CASTANHO AVERMELHADO

Prólogo

by Miss Hope

Olhou-se uma última vez no espelho, suspirando enquanto secava o rosto com a toalha cor-de-rosa. Tinha terminado o banho há poucos minutos, já havia jantado, mas ainda não estava cansada o suficiente para adormecer.

Caminhou silenciosamente pelo apartamento, olhando ao redor e certificando-se que estava tudo em ordem.

Seu olhar pairou pela estante de livros, aonde guardava seu pequeno baú aonde deixava as cartas para sua mãe. Sorriu ao lembrar dela, sentia sua falta.

Logo, o olhar da loira encontrou uma pequena caixinha de mogno escura, pequena e simples, nenhum entalhado especial. Nada. mesmo assim era muito bonita, tinha a fechadura dourada e em cima uma pequenina chave, mas Lucy nunca aberto a caixinha, ainda não fazia ideia de seu conteúdo.

Aquele pequeno objeto lhe trazia demasiadas lembranças, as quais ela não sabia se eram boas ou ruins. Não sabia se deveria somente fechar os olhos e revivê-las várias vezes em sua mente ou se deveria esquecê-las. A primeira seria a mais satisfatória para um coração apaixonado, porém a segunda ajudaria muito mais com sua tarefa de “seguir em frente” com a própria vida.

Ela havia feito uma escolha antes de deixar Crocus.

Não completamente baseada em sua própria vontade, mas as circunstâncias não foram as mais favoráveis para seguir com sua primeira decisão.

Às vezes, precisamos nos adaptar ao que a situação nos força.

Era isso que repetia para si durante sua viajem de volta a Magnólia, mesmo que soubesse que não era bem assim, ela precisava de algo para confortar-se, algo que lhe ajudasse a provar a si mesma que não havia nada que pudesse fazer para mudar a situação em que estava.

Sentiu algo molhado escorrendo na bochecha, fazendo-a despertar de seus pensamentos.

Andou rapidamente até a penteadeira, olhando sua imagem no espelho.

Apesar dos cabelos estarem perfeitamente penteados, os olhos estavam levemente avermelhados e algumas lágrimas teimavam em escorrer por seu rosto. Limpou-as rapidamente, expulsando os pensamentos.

Andou lentamente até a cama, apagando as luzes e enfiando-se debaixo dos cobertores.

— Seguir em frente... – sussurrou para si, fechando os olhos e adormecendo alguns minutos depois, sendo que a última imagem em sua mente antes de deixar-se levar pela inconsciência fora belas orbes vermelhas.

Não pense que eu iria simplesmente esquecer isso.

— Paper Hearts, Tori Kelly