Pov Bella

“Não quero ir!” – Alice estava sentada no sofá com os braços cruzados,fazendo biquinho igual a uma criancinha.

Esme se ajoelhou na altura dela,olhou em seus olhos e disse:

“Olha,a mamãe promete que te trás aqui de novo ainda esse ano,tá.E se você se comportar direitinho na viagem,te compro um sorvete diet.”

Alice bateu palminhas,e Edward começou a gargalhar.Só então Alice percebeu que tinha acabado de ser tratada como uma criancinha de 5 anos.

Tiramos as últimas fotos da casa,trancamos as portas,e fomos embora (o fato de que o Jasper deu tchau para a casa da janela do carro não será mencionado).

O trânsito estava bom,então chegamos bem rápido ao Rio de Janeiro.Eu estava com muita saudade dos meus pais,então decidi que iria logo para casa.O apartamento de Alice é na frente do meu,então eu entrei com eles para ajudar a guardar as coisas,e Jasper fez o mesmo,já que Carlisle e Rosalie só voltariam daqui a duas semanas, e ele teria que ficar esse tempo com os Cullens.

Alice,Esme e Jasper estavam sentados no sofá quando eu disse que ia embora.Alice levantou e me deu um enorme abraço.

“Vou sentir saudades,amiga.”

Revirei os olhos.

“Certo,como se eu morasse do outro lado do país,Alice.”

Jasper e Esme também me abraçaram,e sentaram-se no sofá logo em seguida.Edward estava de pé,e foi me levar até a porta.

“Me liga?” – Ele disse,encostado na parede enquanto eu abria a porta.Afirmei com a cabeça,tímida.

E então ele me pegou pela cintura e me beijou.

Depois de algum tempo,ele me soltou.Recusei-me a olhar para o sofá,pois eu sabia que todos estavam me olhando.Virei-me e sai pela porta rapidamente.Não tinha como aquelas férias terem terminado melhor.

Pov Edward

Bella,minha Bella.Ah,como eu ia sentir saudades de dormir com ela.

Virei-me,ainda abobalhado pela intensidade do nosso beijo.Ela era a única garota cujo beijo tinha esse poder sobre mim,de me fazer querer sempre mais.

Minha mãe me encarava,chocada.

“Edward,precisamos conversar.” – Ela disse – “Alice,Jasper,vocês poderiam nos dar licença por um minuto?”

Os dois assentiram com a cabeça,e foram para o quarto de Alice.

Sentei-me no sofá,esperando.Minha mãe sentou-se na minha frente,me olhando.

“O que foi isso?” – Ela perguntou.

“Isso?”

“Edward,porque você beijou a Isabella?”

“Estamos namorando.” – Respondi.

“Edward,não minta pra mim.Eu sei como as coisas funcionam hoje em dia.E principalmente,eu sei o filho que eu tenho.”

Olhei para baixo,sem ter coragem de encará-la.Eu sempre respeitei muito a minha mãe, e jamais teria coragem de levantar a voz para ela.Principalmente quando ela estava certa.

“Edward,eu sei o tipo de garotas com as quais você costuma estar,e a Bella não é dessas.Ela não ia agüentar se você a deixasse.”

“Com ela é diferente,mãe.”

“Pode até ser por enquanto,mas filho,você ainda é muito novo,e muda de idéia muito rápido.Mas a Bella sempre foi uma garota madura,e ela não vai superar se você mudar de idéia,se você magoá-la.Nós a conhecemos a muito tempo,e não seria certo fazer isso com ela,Edward,brincar com seus sentimentos.”

Permaneci calado,ainda olhando para baixo.

“Olha,não estou te dizendo para terminar com ela,só para pensar.Pense bem.Se você tiver certeza de que é isso que você quer,de que vai querer ficar com ela de verdade e não apenas para suprir uma carência,então vá em frente.Mas se você achar,meu filho,que existe alguma possibilidade de você magoá-la,não faça. “

Concordei com a cabeça.Minha mãe me deu um beijo na testa,e saiu,indo para a cozinha.Levantei-me e fui em direção ao meu quarto,completamente atordoado.

Joguei-me na cama de qualquer jeito,minhas mãos em minha cabeça,meus pensamentos trabalhando a todo vapor.Eu amava Bella,amava-a com todas as forças e não havia duvidas.Mas eu não sabia quanto tempo esse amor iria durar.

Eu estava de volta ao meu quarto,minha cidade,meu lugar.Isabella tinha me mudado muito,mas eu não sabia quanto de mim ainda permanecia aqui.E se eu mudasse de idéia,e se eu voltasse a ser o mesmo galinha de sempre,e a magoasse?Eu não seria capaz de viver comigo mesmo se a fizesse sofrer.

Talvez fosse melhor terminar com tudo isso de uma vez,enquanto ela ainda não tinha tido tempo para se apegar a mim.Isso causaria um sofrimento unilateral,apenas de minha parte,e eu estava disposto a sofrer sozinho se isso fosse evitar o sofrimento dela.Um rompimento sem traumas.

Apoiei minha cabeça no travesseiro,respirando,reunindo todas as forças para fazer o que eu precisava fazer.

Pov Bella

Toquei a campainha,aflita.Minha mãe abriu a porta rapidamente,e eu me joguei em seus braços.Sabem o que dizem,você tem que se afastar para poder sentir falta.

“Bella,minha linda,que saudades! Como foi a viagem? Você se divertiu? Você comeu direito? Nossa,como você está queimada!” – Logo fui bombardeada pelas perguntas de minha mãe.

“Ótima. Muito. Sim. Também acho.” – Respondi as quatro perguntas de uma vez só,e ela riu.

Corri para o meu quarto e me joguei na cama,absorvendo o ambiente.A viagem tinha sido mesmo incrível,mas era bom estar de volta.Comecei a fazer as malas devagar,deixando o ursinho que ganhei de Edward em cima da cama.

Minha mãe entrou no quarto e pegou o ursinho,analisando-o.

“Bonito ursinho.Foi Esme que te deu?”

“Não,foi o Edward.” – Respondi meio envergonhada – “De amigo oculto.” – Completei.

“Annnnnnn,sei!” – Completou minha mãe,como se fosse uma adolescente.Nós duas rimos.

“Onde está o meu pai?” – Lembrei-me da existência dele.

“Ele teve que ir para o quartel hoje cedo.Sabe como é,”esses recrutas novos...”.” - Ela disse,imitando o jeito como meu pai falava.Me lembrei que sentia muita falta da voz dele.

“O que tem pro almoço?” – Perguntei,sentindo o cheirinho familiar.

“Costela com batatas,do jeitinho que você gosta!” – Disse minha mãe,fazendo meu estômago dar voltas de alegria.Sai correndo em direção à cozinha e ataquei a carne ainda na panela.

“Vai sobrar um pouco pra mim,Bells?” – Reconheci a voz que veio da porta e corri como uma louca.

“Pai!” – Gritei,me jogando em seus braços.Ele riu e me abraçou,sem fazer perguntas.

É,eu amo meu pai!

Comemos os três juntos,minha mãe fazendo um milhão de perguntas.Depois do almoço,meu pai me perguntou se queria ir ao cinema,mas eu disse que estava cansada, e sugeri que ele e minha mãe deviam passar algum tempo juntos.Eles concordaram em ter uma “tarde romântica”,e saíram enquanto eu fiquei terminando de organizar as coisas em seus lugares.

Eram por volta das 4 da tarde quando a campainha tocou.

Abri a porta animada.Era Edward.Ele me olhou com o olhar triste,sombrio.

“Está tudo bem,Edward?”

“Bella,você pode vir aqui fora um minuto?” – Ele perguntou,olhando para baixo.

“Claro.” – Respondi,saindo e fechando a porta.

Edward segurou meu rosto delicadamente,olhando em meus olhos.Ele acariciou minha face uma vez,e então se inclinou para me beijar.O beijo foi urgente,intenso.Ele me apertava com força pela cintura,seu rosto estava transfigurado,como se ele estivesse sofrendo.Eu não me soltei dele até ele chegar ao fim do beijo.

“Boa tarde pra você também.” – Eu disse,rindo.Ele ergueu a cabeça para me olhar,seu rosto ainda contraído.

“O que foi,Edward?”

“Bella,eu sou um idiota.”

“Não,que isso,porque você está dizendo isso?Você é tão incrível,tão especial.”

“Bella,não tenta me animar.Eu não mereço.Eu vim aqui pra terminar com você.”

As palavras dele me atingiram como uma bola de baisebol,arremessada á toda velocidade.

“O que?Por que?” – Perguntei.Ele limitou-se a olhar para baixo.

E foi então que a ficha caiu.

“Eu era só uma diversão,não era?Você me usou pra suprir as suas carências naquela maldita praia,e agora não precisa mais de mim,não é isso?”

“Bella,eu...”

“Não,eu não quero escutar.Eu já ouvi demais de você.Eu sou uma idiota,como eu pude acreditar que “Edward Cullen,o astro do futebol” ia descer do pedestal pra ficar com uma simples mortal como eu? Deixa pra lá,volta pras suas seguidoras,não importa.” – Disse,aos prantos.Eu não podia segurar as lágrimas que caiam dos meus olhos,me fazendo ainda mais de idiota.

“Me perdoa.” – Ele sussurou.

“Não faz diferença,eu já te esqueci.É isso,nunca aconteceu!” – Gritei,mais lágrimas rolando dos meus olhos.

“Bella...”

“Vai embora Edward,vai embora e me deixa em paz!” – Gritei,entrando em casa desesperadamente rápido.

Fechei a porta com toda a força.Encostei-me na porta e fui escorregando até o chão,caindo sentada,aos prantos.A dor que eu sentia em meu peito,não podia ser comparada a nenhuma outra dor.Era como se meu coração estivesse sendo esmigalhado,rompido,como se estivesse vazando.Pus a mão em meu peito,tentando conter a dor insuportável,mas nada a fazia passar.Envolvi minhas pernas com as mãos,e depositei minha cabeça ali.

E chorei.Chorei muito mais do que achei ser possível um dia.Chorei por tudo,pela minha idiotice e pela forma como me deixei ser enganada tão facilmente.Edward tinha me usado,e eu tinha sido idiota o suficiente para acreditar que ele poderia se interessar por uma garota como eu.

Eu tinha voado o mais alto possível.E agora,eu tinha despencado com toda a força no solo.

Meu relógio apitou às seis.Eu permanecia parada no mesmo lugar,estática,sem ver o tempo passar.Levantei-me e me joguei no sofá,agarrando-me a uma das almofadas para chorar mais.E chorei até não haverem mais lágrimas em meus olhos.

Eu estava olhando para o chão quando meus pais chegaram,mas sem o ver.Minha mãe chamou meu nome repetidamente,até que eu ergui a cabeça para encará-la.Ela e meu pai me perguntaram o que tinha acontecido,mas eu não tinha forças para falar,não estava os escutando.Neguei a pizza que eles trouxeram e me enfiei em meu quarto.

O urso de Edward me olhava da minha cama.Peguei-o e analisei por uns segundos.Fazia mal vê-lo,mas eu era burra, não conseguiria me livrar dele,não conseguiria jogá-lo fora.Abri a porta do meu armário e taquei-o com toda a força atrás dos cobertores reservas,que quase nunca eram tirados dali.

Joguei-me na cama agarrando-me aos cobertores,olhando para o teto e sem mais forças para chorar.

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Duas semanas se passaram.

A primeira semana foi impossivelmente dolorosa.Eu passava o dia todo de pijama,sentada no sofá de frente para a TV,mas sem enxergá-la.Comia apenas para matar a fome,sem sentir o sabor.Minha mãe tinha que trabalhar,mas ela saia preocupada todas as manhãs,sem entender o que tinha acontecido comigo.Meu pai teve que viajar a trabalho outra vez,e isso era bom,não ter que encará-lo.

Alice veio me ver. Abraçamo-nos da primeira vez,e eu só chorei em seus braços.Depois,ela passava o tempo todo ao meu lado,enquanto eu ficava olhando para a TV como uma zumbi.

Na segunda semana,decidi que precisava fingir que estava bem,parar de fazer as pessoas a minha volta sofrerem.Alice tinha perdido o pai com 5 anos de idade.Ele era piloto de avião e morreu num acidente,e eu sabia que por isso minha amiga não suportava perdas.Eu sabia que minha dor pulsava nela também.E isso me fazia mal.

O buraco no meu coração estava vazio.Meu coração não batia mais,não funcionava,não estava mais lá,pois eu já não mais o sentia.No entanto,havia espaço para a dor,que ocupava todo o espaço em que meu coração deveria estar.

Durante o dia, ocupava-me com qualquer tarefa idiota que aparecesse,e que pudesse me distrair para que eu não pensasse.A noite,no entanto,eu não tinha como escapar,e a dor voltava para me atingir enquanto eu tentava dormir.

E quando eu dormia,eu só conseguia m lembrar.As lembranças do meu último minuto com Edward me atormentavam em sonhos,pesadelos.

Mas eu gostava da dor.A dor era a única forma de saber que tinha sido real.

Minha mãe encarregou-me de ir a padaria todas as tardes,como uma de minhas tarefas para me distrair.Era a única vez em que eu saia de casa,a única vez que eu via o mundo lá fora.E era ainda mais dolorido ver a luz do sol.

Pov Jasper

Eu não podia acreditar no que Edward tinha feito.

Bella estava sofrendo,e ele sabia disso.E isso causava uma forte dor em meu amigo.Ele não queria mais sair de casa,e passava o dia todo trancado em seu quarto.

Alice não falava mais com Edward,e andava meio chateada comigo, porque eu estava falando com ele.Mas eu não podia deixar meu amigo sozinho agora.

Foi bom quando meu pai voltou.Fiquei feliz em revê-lo,e em ver minha irmã,e mais feliz ainda quando vi que meu primo tinha voltado com eles.Meu tio George,irmão do meu pai, trabalhava no consulado brasileiro na França,mas meu primo nunca conseguiu se adaptar totalmente à Paris,e agora estava voltando para morar conosco.E isso tinha me deixado bem feliz.

Estávamos todos sentados na porta de casa: Rosalie, Alice,Edward, meu primo e eu,embora eu não tivesse certeza de que Edward estava mesmo prestando atenção em nós.Alice queria saber tudo sobre a viagem,e Rosalie estava louca para contar todos os detalhes.

Edward olhou no relógio.

“Vou entrar.” – ele disse,e então se levantou,entrando em casa.Era a hora que Bella sempre saia para ir á padaria,e ele não queria encontrar com ela.

“Cara estranho.” – Observou meu primo.

Bella abriu a porta de sua casa naquela hora,e passou por nós sem nos perceber.Continuamos conversando por um tempo, até que ela passou de volta.Rosalie chamou por ela,e ela apenas acenou,dando um leve sorriso,entrando em casa logo em seguida.

“Ual,quem é ela?” – disse meu primo.

“Bella,nossa vizinha.” – Eu disse.

“Gostei dela!” – Completou meu primo.Eu o conhecia muito bem,e sabia que não ia desistir até conquistá-la,ou ao menos,não ia desistir sem tentar.

E isso não ia dar nem um pouco certo.