A caminho da faculdade, Mariana parou na mercearia da esquina perto do quarteirão do campus. Era lá onde seu irmão trabalhava, quando queria.

Fumar se tornara constante nas últimas semanas, ela fazia a mesma rota todos os dias para arrumar algum outro maço. Aquilo duraria para meses, mas graças à ajuda de Teresa e companhia, nem para um dia dava.

– Obrigada – agradeceu, ao olhar para seu irmão.

– Você já contou para papai?

– NÃO! – ela berrou, todos os clientes olharam para ela.

– Acho que é melhor você parar com essa mania de querer se enquadrar, não é porque você está na faculdade que deve usar Marlboro.

– Eu vou parar com isso, juro.

Nana fechou a porta, seu relógio dizia que eram oito, teria menos de cinco minutos para chegar ao ponto de encontro. Ela mal acreditava que havia encontrado sua tribo, pessoas onde poderia conversar sobre Oasis e Smiths sem que lhe olhassem torto e não entendessem nenhuma palavra.

Avistou Jade, com seu porte de modelo e calças skinny, ao lado de Teresa e Isaac. O convívio com Alex fora menos constrangedor, e o seu tratamento menos grosseiro, mas isso não significava que eles sairiam mundo a fora de mãos dadas concordando com todas as controvérsias ‘mocinha x vilão’.

– Oi, gente – Ela acenou de pernas cruzadas e sorriso no rosto.

Teresa tragava o cigarro, seu modo francês de se vestir e agir invejava qualquer uma. A brisa quente de fevereiro batia nos seus fios escuros e refletia na ponta do seu nariz arrebitado, parecia estar num videoclipe de alguma banda de rock.

– Vamos? – Teresa perguntou soltando a fumaça pelas narinas.

– Sim – Assentiram.

Ao rondar todas as pequenas ruas que sucumbiam o bairro onde ficava a faculdade, avistaram Alex deixando o seu carro, uma Range Rover branca que ganhou de aniversário. Ele pareceu deixar a jaqueta de couro dentro do carro, mostrando seus ombros estreitos.

– Espere! – gritou Isaac. Ele olhou para o amigo, deu seu sorriso tímido e charmoso. – Poxa, pensei que você não ia esperar.

Isaac sorriu de lado, fez sinal para que as garotas andassem mais rápido. Jade deu o primeiro passo, ela gostava de estar na presença dele.

Teresa e Nana se olharam nos olhos, pareciam que sabiam o que uma pensava, Nana em Alex e Teresa em como juntar os dois.

– Nem pense nisso – Nana disse, sabendo que Teresa pensava em alguma espécie de festa ou algo do tipo.

– Ah – Ela abriu a boca para dizer mais alguma coisa, mas acabou ficando quieta.

Alex olhava para a caminhada de ambas, mas principalmente focava-se em seus shorts e pernas. Nana arrumou seus cabelos dourados que vinham sendo carregados pelo vento, ele sorriu ao vê-la. Para ela, aquele sorriu foi como um sinal de ‘eu estou aqui’, mas na verdade era porque ela estava gostosa naqueles shorts brancos.

– Oi – disseram juntas.

Caminhavam para dentro do campus, ele ainda teriam dez minutos para chegar às salas de aula.

– A gente deveria fumar - Isaac.

– Sim – Nana respondeu receosa. E se alguém visse e contasse ao seu pai?

– Acho melhor a gente se sentar e esperar o sinal bater – opinou Jade.

– Boa ideia.

– Vocês já usaram alguma outra droga? – Nana perguntou, ela queria saber com quem andava e como seria a convivência. Será que só ficariam apenas nos cigarros e amassos?

– LSD, lança-perfume, maconha, álcool – Isaac disse.

– Apenas álcool e cigarros – disse Tessa.

– Eu poderia fazer uma lista, mas só vou citar a melhor droga: sexo – Alex olhou para ela nos olhos, sorriu.

– Sim! – disse Jade, em seguida, olhou para Isaac.

Os corredores estavam lotados e as pessoas olhavam para eles, pareciam badass demais para estarem numa faculdade tão formal e que só selecionava bons alunos.

– Eu me separo aqui – Jade e Tessa disseram juntos.

– E eu também – falou Isaac.

Eles estavam atrás de um pilar acompanhando a caminhada nada triunfal dos dois. Alex olhou para os cabelos compridos dela, ela retribuiu olhando para seus olhos escuros. Não sorriram, carregaram feições sérias.

– Por que você não vai para sua aula? – ela perguntou parando todo o trânsito fútil.

– Eu estou indo.

– Por que cruzando o mesmo caminho que o meu?

– Porque nossas salas são uma ao lado da outra.

– Sei – Ela revirou os olhos.

– To falando sério, acha mesmo que eu quero ficar sozinho com você nesse lugar? Se fosse um quarto poderíamos considerar que sim ou talvez.

Ela riu do modo que ele disse.

– Isso foi uma cantada?

– Considere que sim.

– Suas garotas acreditam? Você deve comer muitas pepecas com essa história.

– Sim, eu como.

Nana suspirou, ela imaginava isso dele. Bad boys, pensou revirando os olhos, Espero que não morra num acidente de carro como James Dean.

– Legal – Ela apontou para a sua sala de aula. – Aqui, é onde eu fico.

– E eu aqui – ele disse, apontando para a sala ao lado.