– Perfeito! – Elena disse dando um beijinho rápido nos lábios de Damon quando terminou de arrumar a gravata borboleta que ele usava.
– Porque uma pessoa tem que fazer uma festa onde o traje apropriado é smoking? - ele perguntou pela quarta vez – Eu odeio smoking!
– E eu odeio quando você reclama de tudo... - ela disse rolando os olhos - … e vamos porque já estamos atrasados.
Ele a seguiu com o cenho franzido enquanto ela se equilibrava nos saltos e descia as escadas.
Assim que Damon fechou a casa e acionou o alarme de segurança eles entraram no esportivo vermelho.
– Estamos quase chegando. - ele anunciou depois de muitos minutos em silêncio.
– Algo que eu precise saber? - ela perguntou retocando o batom
– Acho que nada de mais. - ele disse dando de ombros – Quando você quiser ir embora, me avise combinado?
– Aham... - ela responde passando mais uma pincelada de rímel nos cílios
– Você esta linda. - ele disse quase no mesmo instante que estacionou o carro
– E você parece um pinguim. - ele fez uma careta e ela riu.
Damon entregou as chaves ao guardador e contornou o carro abrindo a porta de Elena e lhe oferecendo o braço.
Ela sorriu e cuidando da barra do vestido saiu do carro.
– Talvez você esteja só um pouquinho bonito. - ela disse o fazendo rir
– Sou um pouquinho? - ele disse divertido.
Mas ela não teve tempo de responder por que logo os recepcionistas lhes falavam boa noite e perguntava seus nomes:
– Sr e Sra Salvatore. - ele respondeu com a voz firme e um calafrio percorreu todo o corpo de Elena.
Será que nunca se acostumaria em ser chamada assim?
– Esta com frio? - ele perguntou olhando para os seus ombros desnudos
– Não. - ela garantiu.
– Senhor e senhora Salvatore, a mesa de vocês é a vinte e sete. - o rapaz anunciou com um sorriso simpático – Tenham uma boa noite.
– Obrigado. – Damon agradeceu com um de seus sorrisos cordiais.
Apoiada no braço de Damon, Elena entrou pela grande porta e quase perdeu a respiração.
Uma piscina enorme enfeitada com luzes coloridas dava ao cenário uma expressão luxuosa. Pessoas riram e tomava champanhe, outras dançavam totalmente descontraídas. Algumas ergueram as taças cumprimentando-os, outras apenas os olharam.
Seguindo Damon em direção ao salão principal Elena mal pode acreditar no que via. As portas de vidro permitiam que o dourado das paredes parecesse algo terrivelmente precioso.
– Isso tudo é lindo. - ela disse junto ao ouvido de Damon
– Estamos no salão de festas privadas de um homem e esta entre os mais ricos do mundo. Vamos encontrar todo o tipo de beleza, luxo e conforto que o dinheiro pode comprar. - ele respondeu também em seu ouvido.
Já dentro do salão ela continuava olhando maravilhada para os desenhos esculpidos na parede e para os lustres, que ela tinha quase certeza serem de ouro e carregados de diamantes.
– Ali esta a nossa mesa. - Ele anunciou depois de cumprimentar mais algumas pessoas.
Elena respirou fundo e precisou de toda a sua educação para não fazer uma careta. Na mesa gigante e redonda, reconheceu muitos acionistas da Empresa Salvatore, todos acompanhados por suas mulheres, mas o que realmente lhe embrulhou o estomago e a fez bufar foi ver Andie sentada justamente naquela mesa.
Damon pareceu perceber sua tensão, mas não lhe disse nada. Ainda bem...

– Salvatore! Devo dizer que é um prazer para meus olhos voltar a ver a sua esposa. - o gorducho de qual Elena não lembrava o nome foi o primeiro a se levantar e os cumprimentar.
– Digo o mesmo sobre a sua esposa. – Damon disse gentil cumprimentando a mulher linda e gordinha ao lado do velho.
– Elena que prazer em vê-la! – Andie disse levantando de sua cadeira de inclinando em sua direção, deixando clara a intenção de trocar dois beijinhos.
– Posso dizer o mesmo Andie! – Elena disse retribuindo os beijinhos da mulher, porem com a voz bastante irônica.
– Estamos com saudades sua na empresa Gilbert.. ou melhor, senhora Salvatore. - um dos acionistas disse impedindo que o clima ficasse tenso. - Ninguém é tão atenciosa quanto a você.
Era impressão de Elena ou Andie havia torcido o nariz?
– Oh senhor Gillies, - ela disse feliz por conseguir lembrar o nome dele – fico encantada com o elogio e feliz de enfim conhecer a sua esposa. - a mulher ao lado dele sorriu encabulada e finalmente Damon e Elena se sentaram a mesa.
Os talheres de prata reluziam em conjunto com os pratos de porcelana trabalhados em pinturas delicadas, mas nada chamara mais atenção de Elena do que o vestido de Andie.
A mulher usava os cabelos soltos, com brincos e colar de perolas, que lhe realçavam o colo e os seios. O vestido ficara na altura dos joelhos e era vermelho, com as costas totalmente abertas até a altura do quadril. Na frente, e decote ficava a três dedos abaixo dos seios, tornando a vista do vale entre eles bastante exposta. Tinha que admitir Andie estava sexy e podia fazer com que qualquer homem suspirasse.

Parecendo ler-lhe os pensamentos Andie lhe disse de maneira cortês:
– Adorei seu vestido.
Elena esforçou para não corar. Seu vestido era lindo sim, sem duvida... Pegará emprestado de Caroline e sem duvida era lindo. Um longo extremamente colado ao corpo, dourado e brilhoso, exatamente qualificado para ser usado à noite. Seu decote era em formato de “V”, mas não tão ousado quanto o dela. Seus brincos de ouro em formato de argolas deixavam o seu pescoço em evidencia e o coque que prendia o seu cabelo, meio preso meio solto, lhe emoldurava o rosto.
– Obrigada. Achei o seu muito bonito também. - ela respondeu forçando um falso sorriso.
Tentando prestar atenção no que Damon conversava com um dos acionistas que ela não lembrava o nome, quase não ouviu quando a mulher linda e gordinha lhe perguntava a quanto tempo era casada.
– Dois meses e quinze dias. - ela respondeu não se importando o quanto aquilo poderia parecer idiota.
– Oh, são recém-casados. - a mulher disse maravilhada - Onde passaram a lua-de-mel?
“ Oh, não, nosso casamento é um contrato não é real. ” - ela teve vontade de responder.

– Na verdade, ainda não tivemos tempo para planejar uma.
– Oh entendo, eu e meu marido fizemos a nossa depois de três anos de casados, imagine só! - a mulher riu.
“O meu casamento não vai ter nem mais três meses...” - ela novamente teve vontade de responder.
Para sua sorte o jantar começou a ser servido e a mesa ficou mais silenciosa. Depois de por fim terem comido a sobremesa a mesma mulher voltou a falar-lhe:
– Eu achei o seu vestido magnífico! - ela disse sorrindo de forma sincera – A cor ficou perfeita junto com o contraste dos seus cabelos.
– Obrigada. Eu devo admitir que estou encantada é com a cor do seu vestido – Elena disse a verdade um tanto encabulada – Na verdade eu acho que deveria ter colocado algo mais colorido.
– Bobagem! - a mulher disse lhe dando um tapinha na mão.
– Concordo com Elena... uma cor mais chamativa lhe cairia muito bem. – Andie disse tentando usar aquele tom de “melhores amigas”.
– Eu acho que ela esta linda. - a mulher disse calma – Creio que à noite cores muito chamativas não caem tão bem. A menos é claro para as prostitutas... - a mulher disse parecendo inocente.
– Uma cor mais viva deixa qualquer mulher mais provocante e sexy. – Andie disse parecendo tentar persuadir a mulher.
– Não concordo com você. Dependendo da mulher e do vestido que ela usa, serve apenas para deixá-la vulgar. - um brilho de desafio apareceu nos olhos de Andie, mas antes que ela pudesse falar qualquer coisa à mulher continuou parecendo bastante relaxada - Eu na verdade achei o seu vestido bem vulgar. Vulgar até de mais. - a mulher disse sem rodeios olhando Andie de frente.
Por alguns segundos a secretária pareceu envergonhada e então soltou um sorrisinho levantando:
– Todos tem uma opinião diferente. Se me dão licença, vou buscar outra taça de champanhe. - e saiu pisando firme.
– Desculpe. - a mulher falou para Elena– Por algum motivo eu não a suporto.
– Partilhamos do mesmo sentimento. – Elena disse divertida.

Minutos se passaram e felizmente Andie não havia voltado.
– Vou ao banheiro. - Damon disse junto ao seu ouvido enquanto ela e a mulher conversavam sobre receitas de bolos.
– Tudo bem vou lhe esperar aqui. - ela disse sorrindo enquanto Damon se afastava.
– Estou começando a ficar preocupada com Damon. - Elena confidenciou para a sua nova amiga.
– Relaxe. Deve ter encontrado alguém conhecido e ter ficado falando de negócios.
– Chame de instinto se quiser, mas sinto que algo não vai bem.
A mulher a olhou por alguns segundos antes de dizer:
– Se é assim, talvez fosse melhor você ir atrás dele... Não creio que esteja bêbedo, mas pode ter esquecido o número da mesa ou algo assim.
Elena duvidava muito desta hipótese mas mesmo assim levantou-se pediu licença aos demais e começou a caminhar em direção aos banheiro com os olhos correndo por todos os lados.
Chegando ao jardim com a iluminada piscina ela correu-o os olhos pelos casais e seu olhar parou detectando Andie e .. Damon.
Seus pulmões doeram e ela se lembrou de respirar... Aquele era Damon conversando com Andie? Mas é claro que aquele era o Damon!
Respirando fundo ela caminhou até eles.
– Damon quero ir pra casa. - ela disse em um tom alto e confiante.
Céu como estava com raiva.
– Elena, eu estava conversando com Andie... - ela o interrompeu
– Eu percebi. - ela o cortou - Você vai me levar pra casa ou devo chamar um táxi?
Damon a olhou em silêncio por vários segundos, assim como Andie, que parecia surpresa com a sua reação.
– Claro que vou te levar. - ele disse tentando sorrir.
– Mas ainda é tão cedo e... - Foi à vez de Andie ser interrompida por Elena
– Cala a boca. – Elena disse encarando a mulher de frente – Eu estou falando com a o meu marido, não com a prostituta dele.
Damon pareceu tão chocado quanto Andie com a resposta, mas ela não esperou para ver se algum deles diria alguma coisa, apenas virou as costas e começou a ir em direção a porta da saída.
Logo Damon estava do seu lado com o mandíbula apertada, acompanhando-a até o local onde o carro os estava esperando.
Nenhum dos dois falou uma palavra se quer até chegarem em casa.
Damon mal tinha parado o carro e Elena já tinha pulado para fora. Ela sentia a raiva correndo por suas veias e pode jurar que estava prestes a matar alguém.
Digitou o código de segurança e entrou na casa com os passos rápidos:
– Você pode me dizer o que esta acontecendo? - ele perguntou enquanto ela ia em direção as escadas.
– Nada, para de falar. - ela gritou brava.
Nunca sentirá tanta raiva na vida!
– Será que dá pra esperar antes de me acertar com a pia da cozinha?! - ele perguntou irônico a seguindo pelas escadas – Se eu ao menos souber o porquê você esta tão brava eu... - ela o interrompeu aos gritos:
– Eu não aguento isso Damon!
– Aguenta o que? - ele quis saber começando também a gritar.
Ela sentiu as lágrimas começarem a cair de seus olhos e não as impediu, deixou que viessem.
– Até quando vamos ficar brincando de casinha? De papai e mamãe? Eu não aguento mais isso! - ela gritou sentindo o corpo todo tremer de raiva – Eu não sou uma idiota Damon, então não tente me fazer parecer uma! Se quer tanto transar com Andie, não pode ao menos esperar para fazer isso em um lugar onde não tenha tanta gente?
– Do que você...?! - ele entendeu e correu a agarrando pelos ombros – Não seja tola eu não estava flertando com Andie! Você me conhece bem o suficiente para saber que eu nunca faria isso! - ele a sacudiu pelos ombros – Ainda mais agora que as coisas entre nos estão cada vez melhores!
– Na cama você quer dizer, porque é só lá que as coisas ficam realmente boas entre nós. - ela não parava de gritar
– Não faça isso Elena. Não tente tornar feio uma coisa tão bonita que esta nascendo entre nós.
– E o que esta nascendo entre nos Damon? - ela gritou lhe dando tapas por todo o peito musculoso.
– Eu não sei, mas é algo que eu quero preservar. - ele disse agora com a voz baixa – Eu fui até o banheiro e saindo de lá encontrei Andie, ela me disse que Tyler Lockwood queria me falar um segundo e eu fui ao encontro dele, quando você chegou ele tinha ido à procura de um ponche. - ele explicou enquanto ela mordia o lábio inferior se recusando a soluçar - Não vou brigar com você por causa de um ataque de ciúmes. Vamos para a cama e… - ela o empurrou com força sentindo o orgulho ferido.
– Você já me trouxe pra casa, pode voltar a aproveitar o resto da noite com a Andie. Eu não me importo contanto que seja discreto... - ela mal podia acreditar no que ouvia.
– Elena... - ele tentou recomeçar a falar, mas ela voltou a interrompê-lo
– Eu vou pro meu quarto. - ela anunciou em um tom que garantia que não havia outra opção – Sinto muito, mas não vou poder diverti-lo essa noite.
– Não fale como se fosse uma prostituta. - ele disse apertando novamente a mandíbula
– E isso faz alguma diferença pra você?
Ele não pode responder por que a porta grande e pesada do antigo quarto dela havia se batido com força, deixando todo o corredor em silencio.