Não É Que Eu Te Odeie... Mas Sim, É. escrita por TrinityCS


Capítulo 16
Capítulo 16




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Já se passaram 10 dias desde a noite em que consolei o Marshall na ponte do parque. Ele ficou esse tempo todo sem vir pra escola e eu não o vi mais desde então. Eu também não tenho mais tempo pra me concentrar em qualquer coisa que não seja a peça da escola. Todos estão tão nervosos com esse campeonato escolar que a qualquer momento você pode ser atropelado nos corredores por algum aluno super apressado carregando uma tonelada de papel nos braços.

Cheguei na escola já esperando ver todas aquelas panelinhas sentadas no jardim da escola e tentando resolver tudo o mais rápido possível pro campeonato, mas parecia que pouco a pouco todos os alunos iam se levantando e indo para outro lugar da escola.

Encontrei Ophelia debaixo da minha árvore enquanto duas meninas passavam por ela em direção à quadra.

– Você não ta nem um pouco preocupada com o campeonato, né? - perguntei.

– Mais ou menos. Como eu não sou de nenhum clube, eu to ajudando em um pouco de tudo. Mas só quando me chamam.

– Que inveja. Eu to ficando até mais tarde todos os dias na escola pra ensaiar a peça.

Mais 3 meninos passaram atrás de mim conversando e traçando uma curva até a quadra.

– Por que ta todo mundo indo pra quadra?

– Eu sei lá. Vai ver todo mundo já cansou de preparar tanta coisa pra Cecílião.

– Vamos lá ver.

Levantei Ophelia e ela me encarou. E de repente, a doida disparou.

Saí correndo atrás dela pela escola enquanto ela ria. Aquilo me fez rir também, sem nem saber por que.

– POR QUE VOCÊ TA CORRENDO?

– EU SEI LÁ. POR QUE VOCÊ TA CORRENDO ATRÁS DE MIM?

– PORQUE VOCÊ SAIU CORRENDO PRIMEIRO, SUA MULA DO AGRESTE.

Um apito e muitos gritos misturados com palmas desviaram nossa atenção pra quadra. Tinha muita gente em volta, então subimos até a parte mais alta da arquibancada. O time de vôlei estava jogando, todas as meninas comemorando, inclusive Lindsay. Quando olhei para o lado do treinador, uma surpresa: Marshall estava lá!

– O que ta acontecendo aqui? - Ophelia perguntou pra qualquer um que estivesse perto. Um menino do nosso lado respondeu.

– É que agora que o Marshall voltou, o time de vôlei ta jogando com tudo que elas têm!

– É só isso?

– Só isso? Dá uma olhada!

Olhei para a quadra pra ver o que tinha de tão impressionante naquele jogo e quase quis me retirar assim que a partida acabou. As meninas batiam na bola com tanta força que o som do impacto ecoava pela quadra. Eu já sentia meu nariz sangrando caso a bola acertasse a minha pequena e frágil carinha. Mais do que isso, elas realmente estavam jogando muito bem. Marshall dava todas as instruções pra elas enquanto observava a bola voar de um lado pro outro. As partidas eram demoradas, visto que nenhum dos lados da quadra estavam dispostos a perder a partida de jeito nenhum.

Billy estava lá também, tentando dar ordens às meninas, mas elas pareciam muito mais interessadas nas táticas do Marshall.

Como eu sou uma pessoa educada e tudo o mais, me calei enquanto assistia a partida. Então, deixo aqui registrado meus pensamentos durante a partida:

HAHAHAHAHAHAHAHA TOMA ESSA, É BOM SER SUBSTITUIDO, NÉ, BILLY? SENTE SÓ ESSE GELO DO TIME TODO HAHAHAHAHA MANDA VER MARSHALL, ACABA COM ELE HAHAHAHA VOCÊ TAMBÉM LINDSAY, FECHA A JANELA PRA ESSE BUNDA MOLE HAHAHAHAHAHA

– Nessy, que sorrisinho é esse?

– Ahn? Eu tava sorrindo?

– Na verdade, tava mais parecendo que você tava dissecando o Billy com os olhos.

– Ah, não, impressão sua.

E então o sinal tocou. Marshall chegou atrasado na sala, provavelmente porque estava secando o suor do rosto no vestiário. Quando ele passou por mim, deu uma piscadinha de olho e foi se sentar no fundão. Decidi me levantar e ir sentar do lado dele.

Sussurei perto dele enquanto a professora explicava a aula.

– Você já ta melhor?

– Não totalmente. Ainda to um pouco triste, mas ficar enfurnado em casa não vai melhorar nada. É melhor eu sair e ver pessoas do que ficar olhando pela janela esperando alguém vir conversar comigo.

– Sobre isso... Me desculpa não ter ligado nem nada durante esse tempo.

– Você ta me pedindo desculpas? Que bicho te mordeu?

– É por essas e outras que eu não sou legal com você, seu animal de quatro tetas.

– Não se preocupa. Eu fiquei sabendo que o clube de teatro está ficando até mais tarde todo dia, então eu não te culpo.

– Mas mudando de assunto, o que aconteceu com as meninas do time de vôlei hoje?

– Não sei. Sorte, talvez?

– Sabe que eu não to engolindo essa história de sorte?

Ele olhou pra mim, sorriu e piscou de novo. É, a partir daí, eu já podia saber que ele tinha algo a ver com essa transformação do time.

Durante o intervalo, eu, Marshall e Ophelia nos sentamos juntos. Mas não tinha dado nem cinco minutos de intervalo quando o treinador apareceu junto de Billy no refeitório.

– Marshall, pode me acompanhar, por favor?

Marshall olhou para nós com certo receio, e acho que o treinador percebeu isso.

– Podem vir também se quiserem, meninas.

E assim nós três fomos até a quadra. Pelo jeito, o treinador só queria fazer uma disputa de corta 3 entre os meninos, um bem perto do outro. Depois dificultou mais as coisas, fazendo eles jogarem corta 3 em lados diferentes da quadra, com a rede no meio. O jogo estava equilibrado, mas Billy parecia estar sofrendo bem mais com tanta correria.

Quando acabou, os dois estavam extremamente cansados, mas o treinador parecia feliz. Anotou alguma coisa numa prancheta bem rapidinho e dispensou nós todos.

Depois da penúltima aula, eu fui para o clube de teatro. Incrivelmente, a presidente do clube resolveu finalmente nos dispensar dos ensaios até mais tarde. De acordo com ela, já tinhamos treinado o bastante e não precisávamos de muito mais até o dia do campeonato.

Quando saí da sala do clube, dei de cara com Marshall.

– Vai sair mais cedo hoje?

– Acabaram os ensaios até mais tarde! Agora eu posso finalmente gastar minha tarde sem fazer merda nenhuma!

Do outro lado do corredor, vinha uma Ophelia sorridente e saltitante.

– Não tivemos a última aula. Ficamos jogando frisbee com a tampa do lixo. Até o professor participou!

– Você ta brincando, né? - Dissemos eu e Marshall em coro.

– Nessy!

Olhei para o lado de onde a voz vinha.

– ...Ah, oi Lind... Lindsay? LINDSAY!

Um monte de cachos loiros caíram em cima de mim. Lindsay tinha vindo correndo do fim do corredor e pulou que nem um macaco pulguento em cima de mim.

– O que foi?

– Vocês não podem sair do colégio.

– Por que não? - Ophelia quis saber.

– Hoje de manhã, durante o primeiro jogo, eu ouvi o Billy conversando com os amigos dele. Ele disse que se o Marshall o substituísse de vez como ajudante, ele ia socar a cara de vocês até que algum de vocês... morresse.

– Mas ninguém substituiu ningu...

– Eu estava escondida quando o treinador fez os dois jogarem um contra o outro. Era um teste pra ver qual jogava melhor. Depois eu dei um jeito de olhar as anotações do treinador e ele riscou o nome do Billy da lista. Marshall é oficialmente o nojo ajudante!

Marshall puxou um braço na própria direção, comemorando e ignorando completamente a situação.

– Ta bom, mas e daí? Ele vai ser expulso se arranjar encrenca de novo. Além disso, ainda é dia, ele não seria burro o suficiente pra atacar a gente agora. - Reclamei.

– Primeiro: Você acha que ele liga? Segundo: Ele está do lado de fora da escola, logo ele tem uma boa desculpa pra dar caso alguém pergunte sobre isso.

Ela finalmente se levantou de cima de mim e eu pude levantar também.

– Legal... O que a gente faz agora?

– A gente pode sair pelos fundos do colégio. - Marshall comentou.

– Que fundos?

– Vem comigo.

Ele nos levou até o prédio da biblioteca. Eu nunca tinha reparado, mas tinha uma porta bem atrás do balcão da bibliotecária.

Assim que saímos, demos a volta no colégio, indo parar na esquina. Quando olhamos para trás, vimos Billy e alguns amigos parados em frente ao portão do colégio. Tudo o que Lindsay disse era verdade.

– Lindsay, muito obrigada por nos avisar. Eu realmente não quero voltar pro hospital mais uma vez.

– De nada! Agora corram, pode ser que ele perceba que ninguém saiu e comece a procurar por vocês. Vão!

Assim, nós fomos cada um pro seu canto. Não quero nem pensar no que poderia ter acontecido caso a Lindsay não tivesse nos avisado. Eu estou feliz pelo Marshall, mas extremamente preocupada ao mesmo tempo. Vai saber que loucura o Billy pode tentar agora!


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