[Nathanael Rilley]

Com minha bandeja em mãos, sento ao lado de meu pai no grande refeitório da fábrica de armas da cidade. Ultimamente a produção vem aumentando muito em decorrência da Guerra. Confesso que não gosto disso.

Sou Nathanael Rilley, ou Nathan, 18 anos. Vivo com meu pai e trabalho com ele na fábrica de armas. Não gosto dessa Guerra e me sinto extremamente mal por ter q fazer as armas para ela...

Depois do curto intervalo, volto para meu posto perto de uma das máquinas. Preparo-me para puxar a alavanca para que a máquina volte a funcionar quando vejo uma carta presa a ela. Tiro a carta e puxo a alavanca.

Minha função não é grande coisa; puxar algumas alavancas, apertar alguns botões e manter a máquina funcionando, então me permito tirar um tempinho para ler a carta.

“Caro Nathanael Rilley,

Desculpe por retirar seu tempo. Sei que está trabalhando e que ler isso pode lhe causar uma punição ou uma demissão, mas é realmente importante! Sei o quanto você é inteligente, e que sabe mais do que muita gente, mas isso, você nunca leu ou soube, e mesmo assim é crucial!

Pegue o pendrive no envelope.”

Não devia, mas obedeço a carta. Tiro o pendrive cuidando para que não me vejam e discretamente o coloco na estrada no meu capacete. Tenho sorte do pendrive ser pequeno.

Logo que o coloco, imagens surgem diante dos meus olhos. Pessoas caminham por uma praça, um casal de namorados anda de mãos dadas em roupas comuns. Na verdade, todos estão em roupas comuns. Não há ninguém brigando. Nem naves. Nem armas. Apenas pessoas sorrindo e se divertindo.

Sentimentos. Essa palavra aparece no final. Uma carta aparece logo depois.

“Caro Nathanael Rilley,

Esse mundo que você pôde ver, existiu há mil anos! E ele pode voltar! As pessoas podem ser felizes novamente!

Eu escolhi 11 jovens, contado você, para fazer isso acontecer. São eles:

Alegria

Beleza

Sabedoria

Coragem

Esperança

Inocência

Justiça

Paz

Solidariedade

E você é o essencial para tudo, você, Nathanael Rilley, é a União.”

[Anny Lee Wood]

Sento junto de minha mãe na sala. Ela segura uma xícara de chá fumegante e leva um biscoito até a boca.

– Então, querida, como foi seu dia? – ela me pergunta antes do biscoito tocar seus lábios.

– Bom. – respondo – divertido como sempre. – solto uma risadinha antes de tomar um gole do meu chá.

Sou Anny Lee Wood, 15 anos. Sem pai, nem irmão. Moro com minha mãe e, confesso, ela é uma excelente companhia.

– Ah, sabia que tinha que lhe falar uma coisa! – minha mãe estala os dedos da mão onde antes havia um biscoito. – hoje pela manhã me entregaram essa carta. Disseram que é pra você.

Ela me entrega um envelope de papel. Eu deixo minha xícara de lado e leio.

“Cara Anny Lee Wood,

Fiz essa carta por causa de coisas que sei.

Você, assim como alguns outros, é uma anomalia genética. Sua alegria é especial.

Eu sou um velho senhor que sabe mais do que deveria. Algumas coisas precisam ser esclarecidas antes, então, olhe o conteúdo do pendrive dentro do envelope.”

Pego o pendrive e um tablet vazio da estante. Conecto o pendrive e o que vem a seguir faz uma maré desabar de meus olhos e ao mesmo tempo abrir um sorriso.

No vídeo que aparece em minha tela, há casais se beijando, se abraçando e sorrindo. Há famílias felizes e despreocupadas, brincando e se divertindo. Todos juntos. Há dias ensolarados e pessoas andando de um lado pro outro olhando vitrines de lojas e nada de mais acontece. No final do vídeo a palavra “Sentimentos” está em destaque. Minha mãe sempre fala sobre isso.

Uma carta, digitada dessa vez, aparece em minha tela.

“Cara Anny Lee Wood,

Sei que esse mundo é tudo o que deseja. Sei por tudo o que passou e muito mais, Pequena Anny.

Tudo isso pode voltar, com a sua ajuda e de outros 10 jovens, os Escolhidos. Cada um é um sentimento. Para saber quem é quem e sentir o seu sentimento, coloque o cartão de memória no seu capacete.

Os sentimentos são:

Beleza

Sabedoria

Coragem

Esperança

Inocência

Justiça

Paz

Solidariedade

União

E você, Anny Lee Wood, é um elemento essencial, você Any Lee Wood, é a Alegria”