Livro I : Carlisle

Alice sumira, não podíamos sequer ter notícias de Ashley sem prejudicá-la. Eu mentira dizendo que tudo estava bem, e que Edward ainda não voltara de sua lua de mel, e me arrependia por isso, mas fiz para protegê-la, pois a visão de Alice era clara, todos os Volturi viriam para cá, e mesmo querendo ter esperanças, e dar motivos para todos também ficarem confiantes, eu me sentia vulnerável, pois a qualquer instante, a família que formara poderia não existir mais, além disso, eu quebraria minha promessa com Ashley de que nunca a deixaria só outra vez, e o pior, eu iria para o inferno, e faria minha pequena menina sofrer novamente.

— Carlisle, não me deixou falar com ela - Esme me repreendeu ao entrar no meu escritório.

Olhei para ela sem saber o que dizer, engoli em seco, e continuei a encará-la em silêncio.

— Vai ficar tudo bem Carlisle, eu sei que vai - Esme se aproximou, enlaçando minha cintura com seus braços e aconchegando sua cabeça em meu peito.

Retribuí o abraço, e lhe beijei os cabelos.

— Ela não atende - Respondi, me sentindo sufocado, algo estava errado.

— Oh ! - Esme me soltou - Ela deve ter esquecido o celular outra vez, isso aconteceu antes - Ela tentou me tranquilizar, mas sabia que estava tão angustiada quanto eu.

— É difícil saber - Soltei o ar, desnecessariamente pela boca e caminhei até a janela - Estou preocupado Esme, ela não deu notícias desde ontem, Alice e Jasper foram embora, e agora temos que encarar os Volturi, e se tiverem feito algo com Ashley, ou com Alice e Jasper ? - Passei a mão por meus cabelos, e olhei para o quintal, ou Bella tentava expandir seu dom com ajuda de Kate e Edward. Pela primeira vez dede que me tornei um imortal, desejei desesperadamente chorar e perder o controle.

— Não! Carlisle, você não pode pensar assim, logo você! - Esme respondeu aflita, e logo estava ao meu lado, porém seus olhos estavam vazios.

— Se algo acontecer, nunca vou me perdoar por machucá-la - Disse, tomando suas mãos nas minhas e as acariciando.

— Nada vai acontecer, querido. Depois dessa tempestade, vamos buscá-la.

Esme se aconchegou em meu colo e fiquei acariciando seus cabelos, pedindo mentalmente, que ela estivesse certa, e que Ashley estivesse bem.

Livro II : Ashley

Minha cabeça latejava violentamente quando abri os olhos, e senti o alívio de finalmente ter acordado de outro pesadelo, pois esse último me parecia tão real.

Meu corpo estava dolorido, e fiz menção de me levantar, quando percebi que estava sem minhas calças. Minhas peças íntimas tinham sidos rasgadas, e só então notei que aquele não era meu quarto.

Levantei rapidamente, sentindo todo meu corpo protestar, e recolhi minhas coisas, e vesti rapidamente minha calça jeans, que me incomodava por eu não estar usando nada além dela.

Notei sangue nos colchões jogados no chão do local desconhecido, e fechei os olhos por dous segundos, até finalmente sair dali.

Dei de cara com diversas escadas, e sem saber onde estava, subi cada degrau desesperadamente, tentado ignorar as dores que sentia em cada lugar do meu corpo.

— Ashley, o quê estava fazendo no depósito ? - Peter olhou para mim desconfiado, o professor mais adorado de School Of Music, agora estava sério, de braços cruzados e esperando uma resposta minha.

Minhas lágrimas aumentam, e fortes soluços tomaram conta de meu corpo, eu não lembrava o que havia acontecido, a última coisa que me lembrava, era de estar com Brad no refeitório. Foi então que uma luz me veio a mente, e a voz de Camily preencheu minha mente " Ele não é um cara para se fazer amizades, só isso ".

— Ashley ? - Peter me chamou novamente.

Sem saber como lhe responder, tudo que fiz foi lhe abraçar e cair em um choro compulsivo.

Peter me apertou com delicadeza,sem saber o quê fazer.

— Vamos, você precisa de um banho e roupas novas e limpas - Ele me conduziu com delicadeza até a porta de meu quarto, mesmo assim, em minuto algum, parei de chorar.

Estremeci quando ele abriu a porta, não queria ficar só em um ambiente com um homem, nunca mais, e ele pareceu compreender isso.

— Vá se trocar, descanse, e depois me procure para conversar sobre o que aconteceu, tudo bem?

Limpei meu nariz com as mangas da camisa, e olhei para ele.

— Eu não me lembro, a última coisa que lembro é de ir ao refeitório ontem a noite...

Coloquei minhas mãos na cabeça e fechei os olhos quando uma pontada forte me atingiu.

— Você foi sozinha ?

— Sim, Mily foi se apresentar, como o senhor já deve saber, Annie e Will estavam no cinema, então fui ler na cantina.

— Você ficou sozinha na cantina ? - Peter continuou com o interrogatório.

Olhei pelos corredores, não queria que ninguém escutasse nossa conversa, muito menos Brad, então, com ainda vagando meus olhos pelo local lhe respondi :

— Brad me encontrou, e conversamos por alguns minutos, então lembrei que havia esquecido meu celular no quarto, e ele se ofereceu para vir comigo, depois disso me senti mal, e não lembro mais de nada.

Peter concordou com a cabeça, e me analisou.

— E essa mancha em seu pescoço?

— Mancha ? - Olhei para ele, sem entender.

— Ashley, há manchas em seu corpo, nos braços e no pescoço.

— Mas... - Perdi as palavras com tamanha confusão.

— Tenho que levá-la ao hospital e ligar para seus pais.

— NÃO! - Olhei desesperada para ele, entendendo finalmente a quê se devia sua desconfiança.

Me sentia suja e humilhada, não precisava que ninguém me lembrasse o que aconteceu durante a noite, ou confirmasse tudo o que eu já imaginava ser verdade.

— Peter não, por favor, eu não quero preocupar meus pais, eles só me deixaram vir porque confiam em mim- Engasguei com minhas próprias palavras, porque no final das contas, Carlisle depositara confiança em mim, e eu o decepcionara.

— Eu também não quero ir a hospitais, meu pai é médico, e tenho certeza que se eu precisar de algo, ele pode cuidar de mim.

— Tenho certeza que pode, mas são ordens, posso não ligar para seus pais, mas vou levá-la ao hospital, ou isso, ou te suspendo do teste e será reprovada. - Ameaçou.

Fiquei surpresa em ver o professor mais brincalhão da instituição fazendo isso comigo, e então, tudo que pude fazer foi concordar com a cabeça.

— Tome um banho, e tente descansar, passo aqui em alguns minutos, tudo bem ? - Sua voz estava mais suave dessa vez.

— Tudo bem - Disse depois de soltar um suspiro pesado.

Entrei em meu quarto e me despi imediatamente, jogando todas as roupas no lixo, depois fui para debaixo do chuveiro e deixei a água quente cair sobre meu corpo, agora, super sensível.

Era impossível não me sentir culpada por tudo que acontecera, por quê eu tinha que ser tão inocente ?

Escorreguei até o chão, e abracei meus joelhos, soluçando irrefutavelmente.

Peter apareceu minutos depois, junto com a Sra.Whedon, e me senti furiosa ao imaginar que ele lhe contara o que acontecera comigo.

— Eu disse para a Sra.Whedon que você estava sentindo dores fortes no estômago e que me ofereci para ir ao hospital com a Sta. - Peter informou ao ver meus olhos arregalados de incredulidade.

Soltei o ar aliviada.

— Desculpe, não queria incomodar ninguém - Disse olhando para a Sra.Whedon.

— Peter informou que se sentia mais confortável se eu fosse, ao que parece seus colegas estão fora.

Concordei, e então seguimos para o hospital.

Foi constrangedor responder as perguntas médicas, e em todo momento encarei o chão, não queria encarar ninguém. Quando o resultado finalmente saiu, cerca de algumas horas depois, eu confirmei minhas suspeitas, e o médico que me atendera junto com Peter, tentou me fazer insistir em dar parte na delegacia, mas tudo que respondi, foi que queria ir para casa.

Relutante, Peter caminhou comigo até a sala de espera, onde a Sra.Whedon tricotava alguma coisa. Ela me olhou preocupada, e eu lhe dei um sorriso amarelo, mentindo ao dizer que tudo que eu tinha era uma gastrite nervosa.

— O que você tem ? - Camily perguntou ao me ver entrando no quarto enquanto desfazia suas malas na cama.

Não respondi e abri o armário, pegando um moletom confortável preto e saindo logo em seguida sem rumo pelos corredores.

Meu celular tocava insistentemente no bolso de minha calça jeans, e fiz questão de me livrar de quem quer que fosse, arrancando a bateria com violência do pequeno aparelho.

Acabei parando em uma sala de músicas, todos os alunos tinham permissão de utilizar os instrumentos da instituição.

Entrei e me sentei diante o piano, dedilhando as teclas sem tocar realmente uma melodia, até desabar sobre elas ao cair no choro compulsivo.

Pude ver meus olhos vermelhos e inchados de tanto chorar ao olhar em direção ao longo espelho que havia na sala, e ao estender as mangas do moletom, vi as manchas roxas que Brad havia deixado em meu corpo.

Limpei o nariz com as costas de minhas mãos, e fechei os olhos, fazendo a única coisa que sabia para me expressar.

" I don't know how to let anyone else in

Because of you

I'm ashamed of my life because it's empty

Because of you I am afraid

Because of you "

— Finalmente te encontramos !

Meu corpo se assustou ao ouvir alguém entrar.

— Seu livro estava jogado na cantina, a Sra.Morgan guardou mas não te encontrou para lhe entregar - Disse Camily, se sentando no chão a minha frente e me estendendo o livro.

— Obrigada - Minha voz saiu rouca.

— Desculpe por termos deixado você só ontem - Will apareceu, me dando um beijo no rosto e se sentando ao meu lado no piano.

Meus olhos marejaram novamente, e tentei reprimir um soluço.

— Hey ! - Will me puxou para mais perto em um abraço, porém estremeci instantaneamente, pois agora, não conseguia ter confiança em mais ninguém, muito menos gostava que me tocassem.

Escutei a porta batendo, e não vi mais Camily sentada a minha frente, imaginei que ela tivesse saído já que não gostava de "papos emocionais" .

Will, me soltou de seu abraço, e começou a dedilhar as teclas do piano, ele não era tão bom assim, mas conseguia tocar alguma coisa.

Reconheci a canção dos Beatles logo nos primeiros acordes, e com sua voz doce e rouca, William começou a cantar um pedaço da letra para mim, acho que ele queria destacar aquelas palavras.

" Hey, Jude, don't make it bad

Take a sad song and make it better

Remember to let her under your skin

Then you'll begin to make it better

Better "

— Obrigada - Sorri fracamente quando ele terminou de cantar a música.

— Quer contar o que aconteceu ? - Seus olhos me olharam intensamente procurando alguma pista, mas felizmente, para os humanos era fácil mentir, para um vampiro com habilidades de enxergar sua alma como Carlisle, ou para um leitor de mentes como Edward, isso era quase impossível, e eu temia por isso.

— Só discuti com um de meus irmãos, ele está chateado comigo.

Will balançou a cabeça, e eu sabia que não estava acreditando no que eu dizia, mas beijou meus cabelos carinhosamente e disse :

— Não fique mal por qualquer coisa que tenha acontecido, não gosto de lhe ver chorar, aliais, nem Mily gosta, mas você sabe como ela é com essas coisas de sentimentos...

Concordei com ele e lhe abracei fracamente, agradecendo novamente por tentar me alegrar, mas isso jamais adiantaria, pois depois de perder minha mãe minha alma se sentia fraca, e após Brad ter feito aquilo comigo, eu temia que nem uma alma eu tivesse agora.

Livro III : Carlisle

O alívio ao ver que Jasper e Alice estavam bem era imenso, e agora, vendo as capas pretas se dispensarem, finalmente senti que tudo estava bem, ou quase tudo.

Eu tinha filhos incríveis, uma esposa amorosa e maravilhosa, e agora, uma neta brilhante, mas ainda sim, faltava algo muito importante , e eu sabia bem o que era. Ashley, era isso que faltava! Minha filha mais nova se quer dera notícias nos últimos dias, e me sentia de mãos atadas por não ter ido atrás dela, de qualquer forma, isso a prejudicaria caso os Volturi se interessassem em minha criança, pois eu havia dito a Caius que a transformaria, meses atrás.

Esme também sentia o mesmo. Tentamos de todas as formas nos comunicar, mas quando ligávamos para School of Music eles alegavam que ela estava em aula, ou que havia saído com os amigos. Nas últimas três semanas, tentamos ligar para seu celular, mas todas as ligações eram direcionadas para a caixa postal. Mesmo frustrada, Esme achou melhor esperar todos se dispensarem para procurá-la, afinal, um bando de vampiros poderiam se acostumar com lobos , híbridos e outros de nossa mesma espécie que adorariam um bom sangue fresco, mas sabíamos muito bem o que poderia acontecer para um humano, e não queríamos colocar Ashley em perigo.

— Alice, o que foi isso ? - Preguntara Edward em uma voz baixa para não acordar a filha, que dormia aconchegada nos braços de Jacob no sofá.

— Eu não sei, há dias ando tendo visões com esse adolescente, mas não tenho ideia de quem seja - Ela respondeu frustrada, e se sentou na escada.

Jasper se sentou ao seu lado, lhe abraçando e acariciando seus cabelos.

Edward a encarava, e soube que estava analisando a visão de Alice.

— O que um humano inocente estaria fazendo nas visões de Alice, será que ele não seria aliado dos Volturi ? - Perguntou Rosalie

— Eles não iriam ser tão estúpidos assim, baby - Respondeu Emmett.

— Esse lugar... - disse Edward pensativo, e todos olharam para ele com expectativa.

— Você já esteve lá antes ? - Alice perguntou com uma voz fraca.

Edward uniu as sobrancelhas, parecia confuso e pensativo. Perdido em algum lugar.

— Ashley! - ele disse por fim, e ouvi Esme prende a respiração.

— O que Ashley tem com o carinha das visões, vai dizer que ela está namorando de novo, se for isso eu juro que vou...

— Emmett! - Rosalie o repreendeu.

— Qual o problema ? - Bella abraçou Edward preocupada.

— Esses corredores são da School of Music, Carlisle me pediu para checar a instituição antes que Ashley viajasse para garantir sua segurança... - Ele disse, seus olhos voltados para Bella.

— É, eu me lembro disso, foi alguns dias antes da formatura - Bella concordou.

— Oh! - Esme me olhou espantada e decidi falar pela primeira vez.

— Vamos buscá-la agora!

Esme concordou, então peguei meu carro apressadamente.

Seria muito mais fácil se fôssemos correndo, mas sabia que Ashley se não se sentiria confortável viajando horas em meus braços.

Viajamos calados por todo o trajeto, e as vezes, Esme me lançava um olhar de expectativa, e apertava sua mão na minha, como se isso lhe trouxesse algum conforto, e agradeci mentalmente por ter ela ao meu lado.

Não encontramos Ashley em aula alguma, e fomos informados pela diretora que ela estava dispensada do programa este ano, pois já havia concluído seu semestre. Perguntei então o motivo de Ashley não ter voltado para casa, e ela disse que Ashley preferiu ficar para o próximo ano, mas esse não era o que havíamos combinado, então ela nos acompanhou até seu dormitório.

Esme irrompeu para dentro do quarto, e tudo que pude fazer foi segui-lá.

Ashley dormia encolhida, seus longos cabelos dourados caindo em seu rosto angelical.

— Agora deu pra invadirem o quarto das pessoas ? - A garota de mechas azuis, estava lendo ao lado da cama de Ashley e parecia irritada.

— Nos desculpe por isso, mas estávamos procurando pela nossa filha - Respondi, sem tirar os olhos de minha menina.

— Carlisle e Esme Cullen ? - Perguntou.

— Sim, somos os pais dela- Esme respondeu docemente.

— Oh, me desculpe pela grosseria, sou a colega de quarto, Camily Monroe.

Esme e eu cumprimentamos a garota, até escutar o som de longos soluços.

Olhei para Ashley no mesmo instante, ela se debatia na cama desesperadamente e as vezes suplicava algo, repetindo a pequena frase :

" não, por favor ".

Camily suspirou e pulou da cama rapidamente, indo acordá-la.

Ashley abriu os olhos devagar e olhou assustada para a colega.

— Vá se trocar, parece que você tem visita.

Ashley concordou e pareceu nem perceber nossa presença quando se trancou no banheiro.

— Ela não tinha pesadelos assim há um bom tempo - Esme parecia assustada, e se sentou na cama onde Ashley estava minutos atrás, fiz o mesmo.

— Tem sido assim nas últimas semanas, geralmente temos que arrastá-la para sair do quarto. As vezes, ela vai para a sala de piano e fica tocando por horas, mas durante a noite sempre é pior, ela tem pesadelos e se debate o tempo todo na cama, semana passada ela chegou a bater com a cabeça na cabeceira enquanto se debatia e tive que chamar o professor Peter para convencê-la a ir a enfermaria.

Olhei para Esme, sua cara era de tristeza e pura preocupação.

— O que houve nos últimos dias ? - Perguntei, então.

— Não sabemos, ela ficou estranha de repente, William e eu estamos tentando descobrir o que realmente aconteceu, já que ela não quis nos contar, mas acredito que tenha algo com Brad envolvido...

Camily parou de falar quando a porta do banheiro se abriu.

Ashley arregalou os olhos quando nos viu, e ficou parada na porta sem ação alguma.

— Vou deixar vocês a sós.

Camily saiu do quarto com um livro em suas mãos, e Ashley permaneceu estática.

— Sentimos tanta sua falta, por quê não disse que estava livre dos estudos? - Esme a abraçou, mas Ashley mal se mecheu, estremecendo no mesmo instante.

— Oh, está com frio? Me desculpe, é que senti sua falta e...

— Vão embora! - Gruniu assim que Esme se afastou.

— Ashley, o que está acontecendo? - Eu me aproximei, e ela deu um passo para trás, mas notei a dor e o medo em seus olhos, quase idêntico ao dia em que a conheci no hospital em Ketchikan .

Seus olhos focaram em algo além da janela enquanto dizia :

— Já tenho 16 anos, e concluí meus estudos Carlisle, eu disse que se veriam livres de mim quando fosse independente - Seu tom soou frio e distante, mas em momento algum ela desviou seus olhos da janela.

— De jeito nenhum! - Exclamou Esme, finalmente ganhando atenção de Ashley.

— Vocês não podem me impedir, Esme - respondeu com calma.

— Não acredito que é isso que queira, você disse que ia ser uma de nós, que iria ser uma Cullen. - Esme respondeu com a voz embargada.

— Uma pessoa pode mudar sua opinião - Ashley trocou o apoio de seu corpo , mudando para a perna direita. Mordeu as bochechas e ergueu as sobrancelhas em deboche.

— Ao menos não vai se despedir de seus irmãos ? - Questionei, quando Esme veio procurar conforto em meus braços.

Prendendo o ar, vi o desespero tomar conta de todo seu corpo.

— Não - Sua voz era baixa.

— Qual o motivo disso? Ashley, você não deu notícias, simplesmente se isolou e agora diz que não quer voltar pra casa, o que está acontecendo? - Estreitei meus olhos, porém ela nada respondeu. - Esme, ajude ela a arrumar as malas, vou cancelar sua matrícula para o próximo ano.

— Você não pode fazer isso!

— Tenho sua guarda Ashley, sou o seu pai - Olhei friamente para ela, não queria fazer isso, mas não via outra maneira de lhe convencer a voltar para Forks - Arrumei as malas, estarei de volta em poucos minutos para lhe levar pra casa !

Sai rapidamente do quarto me sentindo um babaca. Jamais perdera a calma assim, ainda mais com Ashley, minha filha mais fragilizada, todavia, somente em pensar em perde-lá me feria a alma, se é que tinha alguma.

Livro VI : Ashley

Mentir para eles, era a pior coisa que poderia fazer, mas Carlisle sabia que algo estava errado, porém, ainda senti um arrepio na espinha quando ele saiu de um jeito autoritário depois de pedir para Esme me ajudar com as malas.

— Eu posso ajudá-la - Me dei por vencida, me sentando desajeitada ao lado de Esme na cama.

— Não se preocupe com isso, querida.

Esme sorriu fracamente, e me odiei por mágoa-la, mas enfrentar Edward agora era meu maior medo, além disso, Alice sem dúvidas já havia contado à todos o que acontecera comigo.

Quando Carlisle apareceu no quarto, Esme já havia feito as malas, e lhe pedi dois minutos, escrevendo um bilhete de agradecimento à Mily, ela podia ser uma pessoa fechada, mas nos últimos dias, tentou me animar a todo custo junto de Will e Annie.

No carro, fiquei olhando através da janela, nenhum de nós falávamos alguma coisa, e tentei ao máximo não pegar no sono, porque não queria deixar Esme ainda mais angustiada com meus pesadelos constantes, que eram uma junção do meu passado com meu "paiotario" com os últimos dias em School of Music, o que sempre resultava no jeito maníaco de Brad, pois depois de alguns dias, acabei ganhando consciência de tudo que acontecera em ricos detalhadas, nos quais queria esquecer.

Como a viagem era longa, acabei sendo domada pelo cansaço, e dormindo. Esme me acordou algum tempo depois após outro pesadelo me atormentar.

— Podemos parar um minuto, preciso ir ao banheiro - Era verdade, mas eu queria mesmo me livrar do olhar angustiado de Esme e como já estávamos chegando em Forks, também queria me livrar de Edward o quanto antes.

Carlisle concordou e parou em uma cafeteria, ele foi comprar algo para eu comer e Esme se sentou em uma mesa enquanto eu ia ao banheiro.

Depois de esvaziar minha bexiga, joguei um pouco de água no rosto tentando me acalmar ao extremo, e tomei fôlego para voltar.

Carlisle havia pedido um chocolate quente com pedaços de mashmellow, um dos meus preferidos e biscoitos de nata.

Comi lentamente, e pensei em maneiras de sair da cafeteria e fugir, mas eles me achariam de qualquer maneira, então tudo que pude fazer foi voltar para o carro.

Carlisle estacionou rapidamente e estranhei quando Esme saiu como um vulto para dentro da casa.

Carlisle suspirou e abriu a porta do carro para mim, depois pegou minhas malas e começou a caminhar em direção as escadas para entrar em casa, mas parou no meio do caminho, olhando para trás.

— Ashley ? - Perguntou.

— Me dê alguns minutos, eu já vou - Pedi receiosa.

Era impossível, mas Carlisle parecia exausto, e somente concordou.

Segui em direção oposta, indo para o imenso quintal dos Cullen, olhando para além das árvores onde nada se destacava além do intenso tom de verde.

Eu tentava colocar minha mente em ordem para evitar pensar sobre tudo que acontecera dias atrás perto de Edward, quando um movimento entre os arbustos me assustou. Olhei novamente, estreitando os olhos ao encontrar um enorme lobo cor de areia rondando por ali. Ele parecia estremamente assustador pelo seu tamanho, ainda sim, era lindo.

Seus pelos caíam em cascata por todo seu corpo, e seus olhos eram puxados de um jeito bizarro, porém isso não o deixava feio de forma alguma.

Meus olhos ficaram presos na figura cor de areia por um longo tempo, eu estava fascinada. Logo, o lobo uivou alto o suficiente para me fazer voltar a realidade, e tomar coragem para enfrentar os Cullen, e principalmente, o leitor de mentes : Edward.

Mordi os lábios ao girar a maçaneta, estava nervosa e congitei voltar para o quintal, quando Emmett abriu a porta em um rompante , me assustando.

Eu tinha ficado tanto tempo longe que não lembrava do tamanho de Emmett, agora, ele parecia duas vezes maior, e crusava os braços no peito, destacando seus músculos. Ele me lançou um olhar sério por um minuto, mas Em era o único dos Cullen que conseguia sorrir nos piores momentos, então logo me puxou para seu abraço de urso, me rodando no ar e sorrindo alegremente.

— Sentimos sua falta, baixinha !

Não disse nada, porém, já estava ficando sem ar, quando Jasper apareceu com Alice ao seu lado.

— Solte-a, vai deixá-la tonta - Jasper disse com delicadeza, e foi o segundo a me abraçar, seguido por Alice.

— Vamos, estão todos na sala ! - Ela me puxou animadamente pela mão, me guiando pela casa.

Engoli em seco ao encontrar Edward, ele agora seria meu maior inimigo. Bella estava ao seu lado, agora transformada em uma mera imortal, e sem dúvidas, mais bonita do que nunca.

Rosalie estava um pouco distante, sentada no braço de um dos sofás, ainda sim graciosa e exepcionalmente linda, ao seu lado Carlisle e Esme.

No outro sofá, um cara moreno dormia, enquanto uma pequena garota de cabelos acobreados lhe fazia carícia em seus cabelos espetados. A garota catucou o moreno, mas ele não acordava, então ela lhe deu um pequeno tapa nos braços, e tinha certeza que não havía doído, porém fez um barulho enorme, ecoando pela casa.

— O que foi Nessie ? - Ele perguntou sonolento, mal abrindo os olhos.

A menina pôs uma de suas mãos no rosto do rapaz, que logo pareceu despertar e se sentou rapidamente, logo, seus olhos negros focaram em mim, como se eu fosse um inimigo mortal.

Dei um passo para trás com medo, e agarrei sem querer os braços de Emmett, que estava próximo a mim.

— Fala sério, você está com medo dele ? - Emmett perguntou rindo, e Rosalie o acompanhou por uns segundos, mas os dois pararam ao ver a confusão estampada em meu rosto.

— Este é Jacob - Edward disse, seus olhos procuravam os meus, mas voltei meu olhar para o moreno.

Jacob bufou, e se levantou rapidamente, caminhando em minha direção.

— Não preciso que me ninguém me apresente - Revirou os olhos - Jacob Black - Disse, estendendo sua enorme mão para mim.

— Ashley... - Hesitei em dizer meu sobrenome, talvez, em poucas horas não seria " Cullen ".

Sorri minimamente me sentindo envergonhada e apertei delicadamente sua mão, e para meu alívio, Jacob recuou logo.

Me perguntei por um minuto, onde estava a filha de Edward, Carlisle me contara sobre ela durante o trajeto da viagem.

Edward pegou a garota, que deveria ter sete anos, no colo, e caminhou sorridente em minha direção.

— E essa é Renesmee .

Olhei para a garota, depois para Bella que sorriu e respondeu a pergunta que eu sequer fizera :

— Ela é uma híbrida, tem meses, mas seu desenvolvimento é acelerado.

Concordei com a cabeça, e então me lembrei de algo que vira minutos atrás.

— Tem um lobo enorme lá fora, acho que está procurando alguma coisa...

— Seth?! Ah droga, esqueci totalmente que hoje era meu dia de patrulhar - O tal Jacob passou a mão nos cabelos e Renesmee se mexeu agitada no colo de Edward, que deixou a garota ir para o chão.

— Patrulhar ? - Soltei as palavras sem pensar.

— Qual é, vão dizer que ela não sabe ? - Jacob me olhou duvidoso.

— Ela sabe perfeitamente o que somos, só não conhece sua matilha de sarnentos - Rosalie cuspiu.

— Rosalie ! - Esme a repreendeu, fazendo-a ficar quieta.

Jacob revirou os olhos, e deixou que Renesmee lhe tocasse o rosto.

— Eu vou voltar pequena, mas agora preciso ir.

Renesmee fez um pequeno muxoxo, fazendo-o rir.

— Foi bom conhecer a famosa caçula dos Cullen - Ele disse, se virando para mim, mas tudo que fiz foi dar de ombros.

Bella seguiu Jacob com Renesmee em seu colo minutos depois de decidir que iriam caçar, e o clima tenso voltou ao ambiente.

Deixei meu corpo afundar no sofá, e comecei a pensar em cifras musicais, quando Alice me chamou atenção perguntando:

— Ashley, quem é Brad ?

Todos os olhares se voltaram para mim. Um arrepio percorreu minha espinha, fazendo meu corpo gelar. Estática, não consegui encontrar palavras, abrindo a boca duas vezes, mas fechando-a rapidamente. Olhei de relance para Edward, e tive vontade de sair correndo dali.

— Não me diga que é seu namorado - Emmett perguntou se jogando ao meu lado.

— Não tenho namorado Emmett - Disse mecanicamente - Podemos conversar depois ? - Olhei para Carlisle - A viagem me deixou exausta - Menti.

Todos concordaram, então rapidamente subi as escadas, indo parar meu antigo quarto.

Tomei um banho quente tentado relaxar meu corpo, mas depois de Alice ter mencionado o nome de Brad, a sensação de estar usada e suja voltou.

Deitei na cama agarrando o travesseiro e chorei baixinho, o que já havia se tornado rotina nos últimos dias, até adormecer.

Livro V : Carlisle

Um grito excruciante veio do andar de cima, fazendo com quê Esme levantasse a cabeça imediatamente. Fiz menção de subir, mas Edward rosnava tão alto, que fiquei sem saber o quê fazer.

— Ouvi seus rosnasdos lá de fora, o quê aconteceu ? - Bella entrou com Renesmee em seu colo apavorada.

Com um suspiro alto, decidi que era melhor ir vê-la, antes que Ashley se machucasse.

— Não, eu vou ! - Edward ganhou a atenção de todos, subindo imediatamente as escadas.

— Carlisle, o quê está acontecendo ? - Bella perguntou, ao deixar a pequena Renesmee se acomodar no sofá.

Soltei o ar frustrado.

— Acredite, eu também queria saber - Disse abraçando Esme em seguida.

— Ela se inscreveu para o próximo ano no curso, e sequer nos comunicou. Achei o celular dela destruído debaixo do travesseiro enquanto arrumava suas malas - Esme me apertou mais em um abraço, minutos depois, gritos ecoaram pela casa, assustando Renesmee.

" Eu não quero conversar, nem com você, nem com Carlisle, na verdade, eu não quero ver NINGUÉM ! "

— Essa escola está ensinando Ashley a gritar, nossa ! - Emmett riu

Rosalie lhe deu um soco, fazendo-o se calar.

— Não é hora para piadas Em - Alice respondeu.

Mais gritos vieram do andar de cima, e não tive escolha, a não ser subir. Os outros vieram logo atrás, exceto Bella e sua filha, mas não questinei, minha única preocupação agora era Ashley.

Eu prometi protegê-lá. Desde a morte de Elizabeth, eu acolhera Ashley e cuidara dela como se fosse minha vida, porque de algum modo ela era. Ashley, assim como os outros era minha filha adotiva, e o mesmo amor e a mesma compaixão que tinha por cada um, também lhe pertencia, mas não fora o bastante, porque eu falhei com ela.

Esme estava apavorada, e pela primeira vez em décadas eu a vi sem saber o que fazer para cuidar da filha.

Alguns diriam que ela estava rebelde, mas sabia bem que seu comportamento era para se isolar. Ashley queria esconder o que realmente havia acontecido por trás das máscaras.

Na madrugada, Ashley finalmente se acalmou, porém Jasper ficava ao seu lado, ao que parecia, ela gostava da sensação que o irmão lhe trazia, já que o mesmo podia controlar suas emoções. Rosalie conversara com ela minutos atrás, e só depois disso, Ashley conseguiu pegar no sono.

Escutava os outros discutindo sobre qual decisão tomar, e cogitei a hipótese de Emmett em ir atrás do maldito que arrancara a inocência de minha criança, mas se fizesse isso jamais me perdoaria, pois não estaria sendo eu, além disso, decepcionaria Ashley com tamanha atitude.

— Deixem-a se acalmar primeiro. O melhor a fazer agora é esperar que ela se manifeste e tome uma decisão - Finalmente abri a boca, e puxei Esme para meu peito, acariciando seus cabelos, uma tentativa de me tranquilizar.

— Carlisle tem razão, ela vai ficar pior se fizermos algo sem seu consentimento - Disse Edward.

Alice levantou da escada e saiu vagando pela casa. Ela também se sentia culpada por suas visões terem falhado, outra vez.

— Eu vou- Bella se levantou, deixando a pequena Nessie no colo do pai, e sumiu atrás de Alice.

Livro VI : Ashley

— Por favor, me solta, me deixa ir...— Resmunguei já perdendo toda minha força ao sentir algo gélido se aproximar.

— Ashley - Uma voz distante me chamou, mas estremeci e me encolhi mais. - Abra os olhos, você está tendo um pesadelo - A voz falou novamente, e foi então que percebi que ela tinha razão.

Assustada, olhei ao redor e percebi que estava em meu antigo quarto em Forks. Ah sim, Carlisle praticamente me obrigara a voltar.

Olhei para o lado receiosa, sabia que um deles estava ali, sentado em minha cama, esperando que eu me acalmasse, mas não queria olhar muito menos contar o que havia acontecido.

— Não é necessário - A voz fria de Edward me tirou de meus devaneios, e finalmente consegui olhá-lo, por segundos, acho.

— Ashley... - Ele começou cauteloso.

— Vai embora ! - Pedi, escondendo meu rosto entre as mãos e me encolhendo novamente na cama.

— Eu sei que não quer conversar sobre isso, mas vê-la assim... - Ele colocou sua mão em minhas costas, e eu rosnei.

— Não preciso que tenham pena de mim! - Cuspi.

— Eu não estou com pena, só me importo com você, assim como todos aqui. Ashley, sou seu irmão, eu lhe amo e você sabe disso, sempre soube. - Ele tentou se aproximar novamente, mas levantei da cama em um súbito e abri a porta do quarto.

— Eu não quero conversar, nem com você, nem com Carlisle, na verdade, eu não quero ver NINGUÉM ! - Berrei as últimas palavras em plenos pulmões. Jamais havia feito isso antes, com nenhum deles, na verdade, porém tudo que queria era ficar só. Eu não tinha coragem de encarar quem quer que fosse, e talvez seria assim pelo resto de minha vida, mas eu pouco me importava agora.

— Mas o que está acontecendo aqui ? - Carlisle apareceu, seus olhos se voltando para Edward e depois para mim com espanto. Esme estava ao seu lado mordendo os lábios aflita. Os outros estavam mais afastados, porém me encaravam com curiosidade, e me senti uma aberração de circo.

Em sinal de paz, Edward levantou as mãos e caminhou para fora do quarto, e me enganei ao pensar que ficaria finalmente em paz, até Carlisle me puxar com delicadeza pelo braço e eu soltar um grito.

Me debati de todas as formas tentando me livrar se seu aperto. Eu não suportava mais ser tocada por quem quer que fosse, e então, meus gritos se tornaram resmungos, e uma calma invadiu o ambiente, me dando sonolência.

Carlisle finalmente me soltou, e sem forças, acabei me sentando no chão e abraçando meus joelhos.

— Está tudo bem, querida - Esme veio ao meu encontro com cautela, mas eu estava fraca demais para responder-lhe ou me afastar.

Vi os outros se dispensarem, um a um, mas Jasper e Edward ainda ficaram parados feito seguranças perto de mim.

Com cuidado, Esme me puxou para seu colo e limpou minhas lágrimas, depois acariciou meus cabelos com carinho e me ninou em seu colo cantando uma canção em francês na qual eu nunca havia escutado. Fechei os olhos e deixei a música preencher o ambiente, e logo, me agarrei a Esme como se ela fosse meu talismã.

— Você soube, Brad não está mais frequentando as aulas... - Escutei uma garota comentar quando entrei no auditório, iríamos ter aula de coral.

— Ele foi expulso Drika, mas ninguém quis realmente dizer o motivo - Outra garota sussurou, mas eu já não estava me sentindo bem, pois só de escutar o nome de Brad ser pronunciado, meu estômago embrulhara.

Saí rapidamente da aula, e fui para meu quarto, me encolhendo na cama. Minutos depois, Camily chegou, e começou a revirar o armário, sem dúvidas ela iria sair e tentar me arrastar com ela para onde quer que fosse.

— Mily ? - Minha voz saiu fraca.

— Diga - Ela respondeu sem se virar para mim, ainda procurando o que vestir.

— Brad foi mesmo expulso ? - Eu tinha que confirmar, pois estava mesmo congitando em sair do curso de música para fugir dele.

— Sim, deram o comunicado hoje no refeitório para todos os alunos, ao que parece, ele estava portando drogas - Respondeu.

Embora não duvidasse disso, eu sabia o real motivo. Brad fora expulso por minha causa... Desde que Peter soube o que acontecera comigo, ele começou a tomar as devidas providências para acharem o culpado, mesmo eu dizendo que não era necessário, pois tinha medo do que poderia acontecer depois que descobrissem.

— Você já foi amiga dele, um dia...? - Me arrisquei a perguntar.

Camily soltou um suspiro e se sentou em sua cama, me olhando por alguns segundos.

— Eu estou aliviada por ele ter finalmente deixado esta instituição, e não nunca fui amiga dele.Você pode me achar valentona, e sem coração, mas Ashley - Ela me encarou séria - Eu sempre tive medo do Brad. Nos meus primeiros meses aqui, ele tentou me forçar a fazer...aquilo - Ela se levantou e voltou sua atenção as roupas - Will conseguiu me ajudar, e deu uns bons socos naquele marginal, depois tentamos de tudo, mas o diretor queria provas, e bom, você deve saber, Brad é filho de um dos patrocinadores daqui...

Expulso, ele havia sido expulso, mas fora somente isso. Brad jamais pagaria pelos seus pecados, e sem dúvidas, estaria por aí agora, atacando novas garotas, onde quer que fosse. Só de ter esse tipo de pensamento me sentia inútil, porque mesmo fragilizada eu podia fazer algo contra ele, ou não ? Talvez realmente estivesse de mãos atadas, porque Brad, era o mesmo tipo de homem que meu "paiotário". Ele não se importava com as pessoas, somente com si mesmo, e se um dia tivesse família, tenho certeza que não seria por escolha própria.

Ainda que tivesse pesadelos, não gritei muito menos me debati na cama, mas meus olhos se abriram no meio da noite, e dei de cara com Jasper, que estava encostado na parede do meu quarto me olhando.

Então era isso, ele estava controlando minhas emoções.Bom, pelo menos tinham um lado bom nisso, eu acho.

— Estou fazendo de novo - Disse ao encarar meu edredom cor de marfim.

— Sobre o quê exatamente estamos falando ? - Ele perguntou rindo um pouco.

— Estou virando um fardo para vocês, para cada um de vocês - Levantei os olhos, e vi Jasper se aproximar.

Ele pegou minha mão com carinho, e a acariciou. Pensei em me afastar, mas não o fiz, eu tinha que encarar meus demônios, ou era isso que eu pensava.

— Você nunca será um fardo Ashley, acredite, posso ser o irmão mais distante que tens, mesmo assim cuidarei de ti quando for necessário, e é isto que estou fazendo agora, e que farei sempre quando necessário. - Ele beijou minha mão, e depois a soltou, me encarando com seus lindos olhos dourados continuou :

— Estão todos preocupados, e eu sei o que está sentindo. Talvez não queira falar sobre isso, e todos nós iremos entender e lhe dar o espaço necessário para se acalmar e pensar, mas lhe peço que não se afaste, de nenhum de nós. Somos sua família agora.

Ele estava certo, eu sabia muito bem disso, então assenti, e fui tomada pela emoção, o abraçando fortemente.

— Eu sinto muito - Sussurrei.

Jasper, embora controlasse as emoções de todos, sempre fora carrancudo, pelo menos para mim, e ficou sem jeito quando me confortei em seus braços, mesmo assim, ele acariciou meus cabelos e beijou o topo de minha cabeça.

— Não sinta, a culpa não é sua.

Quando me afastei, Jasper se levantou, indo em direção a porta.

— Jas! - Chamei em desespero, fazendo com que ele me encarasse - Por favor, não vá, você é o único que pode me acalmar - Pedi sem jeito.

— Eu voltarei, só preciso lhe dar privacidade para uma conversa - Ele piscou - Eu ficarei na porta - Disse, antes de sair.

Rosalie entrou no meu quarto em seguida e se sentou ao meu lado, ficando muda por alguns minutos, até começar a falar :

— Eu sei como se sente, já passei por isso.

Era verdade. Rosalie me contara sua história, foi quando finalmente compreendi seus motivos para ser reservada, e se não fosse por Carlisle, ela poderia estar morta agora.

— É diferente...

— Não, não é ! - Ela disse determinada e me olhou - Ashley, eu me vinguei, mas não quero que pense assim, Carlisle e Esme jamais aprovariam que eu lhe desse esse tipo de conselho, além disso, isso não faz com quê você mude o passado. Eu poderia lhe dizer para pedir a Emmett que arrancasse a cabeça do infeliz...

Sorrir por dois segundos com a ideia.

— Mas não, você não é esse tipo de pessoa vingativa Ashley - Ela colocou uma mecha de meus cabelos atrás de minha orelha - Talvez o melhor a ser feito é entregá-lo a polícia.

— Eu não posso, imagina o que vão pensar...

— Imagina se ele fizer isso com outras pessoas ? - Ela rebateu.

Suspirei, me dando por vencida.

— Podemos resolver isso amanhã ? - Pedi, cansada.

Ela concordou e começou a se levantar em seu jeito gracioso de ser.

— Rose ?

Ela se virou para mim sorrindo carinhosamente de um jeito angelical.

— A sensação...ela vai embora um dia ?

— Eu pensei que nunca fosse, que sempre me sentiria morta, usada, suja, ou seja lá o quê, mas conheci Emmett, e também tenho que admitir, não pude ter filhos, mas tive uma família maravilhosa que me acolheu.

Concordei e lhe agradeci.

Rosalie me beijou o rosto, me deixando pensativa em minha cama.