Outsiders escrita por Rafaela


Capítulo 14
O que lhe movia eram seus vícios




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Poderiam fazer um jogo sobre comparações toscas de quem supera em coisas que sabem fazer e estão acostumadas, mas deveriam ressaltar que, em momentos onde dizem eu te amo, Nana levava a melhor. Enganou Teresa tão bem no seu aniversário, e sobre o seu vestido novo da Dior, que merecia alguma espécie de prêmio relacionado à Audrey Hepburn.

Quando o assunto era seu novo namorado, desviava o olhar e o foco, ele não era nada. Quem olhasse para aquele rostinho bonito, de feições meigas e bochechas rosadas, imaginava que ela era outra pessoa, até eu mesma me enganei – mas sou uma pessoa sem importância nos fatos ocorridos, então, me ignore. Se pegássemos uma lista de nomes numa lista imaginária de pessoas daquele mundinho elitista, Mariana seria “não conheço, mas parece-me ser uma boa pessoa”, depois, vinha “ela é a garota da foto, não é?”

Teresa mantinha os olhos semicerrados quando via que os dela estavam presos no seu rapaz. Alex, Alex, Alex, toda essa situação devastadora é culpa de seu pênis e corpo escultural, e um sorriso bonito, e qualidades que a maioria das garotas desprezaria por motivos óbvios: medo. Sem aquele cigarro aceso na boca, talvez jaquetas em outro lugar sem ser seu corpo, e outra série de coisas que ligam você a um rapaz desencanado demais ao se importar com alguém sem ser você, outras garotas pensariam em se aventurar e confrontar com seus medos.

Sim, ele era como qualquer outro. Sempre teve esse medo de se apaixonar e sair por aí sem ninguém, como aconteceu com seu pai e como andaram as papeladas do divórcio. Não tinha nenhuma motivação divina, o que lhe movia eram seus vícios:

Álcool

Drogas

Sexo

Dizem que se pode incluir amor, mas descartaremos. Dizem que ele ama Teresa também, mas ninguém tem certeza, pode ser sim ou não. Mas se fosse um não, ele mentia muito bem. Podia enxergar como seus se cruzavam tão docilmente, e todo aquele brilho malicioso que se via por aí só sumiam ao seu lado.

Ele colocava as suas mãos sobre as delas, ressaltando o quão preocupado estava com os olhos verdes na luz de uma garota do outro lado do ambiente, cruzando-se com os de sua garota. Era algo tão belo de assistir e gratificante em certas horas, Alex parecia ter mudado. Não deixava de ser um mau bom rapaz, mas ainda assim, tinha melhorado desde os últimos meses, Teresa estava acreditando que foram os meses no sul do país e o inverno caindo sobre a lareira aquecendo aquele belo quarto em Gramado. Mas ela sentia falta do velho Alex, e de como as coisas soavam bem antes do ano letivo começar, momentaneamente, tinha surtos propositais que lhe levavam a voltar ao seu verdadeiro estado, mas não era nada que minutos.

– Sinto falta de quem é você, não é mais quem eu conheço.

– Como? – ele berrou. O que ela estava querendo dizer com isso? Foi ela quem lutou para que ele fosse dela e ele nem moveu nenhum dedo, quem perdeu uma pessoa importante pelo rapaz que não valia nada.

– Sim, Alex, eu quero você de volta e acho que se continuarmos desse jeito, nunca terei.

– Quer que eu te dê um pé na bunda e te use como outra qualquer?

– Quero meu bad boy de volta.

– Você já me tem – respondeu com a voz calma e rouca, que sempre a deixava louca.

– Não, não te tenho. O que eu tenho é um reflexo do que você era, onde está sua autoestima? Você só exala alguém que não conheço, eu não quero flores, eu quero drogas.

– Você está terminando no nosso terceiro mês de namoro?

– Estou pedindo um tempo, estamos – grunhiu. – E se, caso alguém me perguntar se terminamos, digo que você não me quer mais.

– Mas eu te quero, esse é o problema – Ele a beijou, com intensidade, até se esquecia que estavam em um restaurante tão movimentado.

Ele se perguntava em que tinha errado, agora, acredita que mulheres são difíceis de entender. Teresa sempre falava que queria um bom rapaz na sua vida, talvez, um que lhe mudasse e tirasse de todos esses vícios ruins. Sempre que olhava para esse modelo de garoto, olhava para Gustavo Russi, estudante de medicina, bom moço, nunca teve muitas companheiras e sempre com relacionamentos sérios e maduros demais para um rapaz de vinte anos. Tentou ser o que ela queria. Começou por boas notas, aposentou o cigarro por algum tempo e usou mais os suéters de cashmere que ganhava em todos os natais. As feições dela mudavam a cada instante, até parecia que desgostava mais dele a cada hora que ficavam juntos. ‘O que eu fiz?’ pensava.

– Tudo bem, eu saio dessa situação sem problemas – Deu de ombros. – Posso transar com qualquer uma?

– Sim, você tem que me fazer sofrer, se me quiser de volta.

– Tudo bem – Sorriu de lado, retribuindo o sarcasmo naqueles dentinhos pequenos dela – você está fodida.

Saiu pela porta do local batendo as portas, pegou seu celular e viu na lista telefônica o tal nome que sua garota odiava: Mariana. Era ela, ela seria capaz de sucumbir o mundo de Teresa, ninguém teria proporções tão tempestuosas naqueles olhos azuis como ela.

Ele digitou no seu celular, tirou a porra daquele suéter azul marinho, e entrou no seu carro. Camisetas brancas justas, sorriso no rosto, mas o cheiro dela ainda estava lá. Era uma festa na sua casa, mesmo com seu pai lá.

– Humm... Pai, preciso que suma por algum tempo ou arrume alguma puta que está indo aí. Preciso disso tudo para conquistar minha garota.

– Que garota? – perguntou indignado do outro lado do telefone. Como seu filho podia estragar sua noite de sexo prazerosa com uma nova amante mais jovem?

– Teresa, ela pediu um tempo.

– Espero que ela não peça o divórcio – ele brincou. – Vou ir para o motel, deixo a casa para você, não quero estar em nenhum blog de fofoca juvenil.

– Claro, alguns senadores não costumam pertencer a essa rede.

Ele desligou a ligação e deixou uma mensagem no celular de Nana: festa em casa hoje à noite, aparece lá. Até eu posso ouvir os gritos de felicidade dela daqui!

A garota vestiu uma roupa simples de quem não ligava muito, passou um rímel nos seus cílios aloirados e sua melhor lingerie. Hoje, sua vingança estava marcada. Ela iria arrumar um modo de afetar a inimiga, com um sorriso e um pouco de gloss, sabor melancia – seu favorito, aliás.


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