Sem perder a esperança escrita por Ester


Capítulo 26
CAPÍTULO 26- Crise




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POV PEETA

Com Effie no quarto o espaço fica pequeno então saio vou à procura de Haymitch, que não está em sua suíte, o vejo sentado no balcão de um bar do hotel. Parece conversar com alguém que não consigo identificar de onde estou. Ao me aproximar o chamo só então identifico com quem está: Gale. Penso em sair rapidamente, mas Haymitch já me viu e ele também. Tento ser cordial, comprimento e sento em um banco próximo aos dois, a garçonete vem perguntar se quero alguma coisa e peço um suco bem gelado.

_Finalmente saiu daquele quarto em garoto?_ ele fala e percebo que já bebeu demais_ O que estão fazendo lá o dia inteiro? _ pergunta rindo e me empurrando de leve.

Realmente ficamos quase o dia todo lá e não me preocupei em como isso seria estranho para as outras pessoas que acham que somos só amigos. Não sei o que responder, minha mente tenta projetar uma resposta, mas ela não sai. Infelizmente ficar sem fala perto dele é o mesmo que admitir culpa. Não sei como consegue ser tão perspicaz. Levo um segundo para perceber que devia ter inventado qualquer mentira e saído rapidamente, me olha atentamente e começa a gargalhar e gritar alto. Para todos ouvirem.

_Ah! Garoto isso é que é ser esperto. Mandou bem! _não sei o que dizer, decido levantar e sair, mas Gale segura meu braço quando passo por ele.

_Meus parabéns. Finalmente consegui o que queria._ pela sua fala sei que também já bebeu mais do que suficiente. Então tento amenizar o clima.

_Olha Gale, não tenho nada contra você, na verdade sou grato por ter salvado a minha vida. Não tem sentido ficar me atacando, tudo bem?_ falo mostrando as mãos em sinal de rendição.

_Tudo bem_ concorda terminando o copo e pedindo outra bebida_ Não vou brigar mais com você, sei que perdi. Fica aí termina seu suco. _não gostaria de ficar, mas a verdade é que não tenho para onde ir, volto para o banco e tento tomar o suco. Mas Haymitch não está satisfeito, vira para mim e diz:

_ E então garoto o que te fez sair da suíte nupcial?_ a última palavra diz levantando a língua e fazendo uma pose ridícula. Penso em não responder, mas isso só fará sua mente fértil viajar mais ainda e dou a resposta mais honesta possível.

_Effie Tinket. _ digo sem rodeios.

_Ela está aqui?_ pergunta mostrando o hotel.

_Plutarch a mandou, parece que não gostou das filmagens de ontem.

_A mais que droga! _ ele reclama_ E a Katniss como ficou?

_Ela ficou irritada mais depois cedeu e agora estão lá fazendo unha, cabelo e todas essas coisas.

_Bom então fica aqui com os homens e toma um drinque. _ ele me mostra a bebida. Não gosto de beber, mas fico no bar ao entender que os dois já beberam mais do que o suficiente, penso que podem começar um tumulto e quero evitar isso. Percebo que estou certo quando Gale começa a gritar coisas sem nexo e dizer que vai até ela. Está se referendo a Katniss e não posso deixar chegar perto dela nesse estado. Digo que vou levá-lo e peço para um segurança ficar com Haymitch. Claro que não vou levar Gale para minha suíte ao invés disso o levo para o seu próprio quarto, já está tão alto que nem percebe. O levo até a cama e o deixo lá, ele começa a chorar dizendo que não queria perdê-la e que não vai gostar de ninguém mais na vida. Fico calado, pois sei que se fosse eu no seu lugar nada iria me consolar, depois de uns dez minutos disso acaba apagando e saio de lá.

Volto para o bar e o segurança me informa que Haymitch voltou para o seu quarto. Menos mal ele é acostumado a beber então não preciso me preocupar. Peço ao segurança para ficar de olho no Gale e não deixar que saia do quarto enquanto não estiver bem. Ele entende e se compromete a ficar atento. Sem nada para fazer vou até a praia, o sol está perto de se pôr de forma que a temperatura está agradável. Começo a caminhar e nem percebo que me afastei da área do hotel. Tem um segurança me seguindo, mas fica distante para me darem privacidade. Vejo um aglomerado de casas parecidas com as casas da Vila no Doze e então percebo que devem fazer parte da Vila dos Vitoriosos daqui. Passo olhando as casas e uma imagem chama minha atenção: uma mulher ruiva com um carrinho de bebê. Ela está concentra em dar atenção a criança. Não quero surpreende-la por isso a chamo pelo nome.

_Annie, Annie Cresta, oi, sou eu Peeta_ falo com um sorriso no rosto.

_Peeta! _ ela me olha reconhecendo_ Meu Deus, quanto tempo!

Ela vem até a mim e me abraça e retribuo, estou realmente feliz em vê-la. Enfrentamos muitas coisas na Capital e ela foi uma pessoa que passei a admirar. Passamos um tempo conversando, me apresenta seu filho, um garoto forte e animado que fica no meu colo babando em mim por um bom tempo. Ficamos assim conversando e brincado com o bebê. Até que começa a escurecer. Despeço-me com a promessa de retornar com Katniss depois. Ando de volta para o hotel e só agora percebo o quanto me distanciei. Levo em média quarenta minutos para voltar e quando chego Katniss já está me procurando pelo hotel. Quando me aproximo ela fala:

_Peeta o jantar é daqui a quinze minutos. Onde você estava?

_Caminhando na praia e perdi a noção do tempo. Não se preocupe fico pronto em cinco minutos. _ digo entrando no quarto e já pegando a toalha para tomar banho.

Rapidamente me apronto e vou ao seu encontro. Ela não entrou no salão está num pequeno bar que o antecede. Somente agora tenho tempo para observá-la e está realmente linda, os cabelos escovados e soltos, uma maquiagem bem leve. Um vestido curto e muito bonito. Normalmente acho-a linda mais hoje está perfeita. Vendo-a assim concentrada em um guarda-chuva de sua bebida entendo que não poderia me sentir mais feliz. Tenho a mulher mais linda do mundo e sei que me ama. Todas as incertezas que tinha ficaram para traz no momento em que se tornou minha, me aproximo e é impossível não querer beijá-la.

_Peeta_ ela me repreende. _ Você prometeu.

_Eu sei desculpa, mais eu não resisti, você está tão linda amor, foi mais forte do que eu. Desculpa não vai acontecer de novo. _ olha em volta para ver se alguém nos viu, como não tem ninguém conhecido por perto ela relaxa se vira e me beija de volta, depois diz:

_Tem só mais um pouquinho de paciência, juro que vou resolver o problema com o Gale e você vai poder me beijar aonde quiser.

_Promete? _ falo já sorrindo.

_Prometo. _ sua voz sai decidida.

_Então vamos?_ ofereço o braço para ela.

_Vamos. _ fala colocando a sua mão no meu braço.

Entramos no salão e a noite passa igual a anterior muitas conversas e acordos. No fim voltamos para o quarto. Estar com ela novamente é incrível. Todo seu corpo, sua pele, seus beijos tem um efeito mágico em mim. Esta noite consegue ser ainda melhor que a primeira, principalmente para mim, se antes estava nervoso por medo de machucá-la, agora me sinto mais leve, mais consciente. Ela também se mostra menos apreensiva e mais relaxada. Depois de um tempo estamos dormindo abraçados e felizes como nunca.

Acordo com a respiração ofegante, coração disparado. Leva um tempo para descobrir onde estou pois imagens horríveis invadem minha mente. Katniss dorme tranquila em meus braços, mas sei que preciso me afastar. Da forma mais delicada que consigo me afasto dela. Vou para o banheiro e tento acalmar minha mente. Não quero regredir, não agora que estou com ela. O desespero toma conta de mim, deveria sair, andar e me acalmar, mas está tarde e não sei se isso ira me ajudar. Posso perder a consciência e ficar perdido pelo hotel e chamar muita atenção. Decido fazer o que sempre me acalma em casa, entrar debaixo do chuveiro. Logo percebo que foi uma péssima ideia, nervoso não consigo programar a ducha direito e um jato muito forte e gelado me atinge. Minha mente me leva de volta à Capital, para a tortura que sofri, todas as noites me despiam e jogavam jatos de água gelada no meu corpo. A ducha não é tão forte, mas minha mente fica presa como se fosse. Encolhido em um canto fico sem reação, meu pensamento vagueia, flash me invadem e me sinto perdido.

Percebo que alguém está chamando meu nome. Meu coração gela ao reconhecer sua voz é a Katniss. Grito para que vá embora, que não pode ficar, e que precisa sair de perto de mim. Mas ela não vai. Desliga a ducha e vem até mim. Não quero que me toque, grito para que se afaste. As imagens estão confusas na minha cabeça e talvez perca o controle, então enfio minha mão na boca e mordo com toda força na esperança que a dor me leve de volta a realidade, não adianta muito, sinto gosto de sangue mas não melhoro. Sinto seu toque no meu rosto, eu estou com tanto medo, não quero machucá-la. Ela fala baixo e com carinho. Passa a toalha no meu corpo, falando que tudo vai ficar bem. É o seu toque e a sua fala que me trazem de volta à realidade

Mas perceber a situação não é fácil. Quando me situo o desespero toma conta de mim, percebo o quão assustada ela está, vejo minha mão sangrando, tem sangue pela minha cabeça, porque bati com ela na parede sem perceber. Estou nu e jogado no chão do banheiro. A primeira coisa que quero é morrer, para não ter que encarar a Katniss, para não saber o quanto isso deve ser repulsivo para ela. Penso em sua reação e choro, choro muito. Por que queria ser feliz, viver feliz e isso parece impossível. Katniss não diz uma palavra, ela se senta no chão molhado e me puxa para si, seu abraço é sereno e carinhoso. Encosta sua boca em meu ouvido e diz que vai ficar tudo bem, que me ama, que nunca mais terei de enfrentar isso sozinho e que vai estar sempre ao meu lado. Suas palavras tem efeito curativo em mim. Tento levantar, mas me sinto zonzo devido a pancada na cabeça. Katniss diz que preciso tomar banho para lavar o sangue. Ela programa a ducha com água morna e entro debaixo, lava meu cabelo e minha mão. Retira o resto do sangue do meu corpo. Desliga a ducha, pega um robe e o coloca sobre mim e me conduz até a cama.

Depois pega um kit de primeiros socorros que está no banheiro e faz um curativo, por sorte há no Kit fitas adesivas cirúrgicas para fechar o ferimento e depois de desinfetar ela corta a fita e fecha a mordida. Fica como se tivesse dado alguns pontos. Ela coloca um curativo adesivo do tamanho de uma gaze. Quando termina com a minha mão ela verifica minha cabeça. Diz que não precisa de ponto e que só precisa limpar e passar um medicamento contra infecção, conclui tudo e pede para eu deite. Pega um comprimido para dor e se senta perto de mim.

Pergunta se quero conversar, balanço a cabeça indicando que não. Na verdade não quero nem olhar para ela. Percebendo isso abaixa até a minha boca e me beija. A principio não correspondo fico imóvel. Mas não desiste continua o beijo e aos poucos vai passando sua boca pelo meu pescoço, beijando perto do meu ouvido. Fica assim até que não resisto a envolvo em meus braços e a beijo com vontade. Quando nos afastamos começo a pedir desculpa de forma desesperada. Sei que foram momentos difíceis para ela e não queria fazê-la passar por isso. Ela sai dos meus braços e me olha séria, sua fala sai baixa mais firme.

_ Nunca mais peça desculpa por algo que não é culpa sua e nunca mais tenta fugir de mim ou tenha vergonha de mim por causa das crises. Não é sua culpa, nunca foi e nunca será.

_Katniss não queria que você passasse por isso.

_Eu sei que não, mas se você passa eu também passo. Concordamos em estarmos juntos lembra? Isso não é só para os bons momentos é para os maus também.

­_ Parece que já nos casamos... _ tento fazer graça e desfazer a tensão do momento e ela percebe isso e quando fala está sorrindo:

_ Com certeza fazemos “coisas” de casados, como diz minha mãe. _ a ênfase que ela dá na palavra coisa me faz rir. Fico bem junto a ela e digo:

_Então amor, já que estamos os dois aqui acordados e sem sono, que tal fazermos as coisas de casados? _ estou imitando seu tom. _ Só para me deixar mais animado hein?

_ Mellark você vai se aproveitar de uma crise para se dar bem?_ ela fala com a mão na cintura.

_Não vou me aproveitar é que depois da crise fico abalado psicologicamente. _ aponto para minha cabeça fazendo sinal de maluco_ Então preciso me acalmar e que jeito melhor de me acalmar do que com você minha linda? _ termino de falar já a puxando para mim. Ela não resiste começa a rir e fala:

_Você é maluco sabia?

_Maluco não, abalado psicologicamente. Maluco só quando você está comigo. _ o final da frase falo no seu ouvido e com toda sensualidade que consigo reunir. Ela fica sorrindo e logo estamos juntos de novo.


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