Não É Que Eu Te Odeie... Mas Sim, É. escrita por TrinityCS


Capítulo 20
Capítulo 20 - Final


Notas iniciais do capítulo

EU VOU CHORAR
VOU SENTIR FALTA DISSO AQUI GENTE, MEU DEUS
SOCORRO
Ok, vou calar a boca e deixar vocês lerem :D Boa leitura!



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Acordei me sentindo bem. Ok, um pouco mais que bem.
Ok, eu estava completamente extasiada.

– BOM DIA, FLORES! - eu disse enquanto abria a janela. - BOM DIA, VIZINHOS! BOM DIA AR, TERRA, MINHOQUINHAS DO JARDIM E BOM DIA GAROTINHO REMELENTO QUE PASSA DE TRICICLO PELA RUA TODO DIA! BOM DIA, MUNDO!

– Que felicidade toda é essa, filha? - minha mãe disse enquanto entrava no quarto.

– Bom dia, mamãe querida! Eu não sei, mas hoje é um novo dia, e todo novo dia é dia de recomeçar, certo?

– Tudo bem, mas venha comer logo, porque eu não vou recomeçar a fazer seu café da manhã.

Desci até a cozinha e dei um bom dia alegrinho para meu pai também. Sentei na mesa e comecei a comer que nem um cavalo gordo. Foi quando meu celular tocou.

– Aloooou?

– Oi Nessy! To te ligando pra passar o endereço da festa de hoje!

– Endereço? Eu achei que a festa ia ser na sua casa.

– Não, eu já estava planejando fazer essa festa em outro lugar. Anota aí.

Peguei um guardanapo e uma caneta e anotei o nome da rua. Parecia que eu reconhecia aquele nome, mas eu não me lembrava direito de onde.

– Te vejo lá! - Ouvi uma voz masculina falando atrás dela, mas não entendi o que estava dizendo. - Já vou, espera um pouco! Bom, até mais tarde, Ness!

E desligou.

– Quem era? - Meu pai perguntou.

– A Ophelia. Ela me convidou pra uma festa ontem e me deu o endereço agora. Sabe onde fica isso, pai?

Ele olhou o endereço no papel e franziu a testa.

– Ou eu não sei mais ler ou você escreve muito mal, filha.

Olhei direito para o papel. Estava de cabeça para baixo.
Retardada.

– Ah, agora sim! Isso aí fica perto do cais.

– Do cais? Aquele que você me levava pra pescar quando eu era pequena?

– E você sempre passava mal, lembra? Mas eu insistia que você iria superar o mal estar algum dia e continuava te levando pra passear de barco comigo... Ah, quantas vezes eu não limpei o seu vômito dos meus sapatos... São tantas lembranças...

– PAI, CHEGA!

– Ok, tudo bem. Chata.

Comecei a me preocupar. Se o endereço era do cais, isso queria dizer que ela iria dar a festa num barco, certo? E se eu passasse mal de novo?
Melhor encher a bolsa de remédios.

– E você já tem roupa para ir? - Minha mãe perguntou.

Não bastava eu me preocupar com o barco, ainda tinha que pensar na roupa. Que porcaria, hein?

Assim que terminamos o café, eu e minha mãe subimos até o meu quarto e despejamos todo o armário em cima da cama. Tinha roupas ali de quando eu era apenas um macaquinho de 4 anos! Aproveitamos a oportunidade pra separar algumas roupas para doação, mas achar uma roupa pra eu usar na festa que é bom, nada. Acabei saindo com a minha mãe para comprar alguma coisa. Comprei um vestido preto simples, porém lindo. Não era formal demais, nem muito casual. Estava na linha entre os dois. Perfeito.

Acabei passando a tarde toda em casa esperando a hora de ir pra festa. Quando tinha dado 7 horas e eu estava prestes a sair, meu pai me segurou.

– Onde pensa que vai?

– Pra festa, ué.

– E vai sair na rua vestida desse jeito? Pode deixar que eu te levo até lá.

Eu não tinha pedido ao meu pai para me levar de carro porque achei que ele nunca iria aceitar. Mas pelo jeito me enganei redondamente.

Chegando no cais, avistei um barco grande e todo cheio de luzes. Um monte de gente bonita entrava por uma rampinha vermelha. Quem os recebia eram os pais da Ophelia. Eu não tinha nem chegado perto quando um deles entrou no barco e voltou à entrada com ela do lado.

– Que lindaaaaaa! Você ta parecendo uma modelo!

– Uma modelo seria alta e gostosona. Eu to contente em ser só gostosona.

Ela riu. Ela ia fazer algum comentário sarcástico sobre o meu comentário sarcástico quando olhei para as mãos dela. Praticamente todos os dedos estavam cobertos com band-aids.

– Que isso?

– Isso o que?

– Seus dedos. Estão machucados.

– Do que você ta falando?

– Não sei faz de sonsa, olha suas mã...

– Quer refri?

– Quando foi que você pegou essa la...

Ela enfiou a lata de refrigerante na minha boca.

– Bebe, bebe. Você deve mesmo estar com sede.

Decidi beber tudo e desistir de falar com ela. Mais tarde eu iria escolher algum método de tortura pra fazer ela parar de esconder segredos de mim.

– Ah, olha quem ta vindo!

Por um momento fiquei cheia de esperança sem saber por quê. Mas o que eu vi vindo do fim do cais era quase um farol ambulante. Um monte de luzes estroboscópicas me cegavam enquanto aquela coisa vinha até o barco. Só quando chegou mais perto eu pude ver quem era: Lindsay e seus milhões de braceletes, brincos e colar que refletiam toda e qualquer luzinha que batesse.

Parece que nem o gesso na perna e as muletas fizeram com que ela se detivesse de vir pra festa. Aliás, nem sei como ela não colou treze toneladas de strass coloridos no gesso.

– Oi Lindsay. - Eu disse enquanto minhas esperanças morriam lentamente que nem uma lesma no sal. Quase conseguia ouvir ela gritar "meeeeeeeeeeeeeeeh".

– Oi meninas! E então, já tem comida?

– Claro, ta tudo lá no fun...

– Ophelia, ela já foi.

– Que?

Dava pra ver a Lindsay atacando a mesa de comida que nem um prisioneiro que passou seis anos sem comer na masmorra.

– Pra quem tem um corpinho daqueles, ela até que se alimenta bem, né?

– É uma draga, isso sim. Você foi a primeira a cair quando tivemos que ajudar o clube de gastronomia na escola, então não viu o quanto ela comeu. Eu podia jurar que o estômago dela ia explodir a qualquer minuto e não ia sobrar uma migalha de pão pros convidados comerem!

Começamos a conversar sobre comida, passamos para o assunto realitys de TV e depois para música. Isso tudo até eu me tocar que ainda estávamos paradas na entrada do barco.

– Vem cá, o barco vai ficar aqui no cais? A gente não vai navegar? Por que estamos paradas aqui?

– Porque eu to esperando um certo moço chegar aqui. E falando no diabo...

Me virei para ver quem vinha.

Marshall.

Alguma coisa se agitou dentro de mim. Não era a mesma sensação de quando o ouvi cantar ou de quando ele sussurrou no meu ouvido. Era algo mais brando, mais calmo. E mesmo assim não consegui ficar calma.

– E aí, meninas? Tudo bem?

– Tuuudo. - Respondi.

– Tudo ótimo! Agora que você chegou, vamos entrar. O barco vai sair!

Enquanto entrávamos, percebi algo nas mãos do Marshall. Um monte de dedos enfaixados, exatamente igual a Ophelia. Decidi esperar até algum momento em que ela não estivesse prestando atenção e perguntar para ele. Alguém teria que me contar o que aconteceu, mais cedo ou mais tarde.

Ophelia resolveu nos mostrar o barco. Era enorme, com três andares. O mais baixo, que era onde estávamos, era um salão cheio de mesas e cadeiras para os convidados, além de uma parede com uma enorme janela para olhar para fora. O andar de cima tinha um bar no centro e uma pista vazia, provavelmente para dança. Do lado de fora, uma espécie de varanda coberta para olhar o mar. E no andar de cima era tudo aberto. O vento batia nos cabelos e faziam uma tremenda bagunça, mas olhar a cidade dali era magnífico. Não tinha ninguém ali em cima, exceto por mim, Ophelia, Marshall e mais tarde, uma Lindsay que segurava três coxinhas em cada mão.

– Rente, focês teviam exxxxperimenta ifu agui, ta uma telícia!

– Lindsay, engole antes de falar, por favor!

Começamos a conversar e nem vimos o tempo passar. Foram tantas risadas, piadas e comentários que eu acabei esquecendo de todo e qualquer problema que poderia aparecer na minha vida dali em diante. Eu realmente gostava de estar na companhia deles. Ophelia, a retardada que sempre me ajudou em tudo e que eu nomeei minha melhor amiga. Marshall, o retardado que eu sempre odiei e que agora eu começava a descobrir o quanto era importante pra mim. E Lindsay, a retardada que eu devia odiar, mas que me protegeu quando eu precisei e (acho que) nunca teve maldade de verdade no coração.
Claro, eu também sou uma retardada. Uma retardada que do mesmo jeito que bate, faz carinho. Não tenho paciência e sou meio estourada, mas tenho amigos que me aceitam do jeito que eu sou.

– To ficando com sede. Vou descer pra beber alguma coisa. Vamos comigo, Lindsay? - Ophelia chamou. A loira aceitou.

– Eu também vou! - gritei.

– Tem certeza que não quer ficar?

– Não, eu vou com vocês. Você não vem, Marshall?

– Não, eu vou ficar mais um pouco por aqui. Eu já vou.

Desci as escadas logo atrás das meninas. Estávamos chegando no bar quando Ophelia soltou a frase.

– Você é mesmo uma tansa, hein Nessy?

– Hã? Por que isso de repente?

– Quanto tempo mais você vai demorar pra perceber? - Lindsay disse.

– Perceber o que se vocês não me falam nada?

– O Marshall, caramba! O Marshall!

Olhei para trás. Nem sinal dele.

– Ele não ta aqui. Querem que eu chame ele?

Elas bateram a mão na cara. Boiei.

– Lembra de quando ele te defendeu do Billy na frente da escola?

– Sim.

– E que ele dormiu de mãos dadas com você pra te deixar melhor no hospital?

– Sim...

– E que ele foi assistir seu ensaio pra peça da escola?

– Lembro.

– E lembra que nós dissemos que ele só conseguia te olhar durante a peça?

– Ta bom, gente, e daí?

– Isso não te diz nada? - Lindsay parecia prestes a explodir. Pelo jeito era algo muito importante que eu deveria ter reparado e não reparei até agora.

– Não, gente. Me digam logo, o que é?

As duas se olharam. Olharam para mim. E gritaram em coro.

– ELE TE AMA, SUA IMBECIL.

PA! UM SOCO DE REALIDADE NA MINHA CARA.

– Que? Mas... Eu achei que...

– Que ele só estava sendo legal? Ser legal tem limites, e apanhar por outra pessoa já está muito além de ser só legal.

Mas... Como eu nunca percebi isso antes? Esse tempo todo, ele... E esse sentimento que eu sinto quando o vejo agora? Isso é... Não pode ser.

– Vai lá falar com ele! A gente vai torcer por você!

E começaram a me empurrar escada acima. MAS COMO ASSIM, TORCER POR MIM? O QUE EU VOU DIZER? E EU AINDA TO COM SEDE, QUEM VAI ME TRAZER REFRIGERANTE?

Lá estava ele, encostado na barra na beirada do barco e olhando o mar em volta. O cabelo voava como se ele estivesse num comercial de shampoo. Afinal, o que eu vou dizer pra ele?

Fui até o lado dele e encostei na barra também. Ele não se moveu.
Ficamos em silêncio por um tempo até eu dizer algo.

– As meninas acabaram de me contar.

– Eu falei pra elas não dizerem nada... Droga...

– Por que você nunca me contou?

– Na época que você me odiava? Você teria começado a pisar em mim de verdade ou pior: poderia ter começado a me ignorar. Não, eu não queria arriscar. Enquanto eu tivesse a sua atenção, por mim estava ótimo.

Comecei a me colocar na situação dele. Era horrível. Senti uma enorme vontade de me bater.

– Deixa eu adivinhar: elas não vão mais subir, né? - ele perguntou.

– Pelo jeito não.

Ele começou a rir.

– É comovente o esforço que elas estão fazendo pra deixar a gente a sós. Me desculpa por isso. - ele continuava rindo.

– Que nada. Eu também estou gostando de ficar aqui sozinha com você. É como se a gente estivesse voando de novo...

– Quer que eu faça de novo? Mas dessa vez você vai ter que ir sentada em cima de mim...

– NOJENTO, PARA COM ESSAS IDEIAS DE TARADO!

Dei uns socos nele, mas ele não parava de rir, e para minha surpresa, eu estava rindo também! A partir dali a situação se tornou tão aconchegante e acolhedora que eu sentia como se estivesse na minha própria casa conversando com um amigo de infância. Ele tornava tudo muito mais simples, e logo estávamos rindo juntos, criando piadas internas e até trocando segredos. Eu sentia que podia confiar nele. Ele era aquele tipo de pessoa em quem você podia confiar pra tudo.
Depois de muito tempo conversando, acabamos voltando ao assunto dos vampiros. Ele disse que não se importava de falar sobre isso desde que eu não me importasse também. Como minha situação era de curiosidade, a conversa foi bem fluída e descontraída.

– E então, você já tomou o sangue de quantas pessoas?

– Perdi as contas. Ultimamente eu tenho tomado só de bolsas de sangue, mas quando eu tomava de pessoas, nunca era do pescoço. Eu sempre tomava dos braços.

– Sééééério? Por que?

– Sei lá. Quando você vê alguém com a boca grudada no pescoço de outra pessoa, parece meio erótico, né?

– Pra mim parece engraçado. E falou a pessoa que fica olhando as meninas com shortinhos curtos no jogo de vôlei.

– Ta com ciúmes, é?

– Sai dessa.

Um sino tocou na minha cabeça.

– Falando em vôlei, isso me lembrou da apresentação da banda. Desde quando você toca e canta?

– Desde sempre. Mas eu nunca contei pra ninguém.

– Por que?

– Sei lá. Acho que eu tenho medo de ficar famoso e ser perseguido por fãs malucas em todos os lugares.

– Nunca vi alguém se achar tanto. Mas aproveitando a chance, você canta muito bem.

Acabei me lembrando da sensação de ouvir ele cantar. Senti que aquilo podia voltar a qualquer momento.

– Sério? Você achou?

– Aham. Eu não sei explicar, mas quando te ouvi cantar, uma sensação estranha tomou conta de mim. É como se eu fosse atraída até você que nem naquelas histórias de sereias.

– Isso só pode ser duas coisas. Pode ter sido que eu tenha seduzido você com a minha atração de vampiro, sem piada nenhuma. Era assim que eu buscava sangue antigamente.

– E o que é a segunda coisa?

– ... Nada. É só uma hipótese.

Ficamos em silêncio por mais um tempo. Decidi falar.

– Não sei, mas acho que eu gostaria de sentir aquela sensação de novo... foi algo novo e... de certa forma, viciante.

– Foi, é?

A sensação. Estava voltando.

– Foi.

– Me conta mais. O que mais você sentiu?

Estava ficando mais forte.

– Já disse que eu não sei explicar. Só gosto de ouvir sua voz.

Virei de costas para a barra e me encostei nela. Ele colocou as mãos na barra, me deixando entre seus braços, e aproximou a boca da minha orelha.

– Quer dizer que você gosta disso? - ele sussurrou. - E o que eu faço com você agora?

Eu queria dizer algo, mas sabia que não podia. Quero dizer, eu fiquei o tempo todo com medo disso acontecer, por que iria pedir por isso?

A frase acabou saindo sem querer.

– Me morde.

– Você é quem manda.

E aconteceu. Não foi nada tão dolorido. Estava mais para duas picadinhas no pescoço. O contraste do sangue quente correndo ali junto aos lábios frios dele fazia com que eu quisesse mais e mais daquilo, mas então ele parou. Olhou para baixo com uma expressão séria enquanto eu colocava a mão no pescoço. Nem uma gota de sangue.

– Desculpa, eu não devia fazer isso. Me perdoa.

– Ta tudo bem. Mas por que eu não to sangrando? E por que não doeu? Eu achei que ia doer.

– Eu acabei de chupar seus sangue, estou arrependido, me desculpando pra você, querendo esconder a cara num buraco e você quer saber por que você não está sangrando e por que não doeu?

Parei para pensar.

– É.

Ele bateu a mão na cara. Eu fiz alguma coisa errada?

– A ferida se fecha assim que eu saio porque meus dentes liberam uma substância que cicatriza feridas em contato com o ar. E não doeu por que você estava relaxada e sob efeito da minha atração. Se eu tivesse te atacado ou feito isso de surpresa, ia doer muito, pode crer.

– Então não precisa se desculpar. Isso faz parte da sua natureza.

– Seria legal se todos fossem compreensivos como você.

– Ok, só mais uma pergunta... Acho que eu ainda estou sob atração vampírica.

– Não conheço nenhum jeito de te tirar dessa situação. Quer dizer, talvez tenha um jeito...

– Que jeito?

Nos encaramos em silêncio. Eu soube que ele estava pensando na mesma coisa que eu.

Até hoje não acredito que falei aquilo, mas a frase acabou saindo sem querer de novo.

– E aí? Vai ficar só me olhando ou vai partir pra ação?

As mãos dele escorregaram da barra para a minha cintura. O rosto dele se aproximava do meu. Fechamos os olhos.

E ele me beijou.

Foi como se mil fogos de artifício explodissem ao mesmo tempo. Como se a última peça de um quebra-cabeça finalmente se encaixasse. Como se eu me apaixonasse pela primeira vez.

Sem perceber, meus dedos se entrelaçavam no cabelo dele e uma das minhas pernas se levantou.

Só durou alguns segundos, mas na minha cabeça foi uma eternidade. E eu ainda queria que se arrastasse por mais tempo.

Ele soltou as mãos da minha cintura.

– As meninas estão vindo.

Mal ele tinha terminado a frase, as duas apareceram. Conversamos por mais algum tempo até que o barco voltou para o cais e meu pai tivesse aparecido para me pegar. Fiquei o caminho inteiro de volta pra casa em silêncio, pensando na conversa com o Marshall. Vez ou outra eu me pegava passando a mão no pescoço pra ver se sentia alguma coisa. Nada.

Assim que cheguei em casa, minha mãe veio falar comigo.

– E então filha, como foi a festa?

– Divertida, mas cansativa. Só quero uma cama e uma longa noite de sono agora.

– Bom, você é que sabe. Mas um amigo seu passou aqui em casa e deixou um presente pra você. Tá lá no seu quarto.

– Amigo? Que amigo?

– Ele não disse o nome dele. Só disse que era seu amigo. Tinha cabelos pretos e era tão branco que achei que estivesse com anemia.

Corri para o meu quarto. Assim que abri a porta, vi a caixa em cima da cama e abri. Não acreditei!

Era um coelhinho preto com olhos de botão!

Era lindo, exatamente do jeito que eu sempre imaginei! No fundo da caixa, ainda tinha um bilhete.

"Não tive motivo pra fazer isso, mas eu queria te fazer um agrado, só isso. Como eu não sei costurar, pedi ajuda da Ophelia. Ela também não manja muito, então nos machucamos bastante com as agulhas pra fazer essa pelúcia. Mas fala aí, até que não ficou ruim, né? Espero que goste!
E.T.A.
Marshall Lee."

Então é por isso que aqueles dois estavam com dedos machucados! Eles tinha se ferido com as agulhas!
Mas ele não tinha que fazer isso! Apesar de tudo, ele se esforçou, e o coelho ficou lindo!
Mas o que significa E.T.A?
........

Dei risada e caí na cama abraçada com o coelho.

– Boa noite.

– QUE MERDA VOC...

Parei. Não podia chamar atenção dos meus pais!

– Que merda você ta fazendo na minha janela?

– Eu só vim dar boa noite. Boa noite.

– Boa noite? Seco assim?

– E como você quer?

– Não sei. Algo mais interessante.

Levantei da minha cama e fui até a janela. Ele me puxou pra fora e voou até o céu, como da outra vez. Meus pés se apoiavam nos pés dele. A lua estava cheia e a cidade estava brilhante de novo.

– Boa noite. Melhor assim?

– Bem melhor.

Ficamos abraçados ali por um tempo. Meu novo coelhinho estava espremido entre nós.

– Hey, agora eu lembrei. O que significa E.T.A?

– Você não sabe?

– Eu acho que sei, mas eu quero ouvir você dizer.

Ele olhou para o lado e suspirou. Olhou para mim de novo e finalmente disse.

– Eu te amo, Nessy.

Ele me beijou. Foi muito mais intenso do que o outro beijo. Não sei dizer se era por estarmos no ar ou se ele estava se empenhando mais dessa vez.

Encostei minha cabeça no peito dele e respirei fundo.

– Eu também te amo, Marshall.


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Notas finais do capítulo

É o fim?
Acabou?
SIIIIIIIIM!
E EU ESTOU DEPRIMIDA PRA CARALHO!
Mas tirando isso, eu quero dizer tudo aquilo que eu já disse antes de novo: muito obrigada a todos que acompanharam até aqui! Vocês ressucitaram uma defunta autora e eu não tenho nem palavras para descrever a minha gratidão!
Muito obrigada mesmo pessoal, de coração!
Eu fico por aqui. Nos vemos numa próxima vez!
Tchaaau!