Olhar para Severus era como achar o vestido perfeito e não ter dinheiro para comprar, era ganhar um chocolate, mas estar de dieta era estar perto e longe ao mesmo tempo de algo que eu queria profundamente. Só havia uma pessoa que sabia dos meus sentimentos-minha prima- e outra que desconfiava seriamente -minha mãe. Diferente de certas mulheres sem graça e sem sal eu não me interessei por ele depois que Severus Snape ficou conhecido como o herói que ajudou Harry Potter e agiu como agente duplo arriscando a própria vida tendo que matar o melhor amigo já doente para o bem da missão. Eu gostei dele no momento em que ele disse para Hermione Granger que ela não era a única que poderia ser inteligente ou talvez tenha sido quando disse a Draco que eu não era uma seguidora e sim uma amiga que merecia respeito. Não que ele tenha falado isso com muita emoção, ele disse ambas as coisas da mesma forma que alguém diz para uma criança amarrar o sapato para não cair.

"Você está bem?" Angelique balançava uma mão em frente ao meu rosto demonstrando que eu nem mesmo piscava. A sala já estava parcialmente vazia.

"Sim." Disse suspirando ao perceber que Severus não estava mais perto de mim.

"O que você e a professora estavam conversando?" Se fosse qualquer outra pessoa eu perguntaria o que ela tinha haver com isso. Mas sabia que aquilo era só preocupação.

"Ela não acreditou, quando eu joguei a culpa no grifinório, disse que chamaria Severus para me dar um jeito me comparou ao pirraça e no fim disse que eu era uma boa menina e que entendia meu lado. Apenas blá blá blá." Despejei tudo e saí andando rapidamente, eu estava faminta.

"Você não muda, continua implicando com grifinórios. Você sai da sonserina, mas a sonserina não sai de você." Falou Angelique rindo.

"Sabe como é algumas coisas nunca mudam." Dei de ombros.

"Já fazem 4 anos e andar por aqui ainda me traz lembranças daquele dia." Angie disse passando a mão pelos cabelos longos, parecia cansada sempre que tocava no assunto.

"Era seu primeiro ano. O primeiro ano de ninguém deveria ser daquele jeito, ninguém deveria ver o que vimos." Falei quase em um sussurro, mas Angie me ouviu.

"As histórias só se lembram dos reis." Repetiu a frase que já havíamos ouvido antes em algum lugar.

"Nesse caso só do trio de ouro. Eu não digo que não merecessem, eu fui a primeira a bater palmas - imaginárias é claro - para eles depois do ocorrido.Mas eu salvei a maioria dos primeiranistas que estão vivos. Eu não queria e nem faço questão que me agradeçam ou que levem em consideração o que eu fiz, eu faria de novo. Vocês eram crianças...Tão pequenos...Tantos morreram." Eu sentia que começaria a chorar. "Eu só queria que parassem de me encher o saco com aquela ladainha de que eu deveria repensar a forma como trato o trio de ouro. Eu implicava com eles desde os meus onze anos e não mudaria só porque eles salvaram nossas vidas, da mesma forma que eu não espero que os que eu salvei resolvam ser meus amiguinhos. Até porque meu modo de salva-los foi bem imbecil aparatar com crianças de onze anos que não estavam preparadas foi o cúmulo da doideira. Sorte que ninguém estrinchou." Falei me lembrando que com 17 anos eu era muito impulsiva, mas acredito que isso tenha sido o que me ajudou naquele dia.

"Eu queria ter feito mais." Angie falou triste chegando junto comigo para almoçar.

"Você fez muito! Acha que eu conseguiria organizar várias crianças desesperadas e com medo, você venceu o seu temor e os ajudou a me seguir. Sabe...Nós somos as verdadeiras heroínas." Falei brincando para anima-la.

Me despedi de Angie e fiz o caminho que eu deveria fazer, me sentava sempre ao lado de Hagrid eu o adorava e ouso dizer que euzinha era a única sonserina com quem meu amigo meio gigante sempre conversava e sorria. Fazer o que? Sou encantadora.

"Como está senhorita Spencer?" Perguntou Rúbeo.

"Bem. Ainda não me acostumei em comer aqui com vocês."

"Eu também não, mesmo depois de tanto tempo." Rúbeo era professor de Trato com criaturas mágicas. Eu gostava dele como professor me lembro de atazanar Draco para que parasse de manha e se mostrasse superior esquecendo a bicada que levou. Quase fui expulsa do seu seleto grupinho, mas eu não ligava só andava com eles porque realmente gostava de Draco.Era uma relação engraçada eu gostava dele e ele de mim isso estava bem claro, mas ele me tratava como tratava os outros e eu o tratava como tratava os outros. Resumindo ele se mostrava superior e eu mostrava que aquilo era babaquice.

"Ela ainda está aqui?" Acho que minha voz saiu mais enojada do que eu pretendia. Perséfone estava sentada ao lado de Severus com uma risada super fingida como se tivessem conversando sobre algo muito engraçado. E Severus estava com a mesma cara que fazia quando entrava na sala de aula e olhava para os grifinórios.Eu quis rir, mas foi aí que algo estranho aconteceu...Ele olhou para mim e o olhar dele mudou, não, não foi nada romântico. Ele apenas me olhou como se tivesse me vendo depois de muito tempo o que pode ser considerado verdade já que nos únicos momentos que estamos perto ele nem nota minha presença.

"A senhorita Red? Claro que está, ela é a nova professora de DCAT tomara que essa fique." Falou meu amigo simpaticamente.

"É espero que fique..." Bem longe eu quis terminar de dizer, mas achei que meu jeito educado não deveria ser manchado. Quando voltei a olhar, Severus já havia desviado os olhos. Aquela sem sal estava tocando os ombros dele, os braços, ela parecia um polvo. Fiquei com tanta raiva que fiz uma brincadeira sem pensar...Fiz o suco de abóbora parar na cara dela. Tinha esquecido na minha facilidade em fazer feitiços sem ao menos pensar muito nas palavras. Com certeza esse era um motivo para ter escolhido feitiços.