Ele ficou parado pensando no que dizer.
– Me diz a verdade – Olhei em seus olhos.
– De começo era sim um acordo – Apoiou seus braços na mesa. – mas depois, quando eu passei mais tempo com você percebi o quão incrível você realmente é. – Seguro em minhas mãos novamente. – Desde que tudo aconteceu, eu não consegui parar de pensar em você, eu sei que fui um tremendo idiota, babaca, imbecil por ter deixado você ir. - Suspirou - Eu nunca deveria ter deixado você ir.
– Mas você deixou – Murmurei.

As palavras estavam emboladas na minha mente e presas em minha garganta, eu não conseguia pensar direito e meus olhos começaram a se encher de lágrimas que já não sabia dizer se eram de ódio ou de tristeza.

– Vai se foder. – Disse ainda segurando em suas mãos. – Você não tem noção de tudo que eu passei para poder te esquecer, para poder me perdoar por todas as noites que eu passei em claro por sua causa, eu tive que me convencer que toda aquela merda aconteceu porque algo melhor estava por vir. – Soltei uma risada irônica – E agora você me diz que não conseguiu parar de pensar em mim? Ah que pena, sério, eu tô morrendo de pena de você.

– Eu já te pedi desculpas, eu nunca tive a intenção de te magoar! – Disse com tom de desespero – O que mais eu posso fazer? – Gritou. – Olha, esse último ano também não foi fácil para mim, eu tive que passar por vários processos pedindo a anulação do contrato e sabe por que eu fiz isso?

Levantei-me impaciente e parei a sua frente.

– Por que você percebeu o quão ridículo você é? – Disse
– Porque eu percebi que eu gosto de você. Eu percebi que... Percebi que eu tinha feito merda! Clara, Por favor – Se levantou me segurando pelos braços - Você não sai da minha cabeça, porra, eu não consigo te esquecer. Eu tentei, juro que tentei. Ou você acha mesmo que eu estava a fim de me humilhar na sua frente? Quando finalmente acabou o acordo, eu fiquei desesperado porque sabia que você não ia me perdoar, então passei cada noite seguinte com uma mulher diferente... – Se aproximou – Eu fiz merda, eu sei. Mas, me perdoa? Por favor – Abaixou a voz.

Ele colocou uma de suas mãos em meu rosto e o acariciando deu um sorriso triste. Continuei parada, como uma estátua o olhando e esperei meu cérebro digerir todas as informações que haviam sido dadas.
Abri um sorriso e coloquei meus braços em volta de seu pescoço, ele parecia um pouco confuso, mas esperei até que tomasse alguma atitude, como me puxar pela cintura. Assim que o fez, cheguei e em seu ouvido disse:

– Sabe, acho muito bom que você tenha percebido que sente algo por mim, que não consegue me tirar da cabeça... – Abaixei o tom de voz e mordisquei o lóbulo de sua orelha. – Você não tem noção de quanto tempo eu esperei para te ouvir dizer isso – Sorri contra sua pele – mas sabe o que é uma pena?
– O que? – Sua voz estava fraca e rouca.
– Que seu tempo acabou. – Me afastei
– Hã? – Me encarou.

Virei e fui embora sem olhar para trás, mas imaginei que tivesse o deixado puto, com cara de poucos amigos, no frio em meio de um café com meia dúzia de pessoas o encarando.

– Cheguei! – Gritei ao entrar em casa.

Ninguém respondeu. Hm, ok né. Fui até a bancada da cozinha e me deparei com um recado de Ryan.

“ Saí com a Header, não me espere acordada! Hahahaha e vê se arruma um homem
porque eu não aguento mais ter que te deixar sozinha sexta a noite!

Bjs,
Ryan ‘’

Ryan me chamando de encalhada entrelinhas, já até acostumei. O único problema é que ele tinha razão, eu não dava uns beijos a muito tempo e pelo visto estava precisando de um PA ( pau amigo).
Deitei no sofá e fui dar checar minha agenda, enquanto decidia para quem ligar me veio essa ideia brilhante.

– Tyler?
– Fala Clara! Finalmente me ligou hein – Riu.
– Tá fazendo o que? – Disse animada.
– Bom, tô vendo basquete. Por quê?
– Tá afim de passar aqui em casa e encher a cara? – Sorri
– Claro! – Riu novamente – Passa o endereço por mensagem e chego aí em 10 minutos.
– Ótimo!

Dez minutos depois minha campainha tocou.

– Olha só o que eu trouxe! – Levantou uma garrafa de vodca junto a um engradado de cerveja.
– Eba! – Comemorei.

Sentamos no chão da sala e afastamos os móveis para termos mais espaço.

– Um shot para começar?
– Óbvio – Concordei enquanto ele enchia os pequenos copos.
– 1..2..3...

Viramos a bebida em nossas bocas e logo sentimos a famosa sensação de ácido em nossas gargantas.

– Que tal um jogo? – Sugeri
– Vejo que alguém está estranhamente animada hoje – Disse suspeito – Aconteceu alguma coisa?
– Vamos dizer que hoje eu consegui mandar a pessoa que eu mais queria tomar no cu – Ri alto
– Assim que eu gosto! – Levantou uma das mãos para que batesse.
– Então, verdade ou consequência? – Sorri maliciosa
– Que os jogos começam – Sorriu de volta pegando uma garrafa pet e a colocando em nossa frente.


– Verdade ou consequência? – Ele disse
Pensei por alguns segundos.
– Verdade.
– Ah! Assim é fácil demais... – Riu – É verdade que você... já pegou uma garota?
– Hã? – Ri – Da onde você tirou isso?
– Boatos no set... – Deu de ombros – Responde logo!
– Não, não é verdade – Continuei rindo.
– Mas você pegaria?
– Você já fez sua pergunta... – Sorri e girei a garrafa.
– E ai? – O olhei
– Desafio. – Tomou mais um gole da cerveja.
– Ah! Assim é fácil demais – O imitei – Tira a blusa.
– Sério isso? – Soltou uma risada abafada
– Não poderia estar sendo mais séria – Ri
– Ok... – Ele tirou a camisa deixando com que eu tivesse a vista privilegiada de seu abdome definido.

Calma gente, ele é só meu amigo.

– O que você quer?
– Nota – Dei de ombros
– Que nota você dá para mim?
– Hm... – O avaliei – 8,0
– 8,0? – Disse indignado. – Eu mereço no mínimo nota 10
– 10? – Rolei os olhos – Deixa de ser convencido garoto
– Não sou convencido – Sorriu de lado e se aproximou para pegar outra cerveja. – Sou realista.
– Ah não cara – Balancei a cabeça negativamente rindo. – Vai, sua vez!
– Verdade.
– É verdade que você já pegou um cara?
– Que isso? – Me encarou – Não vale ficar repetindo pergunta não hein
– Responde ué
– Já.
– Já? – Soltei um grito – Não acredito!
– Em minha defesa, foi para a audição de um filme ok?
– Conseguiu o papel pelo menos?
– Não... – Murmurou

Comecei a rir desesperadamente.

– Não tem graça ok? – Sorriu envergonhado – Isso não me faz menos homem
– Tem certeza? – O olhei e engatinhei até seu lado para pegar um gole de sua cerveja, já que a minha havia acabado.
– Absoluta.

Puxou-me pela cintura e me beijou. Eu estava um pouco surpresa, mas não deixei de corresponder o beijo, que cada vez ficava mais urgente. Então, sentei em seu colo para melhorar a posição e isso fez com que ele mordesse meu lábio inferior.
Suas mãos estavam em minhas coxas e as minhas em suas costas o arranhando com o pouco de unha que tinha.

– Tyler...? – Interrompi o beijo
– E ai? Sou menos homem para você? – Sorriu
– Você não presta – Ri me afastando dele
– Não... – Disse me puxando novamente para seu colo – Fica aqui.
– Por quê?
– Porque sim.
– Você tá bêbado – Disse mexendo em seu cabelo.
– E você também - Riu
– Eu não to bêbada! – Ri
– Tá sim!
– Não tô não cara – Sorri – Só um pouco alta...
– Mas então... Você vai?
– Vou aonde? – O encarei suspeita
– Ficar aqui comigo – Sorriu tirando um fio de cabelo do meu rosto
– Eu não deveria... – Rolei os olhos divertida. – Mas para você posso abrir uma exceção.

Deitei em seus ombros e cai no sono após mais alguns copos, risadas e amassos

– Bom dia! – Ryan gritou assim que entrou no apartamento.
– Porra Ryan, fala baixo! – Disse estressada devido a tremenda dor de cabeça que estava sentindo.
– Bom dia... – Tyler disse enquanto se espreguiçava

Dei uma olhada em volta e percebi que o estado da sala estava deplorável, havia latas e garrafas espalhadas no chão e sob os móveis, além da bebida que tínhamos derramado por todo apartamento.

– Eu vou arrumar isso... – Disse sem graça.
– Ainda bem, porque eu não planejava arrumar – Ryan disse enquanto caminhava até seu quarto.
– Mas você nunca arruma!
– Não arrumo verdade, mas não sou um alcoólatra que deixa todo apartamento cheirando a vodka e cerveja – disse brincando.
– Tem razão, você só é um pervertido que transa no meu sofá com a minha melhor amiga, talvez eu devesse ser mais como você! – bufei
– Eu não me importaria se fosse... – Deu de ombros e entrou em seu quarto.

Olhei para Tyler que vestia sua camisa e disse:

– Cara, o que aconteceu ontem?
– Você disse que me amava que eu era o cara mais gato que você já tinha visto e que tá louca pra me dar. – Deu de ombros
– Tenho certeza que eu não disse isso – Ri alto dando-o um empurrão de leve. – Vai me ajudar arrumar, né?
– Então, lembrei que eu tenho que fazer um negócio, lá naquele lugar... Depois falo contigo! – Se dirigiu a porta.
O olhei suspeita.
– Babaca – Disse
– Também curti muito ontem – Ele piscou e fechou a porta atrás de si.
– Idiota