundo do peito, era correspondido pelo garoto.

- Quer ser minha namorada?

A resposta de Takako veio em forma de um “Eu amo você, Hiroki” e se beijaram novamente. Afinal, eram feitos um para o outro e ninguém jamais poderia negar tal fato.


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Notas finais do capítulo

N/A: Gostou? Não? Então deixa um comentário me dizendo. Tenho certeza que o dedinho não vai cair, você não terá câncer e nem nada do gênero e ainda serei uma autora completamente realizada!

That's all folks!
XOXO ♥

Takoki 4ever.



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