E lá estava eu, no leito de morte de um herói do Olimpo. Luke Castellan havia sido um herói, nos últimos momentos de sua vida, conseguiu controlar Cronos e se sacrificou para salvar a todos. Mas ao mesmo tempo, em que o destino do mundo estava a salvo, e a grande profecia acabava, meu mundo era destruído, tudo por causa de minha melhor amiga.

Annabeth Chase, a filha de Atena, chorava junto ao corpo do amigo morto.

- Luke! Luke! Eu te amo! Eu... – Falava com dificuldades – Eu sempre te amarei. –

Não era hora para aquilo, mas não era justo! Depois de tudo o que Luke fez ela passar, a sequestrando, quase a matando... Bem, e meus sentimos iam se destruindo. Olhava Annabeth imóvel, não havia admitido ainda o que sentia por ela, e naquele momento, a angustia tomou conta de mim.

Não esperei os Deuses falarem, quando tudo acabou, eu me virei, saí pela porta da frente e fui para o primeiro andar do Empire State. No térreo, minha mãe Sally e seu namorado Paul, me esperavam, aguardando por notícias, e quando saí do elevador, a primeira reação dela foi de raiva, a segunda de choro, seguida por mais raiva, e por último o habitual sorriso que cativava a todos.

Ela me abraçou e me deu um beijo na testa.

- O que aconteceu? – Perguntou ela

- Luke se sacrificou, salvou o Olimpo, se tornou um herói e Annabeth admitiu que o amava. – Falei pouco à vontade

Minha mãe me estudou e me abraçou forte. Naquele momento era tudo o que eu precisava, Paulo não falou nada, nós três nós viramos e fomos para casa.

Eu estava cansado, não comi nada e fui direto para a cama. Não dormi, os meus pensamentos começaram a vir à tona. Talvez fosse o déficit de atenção?

Eu pensava no porque daquilo tudo, ser um semideus, filho de Posseidon, marcado por uma profecia que decidiria o destino do mundo. Conhecer as pessoas mais incríveis, Annabeth, Groover, Quírion... E perder outras tantas pessoas inesquecíveis, Charles Beckendorf, Silena Beaurregard, Luke Castellan... E é claro, Bianca DiAngelo e Zoe Nightshade.

Além de conhecer os deuses, cada um com sua personalidade e peculiaridade. Apolo e suas loucuras musicais, meu Pai e suas brigas constantes com Zeus, Atena e sua sabedoria infinita, Héstia, a adorável deusa criança, Afrodite e suas loucuras de amor, Ares e sua força, e é claro, Ártemis e seu ódio pelos homens.

Me lembrei da primeira vez que vi as caçadoras, há dois anos, quando tentávamos salvar os irmãos DiAngelo, elas pareciam prepotentes, poderosas e tudo mais. Quando conheci Ártemis, achei ela irritante e prepotente, linda, mas muito irritante.

O pré-requisito básico para se entrar na caçada era das as costas aos homens e dizer não para qualquer forma de amor romântico. Elas ficavam jovens e belas para sempre, a imortalidade vinha acompanhada de muitas aventuras e muita amizade e companheirismo. As caçadoras eram uma família estranha, mas feliz.

Eu invejei Bianca, quando ela se tornou uma caçadora. Ter a oportunidade de abandonar tudo, e partir para aventuras infinitas com Ártemis, sinceramente, naquela época, renunciar ao amor e aos homens parecia um preço pequeno a se pagar, pela imortalidade e as aventuras infinitas.

A voz de Annabeth falando: “Luke eu te amo”, ressoou na minha cabeça. Talvez fosse o cansaço por causa da luta contra Cronos e toda a batalha de Nova Iorque, e ou fosse a raiva da filha de Atena por ter destruído meus sentimentos.

Minha mente vagueou por mais algumas memórias, até chegar ao momento em questão. Visualizei Bianca na minha frente jurando a Ártemis. E em um último esforço de me manter acordado, fiz uma coisa impensável.

Recitei mentalmente: “Eu me comprometo a Deusa Ártemis, dou as costas aos homens, aceito a virgindade eterna e me junto a caçada...”.

Não demorou muito e eu adormeci.

Mas como os sonhos de um semideus nunca são claros.

Sonhei com uma floresta densa, estava no acampamento das Caçadoras, as tentas prata se estendiam a minha frente, havia uma pequena fogueira. O clima era fresco, eu estava apenas de pijama, olhando para o acampamento deserto.

- Sinceramente, eu não sei se você é muito corajoso, ou muito idiota. – Falou uma voz atrás de mim

Quando me virei, observei Ártemis, a deusa de 12 anos, com cabelos ruivos e olhos prata. Ela me olhava com curiosidade, estava vestida com as roupas da caçada, e parecia cansada.

- Lady Ártemis. – A reverenciei

Ela ficou mais perto de mim.

- Jackson... Senti sua falta no conselho olimpiano. – Disse ela

- Eu não estava com cabeça para isso... – Respondi

Ela me olhou com raiva.

- Sabe... Muitos deuses o consideram um herói... Iam lhe conceder um desejo... –

- Não sou um herói, eu apenas entreguei a faca para Luke se matar... Teoricamente, ajudei uma pessoa a cometer suicídio. –

Era verdade, embora eu não pensasse realmente assim. Ártemis me estudava com seus olhos prata.

- De qualquer jeito Jackson, acha mesmo que pode escapar do julgamento dos Deuses? –

- Ártemis, eu não quero desrespeitar nenhum deus, eu só peço tempo para pensar um pouco, talvez um dia ou dois... –

Ela chegou mais perto.

- Eu sinto sua dor... Ter o coração partido, nunca é fácil... –

- Você virou Afrodite agora? –

Ela sorriu.

- Não... Mas eu entendo sobre corações partidos, e ver a garota pela qual você se apaixonou admitir que amava outro... Isso deve ter sido difícil, além é claro de ter perdido muitas pessoas queridas em toda a sua jornada. Beckendorf, Silena, Bianca, Zoe... É muito difícil carregar um fardo desses, semideus. –

- Não me diga... Para no final, quando eu tinha que mostrar que a morte deles não foi em vão... O cara mau se redime e acaba se matando? –

Ártemis pegou o arco e o examinou.

- Vou conceder seu desejo Percy... Mas para isso, terei que tomar algumas medidas! Nos vemos pela manhã! – Disse ela sorrindo

Seu sorriso era de dar medo. Ártemis me olhava como se eu fosse um animal indefeso que precisava de proteção. O que ela queria dizer com: “Vou lhe conceder seu desejo”? Depois que ela falou aquilo, as coisas ficaram escuras, não me lembro de ter sonhado mais, mas tudo mudou ao amanhecer.

Quando acordei, abri os olhos e notei duas protuberâncias no meu peito, gritei com uma voz mais fina e suave... Aquele realmente não era meu, Ártemis realmente havia tomado algumas medidas para atender meu desejo. Eu gritei pedindo por ajuda.