(DESCONTINUADA) Criminal Scene escrita por Scamander


Capítulo 32
32. Bode expiatório.


Notas iniciais do capítulo

esse capítulo tem uma dedicatória especial, porque hoje é aniversário de alguém muito especial, que merece sim uma att no dia do aniversário dela. mrs longbottom, ellen, flor, (/419891), esse capítulo é pra você.
eu passei basicamente o tempo durante esse e o capítulo anterior mofando com a boca aberta, olhando pro teto, lendo fic e transpirando estresse, dai hoje a ellen me mandou uma mensagem e me fez acordar pra vida. ela literalmente me mandou "hoje é meu aniversário, já quero att de criminal scene" por MP e eu acabei a conversa que eu tava tendo de uma hora e pouca com minha amiga no wpp, dizendo 'miga, vou tomar um rumo na vida' e vim escrever.



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Leo começou a rir.

Ele literalmente enrolou-se numa bola e gargalhou alto. Quase chorando, mãos na barriga e rugas abaixo dos olhos. Ele ria tanto, e ria de nervoso. O incenso ainda vinha forte em suas narinas, e ele conseguia sentir sobre si o olhar incrédulo de Annabeth, o que não ajudava muito desde que a garota estava com uma floresta própria no cabelo. (Ele realmente não tinha interesse em saber o porquê ela estava assim, especialmente quando a camisa de Percy não parecia em melhor estado).

Leo sabia que Percy teria se juntado a ele, mas suspeitava que o medo da reação de Annabeth fosse maior do que o nervoso, o que não era o caso do Valdez. Portanto, depois de quinze minutos rindo alto, sozinho, ele juntou-se ao casal, encarando Silena que parecia realmente interessada nos retalhos da colcha tricotada e cheia de mofo que cobria o divã posicionado no meio da sala.

— O que ela quis dizer, Silena? – Annabeth perguntou, referindo-se ao final da gravação da conversa entre Rachel e Calipso.

— Não é como se a Silena pudesse saber.

— Você tem certeza?

Silena gaguejou. Sufocou uma respiração, tossiu um pouco. E talvez se não fosse pela reação exagerada, e por todas as conversas que Annabeth tivera com Thalia de madrugada (e se nós não fôssemos as culpadas?), a loira até podia engolir a resposta que recebera.

— Eu acho que ela achava o mesmo do Luke. Que eu ameaçava a Calipso. – respondeu rindo levemente, numa tranquilidade tão natural como a luz ambiente. – O que é ridículo, porque eu tô aqui agora.

— Exatamente, você tá aqui agora. – Percy falou, piscando desacreditado. Ele olhou para Annabeth, e os dois pareceram voltar algumas casas até a vez onde os dois estavam brigando porque Annabeth resolvera hackear a conta de Luke Castellan, supondo que ele poderia estar envolvido na história toda. E se não fosse ele? E se fosse alguém que eles sabiam que estava, mas não sabia por quê? – Afinal, por que você tá aqui? A gente matou sua melhor amiga e tudo o que você fez foi assistir e ajudar a gente a mentir na cara de um policial. Por que isso, Silena? – ele entortou a cabeça, curioso.

Annabeth pode ou não ter ficado um pouco perdida na forma como os ombros dele flexionaram naquele momento, e talvez por isso não tenha notado a forma como a garganta de Silena inchou levemente no ponto em que ela engolia, seco. E talvez por isso, ela também tenha perdido a forma como seu celular vibrava.

E Leo, é claro, voltou a rir. Porque eles haviam se tornado tão acostumados com a ideia de terem matado alguém, que falavam disso tão naturalmente como Afrodite e Hefesto conversavam sobre os planos do casamento.

Silena, por sua vez, abriu a boca. E tornou a fechá-la. Fez isso mais duas vezes, até que encontrou sua voz perdida.

— Eu estava lá, não estava?

— Sim, e você podia ter entregado a gente no momento em que os policiais te pararam para saber o que tinha acontecido. – Leo recordou. Ele estremeceu, ainda com o riso entalado na garganta, ao lembrar das luzes vermelho e azul.

— Mas você não fez. – Annabeth continuou, olhando-a com os olhos tortos. Os três pareciam chegar mais perto, e Silena sentia-se cada vez menor. Ela fechou os olhos, respirando fundo. Ela quase cedeu.

Ela estava pronta para contar. Estava farta. E pronta. Farta porque não aguentava mais aquele joguinho, ser mais um peão e sempre levar a culpa. Talvez os três a ajudassem, era isso que sua mente pequena pensava. Porque era isso que ela era, pequena, miúda. Aquela pecinha especial no tabuleiro.

Será que se ela falasse, se contasse sobre Drew e seu plano, sobre como sua irmã viera com o a ideia de ameaçar Calipso (e isso seria só uma brincadeirinha, é claro) e depois assustá-la uma última vez na floresta, eles acreditariam? Será que eles a ajudariam? Porque toda noite, Silena deitava na cama e ouvia Drew sussurrando sobre como elas não podiam ser pegas, sobre como elas precisavam daqueles outros cinco como bode expiatório. Será que depois de saberem disso, eles ainda ficariam calados?

Aquele fora um pensamento momentâneo, porém.

Porque, voltando, se a veia saltada no pescoço de Percy não tivesse distraído Annabeth o suficiente para ignorar as vibrações do celular em seu bolso, ela teria sido capaz de ler as mensagens de Thalia, dizendo que ela e Reyna estavam chegando. Assim que os tirasse de lá, eles provavelmente iriam para o Lótus e sentariam naquela mesa no canto, onde forçariam Silena a contar seu segredo sujo. Mas, infelizmente, aquilo não aconteceu. E a culpa, repetindo, era toda da filha da puta da veia saltada no pescoço de Percy.

— Que porra é essa?!

Reyna havia entrado em casa, ainda atordoada com todas as informações que recebera de Luke, pensando em usar da educação que recebera uma vez de sua mãe (e era bom saber que pelo menos isso havia ganhado dela) e convidar Thalia para tomar um chá enquanto discutiam civilizadamente sobre como tudo parecia estar errado e talvez quem fosse culpado não fosse e também como parecia que Luke era algum tipo de mãe diná e sabia de tudo o que estava acontecendo.

Mas é claro que ela teria que ter sido saudada pela visão de quatro adolescente que, olha que coincidência!, haviam matado junto com ela a Menina Atlas, estando espalhados pela sala de tarô de Rachel com uma sacola de letras gritantes escrito *.•°*°• provas falsas*.•°*°• (porque, obviamente, quem tinha feito isso era muito esperto), dias depois de cogitarem a ideia de incriminarem a própria Rachel.

Atrás dela, Thalia chegava com olhos arregalados e uma marmita do KFC com os restos que ela não havia comido, olhando para Annabeth sem saber se batia nela ou se saiam correndo juntas. Porque, Thalia supôs, se Annabeth não havia sido capaz de responder todas as suas vinte e quatro mensagens – sendo doze delas personalizadas – que diziam que ela estava voltando para a casa de Reyna, era porque as coisas estavam indo bem. O que ela podia fazer? Thalia nunca fora muito bom em adivinhação.

Antes que pudesse decidir se mataria a melhor amiga ou pularia pela janela com ela (e ela chorava internamente porque seu eu do passado deveria desesperadamente ter se agarrado a segunda opção e saído o mais rápido dali), Thalia foi enquadrada por Reyna e sua feição furiosa.

Furiosa não, irada. Puta. Pronta para causar a porra de um inferno na terra. Ela já estava com os nervos borbulhando ao pensar que Silena, ah, a doce e adorável Silena, que sempre ajudara-os, começara toda essa merda resolvendo bancar a maldosinha e ameaçar a melhor amiga via SMS, e era recebida em casa com quatro rostos transpirando culpa (e talvez um pouco de tensão, mas ela estava ocupada demais para notar isso também) prontos para plantar pistas falsas e tentar pôr a culpa de um assassinato em Rachel.

Rachel, que cuidava dela desde seus doze anos. Rachel, que lutava todo dia para terminar uma universidade depois de cinco anos esperando para cursá-la. Rachel, que havia chorado os olhos fora quando soubera da morte de Calipso. Rachel, que atendera a menina com braços abertos e enfiou até os calcanhares em sua merda. Rachel, que aparentemente brotara na cabeça de Annabeth,e fora escolhida, simples assim, como aquela-que-carregaria-a-culpa-da-morte-de-alguém-nos-ombros.

Reyna achava incrível o quão bem eles lidavam com um assassinato. Tipo, poxa, a gente matou alguém hoje, né. Pausa. O que será que tá passando na HBO, a propósito?

Thalia estava horrorizada, Percy abafava os múltiplos eu avisei que pretendiam escapar por sua boca apenas por consideração, Annabeth tinha virado pedra, Silena havia sumido e Leo, oh pobre Leo. Ele conseguia sentir sua vida passando por diante de seus olhos enquanto via Reyna, de narinas infladas e punhos cerrados, girando nos calcanhares depois de matar Thalia com os olhos para olhar diretamente para ele.

Aquilo era um olhar de nojo no rosto da menina? Porque ele preferia mil vezes a raiva, a decepção da garota do que aquilo. Por Deus, Leo sentiu aquele punho enorme envolvendo seu coração e torcendo-o até que ele virasse um embolado de pano velho pulsando. Lá estava Reyna, a garota que ainda ligava para ele no meio da noite, chorando e assustada, olhando-o da mesma forma com que falava do homem que havia usado-a e que ela não fizera nada para impedir.

— Eu só vou dizer isso uma vez. – Reyna falou, olhando para todos daquela sala. A garota podia ser pequena, menor que Leo, mas os punhos de aço davam dois de Percy e os outros quatro sabiam disso. – É bom que vocês não ousem tocar no nome de Rachel nunca mais, porque eu juro, eu digo um foda-se bem grande para todo o meu futuro e vou direto para o detetive falar das aventuras que tivemos naquela floresta. – disse irônica, o veneno quase esfumando pelo canto da boca enquanto abria um sorriso seco. – Eu fui clara, Silena? – Reyna virou-se para o lugar onde Silena devia estar.

Devia. Sentada, ainda com os ombros encolhidos e o olhar assustado, era assim que Silena deveria estar. Mas não estava. Tão indefesa quanto parecia, a vadiazinha havia se aproveitado daquele momento para escapar antes que o peso caísse em si.

Reyna não queria mais ouvir falar daquela garota a partir de agora. Chiando, ela fez seu olhar percorrer 180° graus e sem precisar sequer dirigir o olhar para Thalia, que ainda estava fora do quarto encostada na parede do corredor, sentenciou para todos:

— Fora da minha casa. Agora.


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Notas finais do capítulo

eu recebi na última att a mp de uma leitora pedindo para que eu diminuísse os capítulos, então eu espero que tenha finalmente encontrado um tamanho razoável dessa vez.
os capítulos não estão tão bons quanto os outros, e eu peço perdão pela qualidade, mas é porque além de todas as pausas que eu to tomando pra escrever, nós estamos num período de transição, com um pé já na reta final, e eu preciso fazer com que tudo saia direitinho pra que eu possa continuar com meu planejamento.