Don't Stop Dreamin' escrita por Fairy


Capítulo 42
Apaixonou-se


Notas iniciais do capítulo

[ Capítulo Editado]
Bom pessoas lindas, eu voltei!
Demorei, mas voltei. Não vou desistir da fic, podem acreditar. O tempo está um tanto apertado e eu só estou conseguindo escrever aos fins de semana. Enfim. Explicarei melhor lá embaixo!
Desfrutem deste capítulo!



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No dia seguinte...

 

Ana estava sentada à uma das mesas do refeitório da escola. Consultava o livro para escrever tópicos importantes que a ajudariam nas provas daquele último bimestre.

Sentiu um par de mãos frias cobrirem sua visão. Sorriu levemente. As pontas gélida dos dedos que tocavam sua pele a arrepiaram dos pés a cabeça e ela estremeceu num murmúrio quase mudo.

― Oi, Thiago! ― ela disse. Sabia que se tratava do menino desde o inicio, mas fizera drama, entrando na brincadeira do moreno. O mesmo sentou-se ao seu lado. Sua expressão era de indignação, claramente brincando. Ele agitou a cabeça negativamente, apoiando o rosto na mão logo em seguida. ―O que foi? ― interrogou, como se não soubesse o motivo. Ele a encarou por um longo tempo antes de responder.

― Não dá pra brincar de adivinhações com você... E ainda está estudando?! Não, Aninha, não admito isso! ― ele brincou, puxando o livro de Geografia da garota. A ruiva estendeu o braço para alcançar o exemplar, mas Thiago teimava em afastá-lo mais.

― Me devolve, Thiago! Eu preciso estudar... ― justificou-se.

― Pra quê?

― Para as provas finais...

― Quem liga para as provas finais? ― a ruiva revirou os olhos. Era o último bimestre escolar e seu último ano para, finalmente, ir para o tão sonhado Ensino Médio.

― Eu ligo. ― afirmou. O moreno bufou, em rejeição, mas devolveu o livro para Luciana. ― Obrigada. ― concluiu, irônica.

Ela voltou a se concentrar em sua leitura e Thiago apenas a observava. Ana não era a menina mais bonita que ele já vira em sua vida e não chegava nem aos pés da mesma, mas a garota trazia consigo um ar leve e angelical, capaz de acalmar qualquer um.

Little Things - One Direction

Não fazia muita questão de se arrumar perfeitamente para ir ao colégio. Entretanto, não era desleixada. Prendera o cabelo em um rabo de cavalo e alguns fios da frente caíam sobre o rosto, deixando-a mais madura. Passara um gloss labial incolor nos lábios, pois não gostava de chamar muita atenção.

Há algum tempo, deixara de usar somente as peças básicas do uniforme e adotou o casaco vermelho também, cujas mangas deixava na altura dos cotovelos. A saia de cintura alta era elegante e não tão curta, como boa parte das outras garotas da escola preferiam usar.

Por fim, nos pulsos, ela usava a pulseira de amizade de Bia. O presente trocado entre as “irmãs de mães diferentes” trazia a frase escrita na pequena tira metálica, feita do mesmo material que anéis. Prendia-se com dois fios de lã soltos em ambas as laterais, que complementavam-se em um nó perfeito.

Thiago a observou escrever. Cada detalhe em seu rosto quando fazia algo errado e tinha de apagar. A forma como aqueles fios rebeldes lhe caíam bem sobre os rostos. O tom de vermelho que tomava os fios de seus cabelos parecia mais brilhante e clareava cada vez mais. Até a maneira estranha que Ana arrumava a postura. Ele gostava daquelas pequenas coisas sobre Ana. Os pequenos detalhes e tiques que nem ela própria conhecia.

Sorriu, bobo.

Lembrou-se do dia em que foram passear. No dia em que ele a apresentou as paletas mexicanas e brincaram com gás hélio. Gargalhou, sem querer, ao recorda-se.

― Tá tudo bem, Thiago? ― perguntou a ruiva, confusa, ao vê-lo rir de tal maneira. Apertou os olhos, aumentando o volume de suas bochechas. O moreno levou a mão na boca e assentiu. ― Okay...

― Ana. ― a mesma já voltava-se à sua leitura quando ele a chamou.

― Hum?

― Quer ir ao baile comigo? ― perguntou, de repente e inesperadamente. Nem o próprio entendeu porque fez aquilo sem razão nenhuma e recriminou-se mentalmente.

― O quê? ― Luciana estava desacreditada.

― Esquece...

― Não, Thiago! ― interrompe-o. ― Bem, seria legal ir com você. Eu só não consigo imaginar que você fosse me convidar... ― respondeu.

― Sério?

― Por que não?

― Ah, Ana! Obrigada, não sabe do peso que me livrou! ― o moreno levantou-se e pulou, animado. Não queria ter que convidar alguma outra garota da escola somente para ir a um festa.

― De nada!

O sinal tocou e eles se encaram por mais alguns segundos. O futuro lhes prometeria tanto que nem sequer imaginavam. Seguiram de volta para a sala de aula. Em alguns momentos eles voltavam a se encarar e riam um do outro sem motivos.

Mais tarde, no Orfanato...

― Está na sua boca e no seu beijo

Está no seu toque e em seus dedos

E em todas as coisas e outras coisas

Que fazem você quem você é

E seus olhos, irresistíveis

Isso torna os seus lábios, tão beijáveis

E o seu beijo, imperdível

Seus dedos, tão tocáveis

E seus olhos, irresistíveis... ― cantou Juca enquanto tocava violão. O menino estava na área da piscina, sozinho. Gostava daquela tranquilidade distante da animação perturbadora que existia entre os outros órfãos.

Irresistible - One Direction

De repente, ouviu palmas vindas da porta dos fundos da sala que levava até a horta ou até a piscina. Ele olhou para trás com o canto dos olhos e sorriu. Vivi se aproximava, entusiasmada.

― Uau! Nem o Harry chega aos seus pés! ― ela brincou, sentando-se ao seu lado. Trocaram um breve selinho e ele, finalmente, riu com a namorada.

― Acho que estou muito bem, então. ― concordou. Ela agitou a cabeça. Juca levou a mão ao seu rosto, acariciando levemente as bochechas da menina.― Não ia ficar lá no quarto? ― ele questionou, curioso. As outras garotas conversavam animadamente no quarto sobre o baile. Ou, pelo menos, boa parte delas.

― Eu até ficaria lá se não fosse a bagunça... ― bufou, apoiando a cabeça no ombro do moreno. Ficaram em silêncio por algum tempo. Eles apreciavam aquele silêncio. ― Juca... ― chamou. Uma memória veio em sua mente. Ele entrelaçou os dedos de sua mão aos dela, em resposta. ― Lembra daquele dia... Que você me beijou pela primeira vez?

― Lembro como se fosse ontem...

”Era uma tarde agradável naquele dia. Vivi caminhava próxima da piscina enquanto trocava mensagens com mais um garoto no celular. Às vezes se perguntava porquê ficava com tantos meninos na escola ou em algumas das poucas festas que Carol permitia que fosse.

Sabia a resposta. A morena se amava mais que tudo e sentia-se preenchida de si própria e de seu orgulho egocêntrico. Depois de Mosca e Matias, nunca gostara de fato de algum outro menino, embora já tivesse superado ambos. Até mesmo Eduardo parecia insuficiente para ela.

Namoraram apenas por uma troca de interesses. Ambos tinham beleza e carisma, mas ele tinha dinheiro e, ela, popularidade. Quando decidiram fingir estar apaixonados, continuaram a sair com outras pessoas. Não se gostavam, afinal. Entretanto, queriam que todos acreditassem nisso.

Até que um dia, ele decidiu que já havia conseguido o que queria. Ela se lembrava de como havia sentido raiva do menino e o quanto lhe custara a perdoá-lo. Duda, logo no dia seguinte do “término”, pedira Débora em namoro e o colégio levantou suspeitas sobre ele estar traindo Vivi e um início de boatos correu solto pelos pátios, salas de aula e corredores. Demorou um bom tempo para acabarem com isso.

Desde então, a morena passara a sair com um menino diferente a cada fim de semana. Nervosa, furiosa e acabada. Não se sentia feliz. Embora soubesse que ao menos alguns daqueles garotos gostassem dela, tinha consciência de que não nutria sentimento algum por eles. Talvez pena, mas não paixão ou amor.

Deslizou o dedo pela tela do smartphone para reler aquela conversa. Não fazia sentido algum. Era um menino do último ano, mais velho que ela e que conhecera em uma das últimas festas do Karaôke.

Bufou. Sentiu-se suja.

Largou o celular em cima de uma das mesas que haviam ali e caminhou até a beira da piscina. Tirou o tênis e a meia que compunham o uniforme do Raio de Luz e sentou-se.

Os olhos marejaram, com as lágrimas ameaçando a queda. Estava cansada daquela vida falsa para si mesma. De que adiantaria ser uma das garotas mais populares e cobiçadas do colégio se ainda estava vazia.

Vazia de sentimentos. Vazia de paz, tranquilidade e, principalmente, vazia de amor.

Apoiou os cotovelos nas pernas e afundou o rosto entre as mãos. Deixou as lágrimas escaparem de seus olhos entre os soluços abafados pela palma de suas delicadas mãos.

― Vivi? ― alguém perguntou enquanto se aproximava.

― Sai daqui! ― gritou para quem quer que fosse. Queria apenas ficar sozinha para chorar. Aquilo não seria possível? A pessoa continuou a se aproximar, não se importando com sua ordem. ― Vai embora! ― então virou o rosto para ver com quem gritava.

Juca estava de pé, um pouco distante da piscina. Havia quase um ano que ele havia chego no orfanato. As únicas coisas que a morena sabia ao seu respeito eram seu nome e a sua fama de pegador. Embora esta, nunca haviam se cruzado.

Ela o encarou friamente enquanto ele a observava. “Por que ele não vai embora?”, pensou. A forma como ele a olhava, incomodava. Sabia que sentia pena dela naquele momento.

― Você está chorando! ― ele concluiu correndo em sua direção.

― Não! Estou suando pelos olhos, imbecil! ― xingou, irritada. Juca parecia não se intimidar por suas palavras e continuava a se aproximar. Ela desejou poder fazer com que ele desaparecesse.

― O que houve? ― ele perguntou, se agachando ao seu lado.

― Não te importa. ― ela respondeu, ríspida. ― Sai daqui!

― De jeito nenhum! Não vou deixar você aqui, chorando e sozinha.

― Não preciso da sua pena, Joaquim!

― Pode me chamar de Juca, se quiser. ― ele disse com um meio sorriso nos lábios. Vivi o fitou, indignada. Será que o garoto não percebia que ela queria ficar sozinha e chorando? Foi tirada de seus pensamentos, quando ele secou suas lágrimas com o polegar. Vivi recuou o rosto, surpresa e assustada. ― E, bem, eu não tenho pena de você. Só não gosto de te ver chorar. ― a morena arregalou os olhos e, então, Juca percebeu o seu espanto. ― Quero dizer, você é uma das garotas mais populares e bonitas do colégio. E não foi você que organizou a campanha sobre empoderamento feminino na escola? Foi genial e imaginei que você fosse forte e o seu próprio exemplo a ser seguido.

Por fim, ele sorriu e deu ombros.

Vivi ficou paralisada com aquelas palavras. Era forte? Era o seu próprio exemplo?

Agitou a cabeça e voltou para a realidade. O menino tirou os sapatos e as meias, colocando-os perto dos dela, e se sentou ao seu lado.

― Além disso, pelo que me disseram, você é muito boa em se amar. ― ele disse. “Sou mesmo!”, gabou-se mentalmente. ― É difícil pra mim, ver uma garota chorar.

― Não finja que se importa. ― disse. O garoto riu levemente.

― Não estou fingindo.

Ele se importava? Era verdade?

Ela sentiu seu vazio começar a ser preenchido. Alguém realmente se importava com ela?

― Você não me disse por que estava chorando. ― ele lembrou enquanto remexia os pés dentro da água da piscina.

― Por que você quer saber?

― Não sei. Apenas quero. Talvez eu possa te ajudar.

Ele virou o rosto e a encarou. Os olhos castanhos quase pretos de Juca fez o sangue da menina ferver nas veias. Eram profundos e, embora lembrassem a escuridão, pareciam leves e tranquilos. A tranquilidade que precisava. Seu coração pulou no peito e acelerou. Logo em seguida, desacelerou e acelerou novamente, agitando-se de um lado para o outro. A respiração da menina tornou-se de pesada para ofegante.

― Está tudo bem? ― ele perguntou, preocupado. Estava?

Ela desviou o olhar, envergonhada. Mas que diabos estava acontecendo?

― Já se sentiu vazio? ― questionou. Não sabia se poderia confiar nele para contar-lhe aquilo, mas sentia que sim. Sentia. E, então, parecia que seu corpo não conseguiria se conter e que transbordaria.

― É assim que você se sente?

Vivi assentiu.

― Quando eu cheguei aqui, você estava sentada no sofá pintando as unhas. Acho que nem percebeu que eu estava ali. Antes de todo mundo aparecer, eu fiquei te observando enquanto a Carol falava alguma coisa. Então eu pensei: “O que ela está pensando?”. E sabe por quê? ― ela negou com a cabeça. Prestava atenção em cada palavra do moreno. ― Porque você estava triste. Eu sabia que estava. Fiquei te encarando até o pessoal aparecer. Desde então, eu tenho reparado o quanto você é triste. Ás vezes eu me pergunto se você era feliz com o Duda. Quero dizer, seus sorrisos eram meio fracos, sabe?

“Eram?”, pensou.

― E eu passava boa parte da madrugada pensando em porquê uma garota como você andava sempre cabisbaixa. Até que um dia, eu vi você rindo e gargalhando durante uma conversa com as meninas. “Então ela não é triste!”, pensei. Mas, para a minha infelicidade, você ria de verdade em poucos momentos. E, por algum motivo, isso só me dava mais vontade de te desvendar. ― ela se surpreendeu com aquelas palavras. Não esperava isso. ― Eu até cheguei a perguntar pra Bia se havia acontecido alguma coisa com você, mas ela sempre dizia que não e que você estar sempre triste era uma coisa da minha cabeça. Por algumas semanas, eu até considerei a ideia. ― de repente, ele parou. Simplesmente parou e encarou os olhos castanho-claro e esverdeados de Vivi.

― E você ainda me acha... triste?

― Não. ― a resposta a surpreendeu. ― Eu só acho que você se sente sozinha, no fim das contas. ― ele fez uma pequena pausa. Viu que o brilho em seu olhar, revelava que ela queria que ele continuasse a lhe contar sua história. ― Então, eu não sinto pena de você. Eu só sinto que quero te proteger de tudo o que te faz mal.

Ela inflou o peito com ar. Juca sorriu e o seu mundo pareceu parar. Seu coração voltou a saltar, cambalear, girar, acelerar e desacelerar. Transbordou-se em uma mistura de emoções novas que expulsavam as antigas.

Por ímpeto, aproximou os seus rostos e encarou aqueles olhos castanhos e negros que a fitavam. Riu levemente como não ria há tempo. Juca levou a mão até o rosto da garota, inclinou-se um pouco para a frente e selou os seus lábios.

O calor, a tranquilidade e a paz do moreno a invadiram no mesmo instante. Seu coração dançava, concluiu. Ele ameaçou abrir a boca, pedindo passagem e ela cedeu. Percebera como seus lábios tinham um encaixe perfeito e explorou a boca do menino com a língua. Sentiu os dedos dele se enroscarem em seus últimos fios de cabelo, na altura da nuca. Sem querer ou saber, ela levou a sua mão até o ponto no peito do menino onde ficava o coração. Sentiu as batidas levemente aceleradas e contraídas. O seu passou a assumir o mesmo movimento, como se dançassem no mesmo ritmo. Ela desejava não desgrudar seus lábios e seus corações nunca. Sentia-se bem, repentinamente, com Juca. Confortável e calma. Apaixonou-se e decidiu que Juca seria o seu maior segredo dali em diante.”

Continua...

 


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Notas finais do capítulo

E então o que acharam?
Não se esqueçam de deixar os seus comentários!
Então, senhores e senhoras, eu estou estudando em tempo integral, ou seja das sete da manhã às quatro da tarde. Eu sei, é muito!
Por isso, não tenho tido tempo, mas ainda tento me organizar. Por enquanto, eu estou reescrevendo estes capítulos que eram para ser a viagem... Não consegui continuar com essa ideia então vou voltar da minha inicial.
É isso! Espero que tenham gostado!
(Músicas lindas da 1D)